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Rise to the Skies - Página 18, final.


 

Bom dia, boa tarde, boa noite, pessoal.

Estou muito feliz, mais um conto que consigo terminar a contento, e o final ficou muito bom. 

Eu só acho que vocês vão curtir.


18. A profecia se cumpre

Havia um totem no centro do andar mais alto, todo ornado, feito de ouro maciço. Arisa o reconheceu claramente como um totem de comando, porque possuía um teclado e uma tela em que ela poderia utilizar códigos para poder abrir o portal e a levar para o local de destino. Era o seu real destino, para o qual ela tinha sido trazida para Nova Star.

Ao teclar alguns comandos para estudar a estrutura base daquele sistema, o comando correto não tardou a ser mostrado pelo próprio totem, e logo ela foi teleportada para a plataforma, bem acima do prédio de Orinori, quase na estratosfera de Nova Star.

Ao passo em que o teleporte se findou, ela percebeu que não conseguiria entrar naquele lugar de outra maneira, e ela não conseguiria sair de outra maneira também. O lugar era protegido por uma redoma rubra, que fazia parecer que o céu era avermelhado. Aquele lugar era estranho, cheio de totens, todos dourados, fazendo com que Arisa associasse aquele lugar a um dos quais ela nunca gostou de visitar...

Um cemitério.

Um cemitério grotesco e cheio de lápides douradas, todas com entrada de prompt igual ao que ela utilizara no terraço do prédio da Orinori.

Obviamente ela começou a mapear o lugar com papel, se o lugar era ultra tecnológico, poderia haver uma armadilha para o uso excessivo de tecnologia.

Depois de mapear, Arisa percebeu que os totens tinham um padrão geométrico bem específico, criando um eneágono, com linhas traçadas em seus vértices...

... Sendo quase como que um diamante ultra lapidado.

As luzes daquele lugar pareciam não ser naturais, mas poderia ser o efeito do escudo vermelho que cobria a plataforma, não dando espaço além do já fornecido previamente para entrada e saída.

Não tinha ninguém ‘orgânico’ naquele lugar, ‘vivo’ pra ser mais exato. Era como um grande cemitério de robôs, aqueles que não conseguiram obter para si uma espécie de alma. Sequer robôs com inteligência artificial como os que ela viu em New Píer, Crecentia e Shining Future, mas sim alguns à moda antiga, com cérebros quase computadorizados e não-positrônicos.

Arisa se sentia estranhamente sozinha naquele lugar, mesmo que Orinori estivesse a observando quando ela saiu de sua torre para a plataforma celestial em que ela se encontrava agora (por mais que a cidade da cientista também fosse aérea, o nível da plataforma em questão de altura era muito maior).

Porém, o chão começou a brilhar em dourado também. Havia padrões geométricos no chão, a luz pulsava como se fosse a batida de um coração... Um coração gigantesco. Arisa ficou paralisada, pensou que tinha ativado alguma coisa sem querer e que naquele momento ela pagaria o preço... Mas por enquanto ela se manteve imóvel, olhando tudo quanto os olhos dela puderam captar. Cada um dos totens emitiu uma linha de luz ascendente, e logo um domo de luz foi criado ao redor dela.

Logo Arisa pôde ouvir vozes, ecos fragmentados vindos de memórias de várias pessoas de várias eras. Era possível saber por causa do modo de falar de cada um. Havia vozes bem nítidas, assim como havia vozes mais distantes, ecoantes, de todos os tipos. Algumas suaves e sábias, outras urgentes, desesperadas, instáveis.

Foi quando Arisa percebeu que cada uma das vozes ali presentes representavam a consciência de uma das pessoas que ajudou a fundar ou transformar Nova Star como um todo, não só apenas Shining Future. Claro que as vozes que eram relacionadas à cidade comandada por Orinori eram algumas das mais nítidas, por causa da distância, mas ela conseguia ouvir até mesmo vozes relacionadas a Old Complex, a primeira cidade que ela visitou, até mesmo Fixed Sithis, a cidade onde a recepção da guilda estava e que ela nunca soube seu nome.

