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Spectrum-EX - Halo 29 - Spectrum-EX vs Vila da Morte 12

 

 
 


Fala pessoal!!!

 

Finalmente saiu mais um pedaço do confronto do herói Spectrum-EX com os vilões do conto “Vila da Morte”. Nesse episódio, Miriam está quase chegando ao fim da sua busca por Miguel, após meses de treinamento com as garotas do “Blogger Aberração”, personagens emprestados pelo grande Kiko Mauriz, um grande quadrinhista responsável pelo título recente “Fighting Pose”.

 

 

Obrigado @todos e boa Leitura.

 

⚔️Spectrum-EX vs Vila da Morte💀

📓Por Jeremias Alves PIres

 

📘 Parte 12 - A Busca de Miriam parte 5: O abrigo…

 

Alguns meses antes…

 

Por quanto tempo se é capaz de guardar rancor? Alguns de nós, principalmente os que tiveram a alma destroçada a ponto de perverter a mente, jogando-a em um lugar repleto de valores voltados tão somente à sobrevivência do mais terrível e perverso que se possa ser, levam seu desejo de vingança, muito além do túmulo.

 

Como qualquer outro desgraçado, o pequeno homem que lembrava somente do apelido dado no mundo do crime, o único a lhe abrir os braços e reconhecer nele algum valor, O Rato, via a própria vida passar diante dos olhos, enquanto sua carne era arrancada, devorada saborosamente, pelas criaturas malditas das quais também iria fazer parte.

 

— Por favor, façam rápido… Façam rápido… — O Rato implorava, ninguém escutava, somente devorava, rasgava…

 

O corpo pequeno, mas treinado para ser ágil e forte, com uma resistência fora do comum, trabalhou contra ele, pois deixava o momento derradeiro distante, agonizante.

 

Havia pensado algumas vezes em sua morte, imaginou que iria rir ao rever seus pecados. Quão surpreendente foi ver que voltou a um tempo em que havia inocência em sua alma.

 

Sua primeira memória era a de um lugar chamado “Casa do Bom Acolhimento”. Lembrou de todos os maus tratos, todas as surras…

 

— Um dia eu vou crescer e vou me vingar…

 

— Você não ouviu o médico, ladrãozinho de comida? Você está condenado a ser pequeno e frágil para o resto da sua maldita vida… — A cozinheira balofa zombava, enquanto lhe dava tapas na cara, com toda sua força, toda sua raiva.

 

— O que foi, pegou ele roubando comida de novo? — Disse o segurança ao ver o menino com o rosto todo vermelho, nariz sangrando.

 

— Roubei sim, igual vocês… Eu vejo vocês levando a comida boa pra casa escondido, toda noite, depois de fazerem coisa feia… — Revelou o pequenino.

 

— Tá espiando a gente a noite é? Seu pirralho… Parece mesmo um Rato! — Furioso, o segurança pegou seu cacetete, como um carrasco prestes a executar uma sentença de morte.

 

— Vai logo… Um dia eu vou me vingar de vocês, eu juro… — O pequenino não se intimidou.

 

— Moleque desaforado, você não passa de um rato… — O segurança deu-lhe duas pancadas com o cacetete, bem no rosto.

 

— Eu? Rato? É você que como lixo… — O pequenino riu e apontou para a cozinheira.

 

— Seu verme… Seu rato! — A cozinheira começou a chutar a criança.

 

— Isso mesmo, seu rato! — O segurança se juntou ao espancamento.

 

De todos os xingamentos, rato era a palavra que mais os dois agressores repetiam, enquanto batiam. Veio então a escuridão, quando o pequenino acordou, estava abandonado em um beco, junto a uma pilha de lixo. A cabeça doía, o rosto sangrava. Lembrava somente da palavra “rato”.

 

Mais uma vez estava vindo aquela escuridão da qual ele despertou uma vez. Pensou se finalmente teria paz.

 

— Acorda, acorda, meu ratinho lindo…

 

O Rato abriu os olhos que já não eram humanos, já não sentia dor, já não sentia mais nada. Encarou assustado sua nova rainha.

