Olá, pessoal.
5. Literalmente, nos céus
Mas, incrivelmente ela não foi abordada. Ela apenas
estacionou sua aeronave e percebeu que, em seu prompter, havia apenas uma
mensagem.
“Não é permitido sobrevoar a cidade. É permitido apenas
pousar próximo a ela e sobrevoar seus aeroportos. Veículos terrestres adaptados
podem circular, por terra. Transgrida esta lei e será abatido como inimigo”.
O aviso estava bem claro, ao contrário de New Pier. Agora
Arisa olhava para os lados, e no limiar do aeroporto, havia as saídas e,
próximo a elas, canhões, os maiores que a garota havia visto na vida.
Ela não duvidava do alcance daquelas armas, principalmente
com toda a tecnologia que aquela cidade exibia possuir.
Arisa voltou para o cockpit, digitou alguns comandos no
computador de bordo e viu que a programação que ela havia realizado faria que
ela pudesse reduzir a nave novamente ao formato anterior. Com a aeronave
reduzida ao tamanho de veículo novamente, a menina subiu no assento e saiu
andando pelas estradas.
As placas eram bem explicativas, os símbolos eram fáceis de
entender e eram incrivelmente parecidos com os da Terra, o que deixou a garota
com um sentimento muito forte de Dèja Vú. Procurando pela primeira interação, por
30 minutos depois do pouso, não encontrou com sequer uma alma viva.
Andando pela estrada reluzente, era como o convés de um porta-aviões:
lisinha, com algumas ranhuras, e suas curvas limitavam-se a linhas retas, 90
graus ou cruzamentos. Outra coisa que foi possível visualizar era que a cidade
disponibilizava acesso à internet de graça e a algumas informações sobre
cidade.
Era fácil de ver que se tratava de uma cidade planejada,
toda plana e as casas eram de tamanho padrão, no máximo de quatro tamanhos. E
conforme ela foi lendo nas descrições que seu computador de bordo, estes quatro
tamanhos eram conforme o poder aquisitivo do morador – a pequena, para os de
baixa renda; a médio-pequena, para aqueles que conseguiram melhorar um pouco
seu ganho; a média, para aqueles que conseguiam um negócio inicial próprio e a
grande.
Eram poucas casas grandes naquela cidade, e eram templos,
prédios governamentais ou pessoas incrivelmente ricas. Não listaram o nome de
nenhum dos donos, fossem do tamanho que fossem, para a proteção deles.
“É justo”, pensou Arisa consigo mesma enquanto ouvia a
tradução de texto para voz.
Foi quando o computador de bordo recebeu uma mensagem,
pedindo que ela se dirigisse a um determinado prédio de tamanho médio no centro
da cidade, para que pudesse ser registrada como visitante.
E ela não perdeu tempo, fez o que lhe foi pedido, mas sem romper
o limite de velocidade imposto dentro da cidade. Quando chegou ao local,
percebeu também a falta de pessoas, do mesmo jeito que lhe foi mostrado desde o
começo. À Arisa parecia que a cidade era inteira robotizada, sendo ela mesma um
ser senciente gigantesco.
Mas ela resolveu não trazer à frente conceitos dos quais ela
poderia se arrepender mais tarde... Foi assim em Old Complex, foi assim em New
Pier... E agora, em Aerial, ela se manteria o mais neutra o possível.
Logo estacionou a moto no local indicado por seu computador
de bordo, apeou do veículo e, antes de seguir em frente, uma linha de luzes
brancas piscantes surgiram no chão, indicando o caminho que ela deveria seguir.
Estranhando o fato, ela seguiu em frente, já tomando o
devido cuidado, e parou à frente do totem em que a linha branca acabava. Uma
voz robótica feminina a saudou.
- Saudações, Arisa Hisami. Eu sou XV-21567, bot responsável
pelo registro dos turistas em Aerial. Ao contrário de nossos vizinhos, não
separamos os turistas por suas raças, mas sim, por suas funções. Por gentileza,
insira seu cartão de aventureira ou profissional no receptáculo abaixo. Fique
tranquila que não o destruiremos.
Após receber a mensagem, Arisa inseriu seu cartão de
aventureira no receptáculo conforme solicitado, e que lhe foi devolvido segundos
depois.
- Obrigado pela cooperação, prezada Arisa. Seja bem-vinda à
Aerial. Peço que suba ao décimo andar, para falar com a nossa líder. Ela
precisa muito de alguém como você. E, em seguida, emitiu um cartão.
- Mantenha este cartão preso à parte direita de seu peito.
Servirá como seu indicador de acesso
“Alguém como eu... Será que eles são sem Técnicos por aqui”,
se perguntou Arisa.
E ela notou que a casa, vista de fora, parecia média, mas
possuía um elevador... E assim, quando viu o console do elevador, tomou um
susto.
