Capítulo 12 - 1878, ano 11 da Era Meiji (o levantamento se inicia - parte 1)
O ano de 1877 foi de grande estresse para Tošimiči Ōkubo, à
época já ministro do interior do Japão. Com as mortes de Kogorō Katsura e
Takamori Saigō naquele ano (o primeiro em decorrência de uma doença de longa
data e o segundo decapitado após ser vencido ao fim da Guerra Seinan), Ōkubo
tornou-se o único grande nome da Restauração Meidži ainda vivo. As finanças do
país estavam em sérios problemas devido às despesas geradas pela repressão as
várias revoltas que sacudiram o Japão: Saga (1874), Šinpuren, Akidzuki e Hagi
(1876) e a Guerra Seinan (1877).
E a virada do ano não significou o fim dos problemas. Pelo
contrário. Outros problemas apareceram para causar incômodos ao ministro, o
qual já tinha certa idade na época. Em Tóquio dois casos em especial lhe causavam
certa dor de cabeça: o de Džin-E Udō, o assassino Chapéu Negro (Kurogasa em
japonês), cujas ações traziam grande morticínio entre os quadros monarquistas
por onde passava; E o do traficante de drogas e armas Kanryū Takeda, que usava
os remanescentes da outrora gloriosa Oniwabanšū de Tóquio como seus
guarda-costas particulares. Além desses dois, também havia a revolta de Makoto Šišio
em várias localidades no caminho entre Kyoto e Edo, com este intentando tomar o
controle total do país. Uma grande encruzilhada se abatia sobre Ōkubo. O futuro
do Japão e do Governo Meidži é incerto.
O superintendente Tošiyoši Kawadži sugeriu a Ōkubo que tais
problemas fossem resolvidos um a um, e o ministro aceitou tal ideia. Para a
solução do caso Chapéu Negro, a polícia de Tóquio, por uma sugestão do delegado
Uramura a qual foi aceita e ordenada pelo próprio Ōkubo, procurou a ajuda de
ninguém menos que Kenšin Himura, o velho Battōsai dos tempos do Bakumatsu,
agora estabelecido na capital nipônica.
Ao término do Bakumatsu, Kenšin impôs a si mesmo um voto de
nunca mais matar ninguém, como uma forma de ao mesmo tempo purificar-se dos
crimes que cometeu durante o Bakumatsu e compreender a real essência do estilo
Hiten Mitsurugi. Para isso Kenšin passou a usar uma Sakabatō, uma espada de
lâmina de invertida, que assim como a Mugendžin de Šišio foi forjada pelo
grande ferreiro Šakkū Arai. O próprio Šakkū entregou a Sakabatō em pessoa a Kenšin,
alguns anos antes de vir a falecer. Entre 1868 a 1878 Kenšin vagou por todo o
Japão de norte a sul, até que um dia ele se estabeleceu no Dodžo Kamiya, residência
da jovem garota instrutora de kenjutsu Kaoru Kamiya, do estilo Kamiya Kašin, um
estilo que prega a espada para a vida (Katsu-džin-ken).
Graças a Kenšin, as tentativas dos irmãos Hiruma de tentar se apossar do
terreno do Dodžo Kamiya malograram, e assim a polícia metropolitana de Tóquio
soube de seu paradeiro.
O delegado Uramura foi pessoalmente ao Dodžo Kamiya procurar
a ajuda de Kenšin para proteger o monarquista Sandžūrō Tani de uma ameaça de
morte por parte de Džin-E Udou, a qual foi aceita. Um confronto inconclusivo
entre os dois espadachins se deu na mansão do monarquista, e na noite do dia
seguinte Kenšin e Džin-E voltaram a se enfrentar. Nesse embate o espadachim
ruivo voltou a ser Battōsai e quase quebrou seu voto de não matar, o que não
aconteceu graças ao apelo de Kaoru, a qual na época já nutria certo sentimento
de amor por Kenšin. Ao final da luta Džin-E, com um de seus braços invalidados
após receber o Fulgor dos Dragões Gêmeos de Kenšin, se suicidou como o intuito
de proteger a identidade de seu empregador, assim como para não ter que ser
julgado e condenado pelo mesmo governo que um dia o empregou como assassino das
sombras.
