Capítulo V
Doppleganger
O ar dentro do bunker parecia mais denso do que nunca.
Desde a morte de Rodrigo, um silêncio pesado pairava sobre o grupo, como se cada um carregasse não só o luto, mas o medo do que vinha pela frente.
Lúcio caminhava cabisbaixo, os olhos perdidos no chão, enquanto Ana observava a parede de metal fria à sua frente, tentando reunir forças.
Sílvia tomou a frente, a voz firme cortando o silêncio.
— Não temos escolha. Ana precisa chegar até o líder da terceira ordem. É por isso que seguimos. Sem atrasos, sem distrações.
O bunker estalou uma última vez atrás deles enquanto a pesada porta de aço se fechava com um estrondo.
Um vento quente e carregado de cinzas entrou pelo vão, trazendo o cheiro ácido da chuva que se aproximava, carregada de um odor metálico e corrosivo.
O céu sobre eles era uma massa viva de fumaça alaranjada, como um pesadelo permanente, onde as nuvens se contorciam num balé macabro.
Ana sentiu o peso da perda de Rodrigo em seu peito, mas também uma faísca de algo diferente — um calor estranho que lhe subia pela pele quando Baptiste caminhava ao seu lado.
Eles se moveram rápido e silenciosos pelas ruas destruídas, onde prédios caídos formavam corredores estreitos e escuros.
O chão estava coberto de pó, ferrugem e pedaços de metal retorcido, testemunhas silenciosas de um mundo que morreu.
No horizonte, chamas isoladas lambiam o céu como feridas abertas, e o vento incessante carregava a sensação de perigo iminente.
Por entre os escombros, sombras se moviam com rapidez — demônios, espectros, coisas que pareciam partes da cidade corroída pela loucura.
Os olhos de Ana seguiam cada movimento, seu corpo tenso, mas Baptiste era um farol de calma.
Quando ele estendeu a mão para ajudá-la a passar por um monte de destroços, seus dedos se tocaram — um contato breve, mas suficiente para acender um fogo silencioso dentro dela.
— Não olhe para trás — murmurou Baptiste em seu francês arrastado, com um sorriso meio torto. — La nuit est longue, mais on doit avancer.
Ana engoliu em seco, sentindo a urgência das palavras e o peso delas no ar saturado.
Eles seguiam em direção a uma antiga fábrica, um monstro de ferro e concreto que parecia resistir ao tempo e ao apocalipse, oferecendo uma promessa tênue de refúgio contra a chuva ácida que começava a cair — gotas corroendo o chão e deixando marcas negras por onde passavam.
No ar, a tensão crescia. O Véu, o mundo real, e o inferno que tudo havia se tornado não davam tréguas.
Ana sabia que, apesar de tudo, ali ao lado dela, havia alguém que poderia ser sua âncora — ou uma nova perda.
O vento soprou com mais força quando finalmente chegaram à fábrica.
A estrutura antiga e maltratada pelo tempo se erguia como uma fera adormecida, coberta de ferrugem e cicatrizes do apocalipse.
As chaminés quebradas se projetavam para o céu, agora tingido de um vermelho doentio, enquanto as paredes de concreto pareciam prestes a desabar.
Sílvia levantou a mão, indicando que todos parassem. Seu olhar percorreu o lugar com cautela, os sentidos em alerta máximo.
— Parece estável…. Por enquanto — murmurou, mais para si mesma do que para os outros. — Vamos entrar. Precisamos nos abrigar da chuva antes que as queimaduras comecem.
Hellen bufou, cruzando os braços.
— E a gente está aqui por quê mesmo? Ah, é…. Porque alguém decidiu que era uma boa ideia atravessar o inferno inteiro fazendo serviço de babá pra novata!
— Sua voz era um veneno gotejante, e os olhos cravaram em Ana.
Antes que alguém pudesse reagir, Sílvia atravessou a distância entre elas e deu um tapa seco na lateral do rosto de Hellen. O som ecoou pelas paredes corroídas da fábrica.
— Se quiser questionar as ordens que temos questione a mim. Se quer reclamar, reclame depois de garantir que ninguém morra queimado por essa chuva maldita.
— Sílvia não gritou, mas cada palavra parecia uma lâmina cravada na mente de Hellen.
Hellen segurou o rosto, surpresa e silenciosa, enquanto os outros apenas observavam, tensos. Ana desviou o olhar, os olhos marejados. Baptiste, ao seu lado, passou a mão levemente em suas costas, oferecendo um consolo mudo.
— Fica tranquila — murmurou ele. — Les ténèbres ne durent pas éternellement.
