Para encerrar o ano de 2019 decidi lançar um segundo Conto Z, agora colocando uma equipe de operações secretas criadas por uma organização de defesa mundial, com três guerreiros que também receberam poderes da Força Terrena, os Changeman Black Ops.
Ainda que eles mesmos não tenham se dado esse nome, acompanharemos uma das missões do grupo.
Se eles vão retornar ou não?
Só o futuro dirá.
Portanto, sem mais delongas... Boa leitura!
Tokusatsu Z
Changeman Black Ops
Confinamento.
Cada um partiu
de seu país à sua maneira.
Mar, terra, ar.
No íntimo os
três líderes se perguntavam se não era cedo demais, se a missão imposta não
seria demais, não apenas para eles, mas para os homens e mulheres sob seu
comando.
Tais hesitações
e pensamentos ficariam para outro dia, eles disseram para si mesmos, quando
seus veículos de transportes haviam finalmente alcançado os locais devidamente
estipulados.
- Muito bem
moças... – Diante de quatro mulheres trajando uniformes militares estava uma
jovem de longos cabelos negros em roupas civis. – Estão prontas?
Hora de voar!
- Senhora! Sim Senhora!
A porta traseira de um imenso avião de carga
se abriu, forçando as passageiras a segurarem nos cintos de couro que as
prendiam em corrimões de metal.
O vento agitava seus cabelos, ao menos as
três que tinham cabelos compridos, enquanto as que adoraram cortes militares
davam graças por isso naquele momento.
- Ok! Change Harpia!
O corpo da líder da equipe foi tomado por um
intenso brilho amarelado, forçando suas comandadas a desviar o olhar até ele se
dissipar.
A militar agora envergava um traje colorido,
com predominância da cor amarela, seu capacete cobria-lhe toda a cabeça, na
fronte de seu capacete e no meio do peitoral do uniforme uma imagem da criatura
mitológica que lhe dava seus poderes.
- Maria! Cláudia! Jana! Rafaella! – era
necessário gritar para cobrir o som dos violentos ventos que entravam na área
do avião onde estavam. - Soltem suas cintas de segurança!
Sem nenhum sinal de hesitação, as quatro
soldadas da aeronáutica brasileira obedeceram sua líder que, antes de alguma
delas ser levada pelos ventos, fez emergir de seu corpo uma energia dourada que
ligou todas.
- Aqui é a comandante Manuela! - Estamos
prontas... Só aguardando o sinal.
Change Harpia olhou na direção de uma luz de
emergência que, em poucos segundos, acendeu, dando permissão para o salto.
- Vamos Change!
E então as quatro literalmente voaram para
fora do avião que começou a voltar para casa, restando aos pilotos desejarem
sorte para as companheiras, vendo cinco pontos dourados que desciam em
velocidade absurda.
- Cara... Elas não precisam de paraquedas não?
- Tu é mesmo um sarro novato... Não sabe que
a comandante Manu e suas garotas nunca usam paraquedas? Ela diz que é coisa de menininhas...
Base... Harpia Mãe retornando... Os filhotes abandonaram o ninho... Repito...
Os filhotes abandonaram o ninho.
O copiloto continuou acompanhando os pontos
luminosos até eles sumirem em meio a algumas nuvens.
A missão havia começado.
XXX
- As Aves saíram do ninho! As Aves saíram do
ninho!
- Tá bom! Já entendi! Junta aí cambada!
Ao comando do único homem a bordo sem um
uniforme militar, quatro soldados se perfilaram diante dele, todos com
semblantes sérios, posição de sentido perfeita.
- Porra pessoal, já chega disso né? Descansar
e se preparem prá entrar no bolsão...
Os homens sorriram e relaxaram, lembrando
como Jack Dash, o líder do grupo, se irritava com os costumes sérios da marinha
americana, seguindo-o até uma área especial do submarino que os havia trazido
até perto do alvo.
Pesadas portas se fecharam atrás deles e à
frente apenas uma parede de plexiglass transparente os separava do fundo do
oceano.
- Ok! Change Kraken!
Jack envergava um uniforme verde com destaque
para o símbolo do famoso monstro aquático, se voltando para os demais membros
de seu grupo, não sem se perguntar pela milionésima vez como ele entrara
naquela roubada.