 

— Para com isso, seu bobo… Levanta! Vá aproveitar sua nova… “vida”! Hoje vamos apenas nos divertir a valar…. hahahahaha!!!! — Disse a rainha, esbanjando loucura.

 

— Olha, quer saber de uma coisa, tem mesmo um lugar que quero visitar… — Aquilo que já havia sido um reles criminoso, levantou como uma criatura das trevas, sedento por vingança, mais do que por carne…

 

Hoje …

 

Miriam estava nua diante do espelho, admirando seu corpo, vendo a própria alma através dele. Estava bela como jamais esteve. Quanta ironia, a dor que prometia a morte, fez dela alguém mais forte, que já não temia a própria sorte… A fez treinar, arduamente, dia após dia, nas semanas que se seguiram rapidamente, para deixar de lado a menina frágil, para fazer nascer a mulher mais poderosa. Em algum ponto do caminho, não mais por quem buscava, mas por si.

 

Ele iria gostar… Fechou os olhos e, mais uma vez, viu as mãos de seu amado desaparecido mapeando cada parte sua. “Quando?”, perguntou como fazia todos os dias… Desejou que alguém sussurrasse aos seus ouvidos, “Agora”... Entregaria então os lábios ressecados, sedentos; amaria, da forma como o corpo queria, como a alma tanta falta sentia. Nada mais fazia, apenas ansiava esse dia… Assim até ali, Miriam não vivia, sobrevivia, tendo por combustível uma esperança, tantas vezes frágil como a parca luz de uma vela a duelar com a escuridão.

 

Talvez aquele fosse o dia em que iria finalmente encontrá-lo, de qualquer forma estaria pronta.

 

— Miriam, anda logo.. Vamos atrasar… — Ana bateu na porta, como uma irmã mais velha e responsável.

 

— Nossa…Desculpa, não vi o tempo passar… Só mais cinco minutos… — Miriam respondeu como se fosse a irmã mais nova e avoada.

 

— Cinco minutos… Se demorar mais que isso juro que arrombo a porta… — Ana ameaçou.

 

— Tá bom…Tá bom… — Miriam deu a última palavra.

 

— Quem diria, heim? Agora você sabe como me sinto… — Bia riu de Ana.

 

— Nossa, verdade… Agora eu sou a chata histérica… Roubei seu papel, não foi? — Ana respondeu de forma inocente.

 

— Quem era a chata histérica? — Bia se irrita.

 

— Oi, Bia… — Miriam abriu a porta, finalmente pronta para sair.

 

— Respondido… Bora Miriam. Vamos antes do “Boom”... — Ana puxou Miriam pelo braço, conduzindo-a apressadamente.

 

— Annaaaaaaaa!!!!! — Bia gritou, pondo pra fora a ira que a tomou subitamente.

 

Miriam não conseguia parar de rir. Os dias com as garotas do “Blogger Aberração”, eram assim. Foi então que o vento soprou de um modo incomum, como se soprasse avisos de tempos difíceis muito próximos de acontecer.

 

— Miriam, o que foi? — Ana perguntou.

 

— Estranho… Estou com uma sensação ruim… — Miriam respondeu olhando para o vazio.

 

— Melhor tomarmos cuidado então, é um grande erro ignorar esse tipo de “aviso”. — Ana ficou ainda mais preocupada.

 

Naquele pouco tempo, Ana havia tornado Miriam sua aluna, despertando um lado seu muito sério que ela mesma desconhecia. Não fazia ideia ainda de que tipo de ameaça estavam prestes a enfrentar ao estar no encalço de Spectrum-EX. Não tinha dúvidas, no entanto, que seria algo tenebroso e mortal. Não sabia se Miriam estava pronta se ela mesma estava pronta.

 

— Dá um tempo… Você não é séria desse jeito! — Bia chegou de surpresa e deu um tapa forte na cabeça de Ana.

 

— Doeu sua… — Ana passou  a mão na cabeça sentindo a dor do tapa.

 

— Depois a gente briga… Agora temos que nos concentrar no nosso próximo passo. Estamos mais perto do que nunca de achar o Miguel. Vejam isso… — Bia mostrou uma foto de Miguel, tomando o que parecia ser um café da manhã juntamente com outras pessoas em situação de rua.

