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A verdadeira história do desterro do Doutor Gori (capítulo 19)

 

                                             Capítulo XIX - O ataque de Vyram: 15 anos depois


Kotal Kahn – Ainda sinto as trevas dentro de você.

Raiden – Elas não me governam mais, Kotal.

Kotal Kahn –Raízes podres geram ervas daninhas (Mortal Kombat 11, diálogos entre Raiden e Kotal Kahn).

Como nós sabemos muito bem, Gori foi expulso de Épsilon e tentou conquistar a Terra, mas teve seus planos frustrados pela ação de Spectreman.

No entanto, o mundo que o pariu ainda está lá, com sua estrutura sócio-econômica intacta, e com o desterro de Gori o sistema de Épsilon claramente enviou o seguinte recado a todo aquele que resolva trilhar os mesmos passos do Doutor Gori: ousem fazer o que Gori tentou fazer, e vocês terão o mesmo destino que ele teve!

Hoje Gori teve seu plano desbaratado e foi derrubado de seu posto. Talvez seja questão de tempo de que em Épsilon aparecer outro Gori. E depois ele mais outro, e mais outro, e mais outro, e assim sucessivamente. Até que um dia, quem sabe, um futuro pretendente a Gori enfim subverta o sistema de Épsilon e consiga o que tanto quer. No que podemos dizer que será uma espécie de vitória póstuma de Gori.

Na verdade, foi questão de tempo alguém assim dar o ar de sua graça: cerca de 15 anos após a expulsão de Gori de Épsilon, surge um político no mesmo Planeta Épsilon chamado Doutor Saru. Nos pontos essenciais, Saru pensa da mesmíssima forma que o Doutor Gori em vida pensava. Com o tempo angariou popularidade entre o povo do planeta Épsilon, e sua popularidade tornou-se tamanha que foi inevitável ele tornar-se o novo líder do senado de Épsilon. Ou seja, o mesmo cargo que Gori ocupou muitos anos antes dele.

O tempo passou e estamos no ano de 1987. O ano em que a Terra enfrenta a invasão do Império Subterrâneo Tube, uma força invasora que ao contrário do Planeta Gozma, do Império Gozma ou da Nave Clone não vem do cosmos distante, mas dos subterrâneos da própria Terra. Além disso, os Gorgom, que possuem vários colaboradores dentro da sociedade humana, também estão prestes a iniciar seu ataque. Neroz (vulgo Makoto Dolbara) também dá sinais de que pretende dar início a uma ofensiva conquistadora, assim como a família dos feiticeiros de Oninin Dokusai.

Nesse ínterim, alguns dos impérios que direta ou indiretamente ameaçavam o Planeta Épsilon deixaram de existir devido a derrotas no Planeta Terra. Em 1985 foi a vez de o Império Gozma ser vencido pelos Changeman e de o Império dos Monstros ser vencido por Jaspion após duras e sofridas batalhas ocorridas no Planeta Terra. Um ano depois, os Flashman venceram o Cruzador Imperial Mess. Entretanto, para eles foi uma verdadeira vitória de Pirro[1], já que o custo para vencer Mess foi altíssimo por conta dos problemas relacionados ao efeito Flash Negativo. E Spielvan, por seu turno, também venceu o Império Water da Rainha Pandora a um alto custo.

Em decorrência das derrotas de Bazoo e Satan Goss, os planetas situados próximos a Épsilon por eles ocupados no passado agora estão sob a jurisdição de generais fiéis a ambos os conquistadores espaciais. Tanto Bazoo quanto Satan Goss estacionaram guarnições nesses planetas todos, de onde tributos fluíam tanto para a nave Gozma quanto para a sede do Império de Satan Goss. Só que devido ao fato de que ambos os impérios estiveram mais preocupados com outras partes de seus domínios e conquistas em outros quadrantes do Universo é que não lançaram uma invasão de larga escala ao Planeta Épsilon.

Após a queda de Satan Goss e Bazoo, surgem nos planetas em questão rebeldes que querem livrar seus planetas do tacão dos remanescentes tanto de Gozma quanto do Império dos Monstros. Alguns conseguem a certo custo, outros não. E é ai que entra na jogada uma nova força invasora vinda do cosmos tirando vantagem da situação, o Império Vyram. Sim, isso mesmo, o mesmo Vyram que anos antes tentou sem sucesso fazer uma razia de pilhagem em Épsilon, ainda no tempo de Gori. Um a um os planetas são engolidos por Vyram até não sobrar mais nenhum planeta fora de seu tacão.

