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Caçador Escarlate #02

 


Quando memória retornam brevemente.

Olá Tokuleitores.

E vamos para o capítulo 02 do meu Metalder, onde começo a dar uma "arranhada" nopassado do Caçador Escarlate.

Espero que gostem.

Portanto... Boa leitura.



Caçador Escarlate.

Episódio #02.

Casa.


Algum tempo antes da invasão vampírica.


Shiro Koga! Está esquecendo seu bentô. De novo.


O que eu faria sem você…


Casado há cerca de dois anos e com uma filhinha de pouco mais de um, no alto de seus trinta e cinco anos, o especialista em robótica não poderia estar mais feliz com sua nova rotina como pai de família.


Por isso ele pegou o embrulho com a comida feita por sua esposa, deu um beijo em suas meninas e logo estava indo a pé para seu trabalho, não sem antes aproveitar uma lixeira próxima, onde ele depositou com cuidado o pacote que lhe fora dado.


Infelizmente não inventei um processador que fosse potente o bastante para dar um jeito nessa comida… Perdão meu amor, mas eu ainda quero viver um bom tanto de anos ainda.


Com um sorriso feliz no rosto e dando graças pela comida fornecida pela empresa, logo ele estava no imenso prédio da AlphaTech, uma das maiores desenvolvedoras de tecnologia robótica do Japão.


Bem-vindo, Shiro-san. Seu café está pronto.”


Obrigado Sakura. Não sei o que eu faria sem você...


Provavelmente passaria fome...”


O cientista seguia bebendo o café, que havia sido entregue logo que ele passou pelos portões da empresa, feito perfeitamente do seu gosto, uma cortesia já costumeira vinda de sua I.A. pessoal, desenvolvida a pouco mais de um ano e com uma capacidade de aprendizagem que superava em muito qualquer outra já criada.


Como está o avanço?


Extremamente lento, infelizmente.”


Conforme ia falando com Sakura, através de um moderno comunicador auricular, o cientista ia descendo por um silencioso e particular elevador, parando no vigésimo andar subterrâneo, que se iluminou assim que Koga colocou seu pé direito no piso de um imenso laboratório.


Bem no centro do local jazia uma câmara, capaz de abrigar várias pessoas, mas que trazia em seu interior apenas uma figura, que possuía forma humana, ligada a dezenas de fios e cabos de energia, o que causava uma queda nas luzes, de tempos em tempos.


O original teve sua IA baseada na mente de um jovem morto, Tatsuo Koga, despertando apenas quando o pai dele, o doutor Ryuuichirou Koga, foi morto, o que serviu de faísca, para que a vida do androide original fosse acesa.


Preciso descobrir se o que aconteceu ao meu tio teve mesmo algo a ver com a ativação do Metalder original ou se houve outros fatores, ou mesmo uma junção de acontecimentos.


A IA Sakura era avançada o suficiente para permanecer em silêncio, enquanto o cientista divagava, falando consigo para tentar ele mesmo acender a sua faísca mental.


Aquela forma de trabalhar seguiu-se por meses, até que a barreira da ética ficou entre o cientista e a única forma de testar suas teorias, ao precisar de algum voluntário para transformar sua mente em impulsos elétricos e transferi-los para o atual corpo robótico que permanecia inerte à sua frente, o que poderia, invariavelmente, causar a morte do voluntário.


No fim a resposta veio na forma da invasão vampírica que se abateu sobre o Japão.


Tranque todas as portas e espere por mim meu amor. Vou dar um jeito de salvar vocês duas.


Havia poucas pessoas no prédio naquele dia e enquanto Sakura ia assumindo o controle e trancando todo o lugar, Shiro, sem nenhum sinal de hesitação, correu até seu laboratório e de forma desesperada se ligou aos aparelhos que, se sua teoria estivesse correta, transferiria sua mente para o novo Metalder.


Se isso não der certo, me perdoe Haruka meu amor e Rina, minha filhinha, perdoe o papai.


E então, com uma prece no coração, ele acionou o aparelho.


Calma filha. Não chora.


Não muito longe dali, a mãe tentava em vão acalmar sua filha, enquanto o som de dezenas de punhos ressoava dentro da casa, conforme vários vampiros tentavam forçar a dona da casa a abrir a porta para eles.