Kanryū Takeda e a Oniwabanšū de Tóquio foram os próximos.
Kanryū era envolvido até o pescoço com o tráfico de ópio e possuía ligações com
vários traficantes da China, e assim como Šišio tinha negócios com a máfia de
Shanghai. O ópio na época era um problema muito sério para a China, a ponto de
grande parte de sua população estar viciada em tal narcótico. Com a venda de
ópio para o Japão através de Kanryū Eniši via nisso uma forma de se vingar do
país que deixou sua querida irmã morrer. Além disso, Kanryū comprara da máfia
de Shanghai uma Gatling Gun que até então nunca foi apresentada a nenhum
exército no mundo.
Da China (em especial da região sudeste e de Shanghai) Kanryū
trazia quilos e mais quilos de papoula, e esta, após passar uma ilha desabitada
na baía de Tóquio usada pela máfia de Shanghai como entreposto para a venda de
produtos na capital japonesa, passava por um processo de fabricação e refino no
Japão, o qual era feito por um farmacêutico ligado a Kanryū. Mas, em
determinada ocasião, Kanryū o matou e a jovem nativa de Aizu Megumi Takani
passou a trabalhar em seu lugar.
Em determinada ocasião Megumi fugiu de Kanryū, e foi buscar
abrigo no Dojo Kamiya, envolvendo assim Kenšin e seus amigos na trama. A
Oniwabanšuu de Tóquio, composta por Hannya, Šikidžō, Bešimi, Hyottoko e seu
chefe Aoši Šinomori, fora um poderoso grupo a favor do Xogunato no Bakumatsu,
mas agora estava reduzido a um mero grupelho servil a Kanryū. Kenšin, Sanosuke
e Yahiko lutaram e venceram Aoši e seus amigos, e no fim Kanryū também foi
vencido e preso, ao custo das mortes dos companheiros de Aoši. Para Ōkubo o
caso Kanryū lhe causara alguns incômodos pelo simples temor de o Japão também
vir a ter o mesmo sério problema com ópio de que a China padece. O caso ficou
nas mãos de Kawadži, e este descobriu a respeito das ligações de Kanryū com
traficantes e mafiosos chineses, deixando seu superior ainda mais preocupado.
“O que será que esses mafiosos chineses querem, afinal? Não posso deixar que
eles façam o que bem entendam com o meu país!” Bradou o ministro na ocasião.
Em seguida foi a vez do espadachim Raidžūta e o amigo de Sanosuke
Tsunan Tsukioka serem vencidos por Kenšin e seus amigos. Foi apenas questão de
tempo para as ações de Kenšin chamarem a atenção de políticos mais destacados
do Japão. Ōkubo, que a época já sabia de suas vitórias sobre Džin-E e a
Oniwabanšū, via em Kenšin a pessoa certa para deter Šišio.
No começo de maio, Ōkubo chamou o policial Goro Fudžita para
uma reunião em particular. Fujita era ninguém menos que Hadžime Saitō,
ex-membro do Šinsengumi e rival de velha data de Kenšin. Os dois travaram vários
embates no Bakumatsu, todos eles inconclusivos. Ōkubo pedira para que Saitō
trave um confronto com seu rival de longa data com o intuito de testar sua
força. Ōkubo sabe da rivalidade entre os dois e por isso o escolheu
especialmente para tal missão, e ao final da reunião disse que Saitō não podia
matar Kenšin sob hipótese alguma. Na ocasião Saitō estava trabalhando na
resolução do caso Chapéu Negro (caso esse que logo após a morte do assassino
ficou em suas mãos), e suas investigações o levaram até Šibumi, o chefe de uma
organização de assassinos. Ironicamente, o mesmo Šibumi que ordenara sua
execução no fim do Bakumatsu o contratou anos mais tarde como assassino.
1 Comentários
Finalmente tem início o motim de Sishio e exército contra o governo , já com consequências graves .
ResponderExcluirA saga se aproxima do final!
Parabéns!