Da mesma forma que Gori em seus discursos justificava sua plataforma ideológica por causa da ameaça vinda de invasores intergalácticos como o Planeta Gozma, o Império Gozma e o Cruzador Imperial Mess, Saru justifica a sua plataforma ideológica com base não apenas no Vyram, que é o invasor em potencial que no momento bate as portas em Épsilon, como também no forte Crisis, liderado pelo general Jark. E tal como Gori, Saru também fala muito sobre a podridão do sistema político de Épsilon e a necessidade de substitui-lo por outro, assim como das abissais desigualdades sociais existentes no planeta dos simióides.

Uma vez líder do Senado de Épsilon, o Doutor Saru iniciou um programa de revitalização das forças armadas e dos sistemas de defesa de Épsilon que não foi muito bem visto pela canalha que governa Épsilon há muito tempo, assim como por seus críticos da imprensa e pacifistas de plantão estilo hippies. Rapidamente eles reagiram de forma similar a que fizeram com Gori no passado.

Só que o sucesso não foi o mesmo de antes, e diante desse impasse a canalha que governa Épsilon há muito tempo resolveu recorrer à ajuda de Vyram. Emissários foram enviados à nave-sede do Império Vyram, os quais foram recebidos pelo conde Radiguet. Radiguet logo é posto a par da situação interna de Épsilon, e após muito pensar resolve agir em favor deles.

Vyram envia uma força para conquistar Épsilon, pessoalmente liderada por Radiguet. Ironicamente, o mesmo Radiguet que no passado foi vencido e feito prisioneiro em Épsilon. É a perfeita oportunidade para Radiguet vingar a derrota pregressa em Épsilon.

Vyram envia um exército numeroso sob a liderança de Radiguet em apoio das facções contrárias ao Doutor Saru. Sucederam-se combates encarniçados entre as facções em disputa, e no fim das contas Vyram aproveitou-se da oportunidade para apoderar-se de Épsilon. Em um desses combates, o doutor Saru foi vencido e morto pela espada de Radiguet, e assim a guerra civil em Épsilon chegou ao fim.

Senador 1: “General Radiguet, muito obrigado por nos ter ajudado a se livrar do Doutor Saru. Épsilon é grata ao senhor”.

Radiguet: “Não seja tolo, senador idiota. Você acha que nós te apoiamos de graça? Vejo que vocês políticos de Épsilon não passam de uns grandes imbecis”.

Em seguida Radiguet aponta sua espada na direção do senador, ameaçando-o de morte.

Radiguet: “E agora eu proclamo que o Planeta Épsilon é domínio de Vyram!”.

O estandarte de Vyram foi hasteado no senado de Virunga por Radiguet, indicando que agora Épsilon é domínio de Vyram. Vendo que resistir a Vyram é inútil, os políticos de Épsilon não tem outra escolha a não ser aceitar as demandas do general Radiguet.

Tempos depois, Épsilon retoma sua independência com o fim de Vyram após a derrota para o esquadrão homem-pássaro Jetman na Terra. Muitos anos mais tarde surge em Épsilon um político chamado General Wonsung, que foi um dos principais líderes de resistência a Vyram e que no essencial postula os mesmos ideais de Gori e Saru. Conseguirá ele levar a cabo as ideias de Gori e Saru, ou o sistema de Épsilon dará um jeito de afastá-lo do poder por meio de sua politicagem?

Como se vê, o mundo que produziu Gori ainda está ai, e as raízes podres estão lá gerando ervas daninhas ad aeternum. Até quando o planeta dos simióides ficará preso nesse círculo vicioso? Uma coisa é certa: Épsilon pode ter dado cabo dos Goris de outrora e pode dar cado do Gori de hoje, que é questão de tempo e oportunidade o Gori de amanhã surgir.


NOTA:

[1] No jargão militar, expressão utilizada para se referir a uma vitória obtida a um alto preço. A expressão faz uma alusão a Pirro, rei de Épiro (atual Grécia ocidental) entre 297 a 272 antes de Cristo, que venceu a República Romana nas batalhas de Heracleia e Asculum em 280 e 279 antes de Cristo, mas a custo de perdas muito grandes nas fileiras de seu exército.

1 Comentários

  1. O tempo passa...
    Nada muda ...

    O ciclo permanece...

    A sociedade corrompida de Epislon não aprendeu a lição....


    Triste !

    ResponderExcluir