Repentinamente as batidas foram diminuindo, seguidas por gritos de dor e pavor até que, em poucos minutos, apenas o silêncio reinava.


A porta então foi destrancada por fora, o que fez Haruka pegar sua filha no colo e correr na direção da entrada, esperando ver seu marido, mas logo ela interrompeu seu avanço e caiu sentada ao ver o que entrava.


Andava e se movia como um homem, mas trajando uma armadura que lhe cobria o corpo inteiro, emitindo sons estranhos cada vez que suas pernas davam um passo, os punhos estavam cobertos por um líquido escuro e pegajoso que deixava um rastro conforme ele avançava pelo interior da residência.


Finalmente estou em casa.


Nos dias atuais, com o Japão ainda sofrendo em meio à invasão vampírica, alguns sobreviventes chegavam a um lugar que, acreditavam, poderia lhes oferecer abrigo e proteção em meio ao pesadelo que estavam vivendo.


Nem tudo seria fácil, no entanto.


Aquilo é o que eu estou pensando Metalder?


O homem-robô, que um dia fora apenas um marido e pai amoroso, observava uma imensa massa escura se aglomerando à frente do veículo, pouco mais de quinhentos metros de distância.


Os movimentos se intensificavam, indo de um lado para o outro, parecendo um oceano bravio, onde era possível divisar algumas silhuetas humanoides.


Pouco a pouco o estranho fenômeno começou a se aproximar da Ambulância Sombria, fazendo com que Metalder finalmente respondesse a indagação de seu companheiro.


Com certeza. É um Tsunami Vampírico.


4 Comentários

  1. Grande Norberto!

    Achei interessante a ligação que você fez do atual Metalder com o Metalder original, inclusive na questão de parentesco de Shiro Koga com o Ryuuichirou Koga, o cientista que fez Metalder tendo como base seu filho morto (aqui chamado pelo nome original - Tatsuo Koga) .

    Dito isso, Shiro, em meio ao ataque vampírico abriu mão de sua humanidade e de sua família para salvar a Terra.

    Ficou muito bacana.

    Ansioso pelo próximo capítulo!

    Parabéns!

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  2. Muito obrigado pela leitura e comentário.
    Tentei dar uma pouco de profundidade para esse novo Metalder, com uma família para que ele tente proteger durante a invasão.
    espero conseguir desenvolver bem isso.
    Valeu!

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  3. Que capítulo incrível, Norberto!

    A forma como você desenvolve Shiro Koga antes da invasão vampírica dá um peso emocional fortíssimo à sua transformação. O contraste entre a leveza da vida cotidiana – a troca de carinho com a família, o jeito bem-humorado de lidar com a comida da esposa – e o destino sombrio que o aguarda é brilhante. A cena no laboratório, com ele questionando a ativação do Metalder original, é fascinante e cheia de camadas, colocando ciência e ética em rota de colisão.

    E então vem a virada brutal: o apocalipse vampírico. A forma como a urgência toma conta da narrativa, levando Shiro a fazer o sacrifício supremo, é emocionante e trágica. A cena dele acionando o dispositivo, sabendo que pode ser o fim, é cinematográfica. E o impacto disso na família? Devastador. A Haruka abrindo a porta esperando o marido e dando de cara com Metalder, com sangue escorrendo dos punhos, é de arrepiar!

    E aí você coroa tudo com um final apoteótico: "Tsunami Vampírico". Cara, que conceito espetacular! Você pega o horror dos vampiros e eleva ao nível de desastre natural, algo incontrolável e avassalador. Esse desfecho cria uma expectativa gigantesca para os próximos capítulos!


    Parabéns, meu amigo! O Caçador Escarlate não só entrega ação e ficção científica impecáveis, mas também um drama humano poderoso.

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    1. Agradeço de coração pela leitura e comentário!
      Tentei realmente, nas poucas linhas a que me imponho a usar nesse título, de forma a deixar o mais emocionante possível o pano de fundo do novo Metalder, mostrando, ainda que rapidamente, a vida do Shiro, de sua família para, antes de maiores aprofundamentos, voltar ao presente e dar esse gancho que acabei bolando no minuto final do texto.
      Valeu mesmo!

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