No capítulo anterior:
Cris e Tarso acordam em uma praia desconhecida. Quando vão adentrar a mata, eles se deparam com robôs da Corporação Ômega.
Capítulo #9 – A mulher-felina
No meio da mata
Aline acordou ao som dos pássaros. Ao contrário de Cris e Tarso, quando estavam inconscientes deitados de bruços na praia, ela estava deitada de barriga para cima. Obviamente, não fazia ideia de onde estava. Assim como os primos, a última coisa que ela se lembrava era da explosão.
Ela levantou-se e olhou ao redor. Estava em uma clareira no meio de uma espécie de floresta ou mata. Ela pegou seu BataMorpher para comunicar-se com a base e com os outros, mas não obteve resposta. Apertou o botão de emergência e nada.
De repente, ela ouviu um barulho de alguém pisando em um galho e passos se aproximando por trás dela. Ela sentiu uma mão tocando em seu ombro e ela pegou a mão da pessoa e a jogou no chão, apontando a BataPistola. Ela ficou aliviada, quando viu que a pessoa era Jéssica.
Jéssica: “Amiga, eu sei que às vezes te irrito, mas não precisava disso. Abaixe a arma.”
Aline: “Jéssica?! Que bom te ver!”
Ela baixou a arma, guardou-a no coldre e deu um abraço apertado em Jéssica.
Jéssica: “Que bom te ver também, amiga, mas seu abraço está me sufocando! Pode me soltar um pouquinho, por gentileza?”
Aline soltou Jéssica.
Jéssica: “Agora entendo porque vocês reclamam dos meus abraços...”
Aline: “Onde será que estamos? Não me lembro de nada, depois da explosão.”
Jéssica: “Perguntou para a mulher errada... Também não me lembro de nada.”
Aline: “Tentei falar com a base e com os outros e nada. O que está acontecendo?”
Jéssica: “Também tentei e nada. Quando acordei, não vi ninguém, só árvores. Graças a Deus que eu te encontrei, Aline.”
Aline: “Que bom. Só queria saber se os outros também estão por aqui.”
Jéssica: “Seja lá onde seja ‘aqui’...”
Aline: “Bem, é uma espécie de mata ou floresta.”
Jéssica: “Isso eu sei. Eu queria saber onde exatamente nós estamos. Garanto que aqui não é a Floresta da Tijuca.”
Aline: “Isso eu já notei, mas não podemos ficar aqui de braços cruzados esperando respostas. Temos que ir atrás delas.”
Jéssica: “Concordo, mas o que podemos fazer?”
Aline: “Simples, vamos explorar esta mata.”
Jéssica: “Explorar? E se tiver algum bicho, tipo uma onça?”
Aline: “Ué, você dá seu super-grito e ela vai embora. Não acredito que você tenha medo de onça, Jéssica.”
Jéssica: “Eu não tenho medo de nada, Aline. Na verdade, o único medo que tenho é perder meu irmão. Só espero que o Jeff esteja bem.”
Aline: “Eu também espero, Jéssica. Aliás, eu também só tenho um único medo na vida: é de perder Cris, além de vocês, claro.”
Jéssica: “Claro, claro. É que eu dou prioridade ao Jefferson, por ser meu irmão gêmeo.”
Aline: “Eu entendo, Jéssica. Família sempre em primeiro lugar. Contudo, agora não temos tempo a perder. Vamos andando para procurar os outros e as respostas.”
Jéssica: “Certo!”
E elas adentraram-se na mata.
***
Cerca de 10 minutos de caminhada, as duas pararam para descansar. Elas se agacharam, encostadas em uma árvore.
Jéssica: “Cara, estamos andando há um tempão e só achamos árvores e mais árvores. [Ela ficou se estapeando] E mosquitos também. Sai pra lá!”
Aline: “Fora o calor que está fazendo. Para isso, o uniforme preto não ajuda em nada.”
Jéssica: “Meu cabelo está ficando horrível! Ele precisa ser lavado urgentemente!”
Aline: “Sério que está horrível? Nem reparei.”
Jéssica: “Você tem sorte do seu cabelo ser curto e liso, como é o cabelo da maioria das mulheres japonesas. Já eu preciso sempre cuidar do meu cabelo.”
Aline: “Claro que eu cuido do meu cabelo, mas eu não sou tão fissurada quanto você. Aliás, nem sei porque está se encanando com isso. Você ainda está bonita.”
Jéssica: “Obrigada, amiga. É que eu tenho esse defeito de ser vaidosa. Sabe, às vezes, me impressiono como você fica toda linda, sem ser vaidosa.”
Aline: “Eu, toda linda? Olha quem fala... Perto de você e da Dra. Angélica, até mesmo da Roberta, me sinto feia...”
