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Ultraman Zero Mangá - Fusão.


Olá Queridos leitores.
Sou Norberto Silva, autor de alguns títulos de fanfics, como Jiraiya R, bem como contos autorais, publicados em antologias de editoras como a Estronho.
Tomei conhecimento do projeto Mindstorm pelo excelente Fanficcast 07 e tomei a decisão de terminar e lançar aqui e apenas aqui, meu mais novo projeto de Fanfics.
Esse conto inicial eu resolvi tirar do projeto Neo Tokusatsu, mantendo-o apenas como uma omne isolada.
Nessa histórias acompanhamos um casal de cientistas que precisam correr contra o relógio, quando um deles é infectado com uma doença degenerativa, recebendo poucos meses de vida. Ambos tomam uma decisão arriscada que resultará em vida ou morte dolorosa.
Como se isso não bastasse a chegada de dois seres, vindos de outra realidade, alterarão para sempre a vida do casal.

Sem mais delongas...Boa leitura a todos.


Ultraman Zero
Fusão


Eu ia morrer, mas antes o desgraçado queria que eu sofresse.

 

E muito.

 

Minhas mãos estavam prestes a serem totalmente destroçadas, sentia o metal nas manoplas começando a rachar, pequenos fiapos metálicos estavam entrando lentamente em minha pele, o suor que escorria pelo meu corpo começava a ensopar todo o uniforme básico que eu usava, responsável não apenas para servir de proteção entre meu corpo e a armadura, mas também para monitorar meus sistemas vitais.

 

Eu conseguia ver nitidamente o rosto preocupado de minha esposa, lágrimas começando a se formar nos cantos dos olhos, conforme ficava evidente a total falência de meus órgãos.

 

Conseguia ver isso, além de todo o trabalho desesperado que ela iria iniciar em breve, procurando qualquer maneira de me manter vivo, mesmo que eu estivesse a quilômetros de distância, enfrentando um monstro que tinha mais de quinze metros.

 

Ao menos estávamos em pé de igualdade quanto ao tamanho, mas era o único detalhe em comum que eu e meu oponente tínhamos, o que ele deixava claro a cada novo aperto, mais e mais perto de quebrar minhas mãos.

 

Entenda bem, nunca em minha vida eu havia pensado em me tornar um herói, ou guerreiro, ou qualquer coisa que não implicasse ficar horas e horas sentado em uma confortável cadeira, analisando, pesquisando, sendo um ordinário cientista.

 

Nem sempre podemos ter o que queremos certo?

 

Eu estava realmente muito perto de entregar os pontos, afinal ninguém me culparia, eu já havia atingido meus limites, tanto de sanidade, quanto dos poderes que essa armadura me dava, mas havia dois detalhes que não me deixariam desistir.

 

O primeiro, claro, era minha esposa. Eu simplesmente não poderia aceitar morrer e deixá-la desprotegida para que o monstro a matasse.

 

O segundo era a voz insistentemente irritante que ecoava em minha mente, me lembrando a cada segundo que o amor da minha vida não morreria rapidamente... Não... Era mais provável que ela morresse de forma lenta e sofrida.

 

Imaginar aquilo, por apenas um instante sequer, foi mais do que suficiente.

 

Cerrei os dentes, mandei para o inferno a maldita dor que eu sentia, pouco a pouco fui fechando os punhos, indo contra a força titânica que tentava quebrá-los, forcei minhas pernas a me obedecerem, primeiro a que ainda se apoiava em meu pé direito, ajudando o joelho esquerdo, enterrado no que um dia fora um pequeno morro, a começar o doloroso caminho para endireitar minha postura.

 

Sentia o suor escorrendo de minha testa, ajudando a minha visão ficar mais e mais embaçada, pisquei algumas vezes e então fiz força.

 

 

 

Me peguei rezando para um deus em que não acreditava desde os treze anos.

 

Não apenas por mim, mas principalmente por ela.

 

Em toda a minha vida adulta tudo o que eu fazia era sempre por ela.

 

Conforme ia fazendo mais e mais força para inverter aquela luta, minha mente, sem cerimônias, voltou no tempo até os momentos que antecederam a loucura em que minha vida havia se transformado.

 

XXX

 

- Olá... Meu nome é... Saeko Mirai.

 

- Oi... E-eu sou... Hum... É...

 

- Ichigo Kusanagi... Pelo menos é o nome que tá aqui no seu crachá...

 

Ela riu, o riso mais lindo do mundo e então eu fui totalmente fisgado.

 

Foi assim que conheci aquela que viria a se tornar minha esposa.

 

Éramos cientistas recém contratados de uma força de proteção da terra contra invasões alienígenas, que muitos acreditam estar desativada desde que o Gigante de Luz, Ultraman, deixou nosso mundo.

