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Urban Rangers SP -Origens - Spin-Off -Capítulo 06

 

06 – O Team Two

Quando se pensa individual e coletivamente na palavra  reserva, o senso comum logo diz que se trata de algo  inferior...

Algo de importância menor, ou mesmo sem importância.

Ser reserva de um time é algo que todo atleta odeia.

Isso é um fato!

Assim como  dois e  dois são quatro...

Afinal, todos querem entrar , jogar e dar o melhor de si...

Mas, será que é assim mesmo?

Será que essa é uma verdade absoluta?

Tenhamos como exemplo a Seleção Brasileira Tetra Campeã de 94.

Em todas as posições, tínhamos reservas tão bons quanto os titulares,sendo que, em alguns casos, os reservas ganharam a posição de alguns...

No gol , a fazer sombra ao lendário Taffarel, tínhamos o Zetii, campeão  de tudo pelo São Paulo.

Nas laterais,Jorginho e Leonardo, tinham nada menos que Cafú e Branco (o mesmo que nos salvou contra a Holanda, com aquele golaço de falta)

Na zaga , o que seria da Seleção , se o Márcio Santos não substituísse o Ricardo Rocha, lesionado na primeira partida contra a Rússia, formando uma dupla memorável com o Aldair?

Se tivemos meias de retenção irretocáveis como Dunga e Mauro Silva , e um meia armador como o Zinho, que segurava o jogo ,quando necessário, sem reserva a altura , o mesmo não pode se dizer em relação ao meia avançado.

 Mazinho era reserva e ganhou a posição do Raí, em má fase.

Dali pra frente ,a Seleção deu um salto de eficiência com um time mais robusto.

Por fim , não podemos nos esquecer que caso Romário e Bebeto, se machucassem, tínhamos o excelente Müller e um certo Ronaldo, futuramente conhecido como o “Fenômeno”.

Ah!...

Mas,para quem leu a desastrada saga dos fracassados heróis chamados Urban Rangers SP, pode questionar:

“Você tá louco , Jirayrider?”

“Tá de brincadeira?”

“Você bebeu, foi?

“Ou  tomou chá de cogumelo?”

“Vai dizer que você quer comparar o Parreira e o Zagalo, com o Gentaro Tsubayashi e com a Keiko Yurita?”

“A viajada na maionese foi dose, heim, meu caro?”

Pois ,esse humilde autor diz:

-Tem razão ,prezado leitor!

-Até porque, Urban Rangers até aqui ,deu errado!

-Muito errado...

 

Brincadeiras a parte, essa exemplificação serve para mostrar que ser reserva, não significa, necessariamente, algo ruim...

E é com essa reflexão inicial que iniciamos esse capítulo , focado no chamado Urban Rangers Team Two.

 

Tudo o que dá errado tem um porquê...

Tem uma causa...

No caso dos Urbans Rangers SP são várias...

O planejamento e a execução,  certamente foram os pecados capitais.

A pressa por resultados sem as condições necessárias, levam ao improviso...

Do improviso para o fracasso é um pulo!

Imaginem um avião com problemas técnicos graves de execução?

Ou uma ponte, sem vigas de sustentação e espaços para dilatação da ferragens e concretos adequados?

Ou uma cirurgia delicada, realizada com instrumentos e procedimentos fora do padrão?

Não é necessário dizer a catástrofe que uma imperícia desse tamanho  acarretará...

Se os acionistas do Grupo Tsubayashi, deram o tempo necessário para que o projeto piloto dos Urban Rangers New York fosse planejado, discutido, implantado,  consolidado e posteriormente expandido, o mesmo não ocorreu no Brasil...

O fator econômico falou mais alto  e várias etapas foram queimadas...

A ânsia de multiplicar os  lucros de  em tempo recorde; o modelo  de uma polícia de elite de acordo com as premissas básicas de um  Super Esquadrão, ideia importada do Japão para várias capitais do Brasil e posteriormente América Latina foi o pecado capital.

