Capítulo V: O caminho que cada um trilha (parte II)
O fato de seu amigo
Hideo ter começado a namorar uma humana foi um grande divisor de águas na vida
de Šuiči. Diante dessa situação, Šuiči reagiu dizendo que não precisa mais da
ajuda de um inútil que se apaixonou por uma humana.
De acordo com o próprio Šuiči,
de todos os sentimentos do ser humano, o amor é o mais desprezível, vil e
nojento de todos, pois por mais belo que pareça ser, é o caminho da destruição
para uma pessoa. Bem diferente de outros sentimentos como a ira e a inveja,
pois segundo Šuiči, estes ao menos tem verniz maléfico e, portanto, mais
honestos. Seu ranço para com os seres humanos, que já era grande, foi
aumentando cada vez mais. E seu convívio com as pessoas foi igualmente
diminuindo com o tempo, chegando ao ponto de se retirar das várias associações
da qual fazia parte, uma a uma. Mas, mesmo com seu gradativo afastamento do
contato com os seres humanos, Šuiči ainda assim mantinha alguns contatos com
algumas poucas pessoas as quais considerava dignas de respeito.
Desde pequeno Šuiči já
se considerava uma pessoa acima da média, e agora sua crença nisso é ainda
maior. E por isso ele é que deveria ser o senhor não só do Planeta Terra como
também do Universo inteiro. Por volta de 1971, o afastamento de Šuiči em
relação ao convívio das pessoas comuns foi praticamente completo, e muitos
acreditam que ele faleceu de uma forma misteriosa. Especulam até que foi vítima
de um ataque cardíaco ou algo do tipo. De qualquer forma, o seu paradeiro e o
seu destino tornaram-se alvo de muitas lendas e especulações. Uma delas é a de
que se exilou em algum canto remoto da Sibéria, vivendo lá como um pastor de
renas. Outra é que ele foi abduzido na calada da noite por extraterrestres
vindos de uma galáxia situada a muitos anos-luz de distância da Terra. De
qualquer forma, Mičiko também ficou sabendo do sumiço de Šuiči lendo as notas
policiais de um jornal de Sendai (o local onde passou a morar a partir de 1972)
e acredita que esse, assim como seu ex-marido, também está planejando alguma
grande maldade no futuro.
Šuiči, após o
afastamento de Hideo, passou a se dedicar a aumentar cada vez mais seus
conhecimentos nas mais diversas áreas para criar todo o aparato necessário para
por em prática seus planos de dominação global. Com o que restou dos projetos
que fez junto com Hideo e outros cientistas ele pode criar muitas coisas,
incluindo os guerreiros de cabelo moicano Džimmers, os Monstros Cerebrais Zunos
e até mesmo um guarda-costas cibernético, Gaš, e outros dois guerreiros
cibernéticos, Gildos e Butchy. Tanto em Gildos quanto em Butchy Šuiči implantou
memórias falsas sobre falsos passados nos planetas Gildo e Čibučian (das quais
ambos se orgulham muito), de forma a que esses pensem que são alienígenas
vindos do espaço e não androides criados por uma mente de origem terráquea. Praticamente
sozinho ainda Šuiči construiu uma nave espacial, a Zuno Base, que serve de
quartel-general para seu projeto imperial, também com o que planejou ao lado de
seu antigo amigo. Em 1973, renegando todo o seu passado humano e passando a
esconder a todos o fato de que é um humano, ele emergiu como uma nova
identidade e um rosto um tanto alterado, o Grande Professor Bias. Seu nome em
inglês significa nada menos que preconceito, refletindo muito bem sua atitude
relação aos seres humanos.
Mas, mesmo com toda a
sua inteligência e poder, Bias possuía certo temor quanto a um dia morrer e não
poder ver a obra de sua vida completa. Para isso, concebeu um projeto para
enganar a morte chamado “Giga Brain Wave”. O “Giga Brain Wave” consiste de um
grande aparelho energético de controle mental que absorve a energia e os
conhecimentos de 12 cérebros humanos ao mesmo tempo. Um impressionante aparelho
de controle mental, feito para tornar todo o resto da humanidade de escravos.