 

— Deixa eu ver… — Miriam tirou a foto das mãos de Bia muito ansiosa.

 

Na foto Miguel, estava magro, judiado, tão diferente do Miguel que conhecia. Uma lágrima correu pelo seu rosto.

 

— Está acabando… Logo você vai estar cara a cara com ele de novo… — Quis consolar Bia.

 

— Onde é esse lugar? — Miriam perguntou.

 

— É uma casa de acolhimento temporário. Tenho um amigo que trabalha lá. Essa foto é de uma das câmeras de segurança.

 

— De quando? — Perguntou Ana.

 

— Dá semana passada… Tem um vídeo também…

 

— Vamos logo, no caminho quero ver esse vídeo… — Miriam não podia mais aguentar.

Ninguém disse mais nada, entraram no carro de Bia e partiram para casa de acolhimento. Como em um transe, Miriam olhava o vídeo no celular. Não havia dúvida, era Miguel, o homem que ela não deixou de amar um segundo sequer, talvez o amasse até um pouco mais, já que sua alma gritava o nome dele. Ver o estado lastimável em que ele estava fez nascer nela um total desespero. Algo dentro dele dizia que sua busca estava prestes a acabar…

 

Mais tarde, no cair da noite…

 

Casa do bom acolhimento, um casarão antigo, que já tinha sido de tudo um pouco, e nunca fora nada… O lugar carregava consigo a mesma estigma que o restante do país. Não importava quantas placas bonitas com nomes diferentes, ou mesmo novas pinturas, o propósito do lugar era sempre o mesmo, oferecer o mínimo e lucrar muito. Curar sofrimento humano não é uma boa ideia, isso liberta… Compromete o poder. O antigo casarão era exatamente a manifestação disso.

 

— Bem, vocês três são novas aqui, então prestem muita atenção… Evitem andar sozinhas por aí. — Disse Jurema, uma senhora enorme de obesa, mas pequena de coração, com a cara de poucos amigos que lhe era a característica principal da responsável pelo casarão.

 

— Eita… Mas por quê? — Perguntou Ana, quase como uma criança inocente.

 

O ar infantil de Ana irritou Jurema, detestava crianças, detestava já a muitos anos…

 

— Sabe…Algumas dessas almas infelizes que se abrigam aqui somente durante a noite, são realmente pobres coitados destruídos pela sociedade, por eles mesmos… Mas alguns deles são… Gente não muito legal… Escondidos dos olhos da lei… Gente má gosta de se divertir no escuro… Você vai querer diverti-los, garotinha?

 

Jurema aproximou o rosto de Ana, que se escondeu atrás de Bia, balançando a cabeça de um lado para o outro, dizendo não com o corpo, uma vez que fala havia travado momentaneamente. Ana havia feito uma leitura rápida da aura de Jurema e ela cheirava a coisas malditas que moram nos nossos pesadelos da mais tenra idade.

 

— E se algum deles, ao tentar se divertir, se machucar um pouco, ou até muito? — Miriam perguntou a Jurema cheia de sarcasmo, rapidamente captado por Jurema.

 

— Bem… Isso também acontece por aqui… Outro dia mesmo, um deles quebrou umas duas costelas… Culpa dele, totalmente culpa dele… O coitado estava muito animado e aqui é um lugar de repouso temporário… Infelizmente ninguém sabe o que realmente aconteceu, essas câmeras que vocês estão vendo são só de enfeite… Moreninha, de você eu gostei… — Jurema sorriu, o que a deixou ainda mais assustadora.  A boca enorme, os dentes amarelados, o brilho maligno no rosto, tudo dizia que aquela criatura gostava e muito de machucar seus semelhantes.

 

— Olha só… Temos três novas princesas por aqui?

 

Um homem alto e magro, feio de doer, com um nariz enorme e olhos pequenos, se fez ver quando cruzaram o corredor. Sorriso cafajeste, olhou as moças dos pés à cabeça, mais de uma vez. Passou a mão esquerda nos cabelos, num gesto involuntário, causado por um nervosismo vindo do desejo forte das imagens obscenas que rapidamente sua mente suja formulou. Começou a girar a lanterna na mão direita, numa tentativa patética, digna de piedade, de ser sedutor. As garotas nada disseram, mas pensaram ao mesmo tempo “Veio feio tarado do caralho”.