Jéssica: “Só pode ser coisa da sua cabeça mesmo, porque você não é nada feia, muito pelo contrário. Queria ser ‘feia’ assim e ter um namorado gato como o Cris...”
Aline: “Está com inveja de mim, loira?”
Jéssica: “Que nada. Só fiz um comentário. Realmente, Cris é um cara bonito e fico feliz de minha melhor amiga ter um namorado como ele.”
Aline: “Eu...só dei sorte, Jéssica.”
Jéssica: “Não existe sorte no amor, Aline. Vocês pareciam estar destinados um ao outro, mesmo quando vocês discutiam. Quando eu conversei com Cris, naquela vez que ele deixou a equipe depois que você sumiu (*), eu pude ver os olhos dele meio que brilhando quando disse que você estava viva. Ali eu senti que ele te amava de verdade, apesar de vocês terem se conhecido há poucos dias.”
Aline: “Sério? Por que você está me contando isso agora, Jéssica?”
Jéssica: “Porque todo mundo percebia o que estava acontecendo entre vocês, até mesmo o comandante e a doutora. A linguagem corporal de vocês já entregava, desde a nossa primeira missão.”
Aline: “Bem, eu... tentava disfarçar o que sentia por Cris, me fazendo de durona, chegando até a socá-lo (**), mas pelo o que você está me dizendo, não consegui disfarçar bem...”
As duas riram.
Aline: “Tá, mas e você, Jéssica?”
Jéssica: “Eu o quê, Aline? Do que está falando?”
Aline: “Eh... Você... gosta de alguém ou alguém gosta de você?”
Jéssica: “Aline, ainda não entendi do que você falando.”
Aline: “Jéssica, não se faça de desentendida. Você sabe muito bem do que eu estou falando.”
Jéssica ficou vermelha. Não esperava que o assunto chegasse àquele ponto.
Jéssica: “Bem, amiga, eu...ainda não gosto de ninguém e pelo que eu saiba, ninguém deve gostar de mim.”
Aline: “Como não? Garanto que a maioria dos homens da F.E.B. e fora dela admiram sua beleza.”
Jéssica: “Bem, pelo menos, ninguém falou isso comigo, exceto meu irmão, mas isso não conta.”
Aline: “Você vai encontrar alguém que te ame, se Deus quiser.”
Jéssica: “Amém!”
Elas riram mais uma vez.
De repente, Aline parou e exclamou:
“Jéssica, olhe aquilo!”
Jéssica: “O quê, amiga?”
Aline: “Ali.”
Ela apontava para uma clareira próxima a elas.
Jéssica: “Tá, é uma clareira, e daí?”
Aline: “Não reparou algo na clareira?”
Jéssica olhou mais uma vez para a clareira e exclamou:
“Eu vi agora! Parece... uma bandeira.”
Aline: “Vamos lá!”
Elas foram na direção da clareira onde estava a bandeira. Elas a examinaram e Aline exclamou:
“Jéssica, olhe! É um lenço da F.E.B.! Os outros também estão aqui!”
Jéssica: “Será? E se for uma armadilha?”
Aline: “É uma possibilidade, mas não parecer ser armadilha. Se fosse, a gente cairia em um buraco ou algo do gênero.”
Jéssica: “É verdade, mas é bom ficar de olho. Estou com um mau pressentimento...”
De repente, elas ouviram um barulho de folhas se mexendo.
Jéssica: “O que foi isso?!”
Aline: “Calma, Jéssica. Deve ser o vento.”
Jéssica: “Vento? Eu não senti vento nenhum! Deve ser uma onça!”
Aline: “Lá vem você com essa onça... Isso é que dá ler muita história do Chico Bento.”
Jéssica: “Ei, não fale mal do Chico Bento!”
Aline: “Não estou falando mal, só fiz um comentário. Esse barulho não deve ser nada.”
Porém, o barulho de folhas se mexendo continuava e elas ouviram passos. Ambas sacaram suas BataPistolas e apontaram para a direção do barulho.
Aline: “Quem está aí?”
A resposta foi um vulto vindo para cima dela, como uma onça dando o bote. Aline foi ao chão.
Jéssica: “Aline!”
Ela disparou a BataPistola contra o vulto, mas seja lá o que era desviou de todos os tiros.
Jéssica aproximou-se de Aline, que estava caída e perguntou:
“Amiga, você está bem?”
Aline: “Estou. Parecia que você tinha razão quanto à onça...”
Jéssica: “Não falei? E você duvidando de mim...”
Aline sorriu para a amiga e se levantou.
De repente, aquilo que parecia uma onça estava voltando. As Batarangers apontaram suas BataPistolas mais uma vez e para surpresa delas, aquilo que atacou Aline era uma mulher, que andava de quatro, como um felino.
A desconhecida era uma mulher jovem, morena, com os cabelos despenteados. Ela estava arreganhando seus dentes para as Batarangers.