 

A Patrulha Científica.

 

Éramos também muito jovens quando fomos contratados, melhor seria dizer alistados, e após uma centena de papéis preenchidos, deixando claro principalmente tudo o que aconteceria caso divulgássemos quem nos havia contratado, logo fomos levados até o laboratório principal.

 

Chorei como criança, de felicidade é claro, pois ali estava toda aquela ciência maluca que eu adorava ver em filmes ou quando, no noticiário da noite, mostravam imagens da Patrulha, lutando ao lado do Ultraman.

 

Por isso, quando nos revelaram o projeto para criar uma armadura que pudesse emular os poderes do Gigante de Luz, mal conseguimos nos recuperar de tamanha notícia, mal conseguimos absorver a grandiosidade daquela informação, antes de sermos rapidamente direcionados para nossa área.

 

Seríamos os responsáveis pelo acompanhamento dos sistemas vitais de quem quer que entrasse naquela armadura.

 

E faríamos o possível para manter o usuário vivo.

 

Confesso que esperava mais ação, trabalhando para uma agência secreta e tudo mais, mas nos primeiros anos realmente a maior emoção que tivemos foi quando descobrimos um dos grandes segredos da Patrulha.

 

Uma cidade inteira, escondida do grande público e habitada por diversos alienígenas.

 

Em nossa primeira visita uma criatura cheia de tentáculos se aproximou de Saeko de uma forma... Vou dizer apenas “indelicada” para não parecer grosseiro demais...   Depois nos disseram que ele havia acabado de chegar à Terra e que acreditava que era comum relações sexuais com mulheres humanas, devido a ter lido muitos hentais.

 

Nem preciso dizer que antes de conseguirem separar a briga, minha linda esposa já havia decepado, ao menos, três dos tentáculos da criatura.

 

Eu já disse o quanto amo essa mulher?

 

Algumas semanas depois estávamos morando junto, num dos apartamentos pagos pela Patrulha, que não era muito grande, mas sinceramente nem precisávamos de muito espaço, uma vez que era cada vez maior o tempo que ficávamos no laboratório.

 

Ainda mais depois que ele apareceu.

 

Os detalhes não chegaram até nós, mas pelo que pude entender, o hospedeiro do Ultraman foi contatado pelo Senhor Ide, o líder da Patrulha e pouco tempo depois começou a agir em algumas missões, mas não foi isso que agitou nosso laboratório.

 

Foi por causa de Shinjiro Hayata.

 

O filho do lendário Shin Hayata, o hospedeiro original do Ultraman.

 

Muitas informações desconexas chegavam até nós e, provavelmente éramos mantidos no escuro de propósito, mas o fato é que nosso serviço aumentou muito, priorizando a melhoria nas armaduras Ultra de modo a proteger a vida de quem as estivesse vestindo.

 

Durante algum tempo sentíamos verdadeiramente estar fazendo parte de algo incrível, algo maior, que visava proteger não apenas nosso país, mas o mundo inteiro.

 

Éramos quase como heróis.

 

Foi um período cheio de felicidade e realizações.

 

Infelizmente não durou.

 

Fomos chamados até a cidade alien para ajudar numa investigação onde eu acabei exposto a um tipo de esporo. Não demos atenção ao caso, mas pouco depois minha vida começou a degringolar.

 

Primeiro foram as ondas de dor que vinham com intensidade suficiente para quase me enlouquecer, depois os leves tremores das mãos, que começamos a esconder sempre que alguém vinha até nosso laboratório.

 

As visitas a vários médicos resultavam sempre no mesmo diagnóstico: Ninguém jamais havia visto uma doença degenerativa tão agressiva quanto aquela e ninguém quis nos iludir quanto ao tempo que eu ainda tinha de vida.

 

Passamos muitas noites conversando e listando as possibilidades para encontrar uma cura, mas sempre acabávamos em um beco sem saída. Um beco que levava direto à minha morte.

 

Era frustrante. Não apenas pela perspectiva de que eu estava ficando sem tempo, mas por arrastar minha amada esposa nessa espiral de infelicidade que só tendia a aumentar mais e mais.

 

Foi nessa época que fizemos nossa maior descoberta.

 

Certo dia uma equipe, sob ordens diretas do Senhor Ide, levou até nós duas manoplas quebradas da armadura que foi desenvolvida para dar vida ao novo Ultraman, com ordens para que descobríssemos se algo na energia Spacium pudesse ser nociva ao jovem Shinjiro.

 

Fizemos uma longa e demorada bateria de testes e tudo indicava que estava tudo bem, que graças à sua fisiologia única o jovem Hayata não seria afetado de forma negativa.