 

— Podem bater nesse daqui também, se ele achar que pode se divertir… — Disse Jurema, com cara de nojo, apontando para o “Veio Tarado”.

 

As garotas riram alto. Jurema se permitiu um minuto de simpatia, soltando uma gargalhada medonha.

 

— Vocês estão rindo de mim… Rindo de mim… Garotas escrotas… Eu sou o responsável pela segurança desse lugar, olha o meu crachá… Eu sou uma autoridade por aqui.

 

O segurança se irritou, mais uma vez passou a mão nos cabelos brancos e mostrou o crachá, da onde o nome “Jarbas”, parecia estar escrito não em um pedaço de plástico barato, mas em um letreiro luminoso, tal a forma como era exibido. A tentativa de pôr moral, foi um verdadeiro fracasso. Todos riram ainda mais da cara de Jarbas.

 

— Vai fazer a sua ronda, idiota! Antes que eu faça pâté da sua cara! — Jurema ameaçou dar um soco em Jarbas, que se encolheu todo.

 

— Eu vou me queixar… Vocês vão ver… Eu vou me queixar… — Jarbas saiu andando rápido, claramente com medo de Jurema. Acabou escorregando e batendo a bunda ossuda no chão.

 

Mais e mais gargalhadas.

 

— Eu vou me queixar!!! Vocês vão ver!!! — Jarbas levantou o mais rápido que podia e foi enfim fazer sua ronda.

 

— Tchau Jarbs!!! — Bia gritou e teve certeza que ouviu Jarbas dizer um palavrão.

 

— Agora já chega… Vamos focar no trabalho… Vamos ao dormitório principal… — Jurema voltou a fechar a cara.

 

Por um segundo, a respiração de Miriam parou, o coração acelerou, pois se deu conta de que sua busca estaria chegando ao fim.

 

— Calma… — Disse Ana apertando a mão de Miriam.

 

— É só um bando de vagabundos… Qual é o seu problema? — Jurema repreendeu Miriam — Só tem louca nesse porra…

 

Miriam estava diante de uma porta dupla de madeira maciça, tão antiga que era surpreendente que ainda estivesse de pé. Escapou um pequeno sorriso ao pensar em um programa antigo de televisão. “Vamos abrir as portas da esperança”, imaginou alguém dizendo e logo em seguida veria Miguel com um buquê de rosas vermelhas.

 

Jurema tirou Miriam de seu devaneio quando encaixou a chave, igualmente tão antiga quanto a porta, e a girou para abrir as “portas da esperança”. Engrenagens de metal mal lubrificadas emitiram um estranho rugir, como se uma fera faminta tivesse acabado de acordar.

 

— Espero que as gatinhas estejam prontas… — Disse Jurema no tom de quem faz uma ameaça.

 

Os músculos de Jurema mostraram o quanto as “portas dos sem esperança” pesavam, era quase como se elas carregassem consigo certos pecados, aqueles que todos preferiam fazer de conta que jamais haviam sido cometidos, e precisam sempre estar bem escondidos. O abrir daquelas portas fez um som estranho, parecido com um medonho gemido de angústia.

 

Lentamente, sob o som daquele gemer demoníaco, como a luz de uma vela tentando revelar o que se oculta nas trevas, aqueles que ali jaziam foram se mostrando.

 

Não era preciso ter os dons mediúnicos aprimorados de Ana, ou os que Miriam treinava, dia após dia, para que se pudesse sentir a egrégora triste dominava o ar. Estavam ali, sonhos destroçados, esperanças abandonadas, mentes entregues aos vícios, ou que somente tinham adoecido, talvez até com cura, mas sem ninguém que se importasse.

 

— Boa noite, gatinhas… Eu sou o jão… — Um homem baixo e corcunda, sem os dentes da frente, cabelos brancos longos e despenteados, fez uma saudação que almejava um flerte.

 

— Mais um veio tarado? Vocês fazem coleção, é isso? — Ana se manifestou.

 

— Acho que é seu tipo, por que você não dá pra ele uma alegriazinha? — Brincou Bia.