Nunca havia tido a menor vontade de servir,
fortemente influenciado pelos avós hippies, mas quando ajudou várias pessoas
durante um ataque das forças invasoras alienígenas, não podendo contar com a
ajuda dos heróis do Japão, ele foi envolvido pela força terrena.
Assim nascia o Operativo 02, primeiro
obrigado a se alistar na marinha americana e, devido aos seus poderes, depois na
iniciativa Força Global, fundadora do grupo de operações secretas composta
pelos três indivíduos escolhidos pelo poder que criou os Changeman.
Desde então cada um deles criou um pequeno
grupo de soldados especialmente escolhidos principalmente pela capacidade de
compartilhar algumas das capacidades dos Operativos.
- Todos prontos? – olhares entediados por
sempre ouvirem aquela pergunta. – Tá, claro, claro... - Vamos Change!
Uma energia esmeralda envolveu os quatro
soldados, pouco antes das comportas do submarino se abrirem, dando passagem a
quatro bólidos que lembravam torpedos, que seguiam a uma velocidade absurda
para o continente próximo.
- Os golfinhos ganharam as águas... – o
responsável pela comunicação da embarcação tratava de informar seus líderes. –
Repito... Os golfinhos ganharam as águas.
XXX
- Ok! Change Golen! – o imenso soldado mal
terminou sua transformação e já abria os braços na direção de seus dois
comandados. – Vamos Change!
Uma energia escura, entre marrom e preto foi
partilhada entre os soldados do exército Israelense, que sentiram suas forças
alcançando níveis acima do humano, conseguindo escalar um muro com mais de 10
metros de altura simplesmente cravando os dedos no concreto.
- Base... – uma vez com os três do lado de
dentro, tomando o cuidado para evitar possíveis vigias, Caleb, o Change Golen,
entrava em contato com seus superiores. – Estamos dentro, não vejo sinais de
guardas no perímetro e existe uma porta a poucos metros... Devo esperar os
civis ou posso dar continuidade à missão? OK. Levi, Hannah... Vamos em frente.
Eles cobriram a distância que os separava da
entrada em pouco mais de quinze segundos, o líder já anotando mentalmente que
deveria ser mais rigoroso nos próximos treinos.
A porta cedeu facilmente conforme o soldado
Levi enfiou os dedos na junção delas e forçou um pouco.
Ele conseguiu esconder bem a surpresa da
facilidade com que as portas se abriram, mas não o sobressalto com a violência
que elas voltaram a fechar assim que eles entraram no andar térreo do imenso
prédio.
Uma vez lá dentro o inferno teve início.
XXX
Os
membros da equipe aérea pousaram graciosamente no topo do prédio e a
especialista em infiltração correu na direção da entrada mais próxima,
hackeando o sistema e colocando-as lá dentro em tempo recorde.
Assim que a última garota entrou a porta se
fechou atrás delas.
- Sem problema meninas... – Change Harpia,
mesmo detestando aquilo, ia tomando a liderança. – sempre podemos explodir uma
saída... O importante agora é encontrar com os rapazes no andar indicado como o
principal... Maria cheia de graça... Hora dos seus milagres...
Imediatamente a hacker se abaixou perto do
controle da única porta daquele andar, abriu o painel, enfiou vários cabos e,
usando um painel holográfico, começou a desbloquear as defesas.
Harpia, como sempre naqueles momentos de
calma no meio de uma missão, analisava a equipe posta sob seus cuidados, Jana e
Cláudia estavam de mãos dadas, um sinal de amor e, caso algo desse errado, uma
despedida silenciosa, enquanto Rafaella conferia pela enésima vez suas armas.
Ela nunca escondeu o fato de que não confiava
na Força Terrena.
- Pronto! Quem é a melhor do mundo? – Maria
deu as costas para a porta que deslizava rápido para o lado, enquanto apontava
os dois dedões passa si mesma. – Essa garota! É isso aí...
A frase se tornou um grito agudo quando
vários pares de mãos emergiram da escuridão, agarrando violentamente a garota,
arrastando-a para dentro, sem dar chance das colegas sequer se moverem.
- Não!
Rafaella foi a primeira a despertar do
torpor, puxando duas pistolas dos coldres de sua cintura, disparando contra
outras mãos que vinham saindo da escuridão.