Querer dar passos maiores que as próprias pernas, não é algo recomendado, ainda mais em se tratando de um projeto caro que dispendia vultuosos investimentos em estrutura e tecnologia, além  treinamentos e capacitação e manutenção de todo um suporte  logístico de apoio.

Em Nova Iorque, esse processo durou 5 anos...

Em São Paulo , um ano e meio...

Isso porque já estava a todo o vapor o projeto dos Urbans Rangers RJ, sem que o de São Paulo fosse completamente  consolidado...

Deu no que deu!...

Gentaro, convicto que o modelo de Nova Iorque era um sucesso absoluto, também caiu armadilha de se conseguir resultados rápidos, reduzindo custos,  se deixando levar pela pressão dos acionistas e investidores, a ponto de negligenciar um princípio básico, porém crucial em se tratando de gestão de pessoas...

Pessoas não são uma receita de bolo para que a mesma fórmula seja aplicada indiscriminadamente.

Pessoas pensam, se comportam e agem de modos diferentes...

O tempo todo...

Desde o início da humanidade!

Ainda mais, quando envolvemos países e povos diferentes...

Pois cada povo tem a sua cultura, os seus valores e crenças.

Suas subjetividades...

O que vale para o Japão, não vale para os Estados Unidos, muito menos para o Brasil ou, Arábia Saudita.

Ainda que a proposta seja a melhor possível e bem sucedida num determinado país, é necessário levar-se em conta diversos fatores, adaptando a referida proposta à realidade local.

A montagem da equipe em 2019 se deu de modo apressado.

A toque de caixa...

Keiko Yurita, seu braço direito. sempre o alertara dos riscos.

Ela chegou a entregar um relatório detalhado de 300 páginas sobre o custo-benefício de  se implantar esse projeto em capitais menores.

Ela chegou a sugerir que a equipe piloto fosse implantada em Porto Alegre, Curitiba ou Florianópolis.

Ou, Salvador, Distrito Federal e Recife.

Foi voto vencido...

Os acionistas queriam porque queriam São Paulo, uma das cinco cidades mais populosas do mundo.

E num segundo momento , o Rio, o cartão postal do país.

Mas, era preciso cautela...

Gentaro estava no Brasil desde de 2016, ano das Olimpíadas no Rio de Janeiro.

Não conhecia o Brasil  e suas particularidades, como Keiko, uma nissei (*01).

Muito menos, uma megalópole tão complexa como São Paulo.

As semelhanças com Tóquio e Nova Iorque, cidades globais  como São Paulo, vão até a página 2...

Keiko Yurita sempre foi apaixonada pela cidade, apesar da sua complexidade.

Em sua visão (se não totalmente correta, mas bem próxima do que se observa) não existe fisicamente um paulistano ou um paulista legítimo.

Afinal, são muitos “brasis” e muitos países do mundo convivendo em um  mesmo espaço geográfico.

Até por sua condição de descendente de japoneses e conviver desde a tenra infância com os mais diversos tipos de pessoas , Keiko compreendeu desde cedo que, na mesma São Paulo, tem mineiros, nordestinos , nortistas, ao mesmo tempo que também tem pessoas de ascendência portuguesa, italiana, espanhola, francesa, germânica, libanesa, israelense, japonesa, chinesa,  boliviana, congolesa, angolana  até tailandesa.

As relações pessoais e as uniões matrimoniais acabam, de certa forma, potencializando esse fenômeno, embora as múltiplas  colônias étnicas existentes na cidade, tentem manter sua identidade cultural.

No entender de Keiko,qualquer um que prestasse  a atenção,  perceberia com relativa facilidade que determinados grupos, quando em contato com seus compatriotas, conversam entre si em seu próprio idioma.

Em São Paulo, assim como no Rio de Janeiro, que também tem essa característica cosmopolita, é perfeitamente possível dar de cara com uma pessoa negra com os olhos típicos de uma pessoa oriental.

Ou pessoa de traços fortes europeus com elementos indígenas ou dos povos africanos, como a tonalidade e textura  dos cabelos, lábios e narizes.

Essa miscigenação; embora exista em todo o país; ocorre de uma maneira  menos intensa.

