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A verdadeira história do desterro do Doutor Gori (capítulo 26)


                                             Capítulo XXVI - Mensagem póstuma a Spectreman

Já faz muito tempo que não nos vemos meu caro Spectreman...

Desde que me venceu de uma vez por todas você se encontra em Nebula 71, junto com os Dominantes agora, e a qualquer hora pode ser enviado novamente ao Planeta Terra, ao menor sinal de perigo.

Irei direto ao ponto. Gostaria de lhe perguntar o seguinte: valeu a pena, meu caro Spectreman, defender os seres humanos? Valeu a pena defende-los tanto dos monstros que eu criei, valeu a pena frustrar os meus planos de conquista da Terra um por um, valeu a pena destruir os monstros que criei por meio da poluição, vencer o Karas em combate e por fim fazer com que eu tirasse a minha própria vida? Pois eu estou vendo que não, nada disso valeu a pena. E vou lhe mostrar o motivo.

Da dimensão em que me encontro agora, vejo que os seres humanos continuam os mesmos seres mesquinhos e arrogantes de sempre, que não tem o menor pudor em destruir o próprio planeta em que vivem. E vejo que agora a situação é ainda pior: vejo que alguns deles também não têm o menor pudor em destruir seus próprios corpos por puro capricho. E acham que nessa brincadeira toda viram algum animal ou um ser pertencente ao sexo oposto, quando na verdade estão apenas se mutilando e brincando de ser algo que eles não são.

E isso é apenas o começo, diga-se de passagem. Talvez seja questão de tempo as pessoas começarem a brincar de se transformarem em aberrações cibernéticas e/ou biotecnológicas, na medida em que a humanidade, com o passar do tempo, atinge níveis de desenvolvimento tecnológico cada vez mais avançados.

E é ai que está o problema: do que adianta os terráqueos terem toda a tecnologia de que dispõem, sendo que não sabem usá-la adequadamente e para os fins certos? Pois esse é um problema que eu vi tanto em Épsilon, o meu planeta natal, quanto na Terra. E não importa quantas revoluções tecnológicas vocês experimentem, pois enquanto não souberem usar a tecnologia adequadamente, jamais sairão do patamar em que se encontram e jamais resolverão os problemas que os afligem.

Pois bem, como umas criaturas que não respeito nem o planeta em que vivem e muito menos os corpos que eles ganham a partir do momento em que nascem são dignas de serem protegidas? Pois para mim, criaturas ingratas e estúpidas como essas só merecem uma única coisa: eliminação total e completa.

Se as coisas continuarem como estão, é capaz de a própria humanidade se autodestruir, talvez em questão de décadas, ou mesmo uns poucos séculos. E, dessa forma, o lixo da história espera à humanidade, inexoravelmente. E para isso não será preciso ninguém vindo do espaço ou dos subterrâneos para conquistar o Planeta Terra. Nem eu, nem Doutor Man, nem Bazoo, nem Satan Goss, nem Monarca La Deus, nem Rainha Pandora, nem Zeba, nem Neroz, nem Oninin Dokusai, nem Grande Professor Bias, nem Gorgom, nem Crisis, nem Biolon, nem M. Bison, nem Šao Kahn, nem ninguém. Apenas a estupidez, a burrice e a tolice dos próprios seres humanos.

Você até hoje deve se perguntar o motivo pelo qual tomei a decisão de cometer o supremo sacrifício, ao invés de ajudar os humanos a superarem os problemas deles. Como eu lhe disse pouco antes de morrer: “não se ensinam coisas novas a um macaco velho. O mal é sempre lembrado, o bem é tão difícil de ser reconhecido”. O que quis dizer com isso? Que por mais que eu ajude as pessoas por meio de meu gênio científico das mais diversas formas possíveis, elas sempre irão se lembrar de mim não como o benfeitor que está resolvendo os problemas delas, mas como aquele que quis eliminá-las por meio de monstros criados por meio do lixo poluente. Sempre vão ter um pé atrás quanto a mim, acreditando que eu estaria armando algum plano secreto de conquista e usando tais benfeitorias como um biombo para ocultar este plano secreto. E se as pessoas me vissem andando pelas ruas, apontariam o dedo em mim, diriam “olha lá, o Doutor Gori, que tentou nos eliminar” e me linchariam. Portanto, não tive outra escolha a não ser o suicídio.

Pois saiba de uma coisa, caro Spectreman: não me arrependo de ter tentado eliminar os seres humanos e jamais me arrependerei. Pois a você reitero o que disse pouco antes de vir a óbito: não se ensina coisas novas a um macaco velho.

1 Comentários

  1. Profunda essa reflexão pós-morte de Gori.


    Em muitas coisas ,ele até tem razão...

    Mas, ele esqueceu que a Terra sempre reagiu e, pessoas de bem que agem sem a intenção de serem vistas fazem o que é certo, dando-nos a certeza que outro caminho pode ser trilhado e que vale a pena acreditar no bem .


    Parabéns !

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