Bom dia, boa tarde ou boa noite, pessoal.
Estamos chegando perto do final... Espero que gostem do penúltimo capítulo da série.
...
9. Uma certeza
Rapidamente Eduardo e Cintia chamam Matias, o superior deles
em hierarquia, para falar sobre o ocorrido. Não demorou muito para que a
questão fosse toda escalada, chegando ao alto escalão das FAB. Todos quiseram
ter certeza de que Cintia agiria contra o irmão, para evitar qualquer tipo de
traição em momentos seguintes, mas Cintia se manteve firme, afinal de contas,
deixara de amar o irmão fazia muito tempo, graças ao que ele havia feito a ela.
Com isso, as forças armadas brasileiras já estavam em alerta
para qualquer tipo de ataque. Para acelerar o término do falso cenário, Gilson
foi chamado à estação internacional, para que, em terreno neutro, ele fosse
inibido de fazer o que queria. O irmão de Cintia chegou ao lugar conforme
solicitado, sozinho, mas ele daria conta de vários dos soldados do exército
como atual. Até aqui Cintia e Eduardo atuariam como provocadores. Entenderiam
as intenções de, agora seu inimigo, Gilson.
Enquanto ele era chamado pela estação internacional, Eduardo
e Cintia já se preparavam para enfrentá-lo caso necessário. Ela não era muito
combatente, mas já tinha decidido ir junto de Eduardo que, sim, tinha
treinamento por ser um militar concursado.
Chegaram mais rápido do que o normal no lugar da reunião, e
encontraram Gilson esperando. Porém, Gilson não esperava que as coisas
escalariam tão rapidamente.
Os três estavam na sala juntos, o casal com a feição insondável, o adversário, com uma fachada de ‘família feliz’.
- Então... Temos novidades sobre o que você falou dos cientistas, Eduardo? - Perguntou Gilson a Eduardo.
- Temos... E que não vamos confiar em vocês. Pensa que não descobriríamos que você mandou um colaborador seu na surdina para iniciar o processo de fusão de realidades? - Devolveu Eduardo com mais uma pergunta, o mais direto possível.
Em um primeiro momento, parecia que Gilson os olhava
ultrajado com a remota ideia de terem duvidado de suas boas ações, porém, no
momento seguinte, um sorriso sinistro tomou conta de seu rosto. Era como se uma
máscara houvesse caído, e Cintia reconheceu o irmão que a tentou matar.
- Parece que a inteligência de vocês não é brincadeira, é tão boa quanto a nossa. Desvendou meu plano rapidamente. Porém a fusão já está em andamento. Não há mais como parar. Ou vocês aceitam, ou serão apagados com o que não presta neste mundo, de um jeito ou de outro.
- Tem certeza de que não há? Tem. Claro que tem. O processo só se torna irreversível após dez por cento de fusão, é só não ter as duas âncoras na mesma realidade, se é que me entende. - Cintia não reconheceu esta faceta de Eduardo, afinal de contas, sua frase era inteiramente uma ameaça. Sabia que era preciso ser feito, mas a interpretação de seu amado não era brincadeira. Quando munido de todas as informações, ele mostrava porque tinha sido nomeado Coronel da Aeronáutica Brasileira.
- Você não teria a indecência de fazer o que eu penso que você poderia, Eduardo. Você é uma pessoa boa, não brincaria com a vida de uma pessoa, não é mesmo? - Gilson estava assustado, se ele era capaz de tudo para sobreviver, ele pensava, em sua mente pequena, que ninguém mais teria essa capacidade.
Enquanto isso, na Terra, o comandado de Gilson havia ficado
um pouco mais longe de sua contraparte daquela realidade, porém o que ele não
sabia era que um sniper altamente treinado o aguardava em cima de um prédio.
Ele só estava aguardando o momento que ele se afastasse de algumas pessoas para
que o serviço fosse feito.
A partir do momento em que o comandado de Gilson entrou em
uma praça, com uma área de tiro perfeita e com quase ninguém ao redor, dando
uma visada perfeita entre a arma e a cabeça deste último, o tiro não tardou, e
foi mirado com tanta precisão que acertou na ponte do nariz deste, entre os
olhos, onde não teria defesa.