 

Não sei bem o que passou pela minha cabeça, mas em uma tarde em que os tremores em minhas mãos, o sintoma mais incomodo da doença, estavam especialmente incômodos eu tive uma ideia, praticamente uma compulsão, para colocar as manoplas e, mesmo sem ter ideia de como eu consegui, acionar a energia Spacium que ainda residia ali.

 

Após tomar uma baita bronca de Saeko, retirei as luvas e, para nossa surpresa total, os tremores haviam cessado completamente.

 

Uma ideia, nascida desse fato e do pavor que estávamos sentindo conforme a ampulheta do meu tempo de vida ia se escoando sem parar, surgiu como aquelas lâmpadas de antigos desenhos.

 

No dia seguinte começamos aquele que seria um longo trabalho de paciência versus urgência.

 

Conforme nosso Ultraman se envolvia em batalhas cada vez mais frequentes e assim sua armadura sofria mais e mais danos, conseguimos, relativamente rápido, montar uma armadura com várias partes sucateadas, tanto da armadura do Ultraman, como também do modelo sete, que estava sendo usado por um agente conhecido como Dan Moroboshi.

 

Muitos na base o admiravam, diziam que ele sim merecia ser o Ultraman e acabaram batizando-o de Ultraseven.

 

Quanto a nós, por mais que o esforço em dupla avançava na direção de uma cura, devido ao excesso de trabalho, nosso avanço real era mera ilusão. Talvez em dez ou quinze anos poderíamos achar uma cura.

 

O último médico que visitamos me deu pouco mais de cinco meses.

 

Após uma longa sessão dentro da armadura que havíamos montado, o que me fez sentir bem pela primeira vez a... Puxa, não me lembro quando fora a última vez que me sentira bem, me sentira vivo.

 

Justo nesse dia recebemos uma visita que iria transformar nossas vidas.

 

Os alarmes secretos que instalamos no corredor que dava acesso ao nosso laboratório  tocaram e mal tivemos tempo para esconder a armadura quando ele entrou.

 

O senhor Ide. Em pessoa.

 

Trocamos um rápido cumprimento, algumas amenidades, enquanto ele andava pelo laboratório, chegando perigosamente perto do esconderijo, ficando parado ali perto por alguns minutos.

 

- Podemos ajudar em algo senhor? – foi Saeko quem deu voz para o que se passava em nossas cabeças. – Quero dizer... Tudo bem com o Ultraman?

 

- Sim... Sim... – nosso chefe parecia absorto, pensamentos longe, conforme continuava o que parecia uma inspeção pelo laboratório, mas sem prestar atenção verdadeira a nada que estava à vista. – Bem, bem, bem... Onde está?

 

Fizemos nossa melhor “cara de paisagem”, tentamos desconversar, mas fala sério... O cara era um dos patrulheiros originais, lutou várias vezes ao lado do Gigante de Luz... Nunca que iríamos enganá-lo.

 

Em menos de meia hora ele já havia arrancado todos os nossos segredos.

 

- Então é isso? - o comandante estava a alguns minutos admirando nossa obra, parecia capaz de dissecá-la apenas com seu olhar. - E funciona? Pode realmente curar tudo?

 

Diante de todos jazia a armadura, toda cinza pois não havíamos concordado numa paleta de cores interessante e não queríamos simplesmente replicar as dos modelos já criados, montada a partir de peças sobressalentes, minha última esperança.

 

- Hã... - demorei alguns instantes para responder, me preparando para dar adeus à nossa criação, nossos empregos e, no meu caso, à vida. - Para ser sincero não a utilizamos em sua totalidade... Apenas poucas sessões comigo, mas que servem apenas para diminuir minhas dores...

 

- O que os está impedindo? Digo, de usá-la totalmente?

 

- Bem... - comecei a falar, mas o fato do nosso primeiro contato com o comandante era muito, mas muito intimidante. - Na verdade estávamos desviando parte da energia da base, mas não poderia ser demais ou... Ou seríamos...

 

- Pegos não é? - ele deu um sorriso simpático, o que ajudou a aliviar o clima. - Acho que não precisamos mais nos preocupar com isso não é?

 

Ficamos em silêncio. Tenho certeza de que Saeko tinha a mesma ideia passando por sua linda e genial cabecinha.

 

Seríamos demitidos e eu morreria em total agonia em poucos meses.

 

- Vou transferi-los para uma de nossas bases secretas no interior... Lá poderão se dedicar total e exclusivamente para que essa armadura faça realmente o que estão planejando.

 

Mas hein?

 

Isso foi realmente a maior surpresa do dia.