 

— Só depois que você der uns beijos no Jarbs… — Retrucou Ana.

 

— Brincadeiras, a essa hora? A cabeça de vocês deve estar quebrada… Cuidado… Cabeças quebradas acabam descartadas aqui… — Jurema mostrou seu senso de humor sombrio, misturado a seu aviso.

 

Ana, Bia e Miriam, nada falaram, a heroína dentro delas que repudiava o mal as fizeram encarar Jurema, cheias de reprovação e prontas para lhes dar uns bons tapas, caso voltasse a zombar daquelas pobres almas, pelas quais, só de olhar a situação em que estavam, tinham enchido seus corações de compaixão.

 

É diante da dor dos outros que o que há de melhor ou pior em nós se manifesta. Uns se solidarizam, uns nada sentem, outros escarnecem…

 

— Bem… Vamos trabalhar! As pranchetas estão ali, naquele armário… Anotem os nomes desses desgraçados, precisamos exatamente quantos abrigamos essa noite…

 

Jurema foi embora rapidamente. Mesmo sendo grandalhona, sentindo que daria cabo facilmente das três magrelas, algo dentro dela a fez ter medo, algo vindo dos seus sentidos de autopreservação, que dizia para ela não mexer com aquelas meninas.

 

Assim que Jurema saiu, as garotas começaram o trabalho de registrar os que ali estavam. Miriam tentava reconhecer Miguel em cada rosto maltratado que passava diante de seus olhos, enquanto ouvia histórias tristes de vidas que haviam dado errado.

 

— Ah… Minha filha eu já fui gerente de loja, mas entrei na cachaça e hoje eu to aqui… — Disse um.

 

— Eu tava tão louco de droga que nem vi quando me puseram pra fora de casa, acho que foi meu próprio filho… — Outro lamentou.

 

E assim, em meio a histórias tristes, a noite foi passando, e passando… Garotas fizeram amizade facilmente com aquelas pessoas carentes.

 

— Vocês já viram esse rapaz? — Miriam não se cansava de mostrar a foto de Miguel.

 

— Não… Nunca vi…

 

A cada resposta negativa um pedaço das esperanças de Miriam se despedaçava.

 

— Acho que já vi ele uma vez… Vi Aqui…— Alguém finalmente deu alguma esperança.

 

Miriam sentiu o coração vir à boca. Parecia um sedento, perdido no deserto, que se depara com um oásis. Não teve tempo de saciar sua sede.

 

— Socorro!!!

 

— Jarb…. — Ana reconheceu o infeliz a gritar.

 

Uma onda de pavor se espalhou. O silêncio que se fez, permitiu ouvir o som de carne sendo rasgada, e os gemidos de um último suspiro que expressava todo o sofrimento de um final excruciante. Vinha do corredor do outro lado da porta trancada. Um cheiro rubro que apenas as narinas de quem já havia visto algum massacre saberia reconhecer, tomou o ar para si.

 

Houve mais silêncio, mas não o silêncio da calmaria ao fim da tempestade, e sim o que a serpente faz para surpreender sua vítima.

 

A busca de Miriam estava terminando e o pior estava por vir, como um rato no cair da noite…

 

Continua...

4 Comentários

  1. Grande Jeremias !

    Que retorno!

    Capítulo sombrio ecextremamente tenso, relatando a busca de Miriam por seu amado, mas, também, de modo brilhante, como só você sabe fazer, trazendo as mazelas da sociedade e sua hipocrisia narcisista, onde todos não são mãos do que meros personagens no circo de horrores que é a vida dos marginalizados e esquecidos da sociedade.

    Jurema e o Jarbas devem ter sido os algozes do ser chamado Rato, que agora inicia a sua vingança aos maus tratos que sofrerá enquanto um ser vivo.

    Foi genial o modo como você conduziu o capítulo.

    Meus parabéns!

    Outra obra-prima!

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  2. Opa... Muito obrigado. Estou tentando manter o clima de critica social do Vila da Morte. Logo veremos a vingança do "Rato".

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  3. Mais um excelente capítulo. Muito bom escrito e a narrativa dar uma boa "prendida" no leitor. Parabéns!

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