Lanthalder na Estação Chronos.

 

Olá Tokuleitores! E damos mais uma pausa nas histórias da Guerra na Sarjeta para começar os especiais de fim de ano.

E não poderia estar mais feliz com a história de hoje.

Tempos atrás meu querido colega escritor, Lanthys, comentou se eu gostaria de fazer um cross entre nossos personagens principais, dos títulos Nipo Heroes e Estação Chronos... Mais do que imediato eu comecei a imaginar como faria e, poucas semanas depois, estava pronto.

E é essa One Shot que irei postar hoje, uma homenagem ao personagem de um incrível e querido escritor.

Sem mais delongas, aproveitem...

Lanthalder na Estação Chronos

 

Bagé, Rio Grande do Sul, às margens do rio Camaquã.

 

Um homem passeando com seu cão, numa tarde nublada e fria, um momento perfeito para reflexão, algo trivial e comum, exceto que, para olhos mais treinados era possível perceber que o pastor alemão, por mais impossível que pudesse parecer, olhava para seu dono como se entendesse tudo o que lhe era dito.

 

Ao seu lado seguia um jovem trajando uma jaqueta preta, mãos dentro dos bolsos, olhos castanhos que pareciam emitir um leve brilho, conforme ele fixava seu olhar em uma árvore, algum pequeno roedor que cruzava seu caminho correndo, até mesmo num peixe que, por ventura, passasse pelas águas rápidas do Camaquã.

 

- O mundo é realmente tão cheio de vida Argos... Não consigo alcançar o raciocínio daqueles cujas existências são dedicadas à conquista ou ao simples desejo niilista de destruição...

 

- Infelizmente Lanthys... O mundo ainda está longe de ser um paraíso e por mais que tentemos, não vejo uma mudança real que esteja próxima...

 

- Então... Por que lutamos?

 

- Hum... Pela esperança de que, um dia, a humanidade evolua e melhore?

 

Um silêncio refletivo caiu entre os dois, Lanthys ainda olhando e analisando toda a preciosa vida ao seu redor, enquanto Argos se entregava ao prazer de sentir os cheiros ao seu redor, da grama, da água, inclusive os que o vento lhe trazia.

 

De repente seus sentidos entraram em alerta, seus pelos se arrepiaram e o cão deixou os dentes à mostra.

 

Perigo.

 

Antes que Lanthys pudesse perceber que algo estava errado ou mesmo que Argos pudesse dar o alarme, ambos foram atingidos por uma rajada de energia que fez com que eles perdessem a consciência de imediato.

 

Quando se recuperassem do ataque já seria tarde demais.

 

XXX

 

São Paulo, um apartamento localizado na rua Bela Cintra.

 

- Caio...

 

O rapaz se remexeu na cama, apenas para mudar a posição em que estava, fora dormir muito tarde e não pretendia levantar tão cedo, ignorando a voz, tendo a certeza de que só estava sonhando ainda.

 

- Caio... Acorde…

 

Agora ele começava a sair do vale do sono profundo, dando algumas piscadas, prestes a despertar, mas o corpo e mente cansados ainda queriam mais tempo na cama.

 

- Hum... Calma Natalie... Foram três seguidas... Deixa eu descansar um pouco vai...

 

- Não é a Natalie...

 

Só então Caio acordou totalmente, saltando para longe da cama, onde havia permanecido sentada uma bela garota, de cabelos platinados e pele quase tão negra quando uma noite sem estrelas.

 

Normalmente Caio iria adorar algo assim, mas ele sabia que Cristal, o nome que ele dera à Condutora, a responsável por fazer dele um Guardião Cronal, com certeza não invadiria seu quarto por qualquer motivo além de algo que não fosse relacionado aos Seculares, entidades temporais que buscam dominar o mundo através de invasões a períodos históricos da Terra.

 

- Preciso de sua ajuda... Descobri a pouco uma ameaça que não vem dos Seculares... - Cristal sempre tinha a atenção de Caio, mas agora havia despertado sua curiosidade. - Precisamos agir rápido e, de preferência, antes das demais Condutoras ficarem sabendo...

 

- Uma missão secreta? Uau! E dá prá fazer isso?

 

A Condutora saiu da cama, um sorriso lindo no rosto, estendendo sua mão direita para o Guardião, deixando claro que era possível e esperando para ver qual seria sua decisão.

 

XXX

 

Lanthys despertou devagar, com Argos a lamber seu rosto, a mente cibernética reiniciando, apresentando algumas falhas intrigantes, que o fizeram forçar os servomotores de seu corpo para se erguer.