Nenhuma das vozes falava com Arisa, mas elas perguntavam umas às outras a respeito da garota. Perguntas iam e vinham, sem nunca ter uma resposta, porque Arisa estava catatônica com tal espetáculo que ela presenciava. Ela ousaria se apresentar àquelas memórias? Perguntaria qual seria o propósito dela naquele lugar? O porquê Orinori a havia enviado àquele lugar?

Foi quando o chão se alterou novamente. Três caminhos surgiram, três cores distintas neles inscritas. Verde, vermelho e azul. Em meio ao dourado, aquilo foi um caleidoscópio de sentimentos que a pequena Técnica recebeu de todos aqueles espíritos. Foi quando uma pergunta flutuou à frente de Arisa, gerada com partículas brancas brilhantes.

“Se você fosse o passado, Arisa, o que desejaria do futuro? Harmonia? Ruptura? Ou verdade?”

Logo ela entendeu o significado das cores utilizadas naquele código, e o coração gentil da garota logo se dirigiu à cor verde. Passando ao lado do tótem que mantinha a cor ativa, o domo vermelho se desfez, e as vozes que ela ouvia se tornaram mais calmas, nítidas, agradecidas. Mesmo as vozes mais distantes pareciam mais tranquilas.

Então, um holograma foi formado à frente dela, contendo a imagem de um senhor idoso de túnica branca, tal túnica tinha um corte reto, com detalhes em prateado, quase como se fosse uma espécie de manto. Ele olhava para a garota com ternura e afeto, quase como se fosse o próprio pai dela. Ele não falou com a boca, mesmo assim Arisa pôde entendê-lo, pois ele falava com ela direto em sua mente.

“Garota corajosa e orgulhosa. Obrigado por se doar para Nova Star. Obrigado por restaurar nossas memórias e permitir que nosso povo seguisse em frente com sua sede de conhecimento e descobertas.”

Arisa pensou na resposta, o que poderia ser ouvida por ele.

“Quem é o senhor e o que eu acabei de fazer?”

“Quem eu sou não é importante. O que é importante é que você acabou de salvar o destino de Nova Star, e aquela que a trouxe aqui saberá lhe explicar, com detalhes, tudo o que você fez por este mundo. Com apenas uma escolha ditada a você por seu coração bondoso, você fez o que fez e salvou milhões de vidas.”

Logo, o holograma some, fazendo com que todos os totens sumissem, todas as luzes sumissem. O domo vermelho sumiu também, deixando a plataforma aberta e o céu, antes fechado e chuvoso, abriu-se em um céu azul sem nuvens. Havia apenas um púlpito que continha uma enciclopédia eletrônica, e o tótem que permitia sua saída daquele lugar.

Ela precisava de respostas, e segundo aquele senhor, Orinori agora as tinha. Então Arisa volta ao tótem anterior, pressiona o único botão que havia ali e ela volta ao terraço de Orinori, que chorava, emocionada. Ao ver a reação da elfa, Arisa entendeu menos ainda o que tinha feito, mas entendeu perfeitamente que era o certo a ser feito.

- Acho que você me deve explicações, Megumi-san.

- E eu as darei com todo o prazer do mundo, Arisa-chan. O que você fez só provou que o seu coração é maior do que toda Nova Star poderia prover.

- O que eu fiz de tão bom? Eu só escolhi um caminho. Como isso poderia ter salvo Nova Star?

- Shining Future era um dos núcleos deste mundo, e estava na mesma altura em que aquele platô que você foi estava. Porém, começou a cair. Pouco a pouco. O mundo foi construído em impulsos, conquistas. Evoluiu muito rápido, mas sem tempo para reflexões. Quando o conflito de cem anos atrás eclodiu, o tótem foi separado de Shining Future, chamado de Shining Past. Ele continha todo o código contendo todas as memórias daqueles que se sacrificaram para que o mundo evoluísse tão rápido e de maneira tão desigual.

Megumi continuou, sem deixar de sorrir sequer por um instante. Olhava para Arisa com um sentimento maternal de orgulho e satisfação.

- O que você fez, escolhendo o caminho da harmonia e reconstrução, você harmonizou todas as memórias, aceitou todas as vozes divergentes sem se apegar a nenhuma, mantendo a todas. Isso reativou o protocolo Semente. Esse protocolo permitirá que todos evoluam igual, salvando a memória viva da humanidade digital de Nova Star, a memória desenvolvida e viva deste mundo. E mais do que isso, e é o que me emocionou, por eu ter feito a escolha certa da pessoa certa – você provou que alguém de fora poderia compreender este mundo mais profundamente do que seus nativos.

