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Juppongatana: a lei do mais forte (capítulo 6)

 

 

                                                Capítulo 6 - Shishio e o pequeno Soujirou

Depois de ter sofrido o atentado que quase o matou, Šišio, agora envolto em queimaduras que lhe conferiam a aparência de uma múmia viva, passou a viver como um fugitivo, indo de lugar em lugar fugindo de batidas policiais. No entanto, nenhum dos policiais com o qual se deparou ao longo desses anos todos foi capaz de vencê-lo em uma luta frente a frente, ou mesmo capturá-lo. Para aliviar as dores advindas das queimaduras, não raro Šišio se banhava nos rios e lagos dos locais por onde passava. Šišio foi dado como foragido pelo novo governo, o mesmo governo que um dia o empregou como assassino das sombras. Recompensas polpudas foram dadas para quem o encontrasse vivo ou morto e o denunciasse às autoridades.

Em determinada ocasião de 1870, o ano 3 da era Meidži, Šišio teve um breve confronto com um grupo de policiais nas proximidades de Kanagawa, na região leste do Japão. Eram três policiais ao todo, mas mesmo estando em desvantagem numérica Šišio com a Mugendžin em mãos os matou com pouco esforço.

Tal carnificina foi presenciada por um jovem garoto. Seu nome Sōdžirō Seta. Šišio lançou um olhar bravio para cima do garoto, deixando-o um tanto amedrontado, e em seguida partiu para cima de Sōjirō intentando matá-lo com sua espada. Mas, quando Šišio ia desferir o golpe fatal, Sōjirō simplesmente sorri, e Šišio indaga ao garoto a razão da risada mesmo estando prestes a morrer. Sōjirō responde com mais uma risada, e no fim Šišio o poupa de um trágico e cruel destino em troca de Sōdžirō lhe providenciar comida e ataduras novas. Coisa que o garoto faz prontamente.

Os dois se escondem no armazém de arroz da casa da família adotiva de Sōdžirō. Por sua família Sōdžirō sofria muitas humilhações e espancamentos, e isso devido ao simples fato de ser filho do finado patriarca da família Seta com uma prostituta. Ou seja, ele é um bastardo, e pelo simples fato dele ser um bastardo ninguém queria cuidar dele. Diante de tanta humilhação e sofrimento, Sōdžirō desenvolveu a habilidade de rir daqueles que o insultam e o batem, pois quanto mais Sōdžirō reagia, mais eles o agrediam. Mas, quando Sōdžirō a eles sorriam, eles paravam com os insultos e agressões, mesmo estando por dentro cheio de sentimentos como dor e tristeza, ou raiva e ódio.

Graças ao falso sorriso, Sōdžirō aprendeu a conter sentimentos como raiva e medo. Em uma conversa com Šišio, ele disse que a situação a qual é submetida é fruto do fato de ser filho ilegítimo da família Seta. Mas Šišio lhe responde que isso acontece pelo fato de ser fraco, e assim Šišio ensina a Sōdžirō a sua filosofia de vida, a sobrevivência dos mais fortes. Segundo tal filosofia, na vida os fortes se sobressaem e vivem, ao passo que os fracos perecem e morrem. Após sua explanação, Šišio dá um presente a Sōdžirō: uma wašidzaki (espada curta), como agradecimento pela estadia no local. Em pouco tempo o pequeno Sōdžirō absorveu as ideias de seu novo mestre.

Após tal conversa com Šišio, Sōdžirō foi interpelado por seus familiares. Sempre que algo de ruim acontecia, Sōdžirō era culpado pelo ocorrido como se fosse um bode expiatório, mesmo nada tendo haver. Sōdžirō tinha escondido a espada no chão abaixo do armazém, e diante das ameaças de morte de seus parentes (os quais também sabiam do fato dele abrigar um fugitivo procurado pela polícia e enfurecidos pelo fato de terem perdido quase toda a comida e as bandagens para Šišio), lembrou-se das palavras de Šišio e amedrontado, dirigiu-se até o local onde deixou a espada que Šišio lhe deu. Um de seus parentes o encontrou pegando a espada, mas Sōdžirō a sacou e macabramente o matou. Em seguida, matou os outros membros da família com sua espada curta, um a um. A outrora rica família Seta foi reduzida a cadáveres apodrecendo no ar, e Sōdžirō desde então passou a acompanhar Šišio em suas andanças pelo Japão.

Nos anos a que se seguiram, Šišio passou a treinar Sōdžirō. De início, Sōdžirō achava que não seria um bom espadachim, mas Šišio achava o contrário. E os treinamentos mostraram que Šišio é que estava certo a respeito do jovem. A habilidade do menino era tamanha que ele, após anos de treinamento, passou a usar uma Nihontō (espada típica japonesa) ao invés de uma espada de madeira, e desenvolveu a lendária técnica Šukuči, a supressão do espaço, onde a pessoa que usa a técnica parece instantaneamente vencer o espaço que a separa do adversário. Além de passar a ser chamado de o “Espada Celestial”, devido a sua velocidade incrível, e virar o Braço Direito de Šišio.

1 Comentários

  1. A relação mestre e discípulo foi muito bem narrada aqui.

    Sishio, vai passando o bastão para o jovem Soujirou, que assim, como o mestre , vai se tornando um grande assassino.

    Continuemos a acompanhar!

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