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Paladino Invernal em um mundo de Trevas. Traição amarga. (One Shot)

 



Quando até um coração sombrio conhece a tristeza.
 

Feliz Natal a todos!

Para fechar o ano, com algum tempo de atraso, segue um conto de Natal que bolei a poucos dias atrás e que terminei num tempo record (para mim)

Espero que todos meus queridos leitores estejam bem e que as festas passem de forma maravilhosa para vocês.

Um feliz natal e um ano 2026 maravilhoso para todos vocês.

E então, sem mais delongas... Boa leitura.




Paladino Invernal em um mundo de Trevas.

Traição amarga.

 

Gragunher era uma ogra da tribo dos Presas Afiadas, uma das mais antigas e poderosas guerreiras entre os seus semelhantes, indo contra todas as tradições que diziam que a fêmeas da espécie serviam apenas para reprodução.

 

O mais irônico foi que ela acabou realmente tendo um filho, Gran’nastur, mas, ao contrário de lhe acalmar o espírito, ser mãe apenas deixou seus instintos de luta ainda mais afiados.

 

— Mãe? Nós vamos morrer?

 

Os dentes cerrados, além do medo de dar uma resposta sincera a seu rebento, impediam a guerreira de responder ao questionamento do garoto, que vira tão poucos invernos, ao passo que mantinha suas mãos firmes ao redor do cabo da maça que empunhava.

 

Ao redor deles, estavam vários humanos, todos montados em cavalos, tão brancos quanto a neve que cobria o chão de uma clareira da Floresta Krutaru e com suas espadas longas esticadas à frente do corpo.

 

Atrás deles um outro grupo de guerreiros, esses a pé e empunhando bestas, mantinham mãe e filho sob suas miras.

 

Rfhorium não era um mundo bom, ou justo.

 

Muito pelo contrário.

 

Nesse mundo, após milênios de uma intensa guerra divina, os deuses das trevas conseguiram suplantar os da luz e, como a história é escrita pelos vitoriosos, a sombra de Thyriunn, o deus do ódio e do rancor, se estendeu e cobriu todo o planeta, e então o mal se tornou a força suprema e o bem apenas uma pequena brasa, que brilha fracamente no coração de poucos indivíduos, servindo apenas para ser pisada até se extinguir.

 

Tendo nascido em uma realidade tão brutal, Gragunher sabia que não deveria dar falsas esperanças de salvação para o filho, que se agarrava em sua coxa e, com o corpo tremendo e soluçando de medo, só podia aguardar o inevitável.

 

 Hum, acho que esses animais não valem nem mesmo a sujeira que vai ficar na lâmina da minha espada.

 

— Com certeza capitão Alberich. O que podemos fazer então, eu lhe pergunto.

 

O homem montado em um corcel tão branco que parecia brilhar, algo que, em outros mundos, com certeza, era algo que significava altivez e heroísmo, embainhou sua espada, segurou as rédeas de seu cavalo, o fez dar alguns passos para o lado e, exibindo um sorriso demoníaco, ergueu o punho direito, dando sinal para que os arqueiros se adiantassem e disparassem à vontade.

 

Um minuto inteiro se passou, sem que nem uma flecha sequer fosse disparada e só então o capitão dos cavaleiros olhou por cima do ombro, com uma descompostura na ponta da língua, mas o que viu fez com que ele permanecesse em silêncio.

 

Todos os arqueiros jaziam ainda de pé, suas bestas, as mais novas armas criadas no império, ainda apontadas para Gragunher e seu filho, mas o que fez o horror se instaurar no coração do capitão Alberich, foi ver que todos estavam decapitados.

 

As cabeças se encontravam espalhadas pela camada de neve, todas com os desenhos de um rastro escarlate nos locais onde acabaram caindo, o que as ligava a seus respectivos donos.

 

— Vocês estão bem?

 

A voz que soava de forma cavernosa, grossa, agressiva, que trouxe de imediato a todos os cavaleiros presentes, uma sensação de horror e medo absoluto que não sentiam desde a mais tenra idade, chamou a atenção de todos, que voltaram seus olhares, arregalados, na direção da ogra e de seu filho.

 

— Mas o que, em nome dos deuses abissais, é você?