 

- Uma tecnologia capaz de curar doenças até então desconhecidas? Como não investir o máximo de recursos em algo assim? - a cada frase um sorriso encantador, ele estava se esforçando para nos deixar tranquilos e nos convencer. - O objetivo máximo da Patrulha Científica é a proteção da humanidade e acredito fielmente que a invenção de vocês será de suma importância para nossa missão...

 

Ele ainda falou mais, sobre todas as esperanças que estava depositando em nosso trabalho, mas confesso que minha noção de tempo ficou seriamente comprometida, tanto que os próximos dias correram de forma borrada, acelerada.

 

Quando dei por mim já estávamos a cerca de cinco meses no laboratório que nos fora prometido e que correspondera totalmente às nossas expectativas.

 

Seria mais correto dizer que as superou.

 

Nossas projeções mais otimistas davam conta de que nosso protótipo só ficaria pronto em dois anos, muito tempo depois da data da minha morte, indicada pelos vários médicos que continuamos a visitar na esperança de um prognóstico diferente.

 

Mas graças à Patrulha Científica e mais ainda ao Senhor Ide, após um período tão curto de tempo, estávamos a um passo de fazer o primeiro teste.

 

Nós tínhamos não só esperança, mas uma certeza absoluta de que daria certo, que eu entraria quase morto na Zero, como começamos a nos referir à nossa versão da armadura que construímos e sairia totalmente recuperado.

 

Um breve beijo, era tudo o que podia oferecer à minha esposa naquele estado avançado da doença, para só finalmente entrar na armadura, rezando para um deus no qual eu já não acreditava desde meus quinze anos.

 

Poucos segundos se passaram desde que Saeko acionara toda a sequência de controles que iriam iniciar a Zero, tempo que me pareceu uma eternidade, mas quando finalmente senti a energia Spacium se espalhando pelo meu corpo o mundo virou de ponta cabeça.

 

Literalmente.

 

Começou com um insistente zumbido, que eu julguei ser meu corpo reagindo ao tratamento, mas quando Saeko disse estar ouvindo também, mal tivemos tempo para abortar o teste.

 

Todos os monitores indicaram um aumento energético repentino e, teoricamente, impossível de acontecer, resultando numa exposição excessiva de Spacium que fez meu corpo começar a convulsionar.

 

Saeko correu na direção dos controles de emergência, o que iria desligar toda a aparelhagem, mas não conseguiu ser rápida o suficiente.

 

Ocorreu uma explosão de luz, aterradoramente silenciosa, parecia que todo o som do mundo havia sido roubado de repente e acabou iluminando o lado esquerdo da instalação, justamente ao lado de nossa janela e só dias depois ficamos sabendo que não se tratava de um ataque, mas da abertura de um portal.

 

Um portal para outra realidade.

 

Tudo ficou escuro, mas logo uma dor aguda, vinda do alto da minha cabeça me trouxe de volta e a primeira coisa que vi foi o amontoado de fios e cabos que saíam da parte de baixo do nosso maquinário e levou alguns segundos para eu perceber que estava caído no chão.

 

Sem esforço algum eu me levantei, uma surpresa considerando o fato que estava vestindo a Zero e que nos últimos dias eu mal tinha forças para comer sozinho, mas no momento eu tinha outras preocupações.

 

- Sa-Saeko? - minha foz soava estranha, devido ao sistema de comunicação da Zero, mas logo acabei perdendo a voz.

 

Vi minha esposa se levantando, ela havia caído do outro lado da sala, enquanto tentava desligar os aparelhos, temendo que a explosão de luz fosse um ataque, que eu pudesse ter morrido por causa do pico de energia que nossos controles haviam indicado.

 

Mas nada disso importava naquele momento. No momento exato em que fixei o olhar em minha esposa.

 

Saeko se aproximava e para meus olhos era como se ela fosse feita de uma energia cintilante, como se ela fosse uma estrela, ao alcance de minha mão, emanando luz como eu nunca tinha visto antes.

 

Só viria a descobrir dias depois que eu estava vendo sua energia vital, algumas pessoas mais esotéricas diriam que eu estava vendo sua aura.

 

O cientista dentro de mim, meu lado racional, estava totalmente sobrecarregado com as informações que a Zero me enviava, graças ao display eletrônico do meu visor, com vários menus brilhando.

 

Por mais que eu quisesse começar uma análise imediata, havia algo que eu precisava fazer antes.

 

Com um comando de voz eu tirei tudo aquilo da minha frente, falei que queria apenas as informações mais importantes e naquele exato instante isso significava uma varredura completa de minha esposa.

 

Só voltei a me acalmar quando os dados foram chegando e a conclusão foi de que ela estava cem por cento bem.

