Depois de ter sofrido o atentado que quase o matou, Šišio, agora envolto em queimaduras que lhe conferiam a aparência de uma múmia viva, passou a viver como um fugitivo, indo de lugar em lugar fugindo de batidas policiais. No entanto, nenhum dos policiais com o qual se deparou ao longo desses anos todos foi capaz de vencê-lo em uma luta frente a frente, ou mesmo capturá-lo. Para aliviar as dores advindas das queimaduras, não raro Šišio se banhava nos rios e lagos dos locais por onde passava. Šišio foi dado como foragido pelo novo governo, o mesmo governo que um dia o empregou como assassino das sombras. Recompensas polpudas foram dadas para quem o encontrasse vivo ou morto e o denunciasse às autoridades.
Em determinada ocasião de 1870, o ano 3 da era Meidži, Šišio
teve um breve confronto com um grupo de policiais nas proximidades de Kanagawa,
na região leste do Japão. Eram três policiais ao todo, mas mesmo estando em
desvantagem numérica Šišio com a Mugendžin em mãos os matou com pouco esforço.
Tal carnificina foi presenciada por um jovem garoto. Seu
nome Sōdžirō Seta. Šišio lançou um olhar bravio para cima do garoto, deixando-o
um tanto amedrontado, e em seguida partiu para cima de Sōjirō intentando matá-lo
com sua espada. Mas, quando Šišio ia desferir o golpe fatal, Sōjirō
simplesmente sorri, e Šišio indaga ao garoto a razão da risada mesmo estando
prestes a morrer. Sōjirō responde com mais uma risada, e no fim Šišio o poupa
de um trágico e cruel destino em troca de Sōdžirō lhe providenciar comida e
ataduras novas. Coisa que o garoto faz prontamente.
Os dois se escondem no armazém de arroz da casa da família
adotiva de Sōdžirō. Por sua família Sōdžirō sofria muitas humilhações e espancamentos,
e isso devido ao simples fato de ser filho do finado patriarca da família Seta
com uma prostituta. Ou seja, ele é um bastardo, e pelo simples fato dele ser um
bastardo ninguém queria cuidar dele. Diante de tanta humilhação e sofrimento, Sōdžirō
desenvolveu a habilidade de rir daqueles que o insultam e o batem, pois quanto
mais Sōdžirō reagia, mais eles o agrediam. Mas, quando Sōdžirō a eles sorriam,
eles paravam com os insultos e agressões, mesmo estando por dentro cheio de
sentimentos como dor e tristeza, ou raiva e ódio.
Graças ao falso sorriso, Sōdžirō aprendeu a conter
sentimentos como raiva e medo. Em uma conversa com Šišio, ele disse que a
situação a qual é submetida é fruto do fato de ser filho ilegítimo da família
Seta. Mas Šišio lhe responde que isso acontece pelo fato de ser fraco, e assim Šišio
ensina a Sōdžirō a sua filosofia de vida, a sobrevivência dos mais fortes.
Segundo tal filosofia, na vida os fortes se sobressaem e vivem, ao passo que os
fracos perecem e morrem. Após sua explanação, Šišio dá um presente a Sōdžirō:
uma wašidzaki (espada curta), como agradecimento pela estadia no local. Em
pouco tempo o pequeno Sōdžirō absorveu as ideias de seu novo mestre.
Após tal conversa com Šišio, Sōdžirō foi interpelado por
seus familiares. Sempre que algo de ruim acontecia, Sōdžirō era culpado pelo
ocorrido como se fosse um bode expiatório, mesmo nada tendo haver. Sōdžirō
tinha escondido a espada no chão abaixo do armazém, e diante das ameaças de
morte de seus parentes (os quais também sabiam do fato dele abrigar um fugitivo
procurado pela polícia e enfurecidos pelo fato de terem perdido quase toda a
comida e as bandagens para Šišio), lembrou-se das palavras de Šišio e
amedrontado, dirigiu-se até o local onde deixou a espada que Šišio lhe deu. Um
de seus parentes o encontrou pegando a espada, mas Sōdžirō a sacou e
macabramente o matou. Em seguida, matou os outros membros da família com sua
espada curta, um a um. A outrora rica família Seta foi reduzida a cadáveres
apodrecendo no ar, e Sōdžirō desde então passou a acompanhar Šišio em suas
andanças pelo Japão.
Nos anos a que se seguiram, Šišio passou a treinar Sōdžirō.
De início, Sōdžirō achava que não seria um bom espadachim, mas Šišio achava o
contrário. E os treinamentos mostraram que Šišio é que estava certo a respeito
do jovem. A habilidade do menino era tamanha que ele, após anos de treinamento,
passou a usar uma Nihontō (espada típica japonesa) ao invés de uma espada de
madeira, e desenvolveu a lendária técnica Šukuči, a supressão do espaço, onde a
pessoa que usa a técnica parece instantaneamente vencer o espaço que a separa
do adversário. Além de passar a ser chamado de o “Espada Celestial”, devido a
sua velocidade incrível, e virar o Braço Direito de Šišio.
1 Comentários
A relação mestre e discípulo foi muito bem narrada aqui.
ResponderExcluirSishio, vai passando o bastão para o jovem Soujirou, que assim, como o mestre , vai se tornando um grande assassino.
Continuemos a acompanhar!