 

- Argos? O que houve? Onde estamos… E... Por que não consigo contatar a CTG Cap’s?

 

- Estou com o mesmo problema… E pior, não consigo me conectar com nenhuma outra fonte de contato digital, internet, rádio, nada… É como se estivéssemos em um lugar a parte do mundo e… - ao perceber que o outro havia parado de dar atenção, Argos deu um latido forte antes de continuar. - O que está te incomodando agora Lanthys?

 

- Você reparou nessa vegetação?

 

Tão preocupado estava em despertar seu amigo que o cão Argos só agora acabava olhando com mais atenção ao redor, vendo que não só as árvores, mas tudo parecia realmente muito maior, num tamanho colossal na verdade.

 

- Hum… Sem acesso a nenhum tipo de banco de dados não posso afirmar onde estamos com base nessa flora tão exuberante… É um mistério…

 

- Você sentiu isso Argos? A terra… Está tremendo…

 

No instante seguinte as imensas árvores próximas vieram abaixo, quando um estouro de dinossauros de diversas espécies e tamanhos surgiu, vindo na direção da dupla.

 

Lanthys agarrou Argos e usando de suas capacidades sobre humanas executou um salto prodigioso, primeiro sobre os dinossauros que os alcançaram antes dos outros, conseguindo se manter precariamente sobre eles, até que conseguiu sair da frente da turba, pousando em segurança sobre um morro próximo.

 

- Dinossauros? Como isso é possível?

 

- É uma impossibilidade, óbvio, mas também explica muito… A não ser que estejamos em meio a uma simulação, presos em algum lugar, seja real ou virtual, termos sido transportados para o passado deixa claro o motivo de não conseguirmos contato nenhum, seja com a base ou mesmo com a internet e… O lhe preocupa agora Lanthys?

 

- Os dinossauros que passaram por nós eram muito grandes… Fico pensando o que poderia ter feito com que eles saíssem correndo daquele jeito e…

 

O chão voltou a tremer, trazendo a terrível resposta.

 

XXX

 

- De volta à era Jurássica?

 

- Sim, por algum motivo o que está perturbando levemente o tecido do tempo está vindo daqui…

 

Caio e a Condutora acabaram de sair da Estação Chronos, ele já acionando seus poderes de Guardião Cronal, ela tentando não transparecer o nervosismo por estar ali sem as outras duas Condutoras, versões dela mesma, uma mais jovem, a outra mais velha.

 

- Fica de boa Cristal… A gente descobre logo o que tá rolando, resolve e volta rápido pra casa… Se você quiser dá até pra ver um filme ou série na Net… O que foi isso?

 

Um rugido ecoou pelo ar, indicando onde poderia estar o que ele procuravam e assim Caio começou a flutuar, estendeu um aceno positivo à companheira e só então ganhou os céus, seguindo na direção de onde, além dos rugidos, era possível ouvir algo que ele não deveria estar ouvindo.

 

Explosões.

 

Caio seguiu os barulhos até se aproximar de uma clareira dentro de uma densa floresta, onde se surpreendeu com a cena que se desenrolava logo abaixo.

 

Um jovem de jaqueta vermelha e um pastor alemão estavam cercados por vários tiranossauros, escapando por pouco das mordidas que os imensos animais davam, um perigo imenso, que Caio já conhecia bem.

 

Argos acabou atingido pela potente cauda de um dos dinos, caindo a alguns metros de distância, desacordado e longe demais para que seu companheiro o alcançasse.

 

Lanhys estendeu a mão na direção do cão amigo, mas seria impossível alcançá-lo e, enquanto o Tiranossauro que derrubara Argos avançava com a bocarra aberta, parecia que o tempo se movia mais devagar.

 

Foi então que a cabeça inteira do dinossauro explodiu em centenas de pedaços, cortados de forma perfeita, com o corpo caindo para trás com violência.

 

Lanthys se aproximou a tempo de ver, surgindo em meio à nuvem de poeira, formada pela queda do monstro, alguém que se aproximava carregando Argos no colo.

 

- Olá! Sei que pode parecer bizarro nessas condições malucas, mas… Meu nome é Caio, sou um Guardião Cronal e vim te ajudar.

 

- Eu sou Lanthys… - ele recebeu seu fiel companheiro nos braços, ainda mantendo uma postura neutra, desconfiado. - Eu… Apreciaria uma ajuda.

