Ametista, a Guerreira de Cristal - Capítulo 3 - A Dimensão da Ametista

 

No capítulo anterior:

Radya explica à Rita tudo sobre os Cristais Elementares e o Reino do Quartzo Negro. Em paralelo a isto, Obsidius ordena mais um ataque contra Rita.

Capítulo #3 – A Dimensão da Ametista

Dentro do espelho

Rita parecia despertar de um sonho, quando ela chegou aonde Radya disse que ia treiná-la para enfrentar o Reino do Quartzo Negro. Era um lugar muito amplo, todo feito de vidro de cor roxa, afinal, estava dentro de um espelho. Dentro de um espelho... Era o nível máximo daquela loucura das últimas horas, Rita pensava.

Radya aproximou-se de Rita e a garota pôde ver a Protetora do Cristal do Raio de corpo inteiro, na verdade, seu espírito. Ela era bem mais alta que Rita e a armadura roxa que usava dava-lhe mais um ar de imponência.

— Seja bem-vinda à Dimensão da Ametista, como eu passei a chamar este lugar. Aqui, você poderá treinar contra os servos de Obsidius — disse Radya.

— Hum, legal, mas tenho que treinar agora? Vai demorar muito? - perguntou Rita - Amanhã, tenho que acordar cedo para trabalhar no restaurante do meu pai.

— Não se preocupe, Rita. Na Dimensão da Ametista, o tempo da superfície não corre aqui, ou seja, estamos em uma dimensão além do tempo e espaço — explicou Radya.

— Como… como isto tudo é possível, Radya? Você… também faz, sei lá, magia? — perguntou Rita.

A outra sorriu e respondeu:

— Bem, pode se dizer que sim, porque, dos Protetores, eu era a única que fazia o que você chama de “magia”. Eu prefiro chamar isto de “habilidade”.

— Então, você usou sua… habilidade para… fugir do Reino do Quartzo Negro, espalhar os Cristais Elementares pela superfície, criar esta dimensão e ainda se comunicar comigo pela consciência? — perguntou Rita.

— Exatamente. Graças à minha habilidade, pude fugir do Reino do Quartzo Negro, mas isto não foi o suficiente para impedir de ser capturada na superfície. Contudo, você vai me ajudar a libertar meus irmãos e a mim e para isso, você precisa treinar — explicou Radya.

— Ah, antes de treinar, queria te perguntar mais uma coisa: e meus sonhos com aqueles bichos de pedra? Era uma espécie de… lembrança sua? — perguntou Rita.

— De alguma forma, sim. Como você está com o Cristal do Raio e a minha consciência está nele, de alguma forma, a minha lembrança da batalha contra os obsidianos no antigo Reino do Quartzo de Luz conectou-se à sua mente e você pôde ver o que ocorreu através da minha perspectiva — disse Radya.

— Hum, entendi. Achei que era porque estava estudando muita Dinâmica da Terra… Bem, vamos começar logo esse treinamento! Minhas costas já estão melhores e eu estou pronta! — disse Rita.

— Ótimo. Então, vista a armadura — disse Radya.

— Certo. Liberte a Ametista! — exclamou Rita.

Então, o corpo de Rita brilhou e surgiu a armadura roxa.

— Empunhe a espada — ordenou Radya.

Rita empunhou a espada com a lâmina brilhante em roxo.

— Antes de você lutar com a espada, você precisa saber manejá-la corretamente. Qualquer erro contra nossos inimigos pode ser fatal — explicou Radya.

Rita assentiu e ela começou a fazer alguns movimentos com a espada no ar. Radya fez um gesto negativo com a cabeça.

- Não, não, não desse jeito! Precisa ter mais suavidade. Vamos começar de novo — disse Radya.

Então, Rita voltou a fazer movimentos com a espada com mais suavidade, como Radya pediu. Esta última fez um gesto de aprovação.

— Muito bem. Para manejar a Espada de Ametista, precisa ser de forma suave. É uma espada muito sensível e não pode ser manejada de uma forma bruta — explicou Radya.

— Entendi, mas como eu venci aqueles bichos sem treinamento? — perguntou Rita.

— Foi por conta da emergência da situação, mas eles não vão ser mais imprudentes. Por isso que é sempre bom treinar — respondeu Radya.

— Entendi — disse Rita.

— Bem, agora, vamos praticar combate com a espada — disse Radya.

A protetora do Cristal do Raio fez materializar-se uma espada semelhante à de Rita em sua mão e disse à sua discípula:

— Você irá lutar comigo. Vamos, me ataque!

Rita avançou contra Radya e a guerreira defendia-se dos ataques da garota. De repente, Radya desarmou-a com facilidade e apontou sua espada perto do peito da garota.