Por exemplo, os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tiveram uma colonização intensa de europeus vindo principalmente da. Itália , países germânicos e alguns países eslavos como a Ucrânia Polônia.

Fisicamente é muito mais fácil reconhecer um catarinense ou um gaúcho do que um paulista ou um carioca.

Até o sotaque é um emento identitário forte.

Em São Paulo, essa identidade se dilui, embora predomine o modo italiano e o caipira  de se conversar, e o soletrar,  em especial, da letra erre.

Nisso, o Rio de Janeiro, tem uma identidade mais definida e se sai muito melhor que São Paulo.

O modo do carioca falar é icônico e impagável.

Você identifica de cara.

Em São Paulo, não...

Você pode conversar com alguém de sotaque nordestino sem suspeitar que a pessoa nunca pisou no Nordeste.

Ou, falar de modo característico dos árabes ,sem nunca ter pisado os pés no país de seus antepassados.

Talvez, a forma com maior possibilidade de acerto,  para identificar um paulista ou paulistano refira-se a certos padrões comportamentais, como a formalidade no trato  com as pessoas, bem diferente da espontaneidade dos cariocas, da eloquência dos gaudérios, ou do estilo diplomático e contador de histórias do mineiros

Ou, uma  postura acelerada e impaciente quer seja no trânsito , no caminhar das ruas ou nos meios de transportes.

São Paulo, também tem muitas pessoas que são viciadas em trabalho e isso não é nada positivo.

Não é errado afirmar que o paulistano, é um estressado por natureza.

O próprio Gentaro reconheceria alguns meses mais tarde, que os alertas de Keiko deveriam terem sidos levados em conta...

Mas, o estrago já estava feito!

Sua escolha foi afobada!

A ideia de ter um quinteto com representantes de cada região de São Paulo, aproveitando  o fato que a cidade tem uma forma que lembra uma grande cruz, não era de todo ruim.

No entanto, poderia ter sido levado adiante com um pouco mais de cautela.

Se Gentaro conhecesse um pouco mais a cidade, ele certamente atenderia esse quesito de representantes de regiões diferentes, de uma maneira diferente.

Ele poderia se valer de duas premissas básicas:

A primeira, buscar pessoas residentes nos bairros mais próximos ao centro, mesmo pertencendo a regiões diferentes.

Bairros como Vila Maria ao Norte,  Tatuapé ao Leste, Ipiranga ao Sul e a Lapa ao Oeste, tem um  perfil sócio-econômico mais homogêneo, com perfis de moradores de classe média alta.

A segunda, ir na direção oposta, buscando bairros dos extremos da cidade, como a própria Brasilândia ao Norte, Itaquera ao Leste , Capela do Socorro ao Sul, e Vila Sônia ao Oeste.

Nesse formato também haveria uma homogeneidade, só que com integrantes das classes sociais mais baixas, que vivem os mesmos problemas e enfrentam as mesmas dificuldades.

Ambos os formatos tem seus prós e contras, mas teria um resultado muito melhor do que o verificado.

Dois formatos com equipes mais coesas...

Gentaro descobriu da pior forma possível, que num país tão injusto e desigual quanto o Brasil, personificado na pungente e, ao mesmo tempo, caótica São Paulo: assim como não se pode misturar água com óleo, não se pode unir ricos e pobres num mesmo espaço.

São duas bolhas diferentes...

Duas realidades discrepantes...

Excludentes entre si...

Ele se valeu que os cinco eram jovens de destaque em suas referidas áreas de atuação.

Um karateca campeão...

Um empoderado  líder comunitário e rapper...

Um empresário e modelo de sucesso...

Uma sambista de destaque...

Por fim, uma blogueira famosa...

Como Gentaro, em sã consciência pôde acreditar que pessoas tão diferentes quanto Márcio e Bruno pudessem conviver bem?

E Bruno com Thomáz?

E Solange  com Hanny?

Quem souber responder, ganha um prêmio...

Talvez, Freud explique...

Talvez...

