Capítulo IV - Sob o signo da estrela Vega: a lenda das estrelas
No século XV,
um general asteca chamado Quauhtli também serviu de receptáculo para a alma de
Bison. Ele era um dos principais generais de Montezuma I (r. 1440 – 1469),
tinha proximidade com o tlatoani (nome dado aos imperadores astecas) e se
destacou durante as chamadas Guerras Floridas (em nahuatl xochiyáoyotl), promovidas com o intuito de fornecer prisioneiros de
guerra para os sacrifícios astecas.
Quauhtli tornou-se
célebre por suas sanguinárias campanhas contra as cidades e estados vizinhos,
as quais trouxeram aos astecas milhares de prisioneiros que uma vez capturados
foram enviados a Tenochitlán e utilizados nos sacrifícios rituais astecas
dedicados ao deus da guerra, Huitzlopochli.
Há quem
acredite que Quauhtli na verdade é quem era o verdadeiro homem-forte do Império
Asteca em seu tempo e que o tlatoani não passava de um joguete em suas mãos,
até que o próprio Quauhtli veio a morrer em uma dessas guerras.
Na virada do
século XVII para o XVIII, um traficante de escravos africano chamado Kwame de
Timbuktu também serviu de receptáculo para a alma de Bison. Nativo de Timbuktu
(atual Mali), ele tinha alto prestígio entre os poderosos africanos da época e não
apenas organizava expedições militares para capturar escravos no interior
africano, como também ele mesmo vendia os escravos tanto a comerciantes
europeus quanto a árabes. Aqueles destinados aos comerciantes europeus eram
transportados à América por meio de navios negreiros que singravam o Oceano
Atlântico, ao passo que os destinados aos comerciantes árabes eram
transportados para os reinos do norte da África e do Oriente Médio por meio de
caravanas comerciais que atravessavam o deserto do Saara.
Uma das
últimas encarnações pregressas de Bison foi o famoso conde Orlok, também
conhecido como Nosferatu. O Conde Orlok era um morto-vivo que vivia na
Transilvânia, à época parte do Império Austríaco, na primeira metade do século
XIX. Alcunhado como o Vampiro da Noite e o Portador de Pragas, ele fez um
negócio imobiliário com um morador da cidade de Hamburgo, na atual Alemanha, no
ano de 1838.
Depois de
feito o negócio, Orlok veio a Hamburgo pessoalmente em um navio que atravessou
a costa europeia desde a foz do Danúbio no Mar Negro até o destino final,
depois de alcançar o Mar do Norte e subir as terras baixas do Rio Elba. Uma vez
em Hamburgo, ratos e mais ratos saíram do navio que trouxe Orlok, que revelou
tratar-se do vampiro Nosferatu. E junto com os ratos, a peste veio. Uma peste
que atingiu fortemente o noroeste da Alemanha entre 1838 e 1839 e que causou
grande morticínio à época. Para poder conter a peste, algumas cidades da região
foram submetidas a quarentenas até que com o tempo a situação se normalizou.
Os anos se
passaram e enfim chegamos à metade do século XX. Entre 1939 e 1945, o mundo foi
flagelado pela Segunda Guerra Mundial. E, tão logo esta chegou ao fim, nasceu
precisamente o poderoso homem que com sua megalomania e ambição por poder viria
a voltar a colocar o mundo de cabeça para baixo: M. Bison.
Muito se
especula sobre qual teria sido o verdadeiro local de nascimento do tirano
fardado. Ao que tudo indica, ele nasceu em um ponto situado no norte da
Tailândia, em uma região montanhosa e cheio de florestas densas, de muito
difícil acesso.
Ele nasceu em
um humilde vilarejo, no meio das montanhas e longe de grandes centros urbanos.
Mas o que poucos sabem é que no dia em que ele nasceu uma estrela em especial
estava emitindo um brilho especial: Vega, a estrela alfa da constelação de
Lira.
Em um passado
distante, mais precisamente no longínquo Pleistoceno (c. 2,5 milhões a 12 mil
anos atrás), Vega foi a estrela polar dos céus do Hemisfério Norte. Até que os
anos se passaram e Vega perdeu essa posição para Polaris, a estrela alfa da
constelação da Ursa Menor. Polaris que, por sua vez, aponta diretamente para
Dubhe, a estrela alfa da constelação da Ursa Maior. Mas, um dia, em cerca de 10
mil anos, Vega irá reocupar a posição que um dia ocupou nos céus do Hemisfério
Norte.
Todo dia 7 de
julho Vega se encontra bem próxima de Altair, a estrela alfa da constelação de
Águia. Por conta disso, uma lenda surgiu na China em tempos muito antigos a
respeito de uma história de amor envolvendo uma princesa e um pastor de gado.
Em decorrência da influência cultural chinesa sobre o Extremo Oriente, essa
história se espalhou a nações vizinhas, entre elas a Coreia, o Vietnã e o
Japão. Neste último, esta história é tema da comemoração do famoso Festival
Tanabata, o festival das estrelas.
No
zoroastrismo, a religião oficial da Pérsia até o século VII, a estrela Vega é
associada à divindade Vanant, cujo nome significa “o conquistador”.
Não se sabe
qual teria sido seu nome real, o nome que os pais lhe deram assim que ele
nasceu, mas tão logo ele foi crescendo ele adotou o nome de M. Bison. Tal nome
alude a um elusivo animal, o bisão, um parente dos touros e búfalos que vive
tanto na América do Norte quanto na Eurásia.
Um dia, tal
qual a estrela Vega, os bisões foram os reis tanto das florestas e campos eurasianos
quanto dos bosques e prados norte-americanos, e por algum milagre do destino
conseguiram sobreviver ao fim da Era do Gelo, ao contrário de outros gigantes
dessa mesma época como o mamute lanudo, o rinoceronte peludo, o leão das
cavernas, o urso das cavernas, o elasmotherium
e outros tantos, os quais infelizmente deixaram este mundo.
No começo do
Holoceno, eles eram encontrados na Eurásia desde a Península Ibérica até a
Sibéria Ocidental, e do sul da Suécia ao norte do Irã. Na América do Norte, sua
área de difusão se estendia desde o Alasca e os territórios setentrionais do
Canadá até o norte do México.
Mas, por
conta da sistemática ação do homem ao longo dos séculos, seu habitat foi se
reduzindo, muitos deles foram mortos pelos mais diversos motivos, foi
localmente extinto em várias áreas antes ocupadas por eles e levado às portas
da extinção. As poucas manadas que ainda restam delas se encontram restritas a
reservas e parques em alguns pontos tanto da Eurásia quanto da América do
Norte.
A estrela
polar caída e o senhor das pradarias caído, que desejam retomar ao lugar que
outrora era deles por direito. A combinação simbólica perfeita para o homem que
no passado já teve várias faces e que, sob o signo da conquista, veio virar o
mundo de cabeça para baixo e mergulhá-lo no caos e na destruição.
1 Comentários
Reencarnações após reencarnações , a maldade só aumenta.
ResponderExcluirExcelente a explicação sobre a Estreia Vega.
Belo link com mudança de nome no game.