— Ainda está muito afobada. Isto deixa sua guarda muito baixa, permitindo o ataque de seu oponente. A sorte que sou eu e não um obsidiano. Pelo visto, vamos ter trabalho em questão de combate — disse Radya.

— E aquele ataque de concentrar o poder do raio na espada? — perguntou Rita.

— Isto também foi emergencial naquele momento. Contudo, você vai aprendê-lo a usá-lo de forma natural, sem precisar de minha ajuda. Para isto, é necessário ter muita prática — explicou Radya.

— Entendi, mas precisa de muita prática mesmo? — perguntou Rita.

— Sim, mas temos todo o tempo do mundo para praticar. Vamos continuar. Tente me desarmar — disse Radya.

Então, elas continuaram a lutar, com Rita sendo desarmada várias vezes. Contudo, ela conseguiu defender-se dos ataques de Radya e desarmou-a. A espada de Radya caiu no chão e desapareceu.

— Excelente! Você é persistente e isto é uma virtude de uma guerreira — disse Radya.

— Que isso?! Eu não sou guerreira de nada. Eu só quero te ajudar a libertar você e seus irmãos — respondeu Rita.

— Uma outra virtude de uma guerreira é o altruísmo. Um dia, você vai entender o que é ser uma guerreira de verdade — disse Radya.

— Tá certo… Vamos continuar com o treinamento? — perguntou Rita.

— Ah, vamos. Agora, você vai concentrar o poder do raio na espada — disse Radya.

— Certo. Igual da outra vez? — perguntou Rita.

— Sim, mas é necessário ter mais intensidade — respondeu Radya.

— E como vou fazer isso? — perguntou Rita.

— Apenas concentre-se o poder na espada e não pense em mais nada — explicou Radya.

— Certo — disse Rita.

Então, a garota fez o que foi pedido. O exercício progrediu, mas Radya não parecia estar satisfeita com o desempenho de Rita.

— Não, não, você não parece estar concentrada, Rita. Eu falei para ter mais intensidade. O que lhe distrai? — perguntou Radya.

— Ah, talvez seja porque penso no meu pai e na minha mãe, seja onde ela estiver. Além disso, eu penso em tudo o que você falou sobre esse Reino do Quartzo Negro e essa missão que você me passou — respondeu Rita.

— Então, não pense em nada disso! Por um instante, esqueça seu pai, sua mãe, o Reino do Quartzo Negro e até a mim! Apenas concentre-se na espada e no poder do raio. Deixe-o fluir em seu corpo até chegar na espada — disse Radya.

— Certo. Vou tentar — disse Rita.

— Você não vai tentar, Rita, você vai conseguir. Vamos, concentre-se! — incentivou Radya.

Então, Rita mais uma vez obedeceu Radya. Ela esvaziou completamente a sua mente e apenas olhou fixamente para a espada. De repente, ela sentiu seu corpo formigar e então, tudo em sua volta ficou iluminado com raios roxos bem mais intensos.

— Isso, Rita, vamos! Você consegue! — incentivou Radya mais uma vez.

Mas Rita não conseguiu manter a intensidade e os raios roxos cessaram.

— Droga, não consegui! Radya, isso é muito difícil! — exclamou Rita.

— Acalme-se, Rita. Lembre-se que temos todo o tempo do mundo nesta dimensão — disse Radya.

— Tá certo, mas já estou cansada. Não sou uma máquina — disse Rita.

— Eu sei disso. Acho que estou pegando muito pesado com você, afinal, você é da superfície e a fisiologia dos superficiais é muito diferente de nós, protetores dos Cristais Elementares. Eu sei disso por experiência própria. Bem, vou levá-la de volta ao seu quarto, mas primeiro, precisa tirar a armadura. Sabe as palavras? — perguntou Radya.

— Sei, é “Liberte a Ametista” ao contrário. É “Etirbere”, “Etiberê” ou algo do gênero — disse Rita.

Radya riu e disse:

— Então, você não sabe. Vou ajudá-la, mas só dessa vez: é “Etrebil a Atsitema”.

— Ah, sim. Então, Etrebil a Atsitema! — exclamou Rita.

A armadura sumiu do corpo de Rita e ela voltou ao normal.

— Bem, você progrediu bastante neste primeiro treinamento e merece um descanso. Volte para seu quarto, Rita! — disse Radya.

Então, Radya lançou um raio roxo de sua mão na direção de Rita e a garota voltou ao seu quarto. Assim que voltou, ela foi ao espelho e viu apenas o seu reflexo. Ela tocou no espelho e nada aconteceu.

Naquele momento, Rita só queria dormir e quando acordasse, tudo voltasse como era antes: trabalho no restaurante do seu pai durante o dia e faculdade à noite. E então, Rita tirou seus óculos e o pingente de ametista e foi deitar-se.