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Ultraman Ketsudan #01

 

Quando visitantes aparecem sem avisar.

Olá Tokuleitores!

E chegamos ao primeiro capítulo de Ultraman Ketsudan.
como pretendo abordar temas que não domino totalmente e que são extremamente sensíveis, não garanto uma periodicidade, mas pretendo lançar o quanto antes novos capítulos.

Esse capítulo demorou um pouco pois eu precisava dar detalhamento a como é a vida do Haruka, mas, a partir do próximo a história engata.

 Portanto, sem mais delongas... Boa leitura!

Ultraman Ketsudan #01.



Cheguei.


O jovem Haruka entrava em uma residência localizada nos arredores de Tóquio, numa área arborizada e isolada, próxima a um templo, onde o silêncio só era cortado pelos sons da natureza, deixando claro o quanto estavam longe da cidade.


Algo excelente para acalmar o espírito, pensava o jovem, mas uma prova de fogo para seus pulmões e pernas, após vencer a centena de degraus que precisava subir até chegar na casa onde encontrara abrigo durante uma das piores fases de sua vida.


Você está bem querido?


A voz feminina que o recebeu, bem como o abraço dado assim que ele havia acabado de tirar os tênis, eram acalentadores e, com certeza, não era a recepção costumeira na maioria dos lares japoneses.


Estou sim Ana, obrigado.


Ana Duarte Hoshina era a mulher que recebera o jovem. Brasileira, uma mulata de constituição forte para os seus mais de cinquenta anos, cabelos ainda na maioria pretos e enrolados, mas com várias mechas brancas, veio para o Japão como apoio para seu marido, Célio, que logo tratou de estender os parabéns a Haruka.


Foram uns ótimos golpes, aquele bicho não teve chance. O hospedeiro do monstro ficou bem?


Célio Hoshina também havia nascido no Brasil, mas seus pais eram japoneses e acabaram seguindo alguns preceitos antigos, forçando o filho a casar com uma japonesa.


Tal união forçada, claro, não deu certo e, mesmo após terem tido dois filhos, Célio foi abandonado quando um rico empresário conquistou sua esposa e, após um longo e penoso processo de divórcio, levou não somente ela, mas também os filhos para o Japão.


Abandonado pela própria família, que o considerava um fracasso em todos os sentidos, com certeza o destino teria sido cruel se ele não tivesse se encontrado com a Ana.


Foram necessários poucos meses de convivência para que resolvessem morar juntos e iniciar um negócio extremamente bem-sucedido em um restaurante, pretendendo viver da melhor maneira possível.


Sempre juntos.


A notícia de que não poderiam ter filhos foi recebida com resiliência pelos dois, Célio ainda sentia falta dos que estavam no Japão e que nunca entravam em contato, mas ele já havia decidido que seria feliz mesmo assim.


Uma felicidade, no entanto, que não durou tanto, pois certo dia Célio recebera uma ligação do Japão, com notícias terríveis.


Kenji, o filho mais velho, na época com dezoito anos, havia cometido suicídio e Takashi, dois anos mais novo, se encontrava em estado catatônico, por ter sido quem encontrou o irmão.


Como se tudo não pudesse piorar, a ex esposa de Célio enlouquecera e fugiu sem deixar nenhum vestígio, o que fez o advogado do homem que a havia levado para o Japão, entrar em contato para avisar que eles simplesmente não cuidariam do jovem Takashi, uma vez que ele não era mais considerado como membro da família.


O amor entre Ana e Célio era mais forte do que tudo e então decidiram enfrentar aquela terrível provação que surgia, contratando pessoas de confiança para cuidar do restaurante, garantindo assim uma boa renda e se mudando para o Japão, onde poderiam cuidar de Takashi até conseguir levá-lo de volta para o Brasil.


Foi assim que conseguiram uma casa distante da movimentação excessiva da cidade, mas próxima o suficiente em caso de alguma emergência médica que surgisse em decorrência do estado do jovem.


Pouco a pouco, percebendo que a situação pela qual passaram seus filhos, não era uma exceção, mas alarmantemente algo que acontecia com muita frequência, começaram a abrigar outros adolescentes em situação de abandono ou simplesmente de desespero, adiando cada vez mais a partida do Japão.


O importante era que qualquer um que precisasse de ajuda, poderia permanecer na casa pelo tempo que fosse necessário.


Conseguimos trazer o hospedeiro de volta e, pelo que ouvimos, conforme eu ia saindo do andar do prédio onde ele estava, ouvi alguns funcionários falando o quanto o tal de Togata parecia feliz e sempre de bem com a vida.


Muitas vezes as pessoas erguem uma verdadeira muralha para esconder as dores que vem de dentro e são pouquíssimos aqueles que enxergam através dessas barreiras.


Sempre que falava daquela forma, inconscientemente, Célio lançava um olhar para o quarto onde jazia seu filho comatoso.


Diga ao seu amigo que a mãe dele teria ficado orgulhosa.


Haruka permaneceu em silêncio por alguns instantes, de olhos fechados, para só então responder.


Ketsudan agradece, Ana. Suas palavras significam muito para ele.


Ótimo. Agora, vá se lavar, por favor. O jantar vai ficar pronto rapidinho.


Um afago na cabeça do jovem e a senhora se colocou a continuar seus afazeres, enquanto Célio ia conferir o estado de seu filho, antes de ligar a televisão e conferir as notícias mais recentes.


Enquanto estava finalmente a sós, pelo menos o máximo que conseguia, afinal a voz de um alienígena, que ficava ressoando em sua mente, não era algo de que podia se afastar, Haruka, como sempre, ficava repassando o que ele e seu companheiro haviam realizado, o que poderia ou não ter sido feito melhor.