Gentaro,de posse de dados sobre os futuros participantes, pessoalmente fazia os convites, embora tudo parecesse algo casual, sem o ser...

Ele sabia bem quem convidava...

Sabia de suas rotinas...

Seus hábitos...

De um montante de vinte pré-selecionados, Gentaro aprovou sete, para depois, bater o martelo com a formação definitiva.

Bem que Keiko sugeriu uma formação mais equilibrada no processo  de entrevistas.

Novamente, Keiko foi ignorada, chegando a quase se desligar  do grupo Tsubayashi.

Não o fez, pois Gentaro insistiu muito e prometeu, tentando ganhar tempo, utilizar os dois vetados numa segunda etapa...

O fato é que as constantes crises de relacionamentos entre os membros, acenderam o sinal de alerta para Gentaro que, finalmente se rendeu às evidências...

A equipe estava capenga!

Gentaro escolhera errado...

Foi traído por sua soberba e por não saber ouvir...

No entanto, o problema estava criado, sendo urgente uma solução.

Era preciso uma ação eficaz para minimizar aquela crise,  antes que a convivência entre os membros se tornasse insustentável e comprometesse o futuro da equipe.

Como comprometeu, tão logo  uma ameaça mais poderosa entrou em  ação, como se mostrou o Comando Dínamus, de características bem diferentes do que grupos criminosos comuns.

Após inúmeras reuniões com acionistas e Keiko, Gentaro decidiu, por um motivo diferente, apostar numa saída que deu certo em Nova Iorque...

Formar uma equipe reserva.

Em Nova Iorque, a expansão se deu por causa do aumento da demanda.

Os cinco integrantes de lá, pela excelência de suas ações,  não estavam dando conta de tantos pedidos e ocorrências.

Era preciso formar uma nova equipe, com foco em ocorrências menores, enquanto a equipe principal ficaria com os casos mais difíceis.

Em São Paulo, embora o discurso oficial era exatamente esse; o motivo era outro...

Gentaro Tsubayashi pensava em tirar Bruno Ribeiro e Hanny Stein da equipe, substituindo-os por outros dois novatos.

Embora, os demais também tivessem características que não agradavam a Gentaro, tanto Bruno quanto Hanny saíam muito fora  da curva, se destacando negativamente com suas posturas nada agradáveis e seus temperamentos difíceis.

Eram, sem dúvida, os mais desagregadores.

Gentaro, só não tomou essa medida drástica, pois o remédio amargo tinha efeitos colaterais imediatos.

O primeiro e mais decisivo, sem dúvida,  foi a pressão dos acionistas.

Novamente a visão rasa do lucro imediato e a preocupação excessiva com a imagem da instituição falou mais alto em detrimento do que precisava ser feito e não foi...

O patrocínio dos pais de Hanny também contribuíram para que a filha deles permanecesse na equipe, apesar de todo o mal que representava.

Já com Bruno , Gentaro temeu ser acusado de racismo.

Um escândalo envolvendo o Grupo Tsubayashi numa questão tão polêmica e sensível, estava fora de cogitação...

Tudo pela imagem!...

Keiko apoiava a iniciativa de substituição dos membros, embora defendesse que o processo fosse  feito com cuidado,seguindo algumas etapas.

Ela detestava o jeito bruto e arredio de Bruno, embora entendesse em partes, o porquê daquela postura.

Já com Hanny, era tolerância zero!

Quando Hanny passava do tom (e quase sempre passava) Keiko tomava a frente e se impunha com aspereza, forçando Hanny a recuar.

Assim que teve o sinal verde de Gentaro, para dar sequência ao projeto, Keiko tomou a frente da iniciativa e, num tempo considerável rápido até, conseguiu contato com os outros dois candidatos   com perfis mais adequados à proposta do projeto Urban Rangers.

Para sua sorte, ambos aceitaram na hora.

De temperamentos mais moderados e conciliadores, Toufik Caleb e Desirée Rambold, eram  bem mais fáceis de se lidar e encaixariam melhor na formação inicial da equipe.

