MISSÃO 08
As motos flutuavam sobre a areia como se dançassem no ar. Não faziam som de motor, não bufavam, não vibrava como as velhas sucatas comuns a Scylla Prime. Elas deslizavam, como arraias sobre o oceano de poeira avermelhada, deixando atrás de si apenas rastros de turbulência e partículas flutuando na luz do meio-dia. O sol de Scylla era pálido, esbranquiçado, mas impiedoso. Doía nos olhos, refletia nos cristais de sal que cobriam pedaços das dunas, faiscava nos relevos das rochas negras que brotavam do chão como ossos de um planeta morto. O deserto era vasto, aberto, belo em sua hostilidade. Torres de arenito corroídas pelo tempo erguiam-se no horizonte como pilares esquecidos de alguma civilização perdida. Planícies rachadas como pele velha davam lugar a ravinas e vales profundos, cheios de sombras que pareciam respirar por conta própria. O vento soprava constante, carregando areia, calor e lembranças que ninguém pediu. Lúcia Vega mantinha uma das mãos firmes no acelerador, a outra descansando sobre a perna. Sua moto sacudia levemente quando passava sobre alguma corrente de ar mais quente, mas ela não parecia incomodada. O olhar estava longe. Não perdido. Apenas... preso entre pensamentos. Nyx vinha ao lado. Sua moto era idêntica à de Lúcia, mas se movia com precisão cirúrgica. Não oscilava. Não errava. A androide mantinha a postura perfeita, o olhar fixo à frente, sensores girando suavemente, emitindo bips quase imperceptíveis — varrendo, analisando, prevendo. Por um tempo, o único som era o sussurro do deserto. Até que Lúcia quebrou o silêncio, com aquela voz rouca, de quem já gritou muito na vida, mas agora fala só o necessário.
— “Nyx.”
— “Sim, capitã?”
— “Posso te perguntar uma coisa?”
— “Afirmação: pode perguntar qualquer coisa. Resposta será... avaliada conforme segurança da missão.”
Lúcia deu um sorriso de canto, sem tirar os olhos da linha do horizonte.
— “Tá. Então me responde isso: por que você tá aqui?”
— “Objetivamente?”
— “De preferência com palavras que não saíram de um protocolo de inteligência artificial, sim.”
Nyx ficou em silêncio por dois segundos. Um tempo curto — mas suficiente para que Lúcia soubesse que ela estava escolhendo as palavras.
— “Recebi a ordem para integrar a missão. O contratante não confiava que você entregaria a carga... sem avaliar antes seu valor.”
Lúcia arqueou a sobrancelha.
— “Ah... então mandaram uma babá de titânio pra garantir que eu não ‘adotasse’ a encomenda.” — Ela riu. — “Justo. Parece algo que eu faria mesmo.”
— “Sim.” — respondeu Nyx, com a sinceridade brutal que só uma máquina podia dar.
Lúcia estreitou os olhos, mas o sorriso não sumiu.
— “E quem te mandou, afinal? Joseph?”
— “Informação... restrita. O contratante não é Joseph Skarlo. Ele é apenas um intermediário.”
— “Hum.” — Lúcia olhou de novo pro horizonte, mas agora o olhar pesava. — “Então tem mais alguém nessa cadeia. Alguém que quer o pacote... e quer garantir que eu não morda a isca e suma com ele.”
— “Correto.”
— “E você sabe o que é essa carga?”
Nyx hesitou. Pela primeira vez, hesitou mesmo.
— “Não.”
— “Você não sabe, ou não pode dizer?”
— “Não fui autorizada a acessar a informação. Só sei que é... sensível. E única.”
Lúcia soltou um longo suspiro.
— “Sensível e única... ótimo. Pode ser um artefato antigo, uma arma proibida, um vírus vivo, ou um bebê alienígena que brilha no escuro.”
— “Sim.” — respondeu Nyx. — “Todas são possibilidades com 27% ou mais de probabilidade.”
— “Tava sendo sarcástica.”
— “Ah.”