Não havia botões, mas o indicativo é que havia, pelo menos,
100 andares.
“Como pode isso?” – Se perguntou Arisa ao ver aqueles
contadores.
Mas no momento seguinte, sua dúvida foi sanada: depois de
passar por um segundo andar, o elevador entrou em um plano espaço-temporal e
continuou subindo. Mesmo com uma explicação visual breve, Arisa se espantou e
começou a olhar para tudo com vívido interesse: as paisagens dentro daquele
plano espaço-temporal eram das mais diversas, mas o tempo se mantinha o mesmo
de Aerial.
Logo Arisa ouviu um bip, informando que ela havia chegado ao
andar em que a líder falaria com ela. “Mas se é uma líder, porque ela fica em
um andar tão baixo, sendo que tem a contagem de 100 andares”, se perguntava.
Ela seguiu, e era um andar que contava apenas com uma
recepção, que continha alguns sofás aparentemente bastante confortáveis, um bot
para receber as pessoas e espaços atrás da parede, onde possivelmente estava o
restante da sala, que aparentava ser gigantesca.
Chegando à frente do bot, Arisa foi escaneada até que o
scanner chegou ao seu peito, encontrasse o cartão preso a ele e fizesse a
leitura. Nada mais do que dois segundos.
- Seja bem-vinda a Aerial, Arisa Hisami. Eu sou XV-21789.
Peço que aguarde um instante, nossa líder está em uma ligação, ela logo lhe
atenderá. Acomode-se em um dos sofás presentes à minha frente, por gentileza. –
A voz metalizada agora era masculina, mas carregava a mesma falta de
sentimentos, como se a mensagem tivesse sido baixada da internet, guardada e
reproduzida um zilhão de vezes, apenas mudando o nome do visitante.
Arisa sentou-se em um dos sofás, confirmando sua teoria de
que eles eram bastante confortáveis, adaptando-se ao corpo de quem sentasse
neles, adquirindo características que os deixassem ainda mais confortáveis com
a passagem do tempo.
Enquanto esperava, Arisa olhou o catálogo e viu alguns
produtos que lhe chamou a atenção, um deles era uma espécie de pen-drive com
entrada USB-C que servia para diversas coisas... Ela o comprou por instinto, que
prontamente foi entregue por Teleporte, usando o relógio dela como ponto de
entrega.
Poucos minutos depois de Arisa sentar-se em um dos sofás de
espera, o totem emitiu o mesmo silvo agudo, informando que ela poderia seguir
em frente. Seguindo em frente, ela passou pela passagem ao lado esquerdo da
parede atrás do totem, e lá ela se surpreendeu.
Havia encontrado uma humana... E não era qualquer humana.
Era Nanako Matsubara... Ou parecia ser ela.
Completamente confusa, ela se sentou e esperou a “líder” se
manifestar, afinal de contas, ela era aparentemente humana.
- Seja bem-vinda a Aerial, Hisami-san. Meu nome é Matsubara
Yuyu. Imagino que você deva ter conhecido minha irmã gêmea em New Pier e deve
ter ficado muito próxima dela.
- O-obrigado, Matsubara-san. Desculpe por minha reação, mas
vocês duas são muito idênticas. Mas vejo um brilho diferente no seu olhar do
que no dela.
- Não precisa se preocupar. Todo mundo que conhece a nós
duas diz a mesma coisa, já estou acostumada. Mas você foi a primeira a notar a
primeira diferença, o modo com que olhamos para as pessoas. Já entendi o que
cativou tanto a minha irmã. Você parece ser uma pessoa boa. Veio da Terra
também?
- Sim...
E Arisa contou toda a história para Yuyu também, desde o
começo, quando aportara do lado de fora dos portões da guilda até recentemente,
quando pousou em Aerial.
- E você é Técnica. Não é à toa que os bots mandaram você
pra mim. Realmente eu preciso conversar contigo, o quanto antes possível... Mas
não aqui, em minha casa. O que temos para conversar não é para os ouvidos presentes
aqui.
A voz dela mostrava sofrimento, algo que talvez Nanako não
tenha passado.
- Não tem problema. Se julga ser necessário irmos, iremos.
Yuyu sorriu e pediu que a menina a seguisse, e saíram por
uma porta atrás dela, que dava em outro elevador... Menor, privativo.
Porém, este desceu mais do que o previsto, para três andares
no subsolo. E, ali, estava o veículo da líder de Aerial... Um carro luxuoso
que, quando ela tocou as costas da mão esquerda, as duas ouviram dois bipes
característicos.
- A sua motocicleta será levada para a minha casa, se
quiser. – Informou Yuyu.
- Não precisa, parece que acabei de aprender mais uma coisa
sobre o projeto que usei pra transformá-la em aeronave, aparentemente ela
possui um piloto automático que vem atrás do receptor que está no meu pulso.