No entanto, foram vetados por Gentaro no processo de escolha, conforme já mencionado.

Toufik Caleb, era o terceiro  filho de um casal de imigrante árabes, instalados no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo, atuando no comércio  varejista, seu  Salim e a senhora Samira, donos da Caleb Utilidades Domésticas.

Toufik era o  tipico paulistano de classe média alta.

Nem por isso, uma pessoa difícil de se lidar.

Ao contrário , Toufik era um  jovem idealista e  de bem com a vida.

Adorava uma moto.

Adorava viajar pelo país e tomar Sol e chuva na cara.

Adorava sentir o vento...

Até a poeira das estradas de terra era um momento de prazer pra ele.

Carismático e alegre, nas horas vagas adorava viajar de moto Brasil  à fora  com o seu Moto Clube, denominado “The Renegates” , da qual era o líder.

Suas jaquetas de couro “iradas”,  e suas correntes e pulseiras era a sua marca registrada, embora também não dispensasse o estilo mais social, quando a ocasião assim demandava.

A única coisa que o diferenciava dos demais motoqueiros era o fato de não curtir tatuagens , visando não desagradar seus pais e familiares, de tradição muçulmana, extremamente conservadores nesse quesito.

Seu apelido,era o sugestivo “Turco Brother” , por ser parceiro da galera, ou “Salinzinho”, para os mais íntimos,  referência ao seu Salim, seu pai , ou mesmo, “Ia Habbib”,por ser um cara muito querido por todos.

As motociatas, patrocinadas por ele eram um sucesso tremendo, chamando a atenção da imprensa.

E tinham um viés social interessante, com ações voltadas para o voluntariado,  visando arrecadar alimentos para associações de idosos e também moradores de rua, onde através de parcerias , conseguia a cada quinze dias, cerca de 500 marmitex, distribuidos gratuitamente à noite ,que ajudava a aliviar a fome dessas pessoas tão desacreditadas, acalentando um pouco os seus corações.

Desirée Rambold, era uma jovem estudante de Direito.

Fiiha única do senhor Renê Rambold, um francês dono de um pequeno e aconchegante bistrô,  localizado  em Perdizes,  bairro onde moravam, e da senhora Lúcia Peixoto Rambold , uma brasileira, professora de História do Ensino Médio; Desirée tinha um sonho...

Assim que se formasse e passasse no exame da OAB, ela reservaria um tempo a cada quinze dias, para advogar socialmente, ou seja, ajudar pessoas desprovidas de posse, ajudando-os em suas demandas, sem cobrar nada.

Humanista, Desirée, se considerava uma pessoa privilegiada e queria ajudar de alguma forma, os mais necessitados.

Amante da boa leitura desde a tenra idade, dedicava um final de semana por mês, para levar livros para comunidades carentes.

Seus vizinhos já conheciam essa prática saudável e ajudavam-na adquirindo livros nos diversos sebos da cidade.

Em sua visão, a cultura é um bem imperecível e seu acesso deveria ser universalizado.

Outra forma de ajudar às pessoas seria fazer parte do Projeto Urban Rangers.

Ela chegou se classificar para a fase de entrevistas, perdendo para Hanny Stein.

Mas, nem por isso desanimou...

Com a promessa que ela poderia ser aproveitada numa segunda etapa, Desirée, um pouco franzina , decidiu ganhar massa muscular, se matriculando numa academia.

Ela tinha consciência que o fator físico contribuiu para o veto.

Hanny tinha um corpo mais atlético e uma atitude mais impositiva, agradando Gentaro, num primeiro momento.

Desirée era mais tímida.

E de timidez, já bastava  a do Márcio Hawada.

O fato era que, Desirée não sabia explicar o porquê mas, em seu íntimo, ela sabia que mais cedo ou mais tarde ,ela seria lembrada.

Como de fato , foi!

E se preparou muito pra isso!

Os meses se passaram e os dois foram incorporados à equipe na condição de reservas.

Dado ao local onde moravam, por mais que Gentaro e Keiko negassem, ficou evidente para Bruno e Hanny que eles ,de alguma forma, estavam ameaçados.

