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A ERRANTE - RELATOS DE UMA POSSESSÃO - OPRESSÃO DEMONÍACA - SPECTRUM-EX ESPECIAL - PARTE I

Fala meu povo!!!

 

Esse é mais um relato da personagem Carla, salva pelo herói Spectrum-EX, onde ela dá detalhes de como foi seu processo de possessão.

 

Sinopse:

 

Praticamente expulsa de casa após agredir a irmã, Carla começa uma vida normal na casa da avó, mas o mal nunca irá deixá-la...

 

Jeremias Alves Pires

 

Nota: O presente capítulo não é indicado para menores de 18 anos!  O mesmo contém muitas  falas e cenas de cunho sexual ou baixo calão, pois compõem a personagem retratada dentro do contexto apresentado. Se por ventura se sentir constrangido ou não concorda com tal tipo de texto, não recomendamos a leitura.

 

A Errante é uma história especial do universo do herói Spectrum-EX, onde Carla relata com detalhes todos os eventos de sua possessão demoníaca.

 

-x-

 

Relato de Carla Rose Silva, 22 anos, sobre sua possessão demoníaca.

Registro da Ordem da Luz: cod. 20222506/case-spc/ex-001980

 

A ERRANTE  - RELATOS DE UMA POSSESSÃO

OPRESSÃO DEMONÍACA

SPECTRUM-EX ESPECIAL

 

PARTE I

 

Amaldiçoada… Assim eu era. Levando dor por onde ia. Haviam períodos de sossego. Não posso dizer se era pra me torturar ainda mais, ou se as forças da escuridão precisavam de um tempo para  recarregar as energias e voltar a atacar. 

 

Dois ou três meses haviam passado desde que tinha saído do convívio com minha irmã e minha mãe. Uma saída dolorosa. Um dia antes eu tinha quase matado minha própria irmã de pancada e depois vandalizado a casa toda, influenciada por vozes vindas das sombras, vozes que destruíram de modo permanente a boa convivência do meu lar, que por sua vez já estava abalada com a morte tão repentina quanto terrível do meu querido pai, diante dos nossos olhos…

 

Forçando um pouco mais a memória, foi logo depois da tragédia que eles começaram a infestar  nossas vidas. Talvez eles precisem que nossas almas estejam repletas do mais profundo sofrimento para se manifestar. Só não tenho dúvidas de que eles se nutrem dos nossos momentos de tormento…

 

Voltando à narrativa, passei a morar na casa da minha avó, juntamente com minha tia por parte de mãe, o "namorido" dela e meu primo de dezoito anos. 

 

Minha vó, Dona Celestina, era uma velhinha forte, tinha oitenta anos, mas não aparentava de tão ativa que era. Ainda pegava no batente com vontade, trabalhando em casa de família. Era esguia, gostava de usar os longos cabelos brancos sempre soltos, maquiagem leve, combinando com o vestido e sempre variava o perfume. Cuidava mais dos outros do que de si. Esse era o real motivo de acolher a doida da minha tinha e a família, contradizendo o pensamento de todos que acreditavam que minha tia estava lá tão somente para cuidar da minha avó.

 

Tia Fernanda e Tio Fernando… O casal de idas e vindas, farristas incuráveis, viviam a vida a toda velocidade, como se o amanhã não existisse. Se conheceram em um boteco barato. Riram  da similaridade de seus nomes e não mais se largaram. Meu primo, Henrique, era o fruto do amor dos aventureiros, sendo educado verdadeiramente por minha avó, que até se esforçou pra que ele fosse uma pessoa responsável, mas o lado boêmio dos pais em seu sangue falou mais alto.

 

Fui recebida por todos com muito carinho. Já gostava deles bem antes, não tinha como não gostar. Eles pareciam saídos de um filme de humor bem adocicado. A felicidade daqueles loucos era inabalável, até minha chegada…

 

No começo tudo era flores, pude esquecer e até achar que o pesadelo onde estava tinha chegado ao fim. Minha mãe ligava todos os dias. Dizia que minha irmã estava melhorando que logo eu poderia voltar pra casa. Eu ficava sempre em silêncio. Voltar para casa? Voltar para vozes e pesadelos? Amava minha mãe e até minha irmã, mesmo com a muralha de rancor que as trevas haviam erguido entre nós, mas nunca mais queria por os meus pés no antigo lar, preferia o novo. Evitava a todo custo falar com minha irmã e ela comigo.

 

Foram muitas semanas sem manifestações sombrias, nem mesmo pesadelos. Consegui me reerguer. Voltei à escola. Ajudava minha avó no serviço de casa, estudava, via filmes e de vez em quando até saia com meus tios e primo, sob protestos da minha avó. 

