Fala meu povo!!!
Está pronto mais um pedaço bem curto do meu trabalho “Vila da Morte”, a origem de uma grande ameaça para o nosso herói Spectrum-EX. A ideia é ir levando as coisas assim por pequenas partes para depois juntar tudo numa obra só.
Mais do que uma história de horror, busco neste trabalho mergulhar no que temos de pior em nosso mundo. A “Vilinha”, é um pedaço de terra esquecido pela sociedade sendo um palco perfeito para os mais terríveis crimes.
Obrigado @todos
Sinopse:
Nesse episódio vamos conhecer a origem e as razões por trás de Ângela, mais um dos monstros que só lugares como a vilinha é capaz de criar…
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SPECTRUM-EX – ESPECIAL – VILA DA MORTE 3
Curiosamente a Vilinha não parava de se expandir, como se suas sombras sonhassem em engolir brutalmente a cidade que ignorava arrogantemente sua existência. Havia lá uma grande casa vermelha, cujas garotas nuas estampadas nas paredes revelavam seu propósito de existir. "Red Paradise", a placa preta com letras vermelhas, saudava seus clientes vindos da nata da sociedade. Homens poderosos que lá iam para retirar suas máscaras e satisfazer toda imundice gerada por desejos obscenos que somente lá onde leis e moralidade eram uma piada infantil, podiam ser realizados plenamente, custando não mais que quantias enormes de dinheiro…
Dentre os produtos lá oferecidos estava uma garota por volta dos quinze anos, vestida para satisfazer um dos muitos clientes agendados para aquele dia.
- Sua vaca!!!
O homem que só era grande ali esbofeteou seu brinquedinho, derramando sobre a pobre jovem toda a ira que a postura covardemente serviu escondia. Tremeu de prazer por um breve instante, logo a garota magra se levantou do chão. Ajeitou de modo sensual os longos e maltratados cabelos pretos, a pequena boca rosada desenhava um sorriso tão doce quanto perturbador, devido ao sangue que de lá escorria, fazendo contraste com a pele alva como a neve.
- Obrigada, meu amor… Pode me dar mais?
Dois belos olhos castanhos perdidos em mar profundo de loucura encararam o homem. A voz era calma, agradável, como se nada pudesse mais abalar aquela alma, que já tinha sido torturada além do que mente era capaz de suportar… O homem tremeu quando ela caminhou até ele. Cada parte do seu ser estava em alerta, como uma presa prestes a ser devorada. A cabeça estava confusa… Ele era maior do que ela, mais forte, como poderia estar acuado?
De repente as paredes pareceram vir em sua direção para esmagá-lo. Ouviu os colegas do trabalho rirem dele, sua esposa gritar, assim como seu chefe, humilhando-o… Ficou zonzo… Estava ali para extravasar, para se vingar… Tinha pagado uma boa quantia para destruir uma princesinha jovem e bonita, como as ninfetinhas que o desprezavam no colégio, que o desprezaram por toda sua vida…
- VAGABUNDA! VAGABUNDA! VAGABUNDA…
Perdeu o controle e começou a espancar a garota com toda sua força, quando ficou cansado empurrou-a contra a parede…
- Isso mesmo, querido… Por favor, não pare… - A garota começou a gargalhar.
- Por favor, fique longe… - Cheio de terror o homem correu.
- Outra vez, Ângela? É o terceiro que você assusta esse mês… - O segurança grandalhão entrou rapidamente no quarto.
- Miau… - perdida na própria insanidade, Ângela lambia o próprio corpo. Ao perceber a entrada do segurança, subiu nas costas do homem que tinha o dobro do seu tamanho e começou a lamber seu rosto e cabelos, ainda na viagem de sua mente completamente distorcida.
- Dá um tempo, garota… Estou falando sério… O chefão está ficando de saco cheio de você.
Ângela continuava a não dar atenção às palavras do guarda, abraçando-o ternamente como uma criança a um urso de pelúcia gigantesco.