 

Tudo aconteceu muito rápido naquele dia, antes que eu pudesse sequer levar uma das mãos até o controle do pulso esquerdo, que começaria a desativar a Zero, uma voz desconhecida pareceu explodir em minha mente.

 

Protege ela AGORA!”

 

Reagi de pronto e me coloquei diante de Saeko, quando uma nova explosão aconteceu, destruindo o que havia restado do laboratório... Confesso, com muita vergonha, que fechei os olhos quando um mar de chamas e destroços nos alcançou.

 

Quando voltei a ver as informações dos meus visores, me surpreendi com um imenso escudo feito de uma energia azulada, parecendo sair das minhas manoplas, demorei um tempo para perceber que era uma variante da Spacium.

 

Na verdade essa é a energia vital dos Ultras...”

 

Uma voz na minha cabeça, certo, isso não era nada bom.

 

Calma cara, não dá tempo de conversar e o que está acontecendo precisaria de muito tempo para explicar, por isso desculpa...”

 

- Desculpa pelo q...

 

Mais uma vez confesso minha vergonha, pois acredito que gritei como uma garotinha quando senti minha mente ser invadida, inundada com detalhes da vida de uma criatura que, em muitos aspectos, lembrava o gigante de luz que nós chamamos de Ultraman e que de fato pertence à mesma raça.

 

Ele se apresentou como Ultraman Zero.

 

Que coincidência.

 

Só que eu vim de outra realidade...” foi o que ele disse, como se uma frase simples dessas fosse suficiente para sanar todas as minhas perguntas.

 

Não temos tempo para perguntas Ichigo...” foi assim que percebi que, do mesmo modo que eu fora invadido pelas memórias desse novo gigante de luz, ele também aprendera tudo a meu respeito “Precisamos agir juntos para enfrentar... Aquilo!”

 

Pelo buraco aberto na parede do laboratório era possível ver outra criatura gigante, este lembrava mais o Ultraman que todos em meu mundo conheciam, mas era como se fosse uma versão distorcida, uma versão monstruosa dele.

 

Ultraman Belial...” acessei as lembranças do meu companheiro e vi a história do primeiro de uma raça de guardiões da paz a sucumbir ao mal.

 

Ele estava prestes a destruir um planeta e eu estava fraco demais para impedir, só consegui agarrá-lo e fazer um último salto entre realidades, mas isso me consumiu por completo... Quando senti a sua energia, entrei em simbiose com você... Mas não se preocupe, da mesma forma que essa armadura está curando-o, estou me sentindo cada vez mais forte também, mas Belial não vai querer esperar pela nossa recuperação. Precisamos colocar um fim nisso agora!”

 

Olhei mais uma vez para minha esposa e vi em seus olhos um misto de horror e curiosidade científica, ao ver tal monstruosidade olhando direto para nós, mas quando me voltei para Belial, vi que o monstro parecia estar reunindo energia.

 

Precisa se decidir, Ichigo... AGORA!”

 

Diante do fim iminente, não me sobrava qualquer outra escolha, por isso apenas voltei meu rosto para minha esposa e com um leve aceno de cabeça, sem precisar de palavras, corri e saltei na direção do monstro.

 

- Espero que você tenha algo mais que um escudo!

 

Eu tenho... Pode acreditar. Zero Twin Sword!”

 

O escudo se desativou, enquanto na manopla direita energia Spacium transbordou, formando um tipo de lâmina curva, praticamente do tamanho do meu braço.

 

- Isso não vai fazer nem cócegas nele!

 

Não faria... Se fôssemos ficar desse tamanho… Se prepara!”

 

Antes que eu pudesse sequer pensar em algum questionamento, meu corpo foi tomado por uma sensação de formigamento, seguido por uma dor aguda, como se eu estivesse sendo rasgado de dentro para fora.

 

No instante seguinte meu olhos iam se acostumando a uma nova realidade, onde o monstro, antes de proporções gigantescas, agora parecia estar do meu tamanho. Ia questionar como meu companheiro o havia diminuído, mas após uma rápida olhada ao redor percebi o que de fato havia acontecido.

 

Eu havia me tornado um gigante.

 

O impacto de minha arma contra o corpo de Belial foi tão forte que quebrou janelas numa área próxima de onde estávamos e foi quando percebi o perigo de começarmos uma luta ali, meu companheiro entendeu e imediatamente agarramos o monstro e o jogamos numa área de floresta, onde não machucaríamos nenhuma pessoa.

 

Estava tão confiante que disparei um soco na direção do rosto do monstro, acreditando que poderia vencer facilmente.

 

Meu punho foi contido de uma forma ainda mais fácil por Belial que, mesmo não aparentando estar em sua plena forma, gargalhou ao perceber como eu estava surpreso.