 

- Beleza, mas agora não dá pra falar! Chega um pouco pro lado…

 

Caio empurrou Lanthys de leve para o lado, antes de preparar seu punho para o golpe que ia dar, com o ar ao redor da mão se distorcendo e lâminas de vento se solidificando.

 

- Incisão!

 

O golpe passou perto da cabeça de Lanthys, mal despenteando-o, tamanho o controle e precisão que o Guardião Cronal possuía, mas o tiranossauro que se aproximava, teve as duas patas traseiras destroçadas, caindo aos prantos no chão.

 

Sua agonia foi abreviada por outro golpe certeiro em seu crânio.

 

- Segura firme o seu cachorro!

 

Caio começou a flutuar e segurou Lanthys nas axilas, pretendendo levá-los até onde estava a Condutora, mas o que ele não contava era com o peso do androide.

 

- Cacete! Quanto você pesa?

 

- Por volta de 250 quilos.

 

- Tá de sacanagem né? - Caio então voltou ao chão e, percebendo que os Tiranossauros os estavam cercando, se colocou diante do rapaz que ainda segurava seu cão. - Fica atrás de mim, assim que eu conseguir abrir uma brecha, você corre naquela direção até encontrar uma moça de roupa azul… Ela vai te levar para um lugar seguro e…

 

De repente mais tiranossauros surgiram da floresta, cercando os três, impedindo assim qualquer chance de fuga.

 

- Lanthys! - Argos despertava e, diante de um incrédulo Caio, falou com seu amigo. - Desse jeito não escaparemos… Temos que lutar.

 

- Seu cachorro tá falando?

 

- Está certo Argos! Então vamos tentar!

 

- Vou repetir... Seu cachorro está falando? Tá de zoeira!

 

- Não temos tempo para explicações! Vamos lá Lanthys! Equipar!

 

- Sim! Energizar!

 

Caio precisou erguer um dos braços para proteger os olhos, enquanto a dupla que ele viera resgatar era envolvida numa energia fulgurante, era como se uma estrela estivesse nascendo diante dele.

 

Num instante tudo passou e diante de um boquiaberto Guardião Cronal surgia Lanthalder, que agora apresentava uma aparência robótica, apesar dos cabelos azulados e a face ainda lembrando a de um humano comum, o restante do corpo parecia uma armadura.

 

Ele então se voltou para o tiranossauro mais próximo, firmou os pés, cerrou o punho erguendo-o para trás, na altura da cabeça, energia começava a crepitar e quando a criatura chegou perto suficiente, ele agiu.

 

- Avante… Titanium!

 

O punho metálico avançou, disparando assim uma força explosiva que destruiu parte do tronco do dinossauro, cujos pedaços se espalharam por toda a clareira.

 

- Canhão… - agora era a vez do cão ciborgue atacar, abrindo sua boca e, diante dela, uma esfera de energia ia surgindo e crescendo, até que ele liberou seu ataque contra três Tiranossauros próximos. - De Plasma!

 

A esfera foi lançada e, quando alcançou os dinos, se expandiu até causar uma nova explosão, aumentando ainda mais os restos mortais espalhados pelo local.

 

Caio estava eufórico ao perceber de onde havia vindo o som que o trouxera até ali.

 

Ele já havia ficado louco de empolgação quando enfrentou apenas dinossauros a tempos atrás, mas agora ele enfrentava tiranossauros ao lado de um androide e um cão ciborgue.

 

Caio podia jurar que já tinha sonhado algo assim e então, com um imenso sorriso, se lançou ao combate.

 

No alto de um morro próximo uma figura sinistra observava o combate logo abaixo, empolgado com o fato de seu plano estar funcionando, passou a língua de ponta bifurcada pelos lábios.

 

Mesmo nunca tendo atuado juntos Caio, Lanthys e Argos de costas um para o outro, conseguiam se manter a salvo, atingindo e derrubando os tiranossauros que insistiam em atacar.

 

Pouco a pouco os animais começaram a mover as cabeças como alguém que desperta de um transe, piscando os olhos várias vezes, olhando para os lados como se estranhando estarem ali e, apesar da carnificina ao seu redor, sendo animais que não costumam andar em bando, cada um seguiu um caminho diferente.

 

Caio estava arfante devido ao esforço de usar continuamente seus dons, enquanto Lanthys e Argos voltavam a sua forma anterior, sem demonstrar nenhum sinal de cansaço.