 

O guerreiro se colocou de pé, alcançando quase três metros de altura, sua armadura negra, com detalhes rubros como sangue, parecia feita de um metal rústico, que não fora devidamente trabalhado, era quase orgânico, alguns dos cavaleiros poderiam jurar que viram um movimento que lembrava o de respiração.

 

— Quem eu sou não importa, afinal de contas, para quem homens que já estão mortos contariam meu nome?

 

O capitão Alberich ergueu seu punho direito, preparando para dar a ordem que faria seus homens avançarem, mas antes mesmo de seu cérebro sequer ter tempo para registar uma série de pontadas de dor, que vinham de seu pulso, base do pescoço, o flanco direito, na altura da boca de seu estômago, o meio da coxa direita e a canela esquerda, numa demonstração de força, rapidez e crueldade do Guerreiro de armadura negra, seu corpo explodiu em pedaços.

 

O cavalo, outrora branco, agora estava quase todo vermelho e, tomado pelo pânico, partiu em galope ligeiro para longe dali, passando rapidamente por entre alguns dos cavaleiros, que se mantinham petrificados pelo que acabara de acontecer.

 

Alguns deles foram jogados contra o chão, conforme o instinto de sobrevivência da maioria das montarias, fez com que eles seguissem o cavalo do líder daquela unidade para longe dali o mais rápido que podiam.

 

Alguns dos cavaleiros conseguiram sacar suas espadas, após acalmar os poucos cavalos que não fugiram, dando tempo até mesmo para aqueles que haviam caído se recomporem e também se preparar para o combate.

 

Um combate que simplesmente não aconteceu.

 

Nos anos que se seguiriam aquele local ficou conhecido como a Clareira Rubra, por causa da imensa mancha avermelhada, que nunca fora completamente coberta, não importando o quando nevasse.

 

Isso porque antes que qualquer um dos subordinados do falecido capitão Alberich, conseguisse até mesmo se surpreender com a imensa espada que o guerreiro de armadura negra empunhava como se não pesasse nada, com movimentos mais rápidos do que um olho humano pudesse acompanhar, desenhou no ar uma sequência de semicírculos, que acabaram por destroçar todos os homens ali presentes.

 

Nem mesmo Gragunher e seu filho conseguiram ficar indiferentes a tamanha carnificina, acabando por desmaiar em meio aos restos de armas, armaduras e, claro, corpos, que ali ficariam para sempre, sem nem a chance de descansar em um túmulo apropriado.

 

A ogra não saberia precisa quanto tempo ficou desacordada, mas sua experiência em ser capturada a fez permanecer de olhos fechados, enquanto tentavam, com os demais sentidos, perceber onde estava e quais ameaças aguardavam ela e seu filho.

 

O local era aquecido e o ar estava tomado por um cheiro adocicado de frutas, leite, mel e outros que os ogros não sabiam sequer da existência, mas que era um convite sensorial para se aconchegar e, mesmo sem dormir, apenas relaxar e descansar da vida de perseguição, dor e morte, ou seja, da vida comum em Rfhorium.

 

— Vai fingir inconsciência por muito mais tempo? O chocolate quente vai esfriar desse jeito.

 

— O que é chocolate?

 

Tomada pela curiosidade e pela fome de semanas que lhe assolava o estômago, Gragunher se ergueu em meio ao que parecia um ninho feito com vários tipos de tecidos, cuja maciez do toque lhe era completamente desconhecida.

 

— Aqui. Apenas beba e confie. Seu filho já está na terceira caneca.

 

Ainda desconfiada, afinal de contas eram raríssimos os seres capazes de atos bondosos naquele mundo, a ogra aceitou a caneca de madeira e após sentir o cheiro e perceber o quanto era bom mais de perto, não pensou duas vezes antes de sorver com vontade a bebida quente.

 

Um ato impensado que, obviamente, devido à alta temperatura, desceu quase queimando pela garganta dela, que começou a tossir violentamente.

 

O guerreiro de armadura negra se colocou a gargalhar, enquanto ajudava sua convidada a se recompor e aprender que certas ocasiões devem ser apreciadas devagar.