 

- Pelo visto, arrogância é algo que você e seu novo hospedeiro tem em comum não é Zero?

 

Ele apertou ainda mais, até me deixar literalmente de joelhos, a dor ia ficando insuportável, o desespero estava quase me sufocando, minha mente febril se voltou ao passado, confesso com vergonha, mas já estava pronto para desistir.

 

De repente algo foi me dando mais e mais forças e me esforcei para conseguir inverter aquele jogo.

 

Era agora ou nunca.

 

XXX

 

“Volte vivo para mim. Eu te proíbo de morrer.”

 

Não posso afirmar se foi realmente a voz dela que eu ouvi, ou se foi parte das alucinações que tomavam minha mente, entorpecida como estava pela dor, ou até se o mesmo deus em que não acreditava arranjou um modo de me reanimar.

 

O fato mais importante é que aquela simples frase, ouvida na voz de minha amada esposa, foi o suficiente para renovar minhas forças, somada ao ódio crescente que não vinha apenas de mim.

 

“Vamos acabar logo com isso Ichigo!”

 

O Gigante de luz, Zero, deveria estar realmente tomado por um ódio ainda maior que o meu e foi exatamente isso que fez com que eu finalmente me levantasse com uma violência que nunca julguei capaz de exercer.

 

Livrei minha mão, cuja manopla estava quase destruída e acertei um gancho, de baixo para cima, certeiro no queixo do maldito monstro, com força suficiente para calar sua gargalhada zombeteira e jogá-lo longe.

 

Belial tentou se reerguer, mas mal conseguia se mover. Foi quando percebi que, assim como meu companheiro, ele também deveria estar fraco por causa do salto entre dimensões e, por mais que eu ansiasse em entender aquele conceito, não seria possível vencê-lo somente com teorias e palavras.

 

Até por que, no estado de raiva em que eu estava, o cientista em mim simplesmente ficou em segundo lugar.

 

Era hora do Guerreiro emergir.

 

Nesse momento ficou ainda mais evidente como era rápido o processo de simbiose entre um humano e um Gigante de luz, pois meu corpo se moveu por instinto, um instinto que, com certeza, não era meu, dando um salto prodigioso, acertando com tudo um chute bem no meio do peito do monstro.

 

Belial deu vários passos para trás e senti na minha mente a confirmação de Zero, a respeito da fraqueza do nosso inimigo, antes de avançar, preparando novo golpe com a Zero Twin Sword, numa curva descendente, cortando-o de cima para baixo.

 

Ele caiu sobre uma clareira, localizada na floresta próxima do laboratório, apenas afugentando alguns pássaros, mas sem causar mortes. No local atingido por minha arma algumas explosões aconteceram, causando danos consideráveis no peito do monstro.

 

O Ultraman renegado não conseguia se erguer, caindo todas as vezes que tentou, ficando com a guarda aberta por tempo suficiente para que meu companheiro preparasse seu golpe mais poderoso.

 

Ele desfez a lâmina de energia e posicionou as duas manoplas diante do peitoral da armadura, acumulando energia Spacium até que ele afastou os braços, disparando uma rajada concentrada.

 

Zero Twin Shoot!” o grito ecoou na minha cabeça, conforme Belial era atingido, terminando por ser consumido em uma explosão que deve ter sido vista por todas as cidades mais próximas.

 

Ficamos parados por alguns segundos, eu ainda tinha dificuldade em aceitar o meu tamanho e minha mente começava a analisar as implicações de tal transformação, quando senti o mundo crescendo ao meu redor.

 

Antes de me acostumar com a mudanças anteriores, agora eu havia voltado ao meu tamanho natural e fui praticamente levado voando até o meu laboratório.

 

Pousei diante de uma ainda atordoada Saeko, que correu ao meu encontro, parando a poucos centímetros de distância, estendendo a mão até a armadura que construímos juntos e agora exibia as cores do Ultraman Zero.

 

De repente ela se abriu, permitindo que eu desse os primeiros passos firmes que consegui em meses, as mãos sem nenhum tremor e quando finalmente abracei Saeko, foi com braços fortes.

 

- Meu amor...

 

- Sim, querida... Estou curado...

 

Que bom.”

 

A voz ecoou nas nossas mentes, eu percebi pelo modo como Saeko reagiu, da mesma maneira que eu.

 

Pelo menos posso voltar para minha realidade tendo a certeza de que deixei você totalmente recuperado... Essa sua armadura é sensacional!”

 

Diante do buraco na parede do laboratório o Gigante de luz, Ultraman Zero, cuja cabeça ocultava todo o cenário atrás de si, nos observava. Tive a impressão, mesmo que sua face não revelasse nenhuma mudança, que ele sorria.