E, como um boneco que teve seus fios cortados, o comandado
de Gilson caiu ao chão, sendo prontamente recolhido pela equipe de operações
especiais do exército, emprestadas a Eduardo por causa de sua alta patente. Foi
quando o Coronel da Aeronáutica recebeu a informação e a imagem de que a missão
tinha sido completa, com êxito, com pouquíssimas pessoas que viram o ocorrido.
Letícia, que continuou observando os fenômenos, viu que o que tinha sido iniciado agora retrocedia, ao ponto de não ter mais significância. Tal informação também foi enviada a Eduardo, que a recebeu com um sorriso triunfante no rosto.
- É Gilson, parece que a sorte não está do seu lado. Seu plano acabou de ser neutralizado.
- Tem certeza, Eduardo? - Perguntou Gilson descrente.
- Este não é o seu comandado que tinha iniciado a cadeia de eventos? - E Eduardo mostrou a foto do comandado de Gilson morto, com um tiro precisamente certo entre os olhos.
- Parece que pensamos de maneira similar, Eduardo. Por que você não nos permite fazer o que queremos? Fundir as realidades só trará benefícios ao planeta. Nós temos um lugar bom o suficiente para morar, e vocês terão uma tecnologia mais avançada do que pensam.
- Porque estamos falando de vidas, Gilson. Vidas que eu não estou disposto a perder. A sua equipe já perdeu uma por causa da imprudência de vocês. Por que não vão atrás do próximo planeta habitável, uma vez que vocês têm a mesma informação que nós, a respeito dele?
Foi quando o rosto de Gilson se distorceu em uma máscara de profundo rancor. Ele pouco se importava com o comandado, ele só queria aquele mundo para si, e havia sido impedido.
- Eu não queria ter que fazer isso, mas você me forçou, Eduardo. Terei de tomar o planeta à força. Não queria ter que danificá-lo, mas isso já não é mais uma possibilidade, graças a você.
- E o que me impede de finalizá-lo aqui mesmo? - Perguntou Eduardo se levantando, puxando uma arma de seu coldre, que estava junto ao peito do lado direito, interno de seu blazer.
- Porque estamos sob efeito de um tratado, e fazer isso o violaria. Você terá força o suficiente para quebrar um tratado que pode dar cabo de milhões de vidas, Eduardo? - O tom de ameaça era claro, e o tom de voz utilizado por Gilson era um que poderíamos entender como um de autoridade, mais ainda, como um empregando autoritarismo.
- Então se não quiser que eu quebre o tratado construído por nós, vá para a sua espaçonave e aguarde uma solução por lá. Em sua dimensão, você podia ser Brigadeiro, mas nesta você não passa de uma pessoa comum com um passado de militar. O atual militar aqui SOU EU, e com uma patente que poderia lhe causar muitos problemas. - A carteirada foi intencional, e Gilson sabia que ele podia tornar a vida dele imensamente complicada se ele não seguisse as ordens. - Gilson, ouça alguém que tem um pouco mais de experiência que você. Não seja aquele a ser derrotado, seja o aliado. Se você seguir as nossas instruções, podemos trabalhar muito bem juntos. - Eduardo aqui mostrou que não queria matar o cunhado, se possível fosse, claro.
- Você não me deu opções, Eduardo. Aguarde por informações vindas de meus pares.
E Gilson começou a deixar a sala de reunião, claramente consternado. Ele achou que ia ser fácil tomar o planeta com uma manobra daquela, mas sua irmã tinha que atrapalhar contando tudo aos locais. Antes de sair completamente, ele dá à irmã um último olhar fuzilante, daqueles que ela esperava mesmo receber dele e foi embora.
- Meu amor, é melhor avisar a todos na Terra. É melhor preparar a contraofensiva. Ele estava mortalmente sério quando falava para aguardarmos informações vindas dos pares dele.
- É, meu anjo, eu sei. É melhor que façamos isso imediatamente.