Jéssica: “Ei, calma, calma, gatinha. Psss... psss... Não queremos machucá-la. Só queremos encontrar nossos amigos.”
Porém, a jovem não ouviu e partiu para o ataque mais uma vez.
Aline: “Jéssica, vamos ativar as BataFardas!”
Jéssica: “Certo!”
Ambas: “BataFarda, ativar!”
Os corpos delas brilharam e surgiram as BataFardas.
A jovem com habilidades felinas foi para cima de Jéssica, que tirou o capacete parcialmente, até a altura da boca, para soltar seu super-grito. A jovem recuou e Aline, por trás dela, deu seu super-chute. A felina deu mais um recuo e subiu rapidamente em uma árvore.
Aline: “Droga, ela escapou!”
Ela deu o super-chute no tronco da árvore, que a fez balançar. A mulher-felina caiu da árvore, mas veio em posição de ataque e dessa vez, derrubou Jéssica e a imobilizou no chão, prendendo seus braços.
Jéssica: “Aline, ajuda aqui! Ela é muito forte! Não consigo me mexer!”
Aline: “Calma que já estou indo!”
De repente, a mulher-felina largou Jéssica e caiu desacordada no chão.
Jéssica: “O que...você fez, Aline? Usou o paralisador elétrico nela?”
Aline: “Era o jeito, mas logo ela vai acordar. Rápido, temos que algemá-la e interrogá-la!”
Jéssica: “Como assim, interrogá-la? E se ela não nos responder e nos atacar novamente? Não seria melhor a gente ir embora daqui?”
Aline: “Jéssica, a gente nem sabe onde está. E outra: ela é uma HM, então, ela deve saber de tudo sobre este lugar.”
Jéssica: “Faz sentido. Então, vamos algemá-la.”
Aline algemou a mulher-felina, envolvendo os braços dela em uma árvore, para que ela não tentasse escapar.
***
Cerca de cinco minutos, a mulher-felina acordou e começou a se debater.
Aline: “Ei, calma, não queremos machucá-la. Só queremos fazer algumas perguntas. Lá vai a primeira: você fala?”
A jovem começou a falar, com alguma dificuldade:
“Si-sim...”
Aline: “Ótimo. Você tem um nome?”
Ela respondeu:
“Não...tenho...”
Aline: “Impossível você não ter nome. Todo mundo tem um nome. O meu é Aline e o da minha amiga é Jéssica. Já sei, vou chamá-la de Felícia, porque você é uma HM com habilidades de felinos. Entendeu? Seu nome agora é Felícia.”
A jovem tentava pronunciar seu nome:
“Felícia... meu nome é Felícia...”
Aline: “Isso! Agora, Felícia, vou lhe fazer mais uma pergunta: que lugar é este?”
Felícia: “Ilha... das... Rosas...”
Aline: “Ilha das Rosas? Nunca ouvi falar. Jéssica, agora é com você.”
Jéssica: “Certo. Então, Felícia, você viu pessoas com os uniformes iguais aos nossos?”
Felícia: “Não...não vi...”
Jéssica: “Tá certo. Felícia, você sabe se há alguma praia ou cais por aqui, já que estamos em uma ilha?”
Felícia: “Tem a praia, que não é longe daqui.”
Jéssica: “Ótimo. Então, você pode nos levar até lá?”
Felícia: “Cl-claro, mas tem que tomar cuidado com os ‘bichos de ferro’.”
Jéssica: “Bichos de ferro?”
Felícia: “Sim, são uns bichos enormes feitos de ferro com os olhos vermelhos. Eles já estão um tempo aqui na ilha.”
Jéssica: “E eles são perigosos?”
Felícia: “Sim, eles destroem as árvores só com o olhar.”
Jéssica: “Meu Deus! Então, esses bichos são perigosos mesmo!”
Aline: “Com ou sem bichos, temos que ir à praia. Talvez lá encontremos os outros e/ou tentar achar alguma saída.”
Jéssica: “Certo.”
Aline tirou as algemas de Felícia.
Felícia: “O-obrigada, moça.”
Aline: “Não há de quê, mas vamos está de olho em você.”
Felícia: “Então, me sigam.”
E elas adentraram-se ainda mais na mata, em direção à praia.
***
As três caminhavam sem falar nada, quando de repente, Felícia quebrou o silêncio:
“Me...me... desculpa por atacar vocês. É... que... meu instinto me faz atacar os forasteiros... Mas... vocês... são... gentis...”
Aline: “Nós entendemos, Felícia. De onde viemos, nós mantemos a ordem entre humanos comuns e os modificados, como nós.”
Felícia: “É mesmo? De onde vocês são?”
Jéssica: “Somos do Rio de Janeiro, lá do continente. Você sempre viveu aqui na ilha, Felícia?”