Afinal, apesar de geniosos, eles não eram burros... 

Uma nova crise estava prestes a se instalar, com ambos começando a hostilizar os novos membros, boicotando-os nos treinamentos, justamente, o que eles mais precisavam naquele momento, pois estavam num nível muito abaixo dos cinco integrantes originais.

Para eliminar esse burburinho ,a saída foi trazer, Marcos Pereira de Souza , o Marcão do Alemão, o futuro líder dos Urbans Rangers RJ, para uma espécie de estágio com a equipe de São Paulo, acalmando momentaneamente os dois.

Por incrível que possa parecer, o projeto da cidade do Rio, apesar de não ter sido ainda implantado, estava sendo feito com muito mais cuidado.

Os integrantes,seriam, geralmente, da mesma classe social de Marcão, o que foi um acerto.

A ideia era mostrar para os jovens sem perspectivas que, todos eram capazes de escolher por trilharem um caminho que não envolvesse a marginalidade e as drogas.

O magnetismo pessoal de Marcão e a sua determinação, logo  fez com que ele ganhasse a confiança de Gentaro e Keiko  a ponto de ter voz de voto na escolha dos quatro membros restantes da futura equipe.

Marcão, era um líder nato.

Um cara de atitude e empatia...

Melhorar a vida das pessoas era muito mais que um dever moral...

Era um imperativo!

Com muita garra e determinação, mesmo que,com poucos recursos,  ele, em parceria com comércios locais,  implantou diversas ações e projetos importantes no Complexo do Alemão,  comunidade carente bem famosa no Rio.

Cursos profissionalizantes para jovens e mulheres e atividades esportivas para criança e adolescentes eram o grande destaque.

Muitos foram salvos com essas ações, vivendo de modo digno, longe do crime.

Até mesmo, os líderes do crime respeitava-no, deixando-o trabalhar em prol da comunidade, sem ser importunado.

Espiritualizado, Marcão acreditava que todos os caminhos levavam a Deus, ou ao “divino”, como ele gostava de afirmar.

O ser humano nasceu pra evoluir, crescer e ser feliz, apesar dos espinhos no caminho.

Todo o mal pode ser transformado em bem...

E todo o sofrimento pode se transformar em aprendizado e paz interior.

Basta querer...

Basta não desistir...

Basta persistir...

Essa visão ecumênica e universalista também fez com que ele  ganhasse a confiança e a simpatia de diversos segmentos religiosos do  micro-universo chamado Complexo do Alemão.

Era comum vê-lo ajudando em projetos da Igrejas Católica, como também das diversas igrejas evangélicas locais  e dos terreiros de Umbanda.

Se a causa era justa e nobre ,ele está lá...

Apoiando...

Participando...

Jogando junto...

Assim que chegou, já mostrou a que veio, ajudando a Toufik e Desirée em seus aprendizados, deixando-os mais confortáveis.

A vinda de Marcão, foi um divisor de águas para ambos.

Essa desenvoltura, logo despertou o ciúme de Thomáz e Hanny, que não suportavam a ideia de que um “carioca da gema”, pudesse dar pitaco numa equipe paulista.

No entanto, ao perceberem que estavam isolados, decidiram ignorá-lo.

Márcio e Solange gostavam dele e esse apoio, contribuiu para que Marcão ganhasse seu espaço, se tornando um líder natural do chamado Team Two, ou Time Dois.

Até Bruno, o admirava.

Os dois conversavam muito, embora Marcão fosse o oposto de Bruno.

Parecia que as coisas iriam, finalmente engrenar...

O clima chegou até melhorar...

Gentaro e Keiko estavam mais confiantes...

No entanto, o ataque inesperado do Comando Dínamus e o vexame protagonizado pela equipe principal, fez com que o “caldo  azedasse”...

A “chapa esquentou”...

E tudo foi por água abaixo...

Com a dissolução da equipe principal, a  suspensão temporária  de Márcio e Solange, a hospitalização de Bruno e a expulsão de Thomáz e Hanny, o trio reserva passou a ter a espinhosa missão de reconstruir a equipe das cinzas, contando com o apoio temporário do Team Two de Nova Iorque, até que Márcio e Solange pudessem voltar.