Mãos de carne podre, pele acinzentadas, unhas
crescidas do tamanho de garras, antecedendo um horror ainda maior.
O primeiro que passou pela porta,
apresentando ferimentos resultantes dos tiros que Rafaella disparou, desabou no
chão do corredor onde a equipe aérea se encontrava.
Pedaços de carne podre se espalharam pelo
chão, conforme a criatura se arrastava, tentando em vão ficar de pé, deixando
também um rastro negro de um sangue pútrido que escorria farto dos ferimentos.
Mostrando que todas ali eram, não apenas
mulheres fortes, mas também e principalmente militares prontas para encarar
qualquer perigo, por isso não perderam tempo com gritos ou qualquer outro sinal
de medo.
Mais uma vez Rafaella partiu primeiro para o
ataque, explodindo a cabeça do zumbi antes que ele avançasse mais um
centímetro, deixando-o de lado imediatamente, conforme mais monstros iam saindo
pela porta.
Lá de dentro um grito estrangulado pode ser
ouvido, lembrando a todas que uma delas havia sido levada, o que serviu para
que todas finalmente entrassem em ação.
- Ventos da Perdição! – Change Harpia,
tomando a frente do grupo, balançou os braços e uma lufada de vento jogou todos
os zumbis para dentro de onde quer que eles estivessem saindo. – Avançar!
Todas agiram em uníssono.
Enquanto Harpia Mantinha os braços abertos,
movendo-os em intervalos para manter a porta desobstruída, as demais avançavam,
armas em punho, explodindo as cabeças dos zumbis sem dar chance para que eles
se aproximassem.
Ao entrar no local escuro imediatamente Jana
espalhou unidades de luz, que se fixaram nas paredes e teto, revelando um estacionamento
imenso, lotado de veículos, do lado oposto a onde elas estavam, portas de
elevador e outras indicando as escadas.
Mas todas tinham sua atenção voltada para o
centro do estacionamento, onde dezenas de zumbis se aglomeravam sobre um único
ponto do chão, todos em uma luta desesperada para alcançar algo.
Sem aviso e para horror das companheiras,
Maria tentava se erguer do literal oceano de desmortos que a atacavam.
Seu uniforme estava em trapos, ela não tivera
tempo para fechá-lo totalmente, e onde os rasgos estavam imensos, a pobre
exibia ferimentos horríveis, um dos seios fora arrancado, assim como a carne de
seu bíceps direito e boa parte da bochecha, seu maxilar pendia da cabeça, preso
apenas por um fio de pele, a língua já se fora, deixando claro o motivo dela
ter se calado.
Um pequeno orifício surgiu entre seus olhos,
encerrando de vez seu sofrimento, cortesia de sua colega Rafaella, que
imediatamente começava a disparar nos zumbis que estavam mais perto, cuja
atenção o grupo de quatro recém-chegadas havia atraído.
- Não. – com uma voz de comando que
surpreendera até ela mesma, Change Harpia dava um passo a frente, o braço
direito erguido de forma a manter o restante do time às suas costas. – Eu cuido
disso... Tratem de fechar e isolar da melhor maneira seus uniformes e... Já
sabem... Se segurem.
Dito isso ela pulou do alto das escadas que
levavam ao estacionamento, caindo a poucos metros da primeira onda de zumbis
que ia se aproximando e só então respirou fundo o ar de dentro de seu capacete,
se concentrando e focando seus poderes, bem como sua raiva, na direção dos
monstros que haviam atacado sua colega.
Sua amiga.
Primeiro foi uma leve brisa que mal erguia a
poeira aos pés dos monstros e que, claro, não parecia capaz sequer de reduzir o
avanço deles, que continuavam a caminhar, arrastando os pés, estendendo as
garras, as bocas estalando e um gemido gutural saindo de suas bocarras
escancaradas.
De repente Harpia ergueu o rosto e cerrou os
punhos, assim que em seu visor três sinais de “positivo” acenderam, indicando
que suas colegas haviam conseguido se prender em algum lugar.
- Saffir 5!
Ela começou a flutuar e ao seu comando, do
nome da escala de destruição dos furacões na sua categoria máxima, o
estacionamento foi tomado por ventos violentíssimos, erguendo do chão os
zumbis, carros, motos, o que mais estivesse solto.
