Jiraiya - Nova Geração #3 As peças do jogo.

Olá Tokuleitores!
E chegamos ao terceiro capítulo de Jiraiya Nova Geração.
Espero que estejam gostando!
Nesse episódio conheceremos um pouco mais sobre os vilões da série e um vislumbre do início da relação entre Toha e Tomoko.
Sem mais delongas...
Boa leitura!

Jiraiya

Nova Geração #3

As peças do jogo.

Sede das Industrias Starshine. Uma sala secreta, com acesso permitido apenas à presidente Yasu Matiko e a um reduzido número de pessoas, após receber sua permissão.

No momento ela estava diante de seu assistente pessoal, Osaka, que tentava manter a pose, numa fracassada tentativa de parecer calmo e altivo, diante do que estava prestes a acontecer.

Afinal, toda quarta feira era noite de treino de combate da Senhorita Matiko.

- Tudo pronto meu querido? – diante de um tímido aceno positivo da cabeça do outro, ela moveu o pescoço, causando um leve estalo, se preparando para, o que ela acreditava, poderia ser um belo exercício. – Então não deixe os garotos esperando... Mande entrarem.

Osaka empurrou a porta atrás de si sem tirar os olhos da chefe, dando passagem para dois homens musculosos que traziam nas mãos longas katanas.

Eles entraram olhando ao redor, já imaginando se algo ali poderia ser usado durante uma luta, provando que não eram meros amadores, mas sujeitos acostumados a lutas e a situações como aquela, em que um ricaço contratava “guerreiros” para simulações de luta que parecessem mais reais.

Ao verem a bela e madura mulher diante deles, segurando uma Bokken displicentemente sobre um dos ombros, olhos e sorriso deixando claro o verdadeiro motivo deles terem sido chamados, a análise do local foi deixada de lado.

Eles começaram a se empolgar de um jeito extremamente visível.

- Hum... Já estão animadinhos? – ela passou demoradamente a língua pelos lábios, umedecendo-os a ponto de brilharem. – O trato, caso meu displicente secretário não tenha deixado claro, é o seguinte: Vocês me dão uma luta minimamente boa e podem me pedir o que quiserem... Se eu vencer ou me entediar, vocês perdem... Tudo.

- Espero que esse seu corpinho esteja na lista de coisas que podemos pedir... – o guerreiro de cabeça raspada, apelidado mentalmente de imediato de “carequinha” foi o primeiro a falar, parecendo prestes a babar de antecipação. – Senão nem vejo a graça dessa brincadeira.

A mulher deu de ombros, abaixando a espada de madeira de um modo que deixava clara sua ineptidão no uso de tal arma, ainda mais sendo que eles empunhavam armas de verdade, cujas lâminas, eles haviam se certificado, estavam perfeitamente afiadas.

O outro homem, ligeiramente maior que o carequinha, recebera mentalmente a alcunha de “promissor”, fechou a cara com uma indecifrável expressão séria, o que fez Yasu sentir-se animada com a possibilidade de uma boa luta.

Muito animada.

- Muito bem... Acho que podemos começar...

Sem dizer mais nada ela se lançou ao ataque, numa velocidade muito maior que a esperada pelos dois, o carequinha mal conseguiu bloquear o golpe, num arco descendente perfeito, que o atingiu após um salto da mulher que, antes de voltar a tocar o solo, aproveitou o apoio para girar o corpo e acertar um chute de leve na têmpora esquerda do promissor, que deu alguns passos para trás, tentando se recuperar.

Tempo mais que suficiente para que Yasu pudesse se concentrar no oponente que tentava acertá-la com um corte lateral, obviamente contido, para que não fosse um golpe mortal, por medo de não conseguir o que queria.

A mulher conteve facilmente tal ataque, mas o desleixo do carequinha a deixou enfurecida. Largou então sua Bokken, facilitando assim o golpe que decidiu realizar, agarrando as orelhas dele e puxando violentamente sua cabeça para baixo, terminando com uma poderosa joelhada no nariz.

O imenso homem tombou para trás sem sentidos, desenhando um arco de sangue no ar, conforme ele ia caindo.

O promissor não conseguia acreditar no que estava vendo, por isso empunhou de forma séria sua espada e avançou pretendendo encerrar aquela luta o mais rápido possível.