Arisa começa a entender. Não era à toa que ela passou por toda aquela jornada para chegar àquele momento – ela aprendeu a amar Nova Star pelo que aquele mundo era, e não pelo que ele poderia lhe proporcionar.

- Obrigado pela explicação, Megumi-san. Agora entendi o que fiz com a minha escolha.

- Agora posso lhe enviar ao seu mundo, para você reencontrar seus pais. Infelizmente você não conseguirá repor os cinco anos em que eles acharam que você morreu, mas poderá voltar a eles, ou até mesmo trazê-los para cá. Você fez por merecer isso e muito, muito mais.

- Preciso de um momento para descansar, Megumi-san. Tudo foi muito intenso, e eu sinto sono.

- Não é pra menos... A escolha foi intensa demais, eu entendo perfeitamente você estar exausta. Deixa eu te levar para um quarto onde você poderá descansar, e assim pensar em tudo o que aconteceu, toda a informação que você recebeu. Só quero te pedir uma coisa antes...

Arisa, surpresa e curiosa com o que Megumi disse, permitiu.

Sem sequer uma única palavra, Megumi a abraça, chorando copiosamente de felicidade. A garota finalmente entende, porque Megumi era uma das arquitetas originais do mundo, e que poucos sabiam disso. Agora o mundo poderia evoluir melhor, com menos preconceito, menos diferença, e que todos poderiam alcançar o máximo de sua evolução sem precisar pensar em como isso afetaria as outras pessoas, já que todas estariam no mesmo nível de evolução.

Arisa foi levada a um quarto luxuosíssimo, com uma cama enorme, com lençóis caríssimos, brancos como a neve, e que ela dormiu como há muito ela não conseguia fazer, em paz consigo mesma e com o mundo ao seu redor.

Em seus sonhos, ela encontrou cada um daqueles espíritos que, agora graças a ela, podiam seguir em frente e deixar sua sabedoria para o mundo, sem se prender a ele. Quando ela finalmente acordou no dia seguinte, se sentia muito mais leve.

- Dormiu bem, Arisa-chan? – Perguntou Megumi, ao lado de sua cama, fazendo a garota se assustar.

- AIYAAAAAAAAA – A garota realmente se assustou ao ver Megumi ao lado de sua cama.

- Desculpe... Não queria te assustar.

- Eu dormi muito bem, mas eu estava naquele estado de sono leve que qualquer coisa poderia me assustar com facilidade. Não tem problema...

E as duas riram levemente do que aconteceu. Megumi entendeu que era chegada a hora de Arisa voltar a seu mundo, e que ela poderia, sim, abrir um portal direto na porta da casa dos pais dela, para poupar o trabalho de ter que andar até sua casa.

Arisa pediu que o portal fosse aberto na porta dos fundos, a fim de não mostrar a outras pessoas o que realmente aconteceu, porque senão poderia causar uma comoção desnecessária. Megumi concordou e fez conforme a jovem Técnica pediu, abrindo o portal logo em frente à porta dos fundos da casa da jovem Hisami.

Antes que Arisa pudesse passar pelo portal, Megumi deu a ela um dispositivo que a permitiria abrir o portal de volta, para o caso de que ela quisesse voltar (e a elfa tinha quase certeza de que ela voltaria) à Nova Star, a jovem menina aceitou o dispositivo, passando pelo portal enquanto o colocava no bolso.

A porta dos fundos de sua casa estava como ela se lembrava, de madeira, pintada de branco, com um padrão trançado na diagonal. Como era de manhã, a porta estaria destrancada, como sempre sua mãe destrancava no mesmo período...

... Mas a porta de trás estava trancada.

Então Arisa circundou a casa, e usando da chave que carregava consigo, abriu a porta da frente, e o barulho despertou seus pais, que correram de seu quarto para a sala, vendo a filha deles ali, mais velha, mais bronzeada.

Sem perguntar nada, eles a abraçaram, chorando copiosamente.