Ao mesmo tempo o jovem seguia tentando controlar o leve tremor nas mãos, resultado de uma ansiedade excessiva que, naquele momento, ele tentava acalmar, fechando os olhos e relembrando de músicas relaxantes ou que ele gostava muito desde criança.


Sei que você consegue Haruka. Nós fomos muito bem hoje. Chegamos antes dos Kaiju Hunters, salvamos a vida do hospedeiro, causamos pouquíssimos estragos à cidade. Agimos muito bem.”


Sim… Eu sei… Só preciso mesmo me acalmar… Pouco… A Pouco…”


Assim que se recuperou o máximo que conseguiria naquele momento, o jovem se enxugou e foi para a cozinha, pretendendo ajudar na janta, uma vez que, recentemente, descobrira junto com Ana, que cozinhar também ajudava a acalmá-lo.


Porém o destino tinha outros planos, que ele descobriu quando Célio se voltou para ele, aumentando o som do noticiário.


Sinto muito garoto.


Conforme Célio falava, Haruka foi se aproximando da sala e viu o motivo do desânimo do outro.


Na televisão era possível ver uma reportagem sobre um evento, que acontecia naquele exato momento no centro da cidade.


Acho que vou jantar mais tarde hoje.


Sem dizer mais nada ele correu para fora de casa e, quando estava longe o suficiente e em uma rua deserta, ergueu seu anel.


Que as chamas da esperança guiem minhas mãos! Ketsudan!


Em Tóquio o caos imperava, mas dessa vez não era nada ligado a medo, mas sim à excitação, conforme três imensas figuras sobrevoavam a dezenas de metros do chão.


Caramba, agora são três gigantes?


Centenas de celulares gravaram o ocorrido.


Só tão ali parados, mas, são amigos né? Não vão nos atacar nem nada né?


Alguns dos presentes, dando voz às preocupações de todos, até queriam fugir dali, mas sentiam que algo importante estava acontecendo e a confirmação aconteceu quando viram um conhecido se aproximando.


Ultraman Ketsudan agora pairava diante de outros três Gigantes de Luz.


O que fazem aqui?”


Olá para você também. Nós somos…”


Ultraman Zero, Ultraman Geed e Ultraman Z. Sei bem quem são e volto a perguntar, o que estão fazendo aqui?”


Recebemos informes da morte de um dos nossos e viemos investigar. Não esperava encontrar um Gigante de Luz aqui. Vivo.”


Nem sempre encontramos o que queremos.”


Olha garoto, veja como fala com o Mestre Zero e…”


Até onde eu sei ele não te aceitou como discípulo, senhor Z.”


Que tal nos acalmarmos?”


Geed se colocou entre Z e Ketsudan, ao perceber que a tensão entre os dois poderia evoluir rapidamente para um desnecessário combate.


Responderei suas perguntas, mas não aqui, as pessoas já devem estar se perguntando porque novos Gigantes apareceram. É bom evitar também que os Kaiju Hunters apareçam. Venham comigo.”


No mesmo instante Ketsudan pareceu se transformar numa esfera de energia, partindo dali em uma velocidade impossível de se seguir por qualquer veículo terrestre, mas os demais ultras logo o acompanhavam de perto.


Segundos depois eles sobrevoavam o parque nacional de Nikko.


Vocês podem diminuir de tamanho? Acreditem, apesar de sermos aliados, não seria prudente atrair atenção demais, tanto das autoridades quanto dos Zetsubou.


Os três Ultras trocaram um rápido olhar e logo todos se encontravam em uma clareira no parque, onde Zero sentou em uma pedra, enquanto Z permanecia de pé e Geed se encostava em uma árvore.


Bem, eu escolhi o nome Ketsudan ao chegar nesse mundo, pois foram várias as decisões que me trouxeram até o momento atual.


No entanto, minha história começa como nenhuma história de um filho deveria começar.


Com minha mãe me dizendo que meu pai estava morto.”


4 Comentários

  1. Grande Norberto!

    Estou boquiaberto.

    Sério!!

    Você toca num assunto tão delicado e sensível como transtornos mentais de uma forma que faz a gente refletir e se emocionar.

    Nota-se o cuidado como você trata esse tema.

    Todo o desenvolvimento do assunto, ora falando de Takashi, que foi o primeiro a ver o irmão morto após o suicídio, ora do próprio Haruka, que se percebe que, também tem problemas com ansiedade vindo de uma trauma que foi tocado no fim do capítulo, servindo já como gancho.

    A vindas dos três Ultras (Zero, Geed e Z) também deu uma charme a mais na narrativa, cujo maior mérito é justamente tratar desse assunto: os transtornos da mente.

    Ultraman Ketsudan já me ganhou por ser meter o dedo na ferida em um tema contemporâneo.

    Meus parabéns!!!!

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    1. Obrigado demais pela leitura e comentário.
      Estou tomando muito cuidado com o tema depressão e afins pois sei bem o quanto é dificil para pessoas que passam por isso e não posso ser leviano.
      Quanto ao Haruka, ele terá seu arco, mas no final o gancho é do próprio Ketsudan, uma vez que aqui temos uma realçao de simbiose entre um Ultra e seu hospedeiro humano.
      A entrada de três dos meus ultras favoritos terá ligações com a história que vai se desenrolar a partir do próximo capítulo.
      Valeu mesmo!

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  2. Gostei do cenário (pano de fundo, história) que tá se formando, os jovens em depressão, a necessidade de ajuda, a ansiedade como um grande mal que é, isso me faz