Em seguida tudo foi lançado contra as paredes
sendo destroçado no processo, o ar se encheu de metal retorcido, restos dos
veículos, bem como de carne e ossos podres, criando no meio do local um espaço
circular limpo.
Foi onde Harpia pousou, levando um dedo ao
comunicador do lado de seu capacete.
- Meninas... Tudo limpo... Vocês estão bem?
- Estamos aqui. – Jana trazia Cláudia pela
mão, a morte de Maria deve ter dado uma impressão clara de que qualquer uma
delas poderia morrer ali, Rafaella vinha pouco atrás das duas, arma em punho e
mais silenciosa do que o normal. – O... O que faremos agora?
Manuela seguiu até um local, em uma das
paredes cobertas pelos restos dos monstros, estendeu a mão direita à frente do
corpo e após criar um vento forte o suficiente para afastar boa parta da
sujeira, retirou algo de lá e se voltou para as companheiras.
- O que fazemos? – ela ergueu o punho fechado
e dele pendia uma corrente de identificação. – Pela Maria... Encerramos a
missão.
O grupo seguiu sua líder que, sem hesitação
aparente, abriu uma das portas que davam para as escadas de incêndio, ela não iria
arriscar ficar presa no fosso do elevador.
Para alívio geral, as escadas estavam vazias,
mas não limpas.
Sangue e restos humanos estavam espalhados
por todo lado, fazendo com que todas as mulheres agradecessem aos filtros de
suas máscaras, que barravam boa parte do fedor, tornando minimamente suportável
passar por ali.
Mesmo assim cada passo era dado com cuidado
redobrado, Harpia mesmo ia flutuando a alguns centímetros do chão, seu uniforme
se mostrou muito mais resistente do que os das colegas contra os dentes dos
zumbis, mas ela não queria colocá-lo a prova.
Por cerca de vinte minutos nada aconteceu, o
que só aumentou a tensão do grupo, se sobressaltando a cada pequeno estalo,
resultado de vários objetos que estavam espalhados pelo chão, provavelmente
deixados para trás por pessoas que tentavam fugir dos zumbis.
- É aqui... – todas se sobressaltaram quando
Rafaella quebrou o silêncio. – Pelo menos é o que tá indicado aqui no tablete
da Ma...
A frase foi interrompida, fazendo com que as
sobreviventes abaixassem suas cabeças, ainda lamentando a perda da colega,
antes de forçarem as portas, uma vez que não conseguiriam burlar a segurança.
Para surpresa geral, com apenas um pouco de
vento concentrado, Harpia fez as portas deslizarem rápido para os lados, mas
logo ela e suas companheiras se colocaram em posição de combate.
- Tão brincando... – Manuela foi a primeira a
relaxar e entrar na sala de controle, local escolhido para a reunião das
equipes de infiltração. – Só vieram vocês?
Diante delas se encontravam Change Kraken e
Change Golen.
Apenas eles.
- Vocês...
- Assim que emergimos numa área cheia de
veículos aquáticos fomos atacados... – Jack fez seu capacete sumir após um
comando mental. – Eram um tipo de mortos vivos, mas adaptados para atacarem
debaixo da água... Eram rápidos como tubarões e acabaram com a minha equipe
antes mesmo de eu sequer perceber que tinha algo errado... Só escapei por causa
do meu traje e porque, assim que o primeiro me alcançou eu... Eu os destrocei
com meus poderes...
- Ou seja... – a voz de Caleb não apresentava
o menor traço de humor. – Ele entrou em pânico e escapou por pura sorte...
- Claro... Por que você se saiu muito bem
protegendo sua equipe...
O gigante de uniforme marrom cerrou os dois
punhos, fazendo com que Change Harpia e sua equipe se colocassem de prontidão
para separar os dois, o que já haviam feito algumas vezes, mas, para surpresa
de todas, não foi necessário.
- Tentem conseguir o que for possível dos
computadores... – ele seguiu com passos firmes até a porta da sala. – Vou
garantir que nossa passagem seja tranquila.