 

Foi a primeira vez em que o guerreiro se permitiu ter um pouco de paz e até mesmo uma impensável felicidade, conforme Gragunher e Gran’nastur iam compartilhando o dia a dia dele que, desde que chegara àquela região, finalmente sentiu que poderia ter uma existência mais feliz e pacífica.

 

— Demorou, mas ele dormiu. Queria ouvir mais histórias sobre seus combates. Acho que o pequeno está se acostumando a ter alguém como você por perto.

 

— Gran’nastur é muito esperto. E forte. Quando crescer será um guerreiro capaz de mudar muito do que está de errado com o mundo.

 

— Você realmente acredita nisso?

 

A única resposta do Guerreiro foi um meio sorriso, antes de se levantar e caminhar lentamente para a entrada da caverna, que ele convertera em seu abrigo, mas que só agora sentia como se fosse seu lar.

 

— Espera um pouco.

 

Gragunher segurou alguns dos dedos do Guerreiro com delicadeza, mesmo entre os ogros, poucos eram maiores e mais fortes que ela, mas, ainda assim, o punho dele conseguia cobrir totalmente a mão dela.

 

Ela se aproximou lentamente, tirou o capacete dele, colocando-o sobre um dos móveis que, apesar de improvisado, servia perfeitamente como uma mesa.

 

O beijo ocorreu de forma tímida, apenas para deixar claro o desejo dela e sem que fosse necessária nenhuma outra palavra, o Guerreiro e a Ogra caminharam até uma área mais afastada, ao fundo da caverna, longe o suficiente de onde Gran’nastur dormia.

 

Afinal, não queriam que o garoto ouvisse o que ia acontecer.

 

Não foi algo belo, ou cheio de amor e sentimentos, pelo contrário, foi selvagem, brutal até, conforme retiraram suas roupas com pressa e sofreguidão, se entregando ao momento como se não houvesse amanhã.

 

Mas o amanhã chegou e com ele o fim da ilusão de uma vida pacífica.

 

Uma pontada de dor veio dos pulsos, o que fez o Guerreiro se erguer de supetão, do amontoado de pedras e peles de animais que lhe servia de cama e onde ele e sua convidada haviam se aninhado, exaustos depois das horas que haviam passado juntos.

 

— Gragunher? Gran’nastur?

 

Ao tentar se levantar o Guerreiro percebeu pesados grilhões em suas mãos, pés e ao redor do pescoço, com grossas correntes que limitavam muito seus movimentos, o que fez com que ele acabasse por cair no chão duro da caverna, conforme olhava ao redor, tentando localizar quem seriam os loucos que haviam tiro coragem ou imprudência de aprisioná-lo.

 

Ele também procurava por seus convidados, dentro do peito uma emoção que nunca sentira.

 

Preocupação e, por mais impossível que fosse, medo de perder algo que havia se tornado tão importante, em tão pouco tempo.

 

Nunca fora assim, sua vida antigaera centrada em tornar um inferno a vida daquele que era praticamente um irmão, mas cujo lema e ações, todas voltadas para o bem geral das pessoas, o irritava constantemente e, por isso, devotara sua vida a tentar destruir tudo o que era mais caro para seu inimigo.

 

Quando conseguiu causar um desastre sem precedentes, que poderia ter custado o mundo inteiro, acabou aprisionado e, depois de ser julgado por apenas seu inimigo, foi exilado naquele planeta onde o mal venceu.

 

Onde ele seria apenas mais um ser maligno a ansiar pelo domínio total do mundo, ou, e era o que esperava o responsável por seu exílio, o Guerreiro poderia aprender a dar valor às pessoas que, por ventura, viessem a depender de sua proteção.

 

— E não é que deu certo?

 

Um puxão na corrente presa ao grilhão em seu pescoço forçou o Guerreiro a voltar seu olhar para atrás de si, onde estavam uma nova aglomeração de cavaleiros, do mesmo reino dos que ele matara tempos atrás.

 

À frente do grupo se aproximava do prisioneiro um homem ruivo, o rosto coberto por cicatrizes e um olhar feroz, se destacando como sendo aquele que estava a puxar as correntes.

