Capítulo XVIII: O homem no espelho - o Doutor Gero da história.
No dia 12 de
maio do ano 767 o Doutor Gero, agora transformado no Androide 20, invadiu uma
ilha (mais precisamente, a ilha Amenbo, situada a nove quilômetros a sudoeste
da capital do sul) junto com o Androide 19. Mas, por algum motivo a ele
desconhecido, Goku e seus amigos vieram ao local para enfrentar a dupla de seres
cibernéticos. E o embate teve um desfecho nem um pouco favorável à dupla de
malfeitores: o Androide 19, após lutar com um Goku debilitado pela doença
cardíaca que contraiu no caminho de volta do planeta Namek, foi destruído por
Vegeta após ter tido seus dois braços arrancados pelo príncipe dos saiyanos
(agora transformado em Super Saiyano), e o próprio Androide 20 teve seu braço
direito arrancado fora por Piccolo em uma fracassada tentativa de absorver a
energia do namekiano.
Acuado, só
com um braço e diante de inimigos bem mais poderosos que ele como Vegeta e
Piccolo, não restou outra escolha ao Androide 20 a não ser voltar ao
laboratório e ativar os androides 17 e 18. Os guerreiros Z o perseguiram até o
laboratório, mas o androide 20 aproveitou-se do fato de não ter ki e se
escondeu muito bem de seus perseguidores, bem o suficiente para chegar ao seu
laboratório secreto e lá ativar os androides 17 e 18.
De início, os
androides 17 e 18, após serem ativados, pareciam mais calmos e tranquilos e até
disseram bom dia ao Doutor Gero, mas isso não passou de uma armadilha, uma
cilada. Enquanto Vegeta, Piccolo e os demais guerreiros Z chegavam ao
laboratório, uma discussão entre criador e criatura teve início, e no fim das
contas o androide 17 destruiu seu criador sem dó nem piedade.
E assim
chegaram ao fim 72 anos de vida de um dos maiores gênios que a Terra do
Universo 7 já produziu. Um fim bem inglório, diga-se de passagem. Morto pela
cobra que ele mesmo criou nesse tempo todo. Entretanto, seu desejo de vingança
foi consumado, visto que Cell, a mais poderosa das criações do Doutor Gero,
matou Goku durante os jogos de Cell, quando Cell, em visível desvantagem na
luta contra Gohan, tentou explodir a Terra em um intento suicida. Para impedir
que a Terra virasse poeira espacial tal qual os planetas Vegeta e Namek, Goku
se teletransportou ao Planeta do Senhor Kaioh do Norte, morrendo junto com o
senhor Kaioh, Gregory e Bubbles. Depois que Cell foi morto por Gohan (com uma
mãozinha de Vegeta), Goku não foi revivido pelas esferas do Dragão e passou os
sete anos seguintes no além, tendo sido revivido com o auxílio do Velho Kaiošin
pouco antes de enfrentar o Super Buu.
Alguns se
perguntarão: como que o Doutor Maki Gero entrou para a história? Como que o
nome dele passou a ser retratado nos livros de história quando ele é citado, e
qual será a cor da tinta que usam para retratá-lo? Pois bem. Há um ditado que
diz que a história é escrita pelos vencedores, e com o Exército Red Ribbon a
situação não é nem um pouco diferente. O Red Ribbon e seus membros (em especial
o comandante Red) são retratados como um bando de lunáticos que intentaram
ameaçar a paz da Terra e instalar um jugo tirânico sobre todo o mundo.
E o Doutor
Gero não foi exceção. Como ele fez parte do Exército Red Ribbon, uma
organização que fracassou em seu intento conquistador, e depois criou criaturas
que causaram grandes transtornos à humanidade e empilharam muitos cadáveres como
Cell, entrou para a história como um cientista louco que, a despeito de sua
genialidade, sumiu do mapa após o fim do Red Ribbon, passou anos querendo se
vingar de Goku e colocou a humanidade em risco por meio de suas criações. E
mesmo suas criações sobreviventes, os androides 17 e 18, o odeiam profundamente
por tê-los sequestrado e submetido seus corpos a uma série de experimentos.
Cell, por seu
turno, é retratado de maneira análoga nos livros de história, assim como Freeza
e a esmagadora maioria dos inimigos que Goku e seus amigos enfrentaram tanto
antes quanto depois dele. Como alguém que ameaçou a paz e a estabilidade do
mundo, empilhou inúmeros cadáveres por onde passou e ainda teve a ousadia e o
atrevimento de criar um torneio de artes marciais com seu próprio nome.
Mas, os
livros de história que falam a respeito do Doutor Gero em momento algum falam a
respeito de coisas como os motivos que o levaram a se tornar membro do Exército
Red Ribbon. Não só ele, como também muitos outros cientistas que trabalharam
para o Red Ribbon. Em momento algum falam que muitas portas se fecharam na cara
dele por ele não ter o pedigree e o capital de relações pessoais que os
empregadores requeriam, até que o Red Ribbon, na pessoa do comandante Red e do
conselheiro Black, deu uma oportunidade a ele e ao gênio científico dele.
Talvez, caso as instituições científicas terrenas não fossem um clubinho tão
fechado no qual muitas vezes o pedigree vale mais que a capacidade científica
do indivíduo, o Doutor Gero não teria trilhado o caminho que trilhou em vida.
Sobre a
vingança que levou adiante contra Goku após a debacle do Red Ribbon, geralmente
é dito que isso não passou de um mero capricho pessoal dele, ocultando-se às
novas gerações que Gero acreditava no propósito do Red Ribbon, o que o Red
Ribbon era para ele e o que foi para ele o fim do Red Ribbon.
O Doutor Gero
se foi, assim como Cell e a maioria de suas criações. Só que o mundo que o
produziu ainda está ai, desperdiçando jovens talentos pela mesma razão que
desperdiçou o talento de Gero em vida. Tais jovens talentos, depois de
formados, muitas vezes levam uma vida miserável e para sobreviver têm de se
virar com empregos de baixa remuneração, enquanto que muitas nulidades são
alçadas a gênios científicos só por causa do sobrenome que carregam. E ainda
vomitam sobre meritocracia e outros contos da carochinha similares aos quatro
cantos. Não será nenhuma surpresa se futuramente surgir na Terra um novo Red
Ribbon, e este se tornar a única saída para todos esses jovens terem o
reconhecimento que o gênio deles merece.
1 Comentários
E assim terminamos a saga de Gero.
ResponderExcluirDerrotados não tem história!
O véu do esquecimento é o destino daqueles que, mesmo tendo talento e genialidade fazem opções equivocadas.
Meritocracia nāo existe!
Fato!
Triste lição!