Sem dar chance para que alguém questionasse
aquela decisão, a porta se fechou atrás do imenso soltado, Rafaella se adiantou
na direção do Kraken, estendendo tudo o que conseguira salvar do corpo da
colega que havia tombado.
- Acho que a Maria ia usar isso prá pegar o
que a gente precisa aí dos computadores... Será que você consegue fazer
funcionar?
- Uau! Nunca vi aparelhos de acesso como
esses! Sua amiga manda bem demais... – só então ele ergueu a cabeça, olhando
como suas palavras fizeram as brasileiras reagirem. – Quer dizer... Eu... Sinto
e... Acho que estou em choque... É...
Harpia se adiantou, pousando uma mão firme no
ombro do outro, como que lembrando que os dois eram os únicos não militares em
toda aquela missão, tendo toda uma outra visão dos acontecimentos.
Sem outra palavra, Jack se colocou diante do
terminal mais próximo, começou todo o complicado ritual de ligar plugs e cabos,
não só dos aparelhos da especialista brasileira, como os de seu próprio
capacete, o que aceleraria em muito a invasão, cópia dos dados e posterior
destruição de qualquer informação que porventura ficasse no sistema.
Não passou uma hora e ele estava ofegante,
uma dificuldade extrema de respirar, com os fatos que havia conseguido extrair,
sobre a verdade do que faziam naquele prédio.
Antes de compartilhar suas descobertas com as
colegas, sons altos de um combate, que parecia se desenrolar ali perto, fez com
que ele acelerasse o fim da missão principal, destruindo os arquivos espalhados
por todos os terminais do prédio.
- Pronto. Vamos lá, pois eu tô querendo muito
dar o troco nesses desgraçados e não quero deixar o chato do Golen acabar com
todos os zumbis.
No mesmo instante toda uma das paredes do
local desabou, revelando uma verdadeira onda de Zumbis avançando, mal sendo
contidas por um guerreiro de uniforme marrom, quase todo coberto pela gosma
negra que os cadáveres reanimados expeliam ao serem destruídos.
- Corram! São muitos!
De forma desesperada Jack abriu as portas da
sala, revelando um corredor vazio, provavelmente todos os zumbis haviam dado a
volta, indo atrás do Golen, que os havia atraído até ali exatamente para deixar
o caminho livre até a saída.
Eles passaram a assim que o gigante
israelense se juntou ao grupo, Jack fechou a porta, todos assumindo que os
zumbis fossem estúpidos o suficiente para ficarem presos ali por tempo
suficiente para que eles conseguissem fugir.
Harpia seguia na frente, com seu grupo logo
atrás e fechando a corrente estavam Kraken e o Golen, todos atentos para
proteger as sobreviventes da equipe brasileira que normalmente reclamariam por seus destinos
estarem nas mãos de dois civis.
Numa situação bizarra como aquela, no
entanto, elas apenas davam graças por ter aquele tipo de apoio e proteção.
Quando faltava pouco mais de um andar até o
topo do prédio, todos já sentiam o gosto da liberdade, assim que pedissem para
a equipe aérea pegar a todos, iriam explodir o prédio e passar os dados obtidos
a seus superiores.
Foi quando começaram a sentir o chão tremer e
a ouvir o som do que pareciam explosões abafadas que iam se aproximando,
forçando o grupo a parar o avanço, focando a atenção atrás e a frente no
corredor, tentando se preparar para de onde viriam os inimigos.
A surpresa foi geral quando uma das paredes
veio abaixo, cobrindo todas as companheiras da Harpia que, horrorizada e sem
poder fazer nada, viu todas sumirem sob uma onda dos zumbis, sendo que dois
deles eram familiares.
- Levi! Hannah! Não!
Se reconheceram seu antigo comandante, os
dois monstros não deram nenhum sinal, pois estavam ocupados enchendo suas bocas
com imensos pedaços de carne das soldados brasileiras, que mal tiveram uma
chance de gritar, sendo esmagadas e devoradas num frenesi animalesco.
- Temos que ajuda-las e.. Ei!
Jack foi agarrado pelo ombro e em seguida
literalmente voou na direção de Manu, que não fez nenhum esforço em ampará-lo,
deixando o companheiro de uniforme colorido pousar dolorosamente no chão ao seu
lado.
- Golen! Não ouse!