Tal aparelho se encontra em uma sala secreta da Zuno Base, que Bias batizou de
Zuno Room e que apenas ele pode nela entrar. Um golpe para lá de irônico e
genial por sinal. Com isso, Bias pretendia usar a inteligência do ser humano
contra ele mesmo. E não é só isso: o aparelho também serve para esconder a real
idade de Bias, que mesmo ainda não tendo meio século de vida acabou
envelhecendo mais rápido que os demais seres humanos em matéria de aparência.
Parecia que ele na verdade tinha 60 anos de idade quando ele iniciou esse
projeto.
Só que para isso ele
precisava de 12 cérebros humanos, e para isso foi se aproximando de pessoas com
altíssimos QIs, alegando que junto com tais pessoas pretendia fazer grandes
projetos científicos e escrever livros a respeito desses projetos. Segundo o
próprio Bias, para que o cérebro seja, digamos, aprovado para ser usado em seu
grande projeto, é preciso que ele tenha 1000 de QI. Ao longo de todos esses
anos Bias aliciou vários cientistas e os submetia um brutal clima de competição
entre eles, e aquele que alcançasse 1000 de QI tinha seu cérebro colocado a
disposição de Bias. O primeiro cientista a ter seu cérebro roubado por Bias foi
o Doutor John Adolf Smith, inglês nascido em Manchester e formado em Cambridge.
Smith, um homem de meia idade já nos seus 52 anos, estava no Japão no ano de
1977 em um curso de intercâmbio científico entre Inglaterra e Japão. Era
especialista em Física Quântica e Física Nuclear. Em meio a sua passagem pelo
Japão, foi aliciado junto com alguns amigos por Bias e colocado em um esquema
de competição junto com outros quatro cientistas para construir os melhores
equipamentos para a Zuno Base, e para acirrar ainda mais as coisas Guildos e
Butchy foram postos por Bias para que os cientistas humanos se esforçassem
ainda mais em seus projetos. Após uma longa competição, Smith foi o primeiro a alcançar
1000 de QI e teve seu cérebro roubado por Bias, enquanto que os outros foram
mortos como se fosse lixo inútil nas mãos de Gaš e Butchy.
Depois dele, mais outros
10 cientistas de diversas nacionalidades tiveram em situações semelhantes seus
cérebros roubados por Bias e colocados na Zuno Base (além de outros mortos por
Volt). São eles o Doutor Dimitrij Aleksandrovič Ivanov, da União Soviética; Kendži
Sasaki, do Japão; Gerhard Wolfgang von Blücher[1], da Alemanha Oriental;
George Walker Marshall, dos Estados Unidos; Lars Gunnars Eriksson, da Noruega; Jan[2] Magnus Olsen, da
Dinamarca; Aleksej Nikolaevič Dimitrov, também da União Soviética; Jean Michel
de Monet, da França; Mustafá Rašid Yassin, do Iraque; e Džao Yuan-Feng[3], da China. É o ano de
1985. O projeto de Bias está quase completo, e falta apenas um cérebro para a
sua conclusão. O líder de Volt não vê a hora que esse projeto seja concluído e
seu plano de dominação global posto em prática e realizado.
[1] Leia-se "Guerrard Volfgang fon Blirrá",
pois no alemão a partícula w tem valor de v, o v tem valor de f, o ü tem valor
de i, o ch de rr e o er de á.
[2] Leia-se "Ian", pois no dinamarquês,
assim como em outros idiomas do norte e centro da Europa como o alemão, o
húngaro, o polonês, o norueguês, o sueco e o holandês a partícula j tem valor
de i. Tal nome equivale a João no idioma português,
Juan no espanhol, Jean no francês, Gianne no italiano, John e Evan no inglês, Yahya
no árabe e no persa, Ian no polonês, Ivan no russo, ucraniano e bielorusso,
entre outros exemplos.
[3] Leia-se "Yuan-Fen", pois no mandarim
quando uma palavra termina em consoante, a última é muda, assim como no
francês.
1 Comentários
A soberba e a vaidade pessoal de se achar melhor do que os outros geram delírios megalomaníacos de dominação.
ResponderExcluirNesse ponto, os dois futuros vilões se separam e cada um segue seu destino...
Em comum, a ambição desmedida controlar o mundo.
Ainda bem que os Bioman e os Liveman impediram essa loucura!