Para seu azar, após um bocejo de tédio, a senhorita Yasu, havia decidido o mesmo.

Ela estendeu a mão na direção de seu assistente e recebeu várias esferas de metal branco, que foram jogados contra o promissor que tentou, inutilmente, acertá-las em pleno ar.

Fios de metal uniram as esferas e se enrolaram nos pulsos e tornozelos do homem que, após um aperto repentino, acabou desarmado, sendo puxado por boleadeiras até ficar caído no chão, mãos e pernas estendidas.

Totalmente indefeso.

Yasu caminhou lentamente até ficar sobre o promissor, seus pés dos lados do abdômen dele e, sem hesitação aparente, Yasu enterrou sua espada de treino no olho esquerdo do homem.

Poucos segundos depois, ainda ofegante, ela caminhou na direção de seu assistente, não sem antes pegar a Bokken de volta e enfiá-la entre os olhos do carequinha, que não teve a menor chance de se defender.

- Minha senhora... – o assistente tentava desesperadamente manter a calma impassível diante da carnificina diante de seus olhos. - Eles chegaram...

- Ótimo meu querido... Mande-os esperar, pois nesse momento preciso desesperadamente de um banho... Mande limpar tudo por aqui e, por favor, encontre oponentes mais dignos para semana que vem...

- Se a senhora continuar a matar seus... Instrutores... Em breve não encontrarei substitutos e...

A frase morreu em sua garganta diante do olhar penetrante que ele recebeu, pouco antes da Senhorita Matiko sair do local.

XXX

Toha Yamashi fechava os botões de sua camiseta após uma longa e exaustiva bateria de exames liderados pela senhora Tsumoto, que permanecia parada, feições mais sérias que o normal.

- Elas já sabem?

A pergunta fez com que a mente do ninja voltasse ao momento em que Reiha Yagyu revelou a todos que Tomoko era sua filha, pouco antes de desmaiar.

- Minha filha?

Ele largou a mão da menina silenciosa e tentou se erguer, conforme absorvia aquela informação, mas de repente caiu de joelhos, levando a mão até seu braço esquerdo, não conseguindo aguentar a agonia que vinha de um antigo ferimento, feito por Dokussai, seu mais antigo e odiado inimigo.

Agnes agiu rapidamente, apoiando seu marido até que a dor pareceu diminuir o suficiente e, depois de deixa-lo sentado no que restara de um sofá, comandou sua filha a reunirem tudo o que tinham de pessoal e se preparar para a viagem.

Viagem essa feita num incomodo silêncio, conforme Tomoko apenas continuava a confortar a mãe, Agnes dirigia com um ainda atordoado Toha a seu lado e Sakura, por um milagre, conseguia controlar a língua, cheia de perguntas, esperando um melhor momento para fazê-las.

- E então? – um leve tapa na cabeça fez o ninja voltar ao presente. -  Você sabe que elas merecem saber...  Me escute Toha...

- Não é o momento certo... Eu... Tudo estava às mil maravilhas com Agnes e Sakura, que decidiu dar continuidade ao nome Hananin, mas agora, com a chegada da Reiha e, principalmente essa revelação de uma nova... Filha... Não... Realmente não é a hora certa... Preciso de mais tempo...

- Tempo, infelizmente, não é um luxo que você tenha meu caro...

Uma batida na porta e os dois se voltaram para ver uma tímida garota que ia movendo as mãos na direção deles.

 “Quando minha mãe vai acordar?”

- Não precisa ser tão devagar minha menina... Assim como o seu... Pai... Eu também sei libras...

Toha se aproximou, com certa hesitação tocou o ombro da garota, cujos olhos começavam a lacrimejar e então ela o enlaçou pela cintura, um abraço de alguém que necessitava desesperadamente de conforto.

A senhora Tsumoto saiu de forma silenciosa, deixando pai e filha terem seu momento.

Toha afastou gentilmente Tomoko, olhando-a nos olhos.

- Precisamos conversar... Todos nós.

Eles então saíram do consultório, indo procurar Agnes e Sakura.

Sem perceber, seguiam de mãos dadas.

XXX

Salão de reuniões das Industrias Starshine.