Mais silêncio… As montanhas começaram a surgir no horizonte. Altas. Cinzentas. Irregulares. A Ravina de Skarn ficava entre os dois maiores picos, segundo o mapa que Lúcia segurava no painel da moto. O esconderijo de Lonestar estava ali. Escondido entre pedras, fumaça e homens armados que adoravam tiros mais do que banho. Lúcia apertou os olhos, sentindo o vento do deserto chicotear o rosto.
— “Espero que Lonestar valha os créditos. Porque sempre foi um idiota de ego inflado... Eu tinha era que cobrar taxa extra por incômodo.”
A moto vibrou sob seus pés quando ela acelerou. Nyx a seguiu. O deserto rugiu. E no horizonte, entre as sombras das montanhas, algo se movia. E a caçada... estava prestes a começar. A noite chegou em Scylla como uma cortina de chumbo. Sem estrelas. Sem lua. Apenas um céu escuro, pesado, coberto por nuvens ácidas que brilhavam em tons esverdeados.
As motos estavam escondidas entre duas rochas, camufladas com lonas térmicas e sensores de presença desativados. Lúcia ajustava o coldre da perna e prendia uma lâmina curva na parte interna do antebraço. O blaster estava carregado, silencioso. Ela não fazia barulho nem com o próprio respirar. Nyx ativava o modo furtivo. Seus movimentos tornavam-se mais felinos, quase líquidos, e o som de seus passos desaparecia completamente, absorvido pelos amortecedores subcutâneos ativados apenas em operações de infiltração. À frente, o acampamento se escondia entre as ruínas de uma estrutura que parecia pertencer a uma civilização esquecida — colunas rachadas, plataformas de pedra negra cobertas de musgo seco e inscrições alienígenas desgastadas pelo tempo e pelas explosões. A base improvisada de Lonestar estava entre os escombros: holofotes giratórios, torres com sensores de movimento, barracas termo-reforçadas, caixas de munição empilhadas e pelo menos dois drones flutuando em patrulha circular. Nyx observava tudo em silêncio.
— “Movimentação detectada: doze sinais biológicos, três mecânicos. Alvo principal não identificado. Códigos de calor localizados em três setores.”
— “Temos alguma entrada sem ser a frente?” — murmurou Lúcia, já analisando com o olhar treinado.
— “Sul. Através de uma fenda nos escombros. Trilha estreita. Sem vigilância direta, mas risco de colapso estrutural.”
— “Ótimo. Tudo que a gente precisa. Vamos por ali.”
As duas avançaram como sombras. Cada passo entre a areia grossa e as rochas quebradas parecia mais denso que o anterior. O acampamento exalava aquele cheiro típico: óleo, suor, equipamento superaquecido e medo mascarado de arrogância. Vozes podiam ser ouvidas ao longe — risos altos, conversas em volume descuidado. Nenhum deles esperava uma abordagem. Lúcia e Nyx deslizaram pela lateral da ruína principal, onde uma antiga escadaria despencava em meio a colunas partidas. Ali, entre os escombros, encontraram a fenda: um corte estreito na muralha de pedra, largo o suficiente para passarem agachadas.
— “Sensor de movimento?” — cochichou Lúcia.
Nyx piscou. — “Nível baixo. Passagem segura. Por enquanto.”
Elas passaram. E então, do outro lado… O coração da base. Luzes fracas, holopainéis ativados, drones descarregando caixas, armas sendo limpas por soldados mal pagos e mal humorados. Mais à frente, no centro de um altar antigo convertido em sala de comando improvisada, uma figura sentada de costas, pernas cruzadas, hologramas projetados ao redor. Lonestar. Lúcia o reconheceu de imediato pela postura — relaxada demais, arrogante demais, com aquele ar de quem acha que o mundo gira em torno da própria jaqueta de couro.
Ela sussurrou:
— “Ali está o maldito...”
Nyx
analisava o local com precisão matemática.
— “Proximidade máxima permitida para captura
silenciosa: 12 metros. Risco de alarme em 38%. Recomendação: aguardar
movimentação, ou criar distração.”
Lúcia pegou
o blaster na mão, quase sorrindo.
— “Eu sou a distração.”