 

Estivemos ligados por pouco tempo Ichigo, mas percebi que sua dimensão é única, tendo seu planeta conhecido apenas um dos meus conterrâneos, mas vejo como se desenvolveram, criando toda uma nova linhagem de guerreiros Ultra... Tenho certeza de que vocês serão grandes adições a essa força de proteção de seu planeta.”

 

- Mas nós não pretendemos... Digo... Somos só cientistas e...

 

O gigante colocou as mãos na cintura e nos olhou com a cabeça levemente caída para o lado, como um adulto que diz às crianças que ele sabia perfeitamente o que elas estavam prestes fazer, ou o que aprontaram.

 

Sei...Sei... Bom, preciso ir agora... Tenho um grupo e muitas responsabilidades pelo multiverso... Mas tenho certeza de que voltaremos a nos encontrar.”

 

Dito isso ele se foi, desaparecendo num halo de luz multicolorido.

 

Outra vez o tempo passou rápido demais em nossas vidas.

 

Em meio à reconstrução do laboratório, bem como da cidade ao redor, que sofreu muitos danos durante a luta, antes de conseguir levar Belial para longe, o senhor Ide veio nos visitar.

 

Após uma longa bateria de testes e de verdadeiros interrogatórios, todos estavam fascinados pela visita de um novo gigante de luz, fomos liberados para continuar em nosso laboratório, com a nossa pesquisa.

 

Claro que uma das condições para tanto é que o Ultraman Zero, no caso eu, estivesse sempre à disposição, caso algum novo inimigo surgisse, principalmente algum que tivesse o tamanho colossal.

 

Deixei claro que não havia conseguido aumentar meu tamanho uma única vez sequer desde que a simbiose com o Zero original se desfez e dei graças por todos terem acreditado. Ou, ao menos, parecer que acreditaram.

 

Dei graças também por termos, durante a reconstrução, criar uma sala especial e secreta, onde eu e Saeko conduzimos alguns experimentos, como por exemplo, a altura máxima que consigo atingir quando distribuo a energia Spacium por toda a minha armadura.

 

A cada dia fico mais e mais confortável tendo pouco mais de dezoito metros de altura, o mundo já não parece tão estranho e estou cada vez melhor ao controlar meu movimentos, se um dia, acho isso pouco provável, mas se um dia um monstro gigante aparecer, sei que poderei ser ainda mais eficiente no combate.

 

Cá entre nós, até meus golpes estão bem melhores, Saeko vive me dizendo isso, pelo menos nos momentos em que ela está comigo e não trabalhando em seu projeto secreto, não sei os detalhes, mas vivo ouvindo-a falar algo sobre “unidade Tiga” ou algo assim.

 

Conhecendo minha esposa sei que, o que quer que venha desse projeto será algo grandioso.

 

Vejo, na verdade, agora que estou completamente curado, um futuro muito, muito grandioso para nós dois.

 

E para toda a humanidade.

 

 

Fim?





15 Comentários

  1. Finalmente temos algo de Norberto Silva no Mindstorm!! Que venham outros Fictors!!

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    1. Valeu mesmo amigo!
      Espero também que o mindstorm cresça cada vez mais em número de escritores e de fic de qualidade.

      Espero também que você curta essa história.

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    2. Valeu Rodrigo!
      Espero mesmo ajudar o projeto a crescer cada vez mais e que outros talentos se unam a nós!

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    3. Obrigado Rodrigo!
      Espero acrescentar e torcer para que tenhamos muito mais escritores!

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  2. Que história fantástica hein!!!
    Curti bastante a narrativa e os acontecimentos, uma história envolvente e que te prende.
    Parabéns Norberto!!!

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    1. Valeu Renato! Que bom que você curtiu!
      Me esforcei para que meu primeiro texto na Mindstorm estivesse à altura de tal projeto.
      Obrigado mesmo pelo comentário.

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  3. Eu curti o formato e estou ansioso pelos próximos! Seja bem vindo Norberto!

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    1. Valeu Felipe!
      Já estou trabalhando o próximo, com uma nova versão do Ninja mais amado do Tokusatsu!
      Aguarde e confie.

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  4. Norberto... que obra de arte. Confesso que prefiro o formato tradicional de séries longas. Mas, reconheço que essa linha one shot é mais a cara da nova geração. Os tempos mudam...

    Quanto a história, posso dizer que achei fenomenal. Afinal, você recria e homenageia um gênero clássico: os ultras. Parabéns. Todo fan de toku tem que reverenciar ultras.

    Outra coisa... essa pegada da ficção científica me agradou muito. O drama do episódio me lembrou o filme enigma do outro mundo.

    Campeão: parabéns demais.