Afinal, o Comando Dínamus precisaria ser combatido.

Eles teriam que fazer por merecerem uma nova oportunidade.

O mesmo valeria pra Bruno, quando saísse do coma...

O seu ato inconsequente que quase lhe tirou a vida , seria cobrado...

Com juros e correção monetária.

Será que ele voltaria?

Em que condições voltaria?

Depois de tudo o que lhe aconteceu, seria possível,Bruno aprender com os erros e se tornar uma pessoa  melhor?

O futuro de cada um dos Urban Ranger estava em aberto..

Assim, Marcão do Alemão, o antigo  U.R. East Orange , Toufik Caleb, o antigo U R. North Green e Desirée Rambold, a antiga U.R. West Purple, de uma hora pra outra, veem suas vidas serem mudadas radicalmente.

De reservas a titulares!

Depois daquele dia, nada seria como antes...

Tudo iria mudar!

Inclusive, a forma como cada Urban Ranger seria denominado.

Afinal , o trauma foi grande...

O estrago ,monumental!

As feridas, difíceis de cicatrizarem...

Sairia a regra de região e vigoraria apenas a cor, com nomenclatura em  português.

O roll-call (*02) clichê e desnecessário, sairia de cena, também...

A liderança seria temporária e rotativa, não mais sendo exclusividade do membro vermelho.

Outra quebra de paradigma!

Super Esquadrão ,sim !

Mas , com uma pegada brasileira...

Sem modismos...

Sem receita de bolo...

Sem fórmulas batidas e desgastadas...

Uma equipe que acima de tudo, seja confiável e unida.

O resto era detalhe...

Um novo capítulo começaria a ser escrito...

Estariam os três preparados para está  tão difícil missão?

Reerguer uma equipe desacreditada do limbo e dos escombros?

Esperamos que sim , todavia, só o futuro  dirá...

Só o futuro dirá...

 


 UR East Orange
UR North Green

UR West Purple

 Desirée Rambold
Marcão do Alemão 


Toufik Caleb


Notas

(*01) segunda geração ou filho de imigrantes japoneses;

(*02) Roll-Call é uma espécie de apresentação de cada membro de um Super Esquadrão (Super Sentais) após a sua transformação. Por ocorrer em praticamente todas as séries Sentais, se tornou um clichê, assim como as mechas e robôs gigantes.

 


4 Comentários

  1. Vamos ver se essa equipe reserva dará conta do recado, porque a titular não tem entrosamento e tem problema de ego.

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    1. Grande Israel!

      Obrigado por ler e comentar !

      A equipe reserva possui membros mais centrados e bem menos polêmicos.

      Tem tudo pra dar certo.

      Quando Urban Rangers voltarem, eles terão muito destaque.

      Aguarde novidades!

      Gratidão!

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  2. Grande amigo Jirayrider, antes de mais nada queria deixar aqui meus parabéns por esse trabalho, que pra mim, em meu gosto pessoal, tem despontado como tua melhor obra dentre todas que acompanho! Eu explico meu ponto de vista e de antemão peço desculpas se não foi tua visão, mas vamos lá:

    A impressão que ficou pra mim, é que de início, em teu conceito, pra gerar uma obra autoral, tu tentou criar um sentai de tua autoria, o fez é claro, isso não há dúvidas, mas no decorrer eu creio, das primeiras linhas, tua visão captou que, mesmo sendo um sentai, mesmo sendo um autoral, tu não precisava deixar tua maneira de criar e apresentar trabalhos de lado, que tu podia inserir teu dom para o drama mesmo em um super sentai, e então tua mente explodiu! Tu pegou os problemas padrões de um sentai, tu inseriu nessa mistura de bolo, as dificuldades do Brasil, a diversidade cultural, racial e de opinião do Brasil, e jogou tudo dentro de uma das cidades mais populosas do mundo inteiro, puxando como protagonistas, "chefes" que não tem qualquer visão de Brasil, com pessoas de extremos opostos de classe e condições de vida e de cultura para atuar como "uma equipe coesa", cara, não tinha como dar certo, ou melhor, isso pra equipe, porque pra tua escrita, era a receita perfeita pra tu criar o que tu sabe fazer de melhor, o drama embasado em vivências, experiências, conhecimento, empatia, sentimentos e muita liberdade poética! Com isso, Urban Rangers tomou rumos não pensados, pelo menos pra mim, ao ser lançado se pensava em desafios padrões dos sentais, mas não, tivemos um gripo dizimado, não tanto pelos inimigos, mas muito mais por eles mesmos, desde a organização, até o mais relés integrante e cara... Olha as trajetórias pós embate que tu criou pra cada um deles, se nota que mesmo na pior de todas, a Pink, tu conseguiu ainda colocar algo que não justificasse, mas explicasse o porquê dela ser como é, me lembrei muito de Kanydai aqui, nada justifica suas atitudes, mas sim, mostram porque chegaram até aquele ponto, e isso é simplesmente incrível! Cara, sei que tu tem uma paixão gigante por teu Tokuverso Expandido e que ele é realmente teu grande projeto, mas te digo de coração aberto, Urban Rangers me conquistou depois desses episódios intensos mostrando o lado de cada um deles, inclusive do Gentaro e seus erros, ver essa forma como tu mostrou São Paulo, a questão mais que verdadeira que fora o estilo leve de caipira em alguns tipos de linguajar, tu não consegue identificar um paulista, cada um tem seu jeito único, dá pra se dizer que são como digitais, nenhum é igual ao outro e isso, eu vejo que tem e muito, de tua vivência nessa cidade, de tua existência até aqui com diversas pessoas e diversos ambientes, o que te deu essa capacidade gigante de explanar tão bem sobre essa cidade e sobre os problemas que nosso país enfrenta, tanto em governo quanto na própria população! Só posso te dizer que estou aplaudindo de pé, e que, torço muito, para Urban Rangers estar entre tuas listas de empenho para continuar uma saga incrível! Meus mais sinceros parabéns por esse trabalho primoroso!! Grande abraço meu amigo!! \0/

    PS.: Excelente acertada reduzir os nomes e deixar tudo mais sério, aplaudo de pé essa atitude!! \0/

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    1. Grande Lanthys, ou Kintaros (pois tu me fez chorar com esse comentário , que guardarei com carinho).

      De fato, o Tokuverso, é meu projeto mais importante, mas, com graças a você e ao Artur , esse ano eu resolvi retomar esse trabalho, que tinha dúvidas se iria continuar.

      A sua análise foi precisa e corretíssima ,o que me deixa muitíssimo feliz.

      A princípio, eu quis fazer um Sentai autoral.
      Mas, fui na contramão, narrando uma equipe caótica , fadada ao fracasso.

      Foi uma aposta de muito risco e polêmica, mas que agora começa colher os frutos.

      Quis mostrar que, se não houver um planejamento adequado, boas idéias podem se tornar um verdadeiro desastre.


      Ainda mais, numa cidade tão complexa e desafiadora quanto São Paulo. Uma cidade caótica e fascinante !

      O Brasil tem muito isso, infelizmente: o improviso.

      Lembremos como foram os preparativos para a Copa do Mundo e Olimpíadas.

      Até hoje tem obras prometidas e inacabadas.

      Uma vergonha!

      A crítica social contundente que fiz de nossa sociedade , escandalizou um pouco, afastando alguns leitores, mas com esses spin-offs contando as origens de cada um, creio que ficou claro o porquê do fiasco.

      O importante é que Urban Rangers renascerá como uma equipe deve ser.

      Mas para isso, precisou chegar ao fundo do poço.


      Após o ultimo spin , que falará sobre o Gentaro, nos próximos meses, mais tardar no começo do ano que vem, essa saga voltará com tudo.

      Espero continuar coma sua leitura e apoio tão significativo pra mim.

      Gratidão por tudo!

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