Felícia: “Sim, eu nasci aqui. Na verdade, eu nasci num lugar estranho aqui da ilha e eu fugi de lá. Desde então, eu só vivo na mata.”
Aline: “Você não tem família?”
Felícia: “Que eu saiba, não. Se eu tiver, talvez nem esteja mais aqui, porque a ilha foi dominada pelos bichos de ferro.”
Jéssica: “Bem, minha única família é meu irmão gêmeo, que deve está aqui nesta ilha.”
Aline: “Já eu não tenho família, mas tenho um namorado.”
Felícia: “Namorado? O que é isso?”
Aline: “É alguém que você gosta muito e que gosta muito de você.”
Felícia: “Ah, sim. Eu... nunca tive esse tal de namorado.”
Jéssica: “Nem eu...”
As três continuavam a caminhada, quando de repente, ouviram um barulho de serra elétrica.
Felícia: “Se escondam!”
Elas se esconderam atrás de um arbusto e viram três Omegatrons andando pela mata.
Felícia: “São eles, os bichos de ferro.”
Aline: “Mas...são robôs e robôs da Ômega, anda por cima.”
Felícia: “Robôs? O que é isso?”
Aline: “Bem, lá no continente, nós chamamos os ‘bichos de ferro’ de robôs.”
Felícia: “Ah, sim. Robôs...”
De repente, um dos Omegatrons olhou na direção delas e soltou o raio laser vermelho pelos olhos, fazendo o arbusto pegar fogo.
Jéssica: “Jesus! Eles são perigosos mesmo!”
As duas Batarangers ativaram suas BataFardas e atiraram suas BataPistolas contra os robôs, porém eles mantinham-se intactos. Elas sacaram suas BataBazookas, dispararam e nada.
Aline: “Droga, esses caras são indestrutíveis!”
Os Omegatrons dispararam seus raios ao mesmo tempo e atingiram as Batarangers, fazendo com que as BataFardas delas fossem desativadas.
Jéssica: “Cara, não é possível! O que a gente pode fazer?”
Felícia: “Vamos correr!”
As três saíram correndo dali. Contudo, apareceram mais três Omegatrons, cercando-as.
Aline: “Droga, estamos cercadas!”
Jéssica: “E agora?”
Felícia: “Não se preocupem. Eu tenho um plano.”
Aline: “Qual é o plano?”
Felícia: “Vou atrair os bichos para longe de vocês. Aí vocês podem seguir para a praia.”
Aline não gostou do plano e disse à mulher-felina:
“Não, senhora! Você vem com a gente!”
Felícia: “Vocês não entendem. O lugar de vocês não é aqui, mas é o meu. Vão, encontrem seus amigos e voltem ao continente, que é o lugar de vocês.”
Jéssica: “Felícia, não vamos deixá-la aqui!”
De repente, Felícia empurrou com força as duas Batarangers e disse:
“Vão em frente. Eu vou ficar bem. Vão!”
Aline: “Felícia, não vamos deixá-la! Felícia!”
Mas Felícia não ouviu. Ela arreganhou os dentes e virou a fera. Foi para cima dos Omegatrons e saiu em disparada pela mata. Os robôs foram atrás dela, destruindo tudo que viam pela frente.
Aline: “Felícia...”
Jéssica: “Vamos, amiga. O plano dela está dando certo. Vamos!”
Aline: “Tá certo.”
Elas seguiram caminho pela mata, até finalmente avistarem a praia.
CONTINUA...
(*) (**) Ler Força Especial Bataranger, Capítulo 3.
No próximo capítulo:
Jefferson e Mateus enfrentam uma dupla de HMs na mata da ilha.
4 Comentários
Episódio interessante, mostrando uma espécie de besta fera bem primitiva que, aparentemente, estava bem reclusa e sem contato com a humanidade e tecnologia.
ResponderExcluirEssa situação me faz lembrar como nós, os humanos, já agimos em relação à outras civilizações, até as dizimando.
Bem legal essa pegada que você colocou aqui nesse episódio.
Parabéns.
Gostei bastante da postura das Batarangers! Aline... foi perfeita... mostrando preocupação com a Felícia. E, a coragem bestial da Felícia empurrando as duas batarangers e dizendo: aqui é a minha área. É perigoso para vocês, não para mim! Amei esse pedaço. Felícia foi decidida para cima dos Omegatrons!
Muito bom!
Obrigado pelo feedback de sempre. Abraço.
ExcluirAdorei a narrativa da Felicia, a mulher fera isolada do mundo...
ResponderExcluirA atuação da Aline ,como mencionou o Artur e eu concordo com ele , foi decisiva , mostrando o seu crescimento como personagem.
A narrativa está cada vez mais interessante!
Parabéns !
Obrigado pelo feedback de sempre. Fico grato que vocês estão percebendo as evoluções dos personagens. Abraço.
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