 

- Ufa… Nem nas mais recentes incursões eu suei tanto… Queria que a Nat estivesse aqui pra gente usar o banheiro depois da briga… - só então o jovem parou de falar consigo, se aproximando da “anomalia” que viera investigar. - Com mais calma agora… Meu nome é Caio de Assis… Sou um Guardião Cronal, responsável por proteger a linha do tempo de criaturas conhecidas como Seculares… Isso parece meio doido quando eu falo em voz alta, mas pelo que vi vocês também não podem ser classificados como “normais” não é?

 

- De fato… - pra espanto e encanto do Guardião Cronal era Argos quem respondia. - Normalidade é algo do qual estamos distantes…

 

- Bem… Como não vai rolar de eu levar vocês voando, é melhor começarmos a caminhar… Minha amiga Cristal deve tá com pressa de enviar vocês para casa e…

 

A frase foi interrompida quando uma rajada de energia explodiu o chão entre os três, que escaparam por pouco, todos procurando de onde poderia ter vindo tal ataque, mas não tiveram que se esforçar demais.

 

- Como é bom revê-lo senhor Lanthalder…

 

- Cronos Master? Impossível.

 

- Nada é impossível para um mestre do tempo! Nem vencer a morte! Graças aos meus novos mestres, os Seculares, fui resgatado do fluxo do tempo antes de minha morte e após selar um pacto, ganhei novos e impressionantes poderes, com os quais irei, primeiro, me vingar de você Lanthalder, matando seu cachorro, antes de mais nada e depois... – Ele então se voltou para Caio. - Meus mestres me avisaram de você… Senhor Bisturi… Eu devo te eliminar também, daí poderei ter minha doce vingança, destruindo só então esse androide desgraçado e ascender até me tornar um Secular por inteiro!!

 

O recém chegado ria de forma histérica e exagerada, enquanto erguia um braço que estava escondido sob sua capa, revelando um membro igual ao de um típico Secular, cuja ponta disparava esferas de energia que literalmente apagavam do espaço tempo a área atingida.

 

Lanthalder e Argos assumiram suas formas de combate, ao mesmo tempo em que Caio alçava voo, fazendo surgir suas lâminas de ar sólido e logo os três tentavam atingir o novo inimigo, mas tirando Argos, cujos ataques funcionavam à distância, os demais encontravam dificuldades para se aproximar.

 

- Morram! Morram! Morram!

 

As esferas de tempo nulo estava chegando cada vez mais próximas de atingir os três inimigos, o que fazia Cronos Master as lançar com ainda mais afinco, pretendendo encerrar logo a missão que lhe havia sido confiada.

 

Ele havia sido arrancado do fluxo do tempo, pouco antes de ser morto por Lanthalder e outro aliado, seu destino lhe foi revelado e o estranho ser que o salvara, deixou claro que ele precisaria eliminar o androide e o guardião cronal para permanecer vivo.

 

Assim ele conseguiu sequestrar Lanthalder e Argos, levando-os até o passado da realidade em que Caio vivia, sabendo que isso acabaria por atraí-lo para aquela armadilha.

 

Sem outro plano melhor, o vilão só pretendia disparar suas esferas até conseguir acertar um deles.

 

Assim que conseguiu desviar de uma das esferas, Caio percebeu horrorizado que não muito longe dali se iniciava um Evento Ômega, que apagaria totalmente aquele momento da história, protegendo assim o fluxo do tempo e a realidade.

 

Caio pousou perto dos seus companheiros e pediu para que Argos disparasse perto do chão onde o inimigo estava, conseguindo assim valiosos minutos de respiro.

 

- Olha gente, a situação tá muito feia… Acabei de ver que tá começando um Efeito Ômega… Num resumo porco, precisamos sair daqui senão vamos ser completamente apagados da existência… Precisamos derrubar esse idiota aí e vazar como se o próprio demônio estivesse fungando nos nossos pés…

 

Antes de conseguirem desenhar alguma estratégia, no entanto, o Cronos Master voltava ao ataque, disparando ainda mais esferas, mas não aparentando ter percebido o perigo que se aproximava.

 

Provavelmente, pensou Caio, os Seculares nem deram essa informação para o vilão.

 

Assim que percebera aquilo, uma ideia se formou na cabeça do jovem e antes que tivessem que se separar outra vez, para não formar um alvo único e fácil, ele compartilhou com seus companheiros que, percebendo que o rapaz tinha mais experiência em situações como aquela, concordaram e se puseram a colocar o plano dele em prática de imediato.

 

Primeiro, Argos saiu do esconderijo disparando suas rajadas de plasma, que mantinham o vilão distraído.