 

— No fim valeu a pena ter sacrificado o inútil do Alberich e os seus homens descartáveis. Só assim para poder, enfim, capturar o terrível Paladino Invernal. Que não parece tão terrível nesse momento, não é?

 

— Onde eles estão?

 

— Hum. Então ele fala e é até um pouco articulado. Eu esperava rugidos e resmungos. Mas quem são eles de quem você fala?

 

O Guerreiro permaneceu mudo, precisava ganhar tempo e garantir a segurança de Gragunher e Gran’nastur, ele mesmo já estivera daquele outro lado várias vezes, preparando armadilhas e usando reféns, então sabia o que fazer.

 

Infle o ego de seu captor, deixe-o confortável no papel de quem está no comando da situação e depois faça tudo da maneira em que a humilhação será completa.

 

Só então o mate.

 

Claro que, contra ele, nunca chegaram tão longe, apenas o enganavam o suficiente para escapar.

 

A parte da humilhação e da morte foram incluídas pelo Guerreiro.

 

— Será possível que você, nada mais que um cão raivoso que não sabe seu lugar no mundo, está preocupado com a mamãe monstro e o filhote monstro? Quem diria! O Paladino Invernal, o carniceiro de Hundhra, responsável pela morte de centenas, se preocupa com outros monstros como ele! É hilário!

 

Os demais cavaleiros, cerca de trinta pelas contas feitas por alto, ensaiaram risadas cheias de nervosismo e medo, todos já tinham ouvido falar do Paladino Invernal e da forma horrível que morreram aqueles que haviam cruzado seu caminho e o pavor só aumentava, conforme seu líder continuava a espezinhar o prisioneiro.

 

Todos achavam que aquilo não acabaria bem.

 

E, dessa vez, infelizmente para eles, estavam certos.

 

— Se a sua verdadeira preocupação for com sua companheira de transa, fique calmo, pois ela está inteira.

 

Naquele momento Gragunher entrou no campo de visão do Guerreiro, livre, sem uma única corrente a lhe prender os movimentos e, para surpresa e ódio contra si mesmo, era possível perceber um meio sorriso no rosto da ogra.

 

— As promessas de um local para viver dentro da cidade fortaleza de Jakker foram mais que suficientes para que ela aceitasse servir de isca e, depois de salva por você, de distração, para que pudéssemos capturá-lo.

 

— Nada pessoal querido, mas não é todo dia em que ganhamos a chance de ir para um lugar protegido. Pessoalmente estou cansada de tentar sobreviver nesse mundo de merda, por isso alguns sacrifícios sempre precisam ser feitos.

 

Assim que ouviu a palavra "sacrifícios" o prisioneiro entendeu o que provavelmente acontecera, mesmo não querendo acreditar, por isso começou a olhar desesperadamente para todas as direções.

 

— Se quer saber mesmo do destino do monstrinho, não precisa procurar.

 

O captor deu apenas um passo para a direita, sendo imitado por seus homens, deixando livre a visão do Guerreiro que, estreitando sua visão, conseguiu divisar, mais ao fundo da caverna, um pequeno pé para fora da reentrância de uma das paredes e viu também o chão, onde a poça formada por um líquido esverdeado ainda parecia aumentar pouco a pouco.

 

— Ele era seu filho, sua cadela.

 

O imenso punho da ogra explodiu em um soco certeiro no queixo do prisioneiro, que caiu pesadamente no chão, voltando a ficar de joelhos após um novo puxão das correntes.

 

— Tivemos umas horas divertidas, mas como eu disse, para melhorar a minha vida eu não tenho problema nenhum em me livrar de qualquer coisa que me atrapalhe. No fim, fazer outro filho não será nenhum problema para mim e...

 

A frase foi interrompida pelo som de um gorgolejo, conforme uma quantidade generosa de sangue jorrava pela boca da ogra, um pouco antes de ter seu tronco partido ao meio, a parte superior sendo jogada para um lado da caverna, enquanto as pernas, tremendo, simplesmente caíam para o outro lado.

 

Nenhum dos presentes sequer tinha conseguiu ver o que acontecera, todos apenas observavam aterrorizados o local, agora vazio, apenas com as correntes espalhadas pelo chão, onde o Paladino Invernal já não estava mais.

