Uchuu Sentai Kyuranger: Nova Ameaça - Capítulo 12, O primeiro pecado

 

Boa tarde, pessoal. Finalmente o capítulo aqui chegou junto com o que estou escrevendo... Podem ocorrer atrasos a partir daqui. Gomen!!

 

 

A primeira pista que os Kyurangers tinham do Modus Operandi da Nova Jark Matter era que eles se misturavam com altas rodas de poder, como Impérios, Presidências e também se inseriam em contextos religiosos. Visavam plantar uma falsa ideia de felicidade e deixavam que os incautos caíssem, para escravizá-los sem que percebessem.

Todos repassaram tudo o que sabiam para gerar uma inteligência para poderem atacar em determinado front determinada ação suspeita. Com isso, contando com as informações vindas dos agentes duplos espalhados pelo universo (que aumentaram exponencialmente em número depois da derrota de Dom Armage), conseguiram encontrar, em primeira investigação, cinco fontes. A partir delas seria possível rastrear o núcleo, e enfim derrotá-lo.

Sem mais demoras, todos entraram na Orion e ela levantou voo do planeta base dos Kyurangers, singrando o Espaço Sideral rumo ao primeiro destino, que era um planeta presente em um sistema dos muitos na constelação de Delfim. A viagem demorou um pouco, mas eles chegaram depois de duas semanas.

O local estava calmo e sereno pelo que eles puderam perceber antes de descer ao planeta em questão. Era uma aura de falsa paz que reinava naquele lugar. Porém, uma característica observável era gritante, apenas humanos (ou sem aparências diferentes) eram permitidos. Por isso, a equipe que desceria primariamente ao planeta era óbvia, formada de Lucky, Naga, Hammy, Spada, Kotaro e Tsurugi. Stinger ficaria em um segundo plano, caso fosse necessário mais um, mas ele precisaria ocultar sua cauda para atuar e não chamar a atenção.

Os demais ficariam por ali mesmo, tomando conta da nave, para caso algo impensado daquele plano inicial saísse pela culatra.

Os primeiros seis desceram ao planeta, e ali era possível ver que todos assumiam túnicas brancas, como se fosse prova da “pureza” da raça humana. Eles usavam túnicas similares, e contando uma mulher e um jovem homem, aquele grupo poderia ser chamado de família, ainda mais em se tratando da aparência mais madura de Tsurugi.

Lucky e Hammy andavam de mãos dadas, dando graças aos deuses que os dois foram mandados para a mesma missão. Os dois já não aguentavam ficar separados.

Foi quando eles se deram conta do que acontecia naquele momento. O local realmente louvava a raça humana, mas os utilizava como escravos. Mais uma vez a religião era utilizada como forma escravagista de controle, e eles se mantinham cativos por causa de sua fé. Porém desta vez era muito, mas muito pior do que acontecia quando Lucky reencontrou Hammy... Os “fiéis” eram mais cegos do que o do outro planeta.

Todos utilizavam túnicas brancas, sandálias com alças que se enrolavam nas pernas até quase o joelho. Os que tinham cabelos curtos os mantinham despenteados, e os que tinham cabelos compridos os mantinham presos com uma espécie de tiara que mantinha os cabelos presos para trás. Os penteados eram iguais, sem exceção.

Com essa aparência padrão, apenas se diferenciando por características físicas, era como se todos ali fossem “gado”, prontos para serem devorados quando um “ser superior” quisesse. Todos os humanos dali veneravam os ditos “deuses” como se tivessem sido realmente criados por eles, moldados, enfim, prestavam todo tipo de adoração.

Os seis entraram no jogo, fazendo que tinham vindo de outro planeta pois souberam da religião e gostaram dos preceitos, querendo conhecer mais sobre.

Foram imediatamente recebidos afetuosamente pelos sacerdotes, também humanos. Neste momento os Kyurangers se sentiram confusos em um primeiro momento, com humanos entre os sacerdotes, e não pareciam estar dominados ou mesmo cansados igual aos outros.