Um grupo de impacientes homens estava sentado ao redor de uma mesa oval aguardando pela chegada da presidente da empresa que, como de costume, os fazia esperar.

- Não se preocupem em se levantar... – A senhorita Matiko, também como de costume, adentrava o salão como um furacão implacável. – Já li os seus relatórios e as respostas já estão em seus tablets, esperando que minhas ordens sejam seguidas à perfeição... Afinal de contas... Temos um mundo a dominar senhores...

Imediatamente os aparelhos pessoais de cada um dos presentes deram um alerta sonoro indicando mensagens recebidas e enquanto todos as liam, a presidente fixava seu olhar em um dos presentes, o único com coragem suficiente para manter o rosto erguido, enquanto todos os demais preferiam se abaixar.

- Doutor Sota... – ela fez um velho com uma calvície avançada, mas que parecia extremamente apegado aos cabelos que restaram, se sobressaltar, mesmo sem que ela lhe dirigisse o olhar. - Em poucas palavras, por favor, como anda o projeto KR?

- Avanço satisfatório... – ele tentava esconder o discursos imenso que havia preparado. - Tudo estará pronto quando chegar a hora...

- Perfeito...  – ela não tirava os olhos do homem sentado à outra ponta da mesa, mesmo se dirigindo aos demais. – Senhor Oda... A divisão Cyber reportou problemas... Devo me preocupar?

- Não.

- Só isso de resposta? Perfeito! Tommy... Como vai o trabalho para conseguir as senhas? É um ponto importante demais do plano... Preciso dessas salvaguardas.

- Tenho dezenas de equipes em ação... Cada uma conseguirá parte das informações, que serão repassadas diretamente para a senhora, sendo a única a ter... Como direi... O panorama geral...

- Ótimo... Ótimo... Os demais têm suas ordens, ordens que não estou disposta a discutir ou sequer apontar o tanto de importância delas... Se esforcem além de suas capacidades, me agradem e todos serão lembrados quando meus planos se concretizarem... Me decepcionem e, bem... Talvez tenhamos uma demonstração agora... Não é Takeda?

Todos os olhares seguiram o da presidente e se voltaram para o homem do outro lado da mesa, um incômodo e pesado silêncio saiu no salão, até que ele finalmente se ergueu, deixando cair a parte de cima de seu kimono, revelando não apenas seu físico impressionante, como também uma faixa a cobrir-lhe o abdômen.

- Estou pronto... – com a mão esquerda ele depositou sobre a mesa uma máscara branca com feições e chifres demoníacos, com a outra uma espada curta, típica de cerimônias Seppuku. – Por favor me indique onde poderei...

- E correr o risco de respingar sangue no meu piso caríssimo? – ela fez um gesto displicente, indicando para que ele voltasse a se sentar. – Sua missão no Brasil não foi satisfatória, mas eu seria uma idiota se desperdiçasse uma peça como você agora... Portanto... – ela se levantou, bateu com as mãos espalmadas sobre a mesa, forçando os presentes a, mesmo assustados, se manterem impassíveis, evitando demonstrar alguma fraqueza. – Vocês tem suas ordens... Fora!

Poucos minutos depois Takeda seguia até sua moto, ignorando a chuva que começava, sem perceber que, do alto de um prédio próximo, um homem trajando um uniforme negro seguia seus passos.

- Eu sabia que tinha visto alguém aqui! – um homem apontava uma arma para as costas do uniformizado. – Uau! Aposto que a Senhorita Matiko vai me dar um aumento por isso...

Enquanto o segurança sonhava acordado, o outro homem pegava um bastão em seu cinto que, após um mecanismo ser acionado, se tornou uma Kusarigama.

            - Vire-se devagar e erga as mãos!

O homem de negro se virou, um relâmpago cortou os céus, transformando a noite em dia durante um instante.

Foi todo o tempo que ele precisava.

XXX

Em uma clareira localizada no meio da floresta próxima à propriedade da família Hananin, estavam Toha e Tomoko.

Ambos vestiam roupas escuras de treino e empunhavam Bokkens.

- Muito bem mocinha... Me mostre o que você sabe.

E ela mostrou.

Continua.

Ilustração de Yasu Matiko