A verdadeira história do desterro do Doutor Gori (capítulo 23)

 

                                    Capítulo XXIII - Doutor Gori, pela comandante Aya Odagiri

(esse capítulo se passa entre os episódios 7 e 8 de Jetman – Para quem não sabe, Jetman é o sentai de 1991 e o último que não virou Power Rangers no Ocidente)

20 longos anos se passaram desde que Gori tentou invadir a Terra e conquista-la por meio de monstros criados a partir da poluição e foi vencido por Spectreman. Estamos em 1991, e o invasor da Terra da vez é o Império Vyram. Sim, o mesmo Vyram que conquistou Épsilon logo após as derrotas de Satan Goss e Bazoo, sob a liderança do general Radiguet.

Para defender a Terra de Vyram, foi formada a equipe Esquadrão Homem-Pássaro Jetman, sob a liderança da comandante Aya Odagiri. Ou como seus comandados a chamam, Čokan.

No intervalo entre treinamentos e batalhas contra Vyram, Ako, a Blue Swan, pega uma revista antiga que fala a respeito dos 20 anos da tentativa de conquista da Terra por parte do Doutor Gori. E a mostra não só para a comandante, como também para os colegas de equipe. Movida por curiosidade, Ako pergunta a respeito do Doutor Gori. Mais precisamente, pergunta à comandante Odagiri o que ela sabe sobre o Doutor Gori e os intentos conquistadores dele de outrora. Como veremos, Odagiri sabe sobre Gori, e não é pouca coisa não.

Ako: “Čokan, dá só uma olhada aqui na revista que tenho em mãos. Fala sobre a tentativa de invasão do Doutor Gori ao Planeta Terra há 20 anos”.

Odagiri: “Hum, mas que interessante, deixe-me dar uma olhada”.

Ao olhar para a matéria, a comandante Odagiri fica muito intrigada e ao mesmo tempo interessada com o que lê.

Ako: “Čokan, o que você sabe a respeito do Doutor Gori?”.

Odagiri: “É uma longa história”.

A Comandante Odagiri reúne todos os cinco Jetmen para contar a eles o que ela sabe a respeito do falecido Doutor Gori.

Ako: “Então Čokan, diga-nos, o que você sabe sobre o Doutor Gori?”.

Gai: “Você está falando sobre o Doutor Gori, aquele chimpanzé reumático que tentou invadir a Terra há 20 anos? Ele se parece muito com certo Seu Madruga que mora em um cortiço lá no México. Ou morava, não sei se aquele homem ainda vive por lá. Se é que ele ainda está vivo”.

Odagiri: “Sim, ele mesmo”.

Tanto Odagiri quanto os Jetmen possuem memórias de tal ocorrido, afinal já tinham certa idade em 1971, principalmente a comandante Odagiri. Eles lembram-se vivamente sobre as notícias dos monstros que Gori criou e todo o pandemônio por eles criado. O transtorno foi tal que prejuízos bilionários à economia japonesa foram infligidos, assim como certo prejuízo em matéria de vidas humanas. E que à época eles temeram pelo destino da humanidade.

Odagiri então começa a contar o que ela sabe a respeito do Doutor Gori e seu comparsa Karas.

Odagiri conta que Gori era um nativo do Planeta Épsilon que em certo momento de sua vida tentou tomar o governo central de Épsilon em suas mãos de forma fazer de seu planeta o centro de um grande império intergaláctico.

Odagiri: “Assim, o Exército de Épsilon, armado com as armas mais letais, hastearia o estandarte do planeta dos simióides nos quatro cantos do Universo”.

Ryuu: “Mas esse Gori era um doido varrido, um verdadeiro monstro, não sei como que ele podia pensar dessa maneira”.

Odagiri: “Ryuu, entendo o teu ponto de vista, mas saiba de uma coisa: os monstros não surgem do nada. Gori incluso”.

Ryuu: “Como assim? Não estou entendo nada”.

Gai (acendendo mais um cigarro): “Mas você é um cabeça oca mesmo, hein Ryuu. Pelo que eu entendi das palavras da Čokan, Gori deve ter tido algum motivo para ter pensado daquela maneira“.

Odagiri: “Precisamente, Gai. E esse motivo em questão é que próximo ao Planeta Épsilon havia planetas sob a jurisdição de Satan Goss e de Bazoo, de onde ambos poderiam lançar um ataque de conquista ao planeta natal dele. E para piorar ainda mais as coisas, não só o sistema político de Épsilon estava todo apodrecido, como também os políticos de Épsilon faziam pouco caso da ameaça que pairava no ar”.

Raita: “Então quer dizer que Gori tinha seus motivos para se tornar quem ele se tornou”.

Odagiri: “Sim, ainda que por vias tortas, sim, ele teve”.