- Vão embora pequena passarinho! – conforme
falava o gigante israelense partia para cima dos dois ex companheiros. – Eu
enchi o prédio com bombas! Vão explodir a qualquer momento! – ele agarrou e apertou
a cabeça de Hannah até explodi-la, enchendo suas mãos de sangue, pele, ossos,
massa encefálica, mergulhados num líquido negro, espesso e fétido. - Eu vou
garantir que nenhum desses monstros escape... Cumpram a missão! VÃO!
Assim que disse isso o poderoso guerreiro
socou o chão, destruindo boa parte, caindo junto com um literal jorro de mortos
vivos, sumindo pelos andares inferiores.
Harpia e Kraken trocaram um pesaroso olhar,
mais sentido que visto, por causa dos capacetes, mas o silêncio entre eles
disse tudo, por isso antes de seguir as últimas ordens de seu colega militar,
os dois se aproximaram da borda da cratera e se concentraram.
Golen desferia golpes as cegas, eram tanto
inimigos ao seu redor, todos tentando tirar-lhe um pedaço, que qualquer soco ou
chute acertava algo, destruindo os zumbis, mas ainda assim ele ficava cada vez
com menos espaço.
Um som se fez ouvir acima dos urros guturais
dos monstros, um que ele só ouvira poucas vezes, em meio a missões no passado
com seus dois colegas Changeman, um aviso de que ele precisava procurar abrigo
urgente.
Pelo buraco onde ele e a onda de zumbis
haviam caído, desceu um turbilhão de água e ventos, combinando os poderes e
golpes mais poderosos de Change Harpia e Change Kraken.
Em poucos segundos poucos monstros haviam
restado, Levi era um deles, que se ergueu dos destroços, ajeitou o corpo e,
soltando um urro animalesco correu na direção de seu ex colega.
- Vamos...
– Harpia colocou a mão no ombro do outro Changeman. - Fizemos tudo o que
podíamos por aquele cabeça dura...
Kraken então a seguiu em silêncio, algo que
sua companheira reparou, mas no momento não caberia alguma gracinha pelo fato
dele finalmente ter se calado.
Quando finalmente eles chegaram ao telhado do
prédio e fecharam a porta atrás de si, o Changeman verde segurou o pulso da
outra, impedindo-a de chamar o resgate.
- Mas o que diabos você... – ela emudeceu
quando ele partilhou os dados que havia copiado e que, nos últimos minutos, fez
uma análise rápida. – Não pode ser...
Harpia permaneceu em silêncio, até ouvir o
característico som de jatos se aproximando.
Eles trocaram um olhar e ainda sem falar
nada, voltaram para dentro do prédio, que foi destruído por uma série de
misseis disparados de três jatos que traziam, em sua fuselagem, o símbolo da
Força Global.
- Alpha 01 reportando... Alvo eliminado com
sucesso... Repito... Missão Terra Calcinada realizada com sucesso... Após
alguns voos de reconhecimento, posso afirmar que não há sobreviventes...
Retornando à base.
Na ilha restou apenas o silêncio.
XXX
- Já vai! Já vai! Não precisa explodir minha
campainha! Pronto!
A porta se abriu, revelando um homem de quase
sessenta anos, que forçou os olhos por detrás de seus óculos, tentando forçar a
memória para reconhecer as três pessoas que estavam diante dele. Sem sucesso no
entanto.
- Hiryuu Tsurugi? – uma jovem mulher de
cabelos negros tomou a frente. – General Tsurugi?
- Esse sou eu mocinha... Agora vocês eu não
sei quem são... E sinceramente não estou interessado em...
- Na verdade nossos nomes não importam
agora... – Manuela retirou do bolso da jaqueta que usava um pendrive e o
esticou para o antigo Change Dragon. – O importante é discutirmos sobre como os
Defensores da Terra estão denegrindo a memória de tudo pelo que você e seus
companheiros lutaram... Criando terríveis armas biológicas e tentando eliminar
quem quer que descobrisse seus segredos... Interessado agora?
Passou-se um momento de tensão, mas logo em
seguida Tsurugi deu passagem para que Manuela, Jack e Caleb entrassem.
Eles tinham muito o que discutir.
FIM?
Ilustração dos Changeman Black Ops.