Assim, Eduardo e Cíntia se preparam para o pior. Retornam o
mais rápido que a pequena aeronave lhes permitia, e ao chegar à base da
aeronáutica brasileira, reportaram tudo aos superiores. Todos os militares sem
treinamento de combate seriam dispensados da batalha, mas todos os que tinham
seriam convocados oficialmente.
Ao que tudo indicava, a guerra ocorreria em larga escala.
Tão logo Gilson voltou para sua frota, todas as espaçonaves estacionadas ao
longo do Cinturão de Kuiper se voltaram para a Terra, prontas para agir.
Enquanto isso, várias espaçonaves levantavam voo do planeta para protegê-lo, enquanto
algumas estacionadas ao longo da estação espacial já preparavam seus escudos
refletivos.
Ao longo da primeira semana, aconteceu apenas a preparação,
porque as naves estacionadas no Cinturão de Kuiper se aproximavam lentamente, e
aos poucos naves se enfileiravam em frente ao planeta, abrindo seus escudos e
preparando-se para a primeira salva de tiros que eles previam ocorrer assim que
as espaçonaves da Terra alternativa tivessem não só visada, mas alcance.
Tão logo as espaçonaves inimigas alcançaram Marte a primeira
salva de tiros foi disparada, sendo neutralizada pela coalizão mundial deste
plano de existência. Aparentemente faltava potência nos tiros, mas os
estrategistas raciocinaram corretamente por julgar ser um teste a respeito da
resistência dos escudos. O que os inimigos não sabiam era que já havia
tecnologia marciana embarcada na terrena.
A segunda salva veio, mais potente. Mas não foi nada para os
escudos erguidos. A terceira veio, mais potente que a segunda. Nenhum resultado
positivo para os inimigos. Gilson já estava irritado, até porque, quanto mais
tempo se passava, mais espaçonaves se juntavam à frente do planeta para a
proteção dele.
Logo a quantidade de espaçonaves à frente do planeta para
protegê-lo era muito maior do que a que tentava atacá-lo. Mas as salvas de
tiros não paravam, era como se eles tivessem munição (ou atribuição) infinita.
Os escudos se sobrepunham, então quando os primeiros começaram a ser quebrados,
levavam um tempo para se recompor, mas o faziam no final das camadas de escudo,
dando tempo o suficiente para recuperação de todos. Ou seja, o conflito chegou
a um impasse, levantando uma única pergunta, a de quem sucumbiria primeiro.
Enquanto isso, Cintia trabalhava com a equipe de
inteligência da Aeronáutica Brasileira para descobrir uma falha nas defesas
inimigas. Então eles perceberam que os inimigos continuavam conectados à
infraestrutura terrena: eles continuavam acessando à internet através de
satélite.
A partir disso, eles tentaram, de maneira silenciosa, encontrar os dispositivos inimigos na rede e hackeá-los. Caso conseguissem sem despertar atenção indesejada, seria maravilhoso. Eles até conseguiram, porém ao passo que chegaram em um servidor importante, descobrindo uma falha importantíssima, os inimigos desconectaram todos seus dispositivos, a fim de interromper o ataque. O que os levou a crer que os inimigos tinham conhecimento de novas tecnologias, mas carecia de profissionais da área.
- Eduardo, vai ser necessário implantar essa contramedida in loco. - Disse Cintia, olhando para todos os presentes na sala.
O Coronel viu que ninguém tinha se manifestado, e que logo Cintia se disponibilizaria para invadir a espaçonave do irmão para inseri-la. Para evitar tal conflito, ele resolveu ele mesmo se disponibilizar.
- Eu faço.
- Mas Eduardo... - Cintia já estava desesperada. Ela queria ela mesma resolver essa questão, afinal de contas, era o seu antigo mundo, seu irmão liderava o exército inimigo... Ela considerava um problema pessoal.
- Não, Cintia. Você fica. Por mais que você tenha treinado para combate nesses últimos tempos, você não tem a experiência que o seu irmão, ou eu, temos. Sem contar que eu ficaria desesperado no caso de você ser capturada pelo inimigo. Sei que o seu irmão não teria escrúpulos em usar a própria irmã para me atingir. E não tem contra-argumentação, eu irei.