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    1. Muito obrigado pelo maravilhoso comentário Artur.
      Atualmente não posso me envolver numa série longa, tenho outros projetos para tocar e não poderia dar a atenção devida a uma fanfic que ficasse à altura do Mindstorm, por isso essa decisão de fazer esses "filmes".
      A família Ultra tem alguns dos meus personagens Toku favoritos e o mangá está fanstástico, por isso escolhi esse universo como base para a minha fanfic.
      Fico extremamente feliz por você ter curtido.
      O próximo "filme" está em produção, espero que você goste também.
      Até lá e mais uma vez obrigado!

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  5. Finalmente consegui ler a esperada saga de Zero de meu amigo Norberto, como comentei em conversa, eu precisava assistir as sagas de Zero, seus movies, para conhecer melhor o personagem e então ter uma noção melhor para reconhecer referências e demais situações em sua trama e o retorno foi excelente. Vamos ao seu trabalho agora: A primeira coisa que eu gostaria de dizer é que foi curto, muito curto. Sério, ao terminar as linhas eu fiquei assim, como assim, só isso? Terminou aqui??? Pôxa, eu queria mais, huhuahuahuauh. Mas entenda isso como um elogio, a narrativa foi tão agradável, tão bem construída, tão bem colocado que tu se prepara para ler uma tarde inteira como foi o caso e termina rapidão, isso é algo muito bom pois quer dizer que a trama me envolveu por completo. Eis outro ponto, eu estava dentro da armadura Zero, sim, tua narrativa me colocou lá dentro, não há como negar, eu vi as leituras de sinal de vida, eu vi Belial me observando, eu me senti o Ultraman Zero e isso foi uma sensação muito boa. Ver Ide como comandante, nossa, eu esperei por isso muito tempo, ele foi tratado como alívio cômico na série, mas era tão capacitado quanto qualquer outro deles e a forma como colocastes as ações e atitudes dele, me lembraram muito Capitão Sakomizu da Guys e eu sou muito fã dele. E o casal? Nossa, que perfeito ficou a relação entre eles, o apoio, a parceria, a união e determinação deles, até mesmo na hora do combate e nessa hora, trazendo um pouco pra vida real, a voz da pessoa amada te fazendo destruir um monte para superar seus próprios limites e com isso salvar a quem tu ama e toda a humanidade ainda por cima, é algo que vivemos, de forma diferenciada é claro, mas que vivenciamos a cada dia em nossas dificuldades e batalhas particulares. Sem palavras meu amigo, um movie fantástico, desde as motivações até os personagens escolhidos, Ultraman Zero Fusão foi incrível e me deixou com gosto de quero mais profundo, kkkkk! Parabéns pelo trabalho e quem me dera escrever com essa clareza e competência, obrigado por compartilhar conosco essas tramas incríveis e desculpe por demorar a responder! Grande abraço!

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  6. Cá estou , visitando a estreia de um dos mais incríveis e versáteis fictors do time Mindstorm: O Grande Norberto Silva!


    E que estreia !

    Uma viagem maravilhosa ao mundo dos Ultras , retratada aqui, nessa one-shot.


    Foi possível sentir todo o estranhamento de Saeko ao vestir a armadura e entrar em simbiose com o Ultra Zero.


    A interpenetração de ambas as personalidades foi algo muito bem narrado .


    A luta contra Ultra Belial foi outro ponto de destaque.


    Pena que acabou tão rápido...


    Só posso te parabenizar pelo excelente trabalho.


    Parabéns!

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    1. olha... Esse texto é do longinquo 2017... Na época até falhei em não responder o, ainda não muito conhecido e hoje um dos meus melhores amigos, o Lanthys.. .Uma falha que só cabe mil desculpas.
      E obrigado pela leitura e comentário Jirayraider!
      Fico feliz por um texto antigo e, talvez, não tão bem desenvolvido como os que procuro produzir hoje em dia tenha te agradado.
      Valeu mesmo!

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  7. A estreia do Norberto no Mindstorm no longínquo ano de 2017 (4 anos já, hein, mano?)

    E Ultraman Zero não me decepcionou. Muito bem descrito, cena de ação na medida, as implicações. Uma simbiose de uma luta só, mas que foi o suficiente pra abalar as estruturas do mundo conhecido.

    E o mais legal foi que previu algumas das ações que aconteceram no seriado do Ultraman da Netflix, que veio muito tempo depois.

    Obrigado por esta obra, grande amigo!

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    1. Valeuesmo pela leitura e comentário meu amigo!
      Realmente nessa época eu nem imaginava que o anime poderia sequer ser pensado... escrevi com a empolgação pelo mangá.
      E, putz, quatro anos... O tempo, realmente passa voando.
      Valeu mesmo!

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