6 Comentários
Grande Norberto.
ResponderExcluirMais uma história com narrativa magnífica, um aventura intensa e cheia de ação. Os três Changeman tem poderes bem pensados e os usaram com precisão, principalmente a Harpia, que gostei bastante.
Agora resta saber o que ocasionou todos aqueles monstros zumbis e quem orquestrou tudo aquilo.
Parabéns por mais esse conto meu amigo. Forte abraço.
Grande Renato!
ExcluirValeu pela leitura, comentário e força de sempre!
Confesso que eu curti muito escrever a Harpia, mas foi bem divertido pensar nos poderes deles e como usá-los da melhor maneira.
Quanto aos responsáveis, quem sabe um dia a gente descobre?
Valeu mesmo pelo comentário amigo!
Caraca Norberto, gostei muito dos seus changeman que não tem nada a ver com Néo rsrs. Cara, o que eu mais gostei foi o clima militar de invasão ao prédio. Me lembrou muito o primeiro filme do Resident Evil. Gostei demais dos três personagens, mas venhamos e convenhamos, equipe de cada um deles só estavam ali pra morrer mesmo né rsrs. O final quando eles chegam pra falar com o Tsurugi foi foda demais, e destaque pra cena do Golen quebrando o chão e descendo andar abaixo em meio a destroços e zumbis. Agora eu quero ver como isso vai se desenrolar, conspiração politica dentro da sede dos defensores da terra? Isso eu quero ver. No mais, apenas elogios a mais um texto seu lido e que pretendo acompanhar se tu for terminar essa historia claro. E viva ao projeto Tokusatsu Z
ResponderExcluirGrande abraço!!
Simplesmente fantástico, maravilhoso, fiquei sem piscar o texto inteiro pois a intensidade do mistério ia aumentando a cada linha! Teus personagens retratam muito bem algo que na série foi muito mal tratado, a relação do animal lendário com o elemento a que pertence e principalmente Harpia e Kraken demonstraram essa ligação poderosa com o ar e a água, isso foi show de bola! Outra coisa bacana foi ver um Changeman em algo menos místico, afinal, eles estavam como agentes secretos e soldados de infiltração e combate, algo bem diferente de se imaginar e confesso que ficou muito bom, um clima de filme de guerra com personagens míticos, foi sem dúvida uma grande sacada! As cenas de carnificina e dos zumbis ficou maravilhosamente descrita também, te dá nojo dos bichos e com as mortes dos integrantes das equipes, te dá vontade de ver eles todos destruídos! E pra finalizar o que já estava bom, um mistério poderoso, uma dúvida não respondida e o melhor de todos os personagens ressurgindo numa nova saga... Eu confesso que me bateu uma certa emoção aqui quando ele foi chamado de General, e eu fiquei imaginando... De qual universo será que ele virou um "comandante" e Norberto tá usando ele agora? Resta esperar para descobrir de onde veio este Tsurugi! Mas foi a cereja do bolo, ver este personagem que tanto admiro de novo em uma narrativa tua realmente completou de forma espetacular este episódio! Sinceramente muito bom cara, não achei que poderia ficar tanto, mas tu consegui se superar de novo e me mostrar um trabalho diferenciado e ainda assim com o super potencial do original! Meus parabéns meu amigo, sinceramente parabéns, maravilhoso trabalho uma vez mais! \0/
ResponderExcluirRapaz
ResponderExcluirGrande Norbero.
Que narrativa magnífica, digna sua! Excelente! Você merece tudo de bom como escritor!
Você criou um Universo de terror Z com 3 changeman e não 5. E, mais... sem comprometer em qualidade. Não é fácil fazer isso sabendo que há um outro Changeman excelente aqui no MindStorm. Ok?
Esta na cara que você vai ousar ainda mais... você vai criar uma nova saga de Changeman aqui.... A deixa está mais do que colocada!
Valeu cara.
ResponderExcluirEm nenhum momento quis disputar espaço com o já consagrado título do Lanthys... Eu havia apenas bolado esse trio de Changeman e consegui bolar esse conto Z com eles... Apesar do gancho ainda não tenho total certeza de que farei uma nova série, o futuro vai decidir por mim...
Mas valeu a pena escrever esse conto.
Valeu mesmo o comentário!