O rosto de Yuyu se iluminou, o nível dela crescia tão rápido
quanto ela precisava que fosse.
Talvez até mais.
As duas embarcaram no carro da líder de Aerial e seguiram
pelo estacionamento subterrâneo até a saída, no nível da rua. O carro seguiu
silenciosamente pela cidade, e a moto de Arisa seguiu o carro, atrás de sua
dona.
Não demorou muito para que as duas chegassem a uma das ditas
casas grandes da cidade – o que seria normal para sua líder. O carro entrou na garagem,
seguido da moto de Arisa, e os dois veículos estacionaram, o primeiro em uma
vaga privativa, o segundo na vaga destinada aos visitantes, próxima à saída.
Arisa seguiu Yuyu enquanto esta a levava para o elevador da
casa, para seguir aos aposentos dela.
Depois de sair do elevador, as duas passaram por um hall ricamente
ornamentado, cheio de detalhes que Arisa reconheceu serem replicas da Terra,
mas não como eram inicialmente – o que fez a menina entender que eram replicas
de memória ou como Yuyu gostaria que fossem.
Havia uma escadaria de dois lados, aparentemente construída
com um material visualmente similar ao mármore, e depois que subiram um dos
dois lances de escadaria, seguiram por um corredor relativamente grande e, ao
final dele, havia uma porta também grande, e ela o abriu...
Era o quarto dela.
Tão logo Arisa passou pela porta, Yuyu a fechou.
A garota se assustou, porque o fechamento da porta foi
abrupto, como se ela não quisesse que ninguém daquele mundo soubesse o que estava
acontecendo.
- Desculpe o susto, Hisami-san. Mas eu preciso manter isso em
segredo de quem quer que seja aqui neste mundo.
- Não tem problema, Matsubara-san. O que quer que você me
mostre eu manterei em segredo. Não precisa sequer pedir.
Logo, Yuyu começou a remover sua saia longa, e Arisa viu que
ela estava de short legging por baixo, mas uma das pernas dela não estava em um
estado legal.
Era como se houvesse contaminação por um vírus.
- Esse vírus de máquina afeta até partes biônicas. Como Nanako
não sabe que isso aconteceu, quero que você mantenha isso em segredo. Você
consegue eliminar esse vírus?
Arisa observou. O vírus que tinha se inserido na perna de
Yuyu era um vírus cibernético, não era vírus biológico, isso seria mais fácil
de conseguir resolver. Mas ela precisaria de uma amostra.
- Matsubara-san... – Arisa ia começando quando Yuyu a
interrompeu.
- Pode me chamar pelo nome, provavelmente você faz assim com
a minha irmã.
- Então permito o mesmo. Não somos íntimas ainda, mas se não
importa com chama-la pelo nome então o farei. Mas enfim, Yuyu-san, sua perna cibernética
tem alguma entrada para armazenamento externo?
- Tem, mas eu nunca usei nada por medo de contaminar este
dispositivo.
- Não tem problema. Eu quero mesmo que seja contaminado neste
caso.
Não entendendo o que estava acontecendo, Yuyu apontou para
um lugar embaixo da rótula da perna, que tinha uma entrada USB-C. Arisa inseriu
um pen-drive com essa entrada e em segundos, a luz que ele possuía passou de
azul para verde, para amarela e, enfim, para vermelha.
- Eu não esperava menos.
- O que houve, Arisa-san?
- Este pen-drive que eu inseri em sua perna cibernética não
é um pen-drive qualquer, é um produto que eu achei que poderia me servir,
comprei enquanto te esperava. E parece que eu estava certa. Ele serve para
fazer uma varredura nos dispositivos os quais é inserido, e capta qualquer
coisa de prejudicial para ser analisado depois.
Yuyu ficou perplexa. Enquanto ela a esperou, ela olhou
catálogos... E sua intuição a ajudou a ter uma ferramenta que a ajudaria a
resolver seu problema. Logo, Arisa saiu do quarto, e a gêmea a seguiu.
Chegaram ao estacionamento, e Arisa, de dentro de sua moto,
puxou uma maleta, era seu computador, comprado enquanto estava junto de Nanako
em New Pier.
Voltaram ao quarto de Yuyu, e Arisa conectou o computador à
internet da casa e começou a surfar... A velocidade era impressionante com que
a Técnica fazia pesquisas, em uma parte, sobre vírus que afetavam pernas cibernéticas.
Na segunda, era sobre analisador de vírus em sandbox, e na terceira, um antivírus
que serviria para limpar o problema.
A jovem Matsubara ficou maravilhada com a velocidade que
tudo acontecia ao mesmo tempo, e logo, Arisa estreitou os olhos na segunda pesquisa,
que parecia estar pronta – ela havia terminado a área de testes em sandbox
– um programa que a permitia analisar o vírus sem afetar seu instrumento de
trabalho.
