A verdadeira história do desterro do Doutor Gori (capítulo 25)

 

                                             Capítulo XXV - Testamento aos terráqueos    

Chegou a hora de dizer algumas palavras a vocês, terráqueos estúpidos. E vocês vão escutar não o que vocês querem ouvir, mas o que tem que ser dito. E o que tem que ser dito não é nada agradável a vocês.

Sinceramente, não sei quem que são mais estúpidos: vocês ou a canalha que governa o meu planeta natal. Pois desde que cheguei ao Planeta Terra, fiquei encantado com a beleza da Terra e seus ecossistemas. E, ao mesmo tempo, fiquei decepcionado com a maneira como vocês tratam seu próprio planeta. E então cheguei à conclusão de que a única forma de salvar o Planeta Terra e restaurar o seu esplendor de outrora seria eliminá-los. E de uma vez por todas.

Mas, como eliminá-los, alguns de vocês perguntar-me-ão? Para um gênio científico vindo de uma civilização muito mais adiantada que a de vocês como eu a solução era muito simples: criar monstros ferozes através dos dejetos poluidores que vocês mesmos jogam na atmosfera, nos rios, lagos, mares, no solo. Um tanto irônico, não? Pode-se dizer que a minha ideia era fazer com que o planeta que vocês tanto desprezam se voltasse contra vocês mesmos.

Uma vez criados, esses monstros iriam eliminá-los da face da Terra em questão de dias, quiçá de meses. O pânico e o caos seriam espalhados por toda a Terra, e país por país se veria impotente diante do terror espalhado por meus monstros. Nem mesmo os mais poderosos exércitos da Terra seriam capazes de vencer minhas criações. Nem mesmo armas atômicas seriam capazes de detê-los!

E então eu, o grande Doutor Gori II, tornar-me-ia o senhor todo poderoso da Terra e a teria em minhas mãos. E, tal qual tentei fazer com o Planeta Épsilon, faria da Terra a sede de um grande império intergaláctico. Mas, graças à ação de certo ser cibernético enviado por Nebula 71 meus planos conquistadores foram frustrados e fui vencido de uma vez por todas. E agora cá estou, em outro plano, observando tudo o que acontece como expectador que assiste tudo de camarote.

Os anos se passaram, e vejo que vocês continuam as mesmas criaturas estúpidas e desprezíveis de sempre. A mesma prepotência de sempre em se acharem os seres mais importantes de todo o planeta. A mesma arrogância, o mesmo desleixo em relação ao meio ambiente. E o que dizer do fato de que vocês estão aquecendo o próprio planeta em que vivem por causa das excessivas emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano, e assim ameaçando de inundação as principais cidades costeiras do mundo em que vivem? Essa é a gratidão que vocês retribuem ao planeta em que vivem?

A situação é tão medonha que há gente na Terra que, em nome de seus lucros imediatos, se recusa a ver tal situação. Preferem continuar poluindo o meio ambiente lucrando horrores e o destino que cidades como Nova York, Tóquio, Amsterdam, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Marselha, Los Angeles, Oslo e outras importantes cidades costeiras podem ter com o aumento do nível dos mares pouco ou nada lhes importa. Também não passaram pela cabeça de vocês, por exemplo, que o gelo das calotas polares pode esconder vírus e bactérias de epidemias antigas que uma vez revividos podem ser ainda mais letais que outrora? E, tal qual no Planeta Épsilon, vejo que as desigualdades sociais na Terra são igualmente abissais, a ponto de a fortuna dos homens mais ricos corresponderem a mais metade de toda a riqueza do resto da população.

Na verdade, vocês, humanos desprezíveis, me dão é pena. Como pode uns seres tão desprezíveis e patéticos ter se tornado a espécie dominante de um planeta tão belo como a Terra? E como podem vocês ter extinguido com vários animais magníficos e colocado muitos outros igualmente magníficos sob sério perigo de extinção? E não bastasse isso, vejo que hoje na Terra existem pessoas que mutilam seus próprios corpos por puro capricho e chegam ao ponto de achar que com tais cirurgias mudam de sexo, alguns desses ditos cujos que falam que têm gênero fluído ou neutro. Ou seja, a fantasia subjetiva acima da realidade. O virá depois disso? Pessoas se transformando em seres cibernéticos e/ou aberrações biotecnológicas[1]? Ou seja, como se não bastasse a destruição do próprio planeta, agora vejo que alguns de vocês também não tem o menor respeito por seus corpos. Portanto, não foi à toa que eu quis eliminá-los há muitos anos. Podem ter certeza que se eu revivesse nesse mundo tentaria eliminá-los novamente.

Pois bem, só lhes digo uma coisa: continuem destruindo o planeta como vocês vêm fazendo há muito tempo, que será questão de tempo a conta chegar. E quando ela chegar, o preço a ser pago será bem salgado, salgado a tal ponto que tenho minhas dúvidas se vocês serão capazes de pagá-lo. E então eu irei rir muito da cara de vocês de onde eu estou.

NOTA:

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[1] Que nem o Doutor Maki Gero fez no Dragon Ball Z e a Frost no Mortal Kombat 11, e que nem o Professor Kuromatsu tentou fazer em Kamen Rider Black.