- Merda, menina… Eu não quero ser obrigado a dar cabo de você… - O homem por um instante pensou que fosse chorar, somente por se imaginar matando a garota. Realmente não queria ter que fazê-lo.
Sim, Ângela era louca, mas também era perturbadoramente cativante. Ninguém sabia ao certo sua idade, mesmo tendo chegado a vilinha muito pequena, sempre agarrada a mãe, uma drogada mau humorada, sempre pronta a esbofetear sua cria a qual sempre deixava claro que só estava viva por ser seu “ganha pão”.
- Sorria… Anda.. dá um sorriso… Macho gosta de mulher que sorri… - Dizia enquanto a esbofeteava até a menina sorrir, mesmo com o rosto doendo e a boca sangrando…
Assim Ângela se criou, sorrindo a todo instante, sempre distante, trancada em um mundo colorido onde não sentia nenhuma das dores que lhe eram impostas todos os dias, todos os dias… Quase o tempo todo… É dificil saber se a pobre mente de Ângela se quebrou, ou se apenas foi moldada naquele lugar maldito.Tinha permissão para sair e brincar quando fazia um bom trabalho, às vezes saia nua mesmo. Alguns dias conseguia brincar o dia todo e o fazia como se não soubesse que estava no inferno, como se tudo aquilo pelo qual passava fosse plenamente normal… Ângela foi crescendo, a mãe envelhecendo. Tornava-se mais bela a cada dia, a mãe mais e mais feia. As coisas chegaram a um ponto em que a clientela era toda de Ângela, formosa e doce e não da Mãe horrenda e amarga. Antes de ser levada para Red Paradise, a mãe de Ângela morreu, “misteriosamente”… Foi encontrada morta no próprio barraco com um ferimento na cabeça do qual o sangue jorrava como se fosse um rio rubro.
- Silêncio… Ela está muito velha, precisa descansar… Sabe… Esvaziar a mente.. - Disse Ângela, como se a mãe estivesse apenas dormindo. O rosto destruído por uma surra rotineira dizia muito sobre o que aconteceu ali.
Ninguém deu importância pra morte da velha, odiada por todos pelo modo como tratava Ângela, a única pessoa que era louca o bastante, atrevida o bastante, para sorrir e trazer alguma luz para aquelas almas fadadas à escuridão eterna. Nem mesmo teve direito a uma cova, a defunta fora jogada a céu aberto na mata anexa a vila, recebendo uma cusparada e alguns chutes como última homenagem a uma vida de vícios e erros terríveis…
O destino de Ângela, estava prestes a ter mais uma reviravolta…
- Ângela, vai tomar um banho e se perfumar o Barra Pesada quer te ver… Acho que você vai conhecer o Rei da Morte… - Disse a cafetina aparecendo apressada.
- OBA!!! - Ângela comemorou.
O segurança grandalhão caiu de joelhos no chão e não pode conter as lágrimas que rolavam em seu rosto…
Continua…
2 Comentários
Visceral...
ResponderExcluirEu não consigo descrever as emoções que sinto toda a vez que leio suas histórias.
Você consegue com seu texto conciso ,ao mesmo tempo que crítico , um mix de sentimentos conflitantes.
Raiva com a podridão da sociedade que vivemos ...
Empatia com os desvalidos de sorte.
Medo em relação ao futuro da humanidade ...
Será que nunca sairemos desse ciclo de dor e sofrimento?
O futuro dirá...
Como cronista social do seu tempo, você diz muitas verdades que todo mundo quer dizer, mas não tem coragem em se manifestar, ficando o dedo na ferida, com coragem e brilhantismo.
Um tapa na cara dessa sociedade hipócrita e rasa!
Meus parabéns !
Valeu meu amigo... Só espero não precisar de um advogado quando concluir essa história... rs. O que me doi na alma é pensar nas "Ângelas" desse mundo, invisíveis aos olhos da sociedade...
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