Logo a primeira pesquisa retornou com ao menos 20 respostas
a respeito de vírus que afetavam pernas cibernéticas, assim como suas
características e modo de identificá-los. E quando a terceira pesquisa deu
resultados, ela já estava plugando o pen-drive em seu computador já dentro da
estrutura sandbox, que foi infectado rapidamente.
O primeiro antivírus, assim que instalado dentro da
estrutura de testes, foi testado ao extremo, e aí, destruído. O segundo seguiu
os passos do primeiro, mas durou dois minutos a mais.
O terceiro antivírus, assim que instalado, levou apenas
alguns segundos para resolver o problema. O vírus que havia ali estava em sua
base de proteção, e dissecado ao ponto de ser desmantelado em linha de código.
Era o que Arisa queria.
Aproveitando para analisar a estrutura do vírus, se ela
programasse sua destruição direito, conseguiria rastrear sua origem e entender
o que causara a infecção.
8 Comentários
Mais um episódio bacana de Rise to the Skies.
ResponderExcluirÉ muito legal ter um trabalho mais no estilo anime... Estou sempre dizendo. Há muito Tokusatsu aqui, mas cada vez mais a gente tem terror, outros desenhos, animes, textos com influência de Dorama... A gente precisa e deve variar e conseguir captar mais autores.
Excelente trabalho!
Achei incrível a forma com que você descreveu a cidade de Aerial. Tudo tão lindo, pacífico, tecnológico, mas também frio e um pouco sem vida. A forma do diálogo e ações dos BOTS foi algo que achei perfeita. Me senti vendo um filme com robôs de elevada inteligência artificial.
Fabuloso! Estou curioso para ver o desenrolar de Arisa com o líder e sua atuação no teste dos antivírus.
Muito bom, Fire!
Obrigado, Artur. Eu tenho me empenhado, e a minha referência neste caso é Kino no Tabi. Espero muito que tenha curtido.
ExcluirFaço minhas as palavras carinhosas que o Artur teceu em seu comentário.
ResponderExcluirVocê é um autor diferenciado , com uma proposta narrativa diferente e autêntica.
George Firefalcon tem uma pegada , uma marca.
Eu curto e respeito!
Rise to the Skies, começa ficar mais encorpada , com o desenvolvimento da personagem pricncipal, Arisa, que , neste capítulo em sua estadia em Aerial, conhece a irmã de Nanako, sua grande amiga, infectava por um vírus em seu implante cibernértico.
Tem angu nesse caroço.
Qume será o vilão e qual a pretensão dele com essa estratégia nesse mundo narrado?
Fiquei curioso pelos desdobramentos desse capítulos!
Parabéns!
Ps:É muito bom vê-lo produzindo!
Você não é importante para a Mindstorm...
É imprescindível e fundamental!
Viva a diversidade!
Muito obrigado mesmo por todo o incentivo. É muito importante.
ExcluirComo eu disse ao Artur, a minha referência para este trabalho é Kino no Tabi, e também nas obras dos Blue Red, porque da mesma maneira que o Artur é especialista em Geologia (e mostra muito bem isso em seu conto), eu mostro um pouco do meu lado profissional em Rise.
Obrigado por acompanhar.
Gostei e muito, não sei se tem alguma inspiração, mas eu meio que consigo associar ao Neo de Matrix, onde a Arisa provavelmente é algum tipo de ser capaz de feitos maiores que os próprios que ali vivem, eu digo isso por sua intuição na compra do "pendrive", por usa capacidade de lidar com tudo, no quesito de usar e abusar da tecnologia e conhecimentos daquele mundo para fazer o que precisa ser feito, isso é realmente muito legal de acompanhar! Agora é ver como ela se sairá com essa "missão" atual e vermos se ela conquista mais uma aliada e amigo nesse novo mundo, meus parabéns cara!! \0/
ResponderExcluirAs duas inspirações que eu tenho são Kino no Tabi, que é um anime de viagens e a minha própria profissão como suporte técnico e entusiasta de tecnologia - basicamente eu peguei uma ideia de Blue Red Dike - que é usar o seu conhecimento profissional como base para uma história.
ExcluirEu sequer pensei no Neo para isso, só pensei em intuição de profissional, porque eu tenho isso, e bastante.
Mas obrigado por acompanhar!!
Retomando a leitura desse título, gostei pois os acontecimentos realmente não seguiram numa velocidade muito altoa, você se deu tempo para descrever muito bem a nova cidade e a personagem nova.
ResponderExcluirO problema dela também foi muito bem apresentado e a solução descrita perfeitamente.
parabéns.
Obrigado por voltar a acompanhar. Eu tenho usado este conto como terapia pra mim mesmo, espero que goste.
Excluir