Sílvia fez um gesto firme para que o grupo seguisse.
— Certo, estamos aqui. Vamos garantir que o lugar esteja seguro antes de qualquer coisa. Ricardo, Jorge, deem uma olhada nos andares superiores. Quero saber se o teto vai aguentar. Carlos e Júlia, revisem o perímetro — quero saber se não tem entrada para demônios. Hellen, você e Lúcio verifiquem a caldeira — se algo explodir enquanto estivermos aqui, a culpa vai ser sua.
Ricardo tentou aliviar a tensão com um sorriso.
— E se não explodir, a gente faz explodir só pra ver a cara da Hellen.
Jorge soltou um riso nervoso, ajustando os óculos quebrados.
— M-melhor n-não.
— Fica quieto, nerd — resmungou Hellen, ainda massageando o rosto onde Sílvia a acertou.
Sílvia então se voltou para Ana e Baptiste.
— Vocês dois ficam comigo. Vamos montar um ponto de observação e um acampamento aqui.
Não sabemos quem — ou o quê — pode aparecer.
Lúcio permaneceu parado, a cabeça baixa, o rosto marcado pelo cansaço e pela dor. Hellen passou por ele e deu um tapinha em seu ombro.
— Vamos nessa, garoto.
Lúcio não se moveu, ainda estava com uma expressão vazia em seu rosto.
— Dá um tempo pra ele — disse Ricardo…
— Certo…. Concordou Sílvia.
— Hellen a caldeira é visível daqui, eu mesma dou cobertura — completou.
O grupo se dividiu conforme as ordens.
Ana observava enquanto Baptiste empilhava alguns caixotes para formar uma barricada improvisada. A tensão no ar era palpável.
— Você está bem? — perguntou ele, lançando um olhar rápido para ela enquanto ajustava uma peça de metal na barreira.
Ana hesitou.
— Não sei. Tudo isso…. Parece um pesadelo. E agora, depois do que aconteceu com o Rodrigo….
Baptiste parou por um momento e se aproximou, sua expressão era suave.
— On ne survit pas seul. Mais ensemble…. A gente sobrevive.
Ana sorriu, embora o sorriso fosse quebrado pela dor que ainda sentia.
Sílvia, que observava de longe, percebeu a troca de olhares, mas preferiu manter o foco.
Havia algo de bonito naquela conexão, mas agora não era hora para distrações.
Ela respirou fundo e voltou a monitorar a área próxima a caldeira, onde Hellen estava.
O ambiente dentro da fábrica era frio, e a chuva ácida que caía do lado de fora fazia sons abafados nas paredes e no telhado, corroendo o metal velho. Pequenos riachos ácidos escorriam por rachaduras no concreto, formando poças que ferviam e liberavam vapores sufocantes.
De repente, um barulho distante ecoou pelos corredores — algo se mexendo nos andares superiores. Sílvia franziu a testa.
— Júlia , Carlos! Relatório! — Falou pelo rádio improvisado.
— Tudo certo por aqui! — respondeu Carlos, tentando soar animado.
Júlia confirmou logo depois, embora com um tom hesitante.
— Sem problemas…. Ainda.
Sílvia assentiu, mas manteve a mão perto da arma, os olhos atentos às sombras.
O grupo sabia que aquela noite seria longa.
Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha — como se algo sombrio os observasse, esperando o momento certo para atacar.
O ambiente na fábrica parecia ainda mais opressor à medida que o tempo passava.
A chuva ácida lá fora se intensificava, e o som das gotas corroendo o metal lembrava uma marcha fúnebre incessante.
Sílvia continuava na entrada, os olhos atentos ao movimento de Hellen.
Baptiste e Ana estavam próximos, reorganizando algumas caixas para fortalecer a barricada.
Tudo parecia calmo até que um estalo alto ecoou pelos corredores superiores.
— Ricardo? Jorge? — Sílvia chamou, sua voz firme. Nenhuma resposta. O silêncio era cortante.
Ana trocou um olhar preocupado com Baptiste, que apenas balançou a cabeça levemente, indicando para ela manter a calma.
Após alguns segundos, a voz de Ricardo finalmente ressoou pelo rádio:
— Foi só um pedaço do teto caindo. Tudo certo por aqui!
Sílvia bufou, aliviada.
— Mantenham os olhos abertos — alertou. — Qualquer coisa, avisem imediatamente.
O grupo voltou à rotina, mas agora todos estavam um pouco mais tensos.
Lúcio, que estava sentado perto de algumas caixas, olhou para Sílvia.