O pensamento seguinte que lhes ocorreu foi o de ter seres humanos do lado inimigo – o que era não era improvável, pois alguns humanos eram corruptíveis a este nível, e não havia o que fazer a este respeito.

Eles precisariam observar mais. Entender mais como funcionava a dita religião, se era real ou se era criada pela Nova Jark Matter. A possibilidade de criar uma religião era alta mas utilizar-se de uma já existente também era, bastava fingir ser um dos enviados, e usar de magia para “provar” que não eram fraudes – e que os humanos do planeta não acreditassem em magia.

Não demorou muito para que eles entendessem o que havia virado a cabeça daquelas pessoas, um “milagre” aconteceu. Todos falavam sobre como o milagre era maravilhoso, e como aquilo havia mudado a vida de todos os habitantes daquele planeta, e como a purificação era benéfica.

Mas em nenhum momento disseram qual milagre era aquele.

Aproveitando-se de que um dos fiéis estava ao alcance e não havia mais ninguém por perto, os Kyurangers o capturaram, levando para o que seria seu refúgio naquele mundo, uma casa abandonada encontrada naquele momento em que deixavam a parte principal do centro da cidade onde estavam.

Naga, já mais proficiente com tudo o que podia fazer como homem-serpente, o paralisou com seu olhar intenso sem esforço como ocorria antes e Tsurugi usou o poder do Soldado Fênix para entrar na mente dele.

Era fato que aquele homem havia sido manipulado por alguém muito poderoso, mas não fez um feitiço forte o suficiente para ser inquebrável. E com isso Tsurugi conseguiu ser bem sucedido em libertá-lo.

Mas ele não acordava. E isso não estava certo.

- Droga! O que esses canalhas fizeram com essa gente? – Perguntou Tsurugi com uma retórica.

- Agora entendemos que o que mantém essa gente cativa é um feitiço mental muito poderoso, provavelmente ele está desabilitando a linha tênue entre realidade e imaginação. Cada um deve ter pra si quem é esse deus e o que foi esse milagre. – Ponderou Hammy.

- Isso, Hammy. Mas algo não encaixa. Não bate com as descrições que o pessoal falou. – Conjecturou Kotaro.

- Como o que, Kotaro? – Perguntou a Kyuranger verde.

- Como um ponto focal. A imaginação é produzida por um ponto do cérebro o mais longe do córtex central, que é responsável pelos instintos. Talvez no Lobo Frontal, que é responsável pelas memórias... Isso explicaria nenhum deles também não se apresentar quando nos viu... – Conjecturou Lucky.

Todos ficaram boquiabertos. A sacada de Lucky não era só inteligente, continha conteúdo de neurociência e era plausível. Três pontos que eram esperados de Shou Ronpo, o General, e de Stinger, que era o Comandante atual. Mas dele?

Hammy sorriu. Esse era o homem que seria o seu marido dali pra frente, e ele havia mudado, e pra muito melhor. Não deixava sua mente de menino pra trás, que foi o que fez com que ela se apaixonasse, mas agora exibia capacidade de pensamentos analíticos, aliados a um conhecimento muito bom sobre o assunto.

- Faz sentido. Então, o que você sugere, Lucky? – Perguntou Naga.

- Não sei. Seria bom pesquisar primeiro antes de tomar quaisquer ações precipitadas. – Argumentou o Kyuranger vermelho.

- Ou entrarei na mente dele pelo lobo frontal e verei o que bloqueou a recepção de coisas reais na mente dele. – Disparou Tsurugi.

Todos concordaram, não era uma incisão agressiva e Tsurugi já provou ser muito bom, libertando o homem do julgo da Nova Jark Matter rapidamente.

Foi quando o Soldado Fênix se ajeitou em um sofá velho que ali havia e concentrou-se, e entrou na mente do ex-escravo. Foi possível ver algumas de suas memórias mais recentes, como todos os rituais dos quais ele havia participado, e foi aí que ele encontrou um selo.