- Então me promete que fará o que estiver ao seu alcance para voltar vivo? - Cintia já tinha os olhos marejados por lágrimas não derramadas.
- Prometo. Farei o meu melhor, e um pouco além. - Eduardo não se importou com o protocolo e abraçou a namorada na frente de todos, o que fez com que todos os presentes da equipe sorrissem.
Depois do acordado, a equipe de tecnologia prepara um
dispositivo de armazenamento, um pen-drive, para que Eduardo fizesse a
instalação do programa hacker, que infectaria os sistemas deles, removeria
quaisquer permissões de administração e os desabilitaria de dentro, rendendo as
espaçonaves funcionais para sobrevivência, mas inúteis para ataque e defesa.
Cintia sabia da tecnologia que a equipe de seu irmão possuía, mas como eram
poucos, eles não conseguiriam resolver tudo a tempo.
Os Estados Unidos disponibilizaram uma espaçonave similar à
B-2 Spirit, mas que podia navegar no espaço, passível de ser tripulada apenas
por uma pessoa, e esta seria Eduardo.
A partida ocorreu rapidamente, e tão logo partiu, a
espaçonave sumiu dos radares, tanto de aliados quanto de inimigos. Eduardo não
aumentou muito a velocidade para que o sistema de camuflagem recebesse todo o
poder processual necessário para continuar a camuflagem, e sabia que teria que
seguir sem acoplar, encontrar uma brecha na espaçonave para invadir e procurar
a sala de sistemas.
Por estar navegando mais lentamente, a viagem demorou uma
semana inteira, sem contar que ele teve de fazer manobras evasivas, pelo fato
de as espaçonaves do exército inimigo realizarem mais salvas de tiros a fim de
quebrar os escudos dos terráqueos nativos, que já começavam a levar a melhor,
porque o sistema em camadas começava a se mostrar falho.
Sem comunicar-se com seu exército e sem saber o que seria
dele mesmo, Eduardo colocou a espaçonave que pilotava em piloto automático e
foi vestir seu traje espacial, a fim de que, de maneira direta, pudesse entrar
pelas saídas de lixo definitivo e não reciclável. Levou um tempo até que as
pudesse localizar, porque evitou não só uma, mas várias patrulhas ao redor das
naves principais.
Em um determinado momento, Eduardo faz com que sua
espaçonave se ‘grude’ à espaçonave principal, onde Gilson estava, e com o traje
que já tinha vestido, ele saiu de sua aeronave a fim de entrar em uma das
comportas de lixo. Conseguiu, mas por bem pouco.
Já dentro da espaçonave inimiga, Eduardo foi muito furtivo,
mantendo-se incógnito por quase todo o momento em que ele esteve lá, escapando
de patrulhas internas, silenciando patrulheiros que o tivessem localizado antes
que avisassem à gestão... E graças ao seu traje espacial, quase todas as vezes
ele passou despercebido pela patrulha.
Ele tentou se localizar por um app que Cintia o havia
disponibilizado em seu smartphone, que continha os mapas de todas as naves pela
nomenclatura que havia na fuselagem das naves. Aquilo o salvou de ser pego em
várias patrulhas, uma vez que sabendo por onde andava, ele conseguia se
preparar para imprevistos.
Uma coisa que ele já sabia que aconteceria era que, possivelmente, ele encontraria alguém na sala do mainframe. Ele só não fazia ideia de quem encontraria.
2 Comentários
Grande George,my friend!
ResponderExcluirUm arco final espetacular, onde Eduardo, Cinthia e todas as forças aliadas se uniram de forma irretocável para anularem a ofensiva de Gilson em querer tramsmutar a Terra para a sua realidade, metandomilhões de vidas no processo.
Com muita perspicácia, Eduardo entrou na nave inimiga.
Mal posso esperar para ler o capítulo final.
Não desejo que ela morra (não faça isso comigo, rsrsrsr)
Mandou muito bem!
Parabéns!
Hahahaha Obrigado por acompanhar, e... Não vou te dar esse spoiler. Abraço! uhauahuahu
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