Lúcia deslizou entre duas colunas tombadas, pés silenciosos na areia, olhos fixos na figura à frente. Lonestar continuava sentado, girando hologramas ao redor como quem joga com o destino e sempre trapaceia. Rosto parcialmente encoberto por um óculos de visor opaco. A arma pendurada no coldre, despreocupada. Nyx se posicionou alguns metros ao lado, em meio às sombras.
— “Vento: constante. Ruído: moderado. Interferência natural dificultando varredura total. Recomendação atualizada: distração direcionada, ataque em sincronia.”
Lúcia assentiu devagar. Puxou a respiração. Flexionou os joelhos. Contou mentalmente.
Três. Dois. Um—
CRACK.
Um ruído seco, como metal contra pedra. As duas congelaram.
— “Posição comprometida,” murmurou Nyx. “Contato, flanco oeste.”
Da sombra à esquerda, um vulto emergiu — um dos guardas, distraído, mas não estúpido. Ele parou, encarando Lúcia a poucos metros. Os olhos arregalaram-se. A boca se abriu.
Lúcia se moveu primeiro. Ela disparou, o blaster um feixe azul. Mas o guarda teve tempo de gritar.
— “INTRUSOS—!”
O tiro o derrubou, mas o estrago já estava feito. Alarme soou. Um som agudo, eletrônico, ecoando pelas ruínas. Holofotes giraram. Drones mudaram de curso. Homens gritaram. Armas foram erguidas. E do centro da base, a figura sentada girou devagar. O sorriso aparecendo no rosto. Um sorriso de quem esperava por isso. Ele não se levantou ainda. Só olhou.
— “Lúcia Vega...” — a voz dele era calma, grave, carregada de um deboche antigo. — “Sabia que mais cedo ou mais tarde, alguém ia querer minha cabeça. Só não achei que mandariam... você.”
Lúcia saiu da sombra, o blaster firme, Nyx avançando logo atrás.
— “Cê devia se sentir lisonjeado.”
— “Me sinto, me sinto... Mas é uma pena. Justo hoje que o vinho tava bom e os meus rapazes estavam relaxando.”
Ao redor, os mercenários começaram a se posicionar. Seis. Oito. Talvez mais. Alguns escondidos, outros tentando flanquear. Nyx falou em voz baixa:
— “Probabilidade de sobrevivência em confronto aberto: 17%.”
— “Já tive piores.” — Lúcia rosnou, virando a cabeça.
— “Eu não.”
Lonestar se levantou, estalando os ombros.
— “Não vou mentir, Vega... tô curioso. Vai tentar me levar vivo? Ou só quer o bônus pela cabeça?”
— “Depende. Você vai dificultar?”
— “Sempre.”
Ele girou o coldre. A arma apareceu na mão como mágica.
— “Então vamos ver quem dança primeiro, querida.”
E o mundo explodiu. Tiros. Drones descendo. Luzes rasgando a noite. Gritos. Poeira. Pedra estilhaçando. Lúcia e Nyx recuaram atrás de uma coluna quebrada, enquanto os disparos explodiam no chão à frente. Era hora de reagir. Ou morrer. O primeiro tiro passou a centímetros da orelha de Lúcia. Ela se jogou no chão, rolou por trás de uma pilastra, e sentiu o calor do disparo ricochetear na pedra logo acima, queimando fragmentos de musgo seco que desceram como brasas verdes.
— “Dois na direita! Um drone vindo por cima!” — gritou Nyx, já em movimento, corpo biônico se moldando ao combate, cada gesto milimetricamente preciso.
Os mercenários de Lonestar abriram fogo com tudo o que tinham. Raios de plasma, munição explosiva, projéteis traçantes — os feixes cortavam a noite como lanças de luz dançando entre sombras e pedra. Lúcia respondeu com dois disparos curtos, certeiros. Um dos bandidos gritou e caiu, o ombro atravessado por energia azul. O segundo disparo explodiu contra uma cobertura de lona, incendiando a estrutura.
— “Encosta no flanco oeste!” — berrou Nyx, disparando uma rajada que explodiu um dos drones em pleno voo.