 

Lanthalder aproveitou para dar a volta no local onde Cronos Master estava, conseguindo chegar por detrás dele e, acionando seus poderes, disparou um golpe poderoso, de cima para baixo, errando por muito pouco o vilão, acertando o solo e fazendo erguer uma nuvem de terra e detritos.

 

Conforme Cronos Master erguia os braços para se defender e, em meio a um violento acesso de tosse, Caio surgiu, o agarrou pelos pulsos e saiu voando sem dar chance de reação.

 

Foi só nesse momento que o vilão percebeu o Efeito Ômega que aumentava e se aproximava mais e mais e, instintivamente, começou a se mexer, tentando se desvencilhar do guardião cronal.

 

Esforço em vão.

 

Caio avançou o mais rápido que seu corpo permitia e quando estava a poucos metros de tocar o nada que vinha em sua direção, ele fez uma curva, largando seu inimigo e voltando para onde Lanthys e Argo haviam ficado.

 

Atrás dele apenas ecoou o grito do Cronos Master, logo engolido também pela imensidão da não existência, que continuava avançando.

 

- Bora gente! - Caio logo alcançou seus companheiros, que corriam na direção da Estação Chronos. - Não parem de correr!

 

Eles realmente não pararam e em poucos minutos viram algo que não fazia sentido, ainda mais naquela floresta jurássica, uma deslocada entrada de metrô, onde uma jovem de pele da cor da noite e cabelos platinados que acenava insistentemente, tentando apressá-los.

 

Logo atrás o Efeito Ômega avançava, cada vez mais rápido.

 

No último instante, Caio se colocou de costas para seus companheiros e, disparando seu golpe, os empurrou, conseguiu o impulso que precisavam para finalmente entrarem na Estação, que foi devidamente fechada pela Condutora.

 

No instante seguinte a construção já não estava mais lá.

 

- Cacete… Foi por pouco!

 

- Essa experiência foi deveram inusitada… - Argos falava enquanto recebia carinho atrás da orelha, feito pela mulher que acabara de salvá-los. - Eu adoraria saber mais sobre vocês… É… Guardião Cronal correto?

 

- Eu também adoraria saber de onde vocês vieram…

 

Conforme desciam por escadas rolantes e se aproximavam de uma bela, deserta e monocromática plataforma de metro, já conheciam por alto suas origens e trocavam ideias a respeito dos motivos que levaram seus inimigos a se unirem e bolar um plano tão confuso.

 

Foi nesse momento que um trem chegava à estação.

 

- Senhor Lanthys, sua carona chegou… - Cristal não escondia a tristeza de parar com os carinhos, assim como Argos ganiu doído quando ela afastou a mão. - Vocês vão entrar e poucos minutos depois estarão em sua casa.

 

Depois de lutarem por suas vidas ao lado de Caio, tanto Argos quanto Lanthys passaram a confiar naqueles que realmente sabiam mais que eles sobre o que estava havendo.

 

Antes de embarcarem, Caio fez um carinho em Argos e estendeu a mão para Lanthys.

 

- Cara, foi um prazer e uma experiência foda pra mim! Espero que um dia a gente se encontre numa situação melhor.

 

- Para mim também foi... Instrutivo… Ou como você mesmo disse… Foda.

 

Argos latiu e então os dois entraram no Trem Cronal e sumiram, deixando Caio e Cristal para trás.

 

- Uma pena não podermos contar nada para os outros não é Cristal?

 

- Nem pensar… Vai saber o que a minha versão mais velha faria se soubesse…

 

- Se eu soubesse do que?

 

Os dois então engoliram em seco antes de se voltar e tentar explicar o ocorrido para a aparente líder das Condutoras.

 

XXX

 

Lanthys e Argos não haviam acreditado na parte que Cristal havia explicado sobre eles acabarem dormindo no Trem Cronal e despertar nos dias presentes, mas de fato, eles realmente “desligaram” voltando à consciência num dos bancos do Trensurb.

 

- Acho que essa foi uma das mais estranhas situações em que nos metemos não é Argos? - o cão ciborgue concordava em silêncio, ainda digerindo o que havia acontecido e evitando chamar a atenção das pessoas que estavam ao redor. - A existência consegue ser ainda mais intrigante do que eu poderia imaginar.

 

Só então ambos permaneceram em silêncio, vendo a paisagem pela janela do Trensurb, cada um perdido nos próprios pensamentos.

 

Tanto Caio quanto Lanthys, cada um em seu universo, só tinham uma certeza.

 

De que o futuro traria ainda mais e mais aventuras e perigos.

 

Fim.