 

— Sinto muito, Gran’nastur. Mesmo em um mundo de merda como esse, você merecia mais.

 

Todos se voltaram para onde jazia o corpo do garoto Ogro, onde estava o Guerreiro, ajoelhado e com a mão direita sobre o peito ainda repleto de sangue, agora quase seco, onde a própria mãe havia trespassado com uma das espadas dos cavaleiros.

 

— Monstro! Encerrarei a sua maldita existência ou não me chamo Comandante K...

 

A frase morreu sem acabar, da mesma maneira que morreu o traiçoeiro cavaleiro que a dizia, ao ter arrancada não apenas a sua mandíbula, mas também boa parte da traqueia e um bom pedaço do peito, tudo embalado com pedaços da armadura pesada que ele trajava.

 

— Não faço a menor questão de saber seu nome. E quanto ao restante de vocês...

 

A ameaça ficou no ar, conforme o enraivecido Guerreiro parecia novamente desaparecer.

 

Sem nenhum aviso, sem som ou qualquer outra indicação de sua presença, os confusos cavaleiros, espadas em punhos trêmulos, viam seus números diminuindo rapidamente.

 

Primeiro cerca de quatro cabeças voaram, se chocando com o teto da caverna e caindo em direções variadas, mas quando os sobreviventes se voltaram para trás, viram apenas algo como uma nuvem de poeira se erguendo e então o grito de morte de outros cavaleiros, esses tendo seus corpos cortado na altura da cintura, o que fez chover sangue sobre os últimos cavaleiros.

 

Eles trataram de formar um círculo, todos prestando atenção ao redor, procurando o menor sinal de movimento, ou qualquer outra coisa que pudesse denunciar onde o monstro estava.

 

Um jovem de vinte e poucos anos, em sua primeira missão, rezava a todos os deuses sombrios de Rfhorium, jurando que, se saísse vivo daquela maldita caverna, ele se tornaria uma verdadeira força da natureza, varrendo do mapa vilas inteiras, sozinho.

 

No fim ele foi o primeiro a morrer do pequeno grupo que, sem que tivessem a chance de desfazer o círculo, apenas viram a lâmina da imensa espada do Guerreiro, cujos fios brilhavam em vermelho, parecendo brotar do peito do jovem.

 

Com um movimento de giro, a lâmina ficou na horizontal, cortando o tronco do rapaz e seguindo para o próximo, cortando braços, troncos, cabeças de quem tentou se abaixar, ou pernas de quem conseguiu saltar para o alto, na tentativa de escapar da morte.

 

Foram poucos que conseguiram não morrer de imediato, mas todos agora jaziam agonizando e urrando de dor pelo chão da caverna, conforme o Guerreiro caminhava tranquilamente pelo meio deles, como se não houvesse mais nada ao redor.

 

Outra uma vez ele se ajoelhou ao lado do garoto ogro, morto pela própria progenitora, o Guerreiro jamais voltaria a se referir a ela como mãe, e conforme sua mão voltava a tocar o peito de Gran’nastur, de seus lábios escapava uma pequena exclamação, a voz carregada de ódio.

 

— Maldito seja irmão. Maldito seja por me exilar nesse mundo de merda e por me fazer vivenciar emoções que um monstro como eu jamais deveria experimentar. Um dia voltarei e me vingarei, Klaus.

 

Fogo infernal eclodiu da mão do Guerreiro, se espalhando rápido pelo interior da caverna, terminando por transformar toda a montanha acima em um vulcão ativo que, ninguém saberia dizer como ou por quem, mas que fora batizado como o Monte Gran’nastur.

 

Mas, no momento da primeira erupção, apenas um Guerreiro, também chamado por alguns de Paladino Invernal, de demônio por outros e um sem número de alcunhas, testemunhara o que seu poder, alimentado pelo puro ódio, era capaz.

 

— Tomarei esse mundo maldito, encontrarei uma maneira de voltar e quando nos encontraremos de novo, irmão, quando falar meu nome, Krampus será a última palavra que terá saído dos seus lábios mortos. Assim eu juro.

 

 

APENAS O COMEÇO.


Galeria de Imagens.

Paladino Invernal.


Krampus.




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