— Ele…. Ele demorou para responder — murmurou.
— Está nervoso, garoto? — perguntou Baptiste, tentando aliviar o clima. — La peur fait battre le cœur plus vite.
Ana riu baixinho, embora o sorriso fosse breve. Mas algo ainda incomodava. Talvez fosse o peso do ambiente, ou simplesmente o trauma dos últimos dias.
De repente, Júlia apareceu sozinha, vindo de um corredor lateral. Sua expressão estava estranha, o olhar distante.
— Cadê o Carlos? — Sílvia perguntou imediatamente.
— Ele…. Foi verificar uma porta dos fundos. Pedi para ele voltar logo — respondeu Júlia, hesitante.
Sílvia suspirou, visivelmente contrariada.
— Não deveriam se separar. Se ele demorar, vamos atrás.
Júlia sentou-se num canto, esfregando as mãos como se estivesse com frio, embora o calor ainda fosse sufocante.
Ana a observava com atenção, algo na postura dela parecia errado.
Minutos depois, Jorge desceu apressado dos andares superiores, com os olhos arregalados.
— R-ricardo…. d-desapareceu... e-eu só…. Eu só ouvi um b-barulho e…. Quando v-voltei, e-ele não estava mais lá!
A tensão explodiu como uma bomba silenciosa. Sílvia apertou o cabo da arma e olhou ao redor.
— Todos reunidos aqui! Não vamos nos separar mais! — ordenou, pelo rádio tentando manter o controle.
A presença de Júlia continuava a incomodar Ana, que agora via Carlos se aproximar do corredor escuro. Ele parecia…. Diferente, os passos meio trôpegos. Quando ele finalmente entrou na área iluminada, parecia normal, mas Ana não conseguia afastar o mal-estar.
— Alguém está brincando com a gente…. — murmurou Sílvia, mais para si mesma do que para o grupo.
— Acho que o calor e o estresse estão mexendo com nossas cabeças — comentou Ricardo, saindo do que parecia antes ser um tipo de escritório da fábrica.
Sílvia olhou para ele com um misto de reprovação e cansaço.
— Não podemos nos dar ao luxo de nos perdermos de novo. A partir de agora, ninguém anda sozinho. Entendido?
Todos concordaram em silêncio, inclusive Hellen que já retornava para junto do grupo.
Ana percebeu que Baptiste estava especialmente atento, como se algo ainda o incomodasse.
Antes que ela pudesse perguntar, Sílvia os chamou.
— Vamos comer alguma coisa. Precisamos repor as energias antes que a noite chegue.
As provisões eram escassas, mas divididas com cuidado. Cada um recebeu uma pequena porção de enlatados e água. Havia um silêncio resignado, interrompido apenas pelo som metálico das colheres raspando as latas.
Carlos e Júlia estavam juntos, mas Ana percebeu que ele parecia um pouco distante, quase alheio às conversas.
Baptiste sentou ao lado de Ana, oferecendo um sorriso que, apesar da situação, aquecia o peito dela.
— Parece que finalmente estamos respirando…. Pelo menos por agora — sussurrou ele, jogando o cabelo dela que caía sob seu rosto para trás.
Ana soltou um suspiro aliviado.
— Acho que nunca vou me acostumar com isso. Essa incerteza….
Baptiste assentiu, os olhos refletindo as luzes oscilantes do fogo que Sílvia mantinha sob controle.
— C’est la guerre... A guerra não escolhe favoritos.
Ana tentou sorrir, mas o olhar vago de Carlos lhe causava inquietação.
Quando a noite finalmente chegou, Sílvia determinou o revezamento de guardas.
Sempre dois a dois, para garantir que ninguém ficasse vulnerável.
— Primeiro turno: Eu consigo ficar sozinha, Ricardo e Jorge, vocês vem depois. Hellen e Lúcio, terceiro. Em seguida, Ana e Baptiste. E por último, Carlos e Júlia. Precisamos descansar — determinou Sílvia, mantendo seu tom firme.
O grupo se ajeitou entre as caixas e entulhos, do acampamento improvisado.
Alguns cochilavam enquanto Sílvia protegia o grupo.
Os guardas do próximo turno mantinham os olhos atentos às sombras que dançavam na fábrica.
Ricardo tentou puxar conversa com Jorge para quebrar o clima pesado, mas o nerd apenas concordava com um aceno de cabeça ou um murmúrio desconexo.
Quando trocaram de turno, Hellen estava visivelmente irritada por ter que compartilhar a vigia com Lúcio, que permanecia quieto e cabisbaixo.