Lúcia correu agachada por entre colunas caídas, desviando por pouco de uma granada que aterrissou atrás dela. O estalo do pavio eletrônico soou por um segundo — e a onda de choque a lançou contra a pedra. Ela rolou, tossindo poeira, mas já erguia o blaster de novo. Um mercenário veio por cima de um arco de pedra, gritando. Lúcia ergueu o braço, disparou direto no meio da testa. O corpo caiu, mudo, girando no ar. Nyx subiu num pedestal esculpido, ativando a mira térmica.
— “Quatro à frente, dois recuando. Disparando.”
Três tiros, três alvos. Um caiu gritando, o outro desintegrou o blaster nas mãos, e o terceiro perdeu metade da máscara respiratória antes de se jogar atrás de uma caixa. Do lado oposto, Lonestar girava entre os próprios homens, atirando com eficiência, protegendo sua retaguarda, mas claramente sendo forçado a se deslocar.
Lúcia percebeu.
— “Ele tá tentando recuar!”
Nyx girou os sensores. — “Alvo em movimento. Nova rota: escada lateral. Setor Alpha, câmara interna.”
Lúcia gritou algo ininteligível, correu. Dois mercenários surgiram à frente, ela deslizou pelo chão, disparou deitada, atingindo um no joelho, o outro na barriga. O cheiro de carne queimada se espalhou.
— “PAREM ELA! MATEM ESSA DESGRAÇADA!” — berrou Lonestar ao longe, jogando um artefato no chão.
BOOM! — um campo de choque se ativou atrás dele, bloqueando a passagem com uma barreira de energia tremeluzente. Nyx quase colidiu com a parede invisível.
— “Desvio forçado! Rota alternativa: subterrâneo.”
Lúcia parou ao lado dela, suando, sangrando de raspões no braço.
— “Se ele fugir, esse trabalho vira um enterro mal pago.”
— “Então vamos pegá-lo.”
As duas correram para uma abertura lateral, escorregando por uma rampa coberta de poeira e símbolos antigos. Abaixo delas, a estrutura afundava nas ruínas — um labirinto de escadas quebradas e passagens estreitas, onde as sombras pareciam espionar o movimento. Disparos ainda ecoavam lá em cima. Gritos. Ordens. Explosões. Mas ali embaixo…
Som.
Passos.
Lonestar correndo.
Nyx apontou.
— “Sinal detectado. Quinze metros à frente. Baixo nível de munição. Sugestão: captura imediata.”
Lúcia correu com tudo, os pulmões ardendo, os pés raspando no chão de pedra, a arma firme.
Na curva de uma escadaria de ferro enferrujado, ela saltou por cima de um parapeito quebrado...
E ali estava ele. Lonestar. Preso numa passagem antiga, bloqueada por escombros. Girou para encará-la. Ergueu a arma.
Lúcia atirou primeiro.
O disparo o pegou no ombro. Ele caiu de lado, a arma deslizando. Lonestar caiu com um gemido rouco, pressionando o ombro atingido. O sangue escorria entre os dedos, quente e espesso, mas ele riu. Riu. Lúcia avançava devagar, blaster firme nas mãos, respiração pesada, olhos semicerrados como duas lâminas prestes a cortar. Ele a olhou de baixo, cuspindo sangue para o lado.
— “Caramba, Vega... você ainda atira bem. Mas confessa... tava com saudade, não tava?”
Ela não respondeu. A mira alinhada com a testa dele.
— “Vai me executar assim, a sangue frio? Isso não parece muito... profissional.”
Fez uma careta debochada.
— “Ou talvez... cê nunca tenha sido profissional... Lulu.”
Ela congelou. O olhar endureceu. O maxilar travou. A mão no gatilho tremeu — não de medo, mas de puro ódio.
— “Não. Me. Chama. Assim.” — disse, cada palavra pesando como um soco.
Lonestar riu. Um riso torto, insuportável.
— “Lulu. Lulu Vega. A menininha que jogava sujo e ainda acha que é heroína.”
Cuspiu sangue de novo, só que dessa vez, de propósito, perto do pé dela.