Depois de alguns minutos daquele jeito, eles se sentaram no sofá, mantendo a menina no meio.

- Meu amorzinho, o que aconteceu? Para onde você foi? – Perguntou a mãe de Arisa, Yuzuki.

Masaru, o pai de Arisa, não conseguia dizer nada. Estava muito feliz, e chorava copiosamente de felicidade, tendo sua filha de volta.


Arisa contou tudo o que se passou nesses cinco anos em que ela esteve fora, como ela foi levada e o que teve de fazer para voltar. Os pais não deixavam de fazer carinho na filha, eles sentiram muito, mas muito mesmo, a falta dela. Ela já admitia, também sentiu a falta dos pais. Mais no começo, mas ainda assim ficou feliz de conseguir voltar e deixar os pais mais tranquilos.

Arisa passou uma semana sem sair de casa, apenas contando aos pais todas as aventuras pelo qual ela passou, e todos os dias os dois ficaram grudadinhos na filha. Passaram cinco anos sem ela, não era para menos. Masaru era o mais carente, vez ou outra Arisa precisava pedir licença ao pai para fazer algumas coisas, de tanta falta que ele havia sentido da filha.

- Se vocês quiserem, posso levar vocês para Nova Star para vocês conhecerem onde eu vou morar... E se caso vocês não queiram ir, posso deixar esse dispositivo aqui, vou pedir à dra. Orinori que configure para a minha casa lá.

- Pelo que você conta o lugar é bem perigoso, mas lá você tem mais como se defender do que aqui, além de ser amiga do exército, não é mesmo? – Perguntou Yuzuki.

- Isso mesmo, mãe. Lá eu sou respeitada pelo que eu sou e pelo que eu já fiz. Claro que posso completar a minha educação, mas já tenho um nível de conhecimento bem alto para uma garota da minha idade. – Arisa falava com muita felicidade, e a senhora Hisami estava muito feliz pela filha, afinal de contas, ela tinha encontrado seu lugar, mesmo que não fosse no mundo atual deles.

- Se temos como te visitar, não se preocupe com isso, minha querida. Você pode voltar para cá no final de semana para nos visitar e rever seus amigos daqui. Se você terminar os seus estudos, como disse que fará, e que já tem como se sustentar nesse mundo que você nos contou, já fico satisfeita que você não ficará a mercê de ninguém quando eu e seu pai formos embora.

- Tudo bem... Vocês podem tirar férias dos trabalhos de vocês para passar um mês comigo em Nova Star, vocês vão ver onde eu vou morar, com quem eu vou trabalhar, entender como será a minha vida a partir do momento em que eu me mudar para lá em definitivo.

- Tem certeza de que não quer tentar a vida aqui neste mundo, filha? Tem certeza de que precisa ir tão longe pra conseguir felicidade? – Masaru já se emocionava novamente.

- Sim, pai. Tenho. Aqui eu sou só uma garota de 21 anos que acabou de sair da adolescência, lá eu já sou uma Técnica veterana que pode se aposentar com o tanto de dinheiro que desejar. Eu precisaria de duas vidas aqui para alcançar o que alcancei lá.

E assim aconteceu. Os pais de Arisa tiraram férias de suas respectivas empresas para ir com a filha, ver onde ela moraria, com quem ela moraria, com quem ela trabalharia, o que ela faria, enfim... Tudo.

Uma nova vida começaria para Arisa, e desta vez ela não precisaria se preocupar em seguir em frente, afinal de contas, agora tratava-se apenas da vida dela.

1 Comentários

  1. Arisa-chan é daquelas personagens, cujo o carisma, a tornam especial.
    Vai deixar saudades e já garantiu seu lugar no panteão dos grandes personagens da Mindstorm.

    Sua sensibilidade, somada a sua intuição aflorada e a sua vontade de fazer o melhor, salvou Nova Star, permitindo o início de um novo ciclo.

    Sua saga (pelo menos em Rise to the Skies) acabou.

    Ela voltou temporariamente ao mundo de seus pais, num encontro pra lá de emocionante.

    Mas, o mundo dela é Nova Star.

    Eu entendi sua escolha.

    Fico feliz que você tenha concluído mais um projeto que lhe foi tão caro!

    Que venham outros!

    Parabéns!

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