— Típico…. Justo eu ficar com o garoto quebrado — murmurou Hellen, sem perceber que Sílvia ainda estava acordada e a encarava com um olhar de advertência.
O turno de Ana e Baptiste chegou, e a fábrica parecia ainda mais sombria sob o manto da noite. Ana sentiu um arrepio quando Baptiste se aproximou, o olhar atento às sombras.
— Está tudo bem? — perguntou ele, notando a expressão dela.
— Não sei... Tenho um mau pressentimento — sussurrou Ana, os olhos percorrendo o salão.
Baptiste se sentou ao lado dela, mantendo a arma ao alcance.
— Entendo. Eu também sinto isso…. Mas estamos juntos, não é? On est ensemble, Ana.
Ela assentiu, sentindo o calor no peito crescer. Durante algum tempo, esqueceram do mundo ao redor, apenas sentindo a presença um do outro.
O último turno finalmente chegou.
Carlos e Júlia se levantaram, os rostos cansados e os movimentos lentos.
Ana observou o casal se acomodar perto da entrada, onde uma pequena brecha no concreto permitia a visão do restante da fábrica.
Baptiste tocou de leve o ombro de Ana.
— Vamos descansar um pouco. O dia vai ser longo amanhã.
Ela se aninhou ao lado dele, tentando ignorar o arrepio que percorria sua espinha.
No entanto, antes de fechar os olhos, notou algo estranho: Júlia parecia…. Diferente. Movia-se de maneira um pouco rígida, e Carlos, que geralmente era carinhoso, estava distante, como se estivesse apenas cumprindo uma obrigação.
Com os olhos semicerrados, Ana tentou manter-se acordada, mas o cansaço finalmente venceu.
Mal sabia ela que, enquanto o sono finalmente a envolvia, o perigo estava cada vez mais próximo — e talvez bem ao lado.
O silêncio da fábrica era interrompido apenas pelo som distante da chuva ácida corroendo o telhado e pelas respirações tranquilas dos que dormiam. Carlos olhou para Júlia, que permanecia imóvel, os olhos perdidos na escuridão.
Ele se aproximou, tocando de leve o braço dela.
— Ei…. Você está bem? — perguntou em um sussurro.
Júlia virou o rosto lentamente, os lábios formando um sorriso pálido.
— Só…. Tentando manter a cabeça no lugar — respondeu ela, a voz rouca.
Carlos sorriu e deslizou os dedos pela mão dela, entrelaçando os dedos com os dela.
— A gente vai sair dessa. Eu prometo.
Ela respirou fundo e puxou Carlos para um canto mais afastado da entrada, longe dos olhos atentos dos outros.
— Precisamos disso…. Só nós dois. — Júlia sussurrou, mordendo levemente o lábio inferior.
Carlos hesitou, mas a proximidade dela, o cheiro familiar e a forma como os olhos dela o fitavam com intensidade o convenceram.
Ele a segurou pela cintura, puxando-a para perto, e seus lábios se encontraram com urgência.
Júlia o empurrou contra uma parede enferrujada, prendendo-o com o próprio corpo, arrancando a camisa de seu corpo. Suas mãos deslizaram pelo peito dele, arrancando um suspiro enquanto ela mordia o lábio dele com certa brutalidade.
— Você tá intensa hoje…. — Carlos murmurou, entre beijos. Puxando a blusa dela expondo os seios.
Ela soltou uma risada baixa e passou os dedos pelo cabelo dele, puxando-o com força.
— Senti sua falta…. — disse ela, a voz carregada de desejo.
Carlos correspondeu com mais fervor, os corpos colados, as mãos explorando cada parte conhecida do corpo dela. O calor aumentava, as respirações se tornavam mais pesadas, e o ambiente escuro parecia afastado da realidade cruel que os cercava.
Quando ele deslizou a mão pelo pescoço dela, sentiu algo estranho — a pele estava quente demais, quase febril. Antes que pudesse comentar, Júlia o puxou para mais um beijo, dessa vez mais violento, quase desesperado.
— Você está bem? — ele perguntou, ofegante.
Ela sorriu, os olhos brilhando de maneira estranha, e então o empurrou para o chão, retirou a calça, abriu o zíper de Carlos e montou sobre ele.
— Nunca estive tão bem — sussurrou, com a voz transbordando em prazer.
Carlos franziu a testa, mas antes que pudesse reagir, Júlia se inclinou e o beijou novamente, com uma intensidade que beirava o predatório. Ele começou a sentir uma dor aguda no peito. O olhar dele se arregalou ao ver marcas escuras surgindo na pele, como se algo estivesse queimando de dentro para fora.
— Júlia…. O que…. — tentou falar, mas ela segurou o rosto dele com força, as unhas se cravando em sua pele. O sorriso dela se alargou de maneira antinatural, e então os olhos mudaram — o verde brilhante se tornou amarelo-fosco que parecia pulsar.
— Eu senti sua falta também…. — disse, agora com uma voz grotescamente distorcida.
Carlos tentou gritar, mas Júlia o beijou mais uma vez abafando seu grito, enquanto sua mão se transformava em uma garra negra e retorcida.
Sem hesitar, ela cravou os dedos no peito dele, rasgando carne e osso com facilidade monstruosa. Carlos, se debatia, gritava, porém não conseguia se soltar e nem ser ouvido.
Sentiu o sangue quente escorrer enquanto a dor se espalhava por todo o corpo.
Tentou empurrar Júlia, mas as forças o abandonavam rapidamente.
Quando seu corpo já quase não se movia, ela lambeu o sangue que escorria dos lábios dele, os olhos agora brilhavam com malícia.
— Você não é…. — ele tentou dizer, com a vida já escapando de seu corpo.
Júlia inclinou a cabeça, como se apreciasse a última fagulha de vida nos olhos dele.
— Não…. Eu não sou — respondeu, com um sorriso cruel.
O corpo de Carlos relaxou, inerte, enquanto a criatura que usava a pele de Júlia se levantava, limpando o sangue dos dedos na roupa dele.
A expressão se transformou novamente na de Júlia — olhos doces e um sorriso triste — antes de caminhar de volta para o acampamento, deixando Carlos esquecido na escuridão da fábrica.
7 Comentários
Tensa a coisa...
ResponderExcluirMais uma baixa...
Dessa vez, num ato sexual entre dois sobreviventes.
Júlia está possuída e Ana percebeu.
Estou ansioso pelos próximos acontecimentos.
Narrativa visceral e impactante!
Você manda muito bem!
Parabéns e sucesso!
Suas dúvidas serão respondidas no próximo capítulo.
ExcluirQuando li o título, eu já me liguei (olha o spoiler) no que poderia acontecer e então, fiquei atento aos personagens afastados! Eu inicialmente achei que seria ou o Ricardo ou Jorge foram minhas primeiras opções, por conta do barulho e a demora para responder, mas então eles responderam, e o Carlos disse "eles demoraram para responder"... Mas ae eles voltaram e tal, ae cogitei a Hellen, até porque ela foi sozinha, um bom alvo para a troca de corpos, mas ela também não apresentou sinais... Ae tu começou a frisar a Julia e o Carlos, um de comportamento muito estático e a outra, sem uma explicação maior, apenas estranha... Eu vi que entre eles um já não era mais eles de verdade, e ae se estende meu medo, podem ser mais de um, pois a demora do Jorge e Ricardo ainda me cutuca as ideias... Enfim, desde que li o título, eu percebi que algo assim iria acontecer, apenas era necessário ficar atento para quem seria! Como disse, já vi esse ser aparecer em algumas mídias e ele sempre impõe muito medo, agora é ver como vão resolver, e uma curiosidade extra... Silvia tava vendo até os sussurros de todos, não dormia pesadamente, mas quando foi a vez da Julia agir, ela está em sono profundo, supostamente... OU Silvia não está dormindo e viu tudo e está agindo friamente para não matar todos, ou, a Silvia deixou pra dormir de verdade na única hora em que não deveria ter feito isso! Ah sim, mais um detalhe, tinha de ser justo a amiga da Ana? Quebrou o clichê, claro, se esperaria que fosse a Hellen por conta da discussão, mas agora a Ana ficou sem a amiga... Enfim, maravilhoso episódio, muito bom, meus parabéns cara, mandou bem demais! \0/
ResponderExcluircapítulo 6 já está no ar para que tu saiba como tudo se resolverá. Espero que goste eu gostei.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDe fato o título foi um indicativo muito forte do que poderia rolar, você conseguiu disfarçar muito bem a identidade do Dopple...
ResponderExcluirA pistas falas ficaram excelentes, só imaginei que seria a Júlia quando a Ana começou a perceber as váriasmudanças sutis na amiga e achei excelente a escolha, pois é mais uma chance de fazer a Ana brilhar, pois provavelmente vai sobrar para ela eliminar a ameaça.
Mal posso esperar prá ver isso!
Parabéns cara, tá mandando muito bem nesse título!
já está no ar o capítulo onde se resolve a trama, espero que goste.
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