 

- Vocês vão desencaminhar a menina!! - Ela berrava furiosa.

 

Ninguém dava ouvidos, acabávamos sempre rindo. Minha tia era quem me arrumava pra sair. 

 

- Você é linda, Carla… Nunca deixe ninguém te fazer pensar o contrário! Ostente a si mesma… Nunca dê a seus inimigos o gosto de te ver chorar. Seja sempre poderosa e deslumbrante como toda mulher deve ser…- Ela repetia exaustivamente quando penteava meus cabelos, principalmente nos primeiros dias em que eu mal levantava da cama, sempre entregue a lágrimas.

 

Não ia durar… Toda aquela felicidade começaria a ruir em uma noite fria sem luar…

 

Tínhamos voltado de uma festa, até mesmo minha vó tinha tomado umas. Nessa altura dos acontecimentos eu já tinha meu próprio quarto. Dormia tranquila. Ouvi o telefone da sala tocar, e tocar. Levantei com preguiça. Como era possível que só eu ouvia a porcaria do telefone? Atendi sonolenta: 

 

- Alô… - Boa noite! Boa noite! Boa noiteee… - Alguém cantou do outro lado. 

 

- Célia? 

 

- Euzinha… Estou com saudades… Você está bem?

 

Era estranho. Por mais que fosse a voz da minha irmã, tinha certeza que não era ela. Continuei a conversa. 

 

- Estou bem e vc? 

 

- Eu também estou… Sabe, eu ainda te amo e quero brincar com você de novo…

 

Comecei a tremer. 

 

- Olha… Já está tarde, que tal nos falarmos amanhã? 

 

- Ahhh… Antes quero te recitar uma coisa que escrevi… Só pra você dormir bem… 

 

- Não precisa… - Eu já previa o pior…

 

Ouvi pela primeira vez um poema maldito que me asusta até os dias de hoje:

 

Gosto Bom! Gosto Bom!

Diz o homem-bode,

Enquanto te morde…


Gosto Bom! Gosto Bom!

Te rasga o homem-bode,

Nem o céu te socorre…

 

Gosto Bom! Gosto Bom!

Te traz morte o homem-bode…

 

Gosto Bom! Gosto Bom!

No além, o homem-bode,

Devorar ainda pode…

 

Gosto Bom! Gosto Bom!

Pra sempre ouvirá esse som…

 

Um vento forte soprou, trazendo a baixo a porta da sala, pela qual pude ver a silhueta de um demônio. Homem da cintura pra cima, bode da cintura para baixo, com chifres e olhos em brasa. O mal havia me achado…

 

Continua…




 

 


6 Comentários

  1. A história de Carla cada vez mais impacta e assusta!

    Impossível não ter pena ,não se sensibilizar!

    A vontade que dá é tentar defendê-la ,lutando contra esse demônio imundo e sádico que se compraz em torturar essa pobre e desventurada alma.

    Sinto raiva de Célia!

    Pois, a possessão que ela se deixou envolver torna tudo pior.

    Qual será a razão de tanto ódio?

    Realmente, você está produzindo uma narrativa incrivelmente bem feita,ainda que, por demais sombria e triste.

    Parabéns por provocar essa reação !

    Sinal que seu texto impacta!

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  2. Valeu, até eu estou com pena da Carla. Acho que vou tonar a personagem mais importante do universo do EX...

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  3. Caceta! Não se tem um minuto de sossego na vida dessa coitada da Carla...
    Foi só achar um resquício, uma chance de ser feliz e lá foi o tinhoso atrás dela...
    História nem narrada amigo.
    Muito bom o modo como você enche o leitor de esperança para depois dar uma paulada na nossa cabeça.
    Meus parabéns cara!

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  4. Realmente a situação é tensa, vejo muitos vídeos de sobrenatural e leio muito sobre mundo espiritual e afins, e realmente uma perseguição espiritual (ou demoníaca nesse caso) é de um tipo que não se pode lidar facilmente, afinal, como expulsar algo que não se vê, que não tem forma física, que não se pode prender, trancar, ou qualquer coisa nesse sentido... Realmente a situação para Carla é tensa e o medo deve estar indo às alturas! Parabéns meu amigo! \0/

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  5. Rapaz.

    A vida da Carla está bem complexa. O bicho ruim resolveu mesmo atazanar a coitada de qualquer modo.

    Eu cheguei a ter ilusão de um desfecho mais feliz... mas, que nada. A coisa foi feia demais.

    Parabéns por mais esse assustador episódio!

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