Um selo amaldiçoado.

Ao desfazê-lo, uma torrente de alívio veio em sua direção, e os dois, libertador e liberto, enfim conversaram francamente. E depois de alguns minutos, os dois acordaram ao mesmo tempo.

- Era um selo colocado entre o lobo frontal e o espaço que cuida da razão, deixando o alvo do selo longe da realidade e altamente comandável, se é que vocês conseguiram acompanhar o meu raciocínio. – Explicou Tsurugi do jeito metido de sempre.

- Certo. Descobrimos o que dá essa aparente apatia e servilismo, mas precisamos, de alguma forma, rastrear a origem desse selo. - Focou Hammy.

- Se os senhores e a senhorita me derem licença, eu gostaria de contar a vocês o que eu sei, assim vocês podem tirar conclusões melhores do que esta. – Pediu o homem que tinha sido salvo.

- Mas o senhor está bem? – Perguntou Kotaro, emendando em seguida – Não queremos forçá-lo.

- Estou bem graças ao amigo de vocês, o Tsurugi-san. Posso fazer isso. – Respondeu o senhor salvo, com um sorriso no rosto.

Então ele contou que tudo havia começado com uma nova religião, que prometia salvação, riqueza e felicidade para todos aqueles que se convertessem. Claro que os mais pobres e mais fracos foram rapidamente se converter, mas pareceu à maioria que era verdade, porque no começo, eles cumpriram o que prometeram, e foi quando a conversão em massa começou.

Inclusive foi quando a vergonha e a consternação tomaram conta do homem.

Quando ele se converteu, o começo foi a melhor época de sua vida, porém chegou o dia em que eles se deram conta de terem convertido a todos, e aí a coisa começou a mudar.

“Sem que percebêssemos, havíamos nos tornado escravos, achando que era para o bem maior, não víamos mal naquilo, mas alguns começaram a desconfiar, e agora vejo que haviam se libertado sozinhos”.

“É foi quando, um a um, todos nós fomos levados para o templo. Eu sei o que aconteceu na minha vez, eu fui ordenado a sentar em uma cadeira e alguém tocou na minha cabeça e tudo embaçou, eu lembro de pouquíssima coisa depois disso, apenas algumas lembranças esparsas”.

- E aí eu fui libertado pelo amigo de vocês, começando a recobrar a memória de antes do selo, mas no “durante” ainda vou retomar. Talvez todas as informações que recebi ainda sejam passadas para o raciocínio lógico, ou talvez eu nunca saiba. Mas ao menos a minha mente é minha novamente.

E o homem agradeceu Tsurugi efusivamente de novo, mas agora com mais propriedade.

De posse das novas informações sobre o inimigo, o que restava saber era que ser era responsável pela conversão, pelo selo implantado nas mentes daquelas pessoas, e isso só era possível entender se continuassem a investigação nos círculos maiores do clericato daquela religião.

E não seria um processo rápido.

Passaram-se algumas semanas desde a chegada dos Kyurangers àquele planeta e a investigação ainda acontecia. Tsurugi libertou mais alguns de maneira risivelmente mais rápida, pois já sabia onde procurar o selo.

Algumas informações novas haviam sido adicionadas, como que o tipo preferido de escravos daquele ser eram as mulheres com um determinado biotipo, e os demais eram sumariamente ignorados ou tinham suas energias drenadas.

Aos poucos os Kyurangers foram cercando os inimigos, plantando pessoas libertas no lugar das controladas (aqueles que quiseram ajudar, os que não quiseram foram mandados para outros lugares ou mesmo para seus planetas de origem com a nave dos heróis) sem que os inimigos percebessem. Ébrios pela vitória sem oposição, eles haviam esquecido que havia, sim, salvadores do Universo.

Os Kyurangers estavam ali para provar que eles estavam errados.