— “Vai, Lulu. Mostra como cê é diferente do resto. Me mata. Atira. Ou... larga essa arma e vem resolver como a gente resolvia antigamente.”
Ela ficou imóvel por um segundo. A raiva queimava o fundo do estômago, subindo até o peito.
Nyx se aproximava pela lateral, sensores ativos.
— “Capitã. Sugiro—”
— “Fica fora disso.” — rosnou Lúcia, sem desviar o olhar.
Ela respirou fundo. Abaixou o blaster. E num movimento rápido, guardou a arma no coldre.
— “Você quer resolver na porrada?”
— “Sempre preferi o toque pessoal.”
Lúcia avançou. O primeiro soco pegou Lonestar desprevenido, direto no queixo. A cabeça dele virou com o impacto, o som seco de osso e pele ecoando pelo túnel. Ele cambaleou, mas revidou. Os dois colidiram como duas tempestades engarrafadas. Soco. Cotovelo. Joelho. Grito. Ela girou o corpo, atingiu o flanco dele com a bota. Ele puxou o braço dela e os dois rolaram pela pedra antiga, derrubando poeira de milênios. Lonestar era forte. Mais do que parecia. Mas Lúcia era raiva condensada em músculo e precisão. Ele tentou agarrá-la, mas ela se desvencilhou com o cotovelo na mandíbula, depois um soco duplo no abdômen. Ele caiu de costas. Tossiu.
— “Você melhorou, Lulu...” — gemeu.
Ela chutou o blaster dele para longe e se ajoelhou em cima do peito dele, a mão no colarinho.
— “Mais uma palavra, Lonestar. Só mais uma.”
Ele sorriu.
— “...Lulu.”
Ela o
nocauteou com um cruzado seco que ecoou no túnel. Lonestar apagou. De olhos
abertos, mas sem consciência. Nyx se aproximou devagar, analisando.
— “Alvo inconsciente. Nível de dano: elevado.
Status: vivo.”
Lúcia respirava como uma fera. O punho doía. O orgulho, não. Ela se levantou, cuspiu no chão ao lado da cabeça dele.
— “Nunca mais.”
Pigarreou.
— “Nyx... prende esse desgraçado. A gente vai levá-lo como prometido. E se ele acordar antes da hora, eu nocauteio de novo.”
A androide inclinou a cabeça em silêncio e começou a algemar Lonestar com algemas energéticas. Lúcia virou de costas, caminhando para o corredor, o sangue fervendo sob a pele e a adrenalina ainda pulsando nas têmporas. Nyx terminou de algemar Lonestar, o corpo dele desacordado, mas ainda soltando um ou outro gemido rouco. As algemas energéticas chiavam em tons suaves enquanto se ajustavam aos batimentos cardíacos do alvo.
— “Status: capturado. Estável. Inconsciente,” informou Nyx com calma mecânica.
Lúcia passou a mão no rosto, limpando o suor misturado com poeira. Sentia o corpo começar a pesar. O ombro ardia, a mão latejava, o maxilar ainda doía do golpe de raspão que tomara. Mas nada disso importava. Ainda não. Porque, no fim do corredor escuro que levava de volta à superfície, o som de botas começou a ecoar. Muitas botas. Vozes abafadas. Ordens murmuradas. Um assobio baixo. Os mercenários de Lonestar. Os que sobraram. Os que viram o líder cair e agora vinham ou por vingança... ou por tentativa de lucro. Lúcia parou. Nyx levantou o rosto.
— “Estimativa: seis a oito alvos se aproximando. Sem confirmação de armamento, mas... preparados.”
Lúcia olhou para a androide, depois para o túnel, depois para o corpo desacordado aos pés delas.
Ela soltou um suspiro longo, quase resignado. Puxou o blaster devagar. E murmurou, com um tom rouco e seco:
— “Tá. E agora... como a gente sai daqui?”
1 Comentários
Oh mulher que gosta de uma confusão, essa Lúcia Vega , sô!!!
ResponderExcluirA nova Kate Marrone!
Essa é dura na queda!
Benza Deus!
Mandou bem!
Parabéns!