Kaori: “Eu achava que Gori quis tomar o poder em Épsilon por um mero desejo de poder. Mas pelo visto a coisa é mais complexa do que eu pensava até então”.

Odagiri conta em seguida que muitos anos após Gori ser defenestrado e tentar a sorte no Planeta Terra, surgiu um novo Gori em Épsilon, o Doutor Saru. Raita não gostou nem um pouco de ouvir que a história do planeta Épsilon chegou a esse ponto, como veremos abaixo.

Raita: “Sinceramente, eu não entendo como isso foi possível. Será que os cidadãos de Épsilon não aprendem nunca com seus próprios erros?”.

Gai: “Você pelo visto é outro bobinho, Raita. Do que adianta você tirar uma erva daninha de um terreno sem arrancar a raiz junto? Com o passar do tempo, a erva daninha crescerá de novo, e assim sucessivamente enquanto não arrancar fora a raiz dela”, responde Gai.

A comandante Odagiri concorda com o argumento de Gai. “Sim, é isso Gai, você tem toda a razão”, ela diz. E Gai aproveita a deixa para dar uma alfinetada no companheiro de equipe, sarcasticamente.

Gai: “Sabe Raita, você se diz agricultor, mas não entende coisas básicas sobre cultivo e manejo de plantas. Que patético”.

Raita: “Ora, seu!”.

Gai: “Toma essa, burro!” (Gai joga um cigarro na cara de Raita).

Raita se enfurece depois da última de Gai. “Você vai ver, Gai!”, diz Raita, mostrando o punho na direção de seu companheiro de equipe. “Venha, se é capaz do que fala”, Gai responde. Ryuu então aparta o foco de briga, acalmando os ânimos entre as duas partes antes que algo mais sério ocorresse (e assim mostrando porque ele é o líder da equipe).

Apagado o foco de incêndio, o Red Hawk pede a comandante que continue a contar a história. “Obrigado, Ryuu”, Odagiri responde.

Segundo Odagiri, quando o Doutor Saru tentou fazer o mesmo que Gori, a canalha que governa o planeta Épsilon fez a seguinte manobra, vendo que a situação era mais séria que da vez anterior: pediu o auxílio de Vyram para poderem se livrar de Saru!

Kaori: “Não acredito que os políticos de Épsilon chegaram a esse ponto, de comprometer a independência do planeta deles para se livrarem de um adversário político!”.

Gai: “Kaori, é bom você entender que um político desesperado faz qualquer coisa para se manter no poder. Incluindo até mesmo vender a alma ao demônio”.

Ryuu: “Que nem quando o Doutor Fausto fez o pacto com Mefistófeles”.

Gai: “Precisamente, meu caro Ryuu”.

Kaori: “Não acha que está exagerando, Gai?”.

Gai: “Estou falando a verdade, cara Kaori. A mais pura verdade a respeito de política e poder”.

Vyram, sob a liderança de Radiguet, então se aproveitou da situação para fazer de Épsilon mais um de seus domínios, com muitos dos mesmos políticos venais de Épsilon aceitando o domínio de Vyram de bom grado.

Ako: “Mas que história mais aterradora e medonha! Só espero que aqui na Terra não existam políticos tão mesquinhos que façam o mesmo”.

Gai: “Não tenho tanta certeza quanto a isso, Ako. Alguns dos políticos que vejo por ai estariam dispostos a fazer o mesmo que os políticos de Épsilon fizeram para se livrar do Doutor Saru”.

Odagiri: “E é por isso que vocês, Jetmen, precisar dar tudo de si na luta contra o Vyram. Porque se for para dependermos de certos políticos que vemos por aí, o destino da Terra está condenado”.

Em seguida Ako se pergunta a respeito do paradeiro de Spectreman, o herói que combateu as investidas do Doutor Gori. Odagiri responde que o paradeiro dele é desconhecido desde que Gori e Karas foram vencidos.

Tudo o que Odagiri sabe é que depois que Spectreman sumiu surgiram lendas a respeito de seu paradeiro. Uma delas diz que após a batalha contra Gori ele se refugiou em um lago congelado na Sibéria, e de ele espera o momento certo para voltar e enfrentar o mal. Dizem que ele voltará na hora em que o demônio vingador Kato Yasunori voltar a causar dores de cabeça aos cidadãos do Japão.

Outra dessas lendas urbanas diz que ele está escondido nos subsolos do Japão, muito bem escondido, e que voltará em um momento de extrema necessidade. Até que ponto tais lendas são verdadeiras, se é que elas têm uma ponta de verdade, a comandante Odagiri afirma não saber. Kaori pergunta à comandante como que ela sabe a respeito de Épsilon, e ela responde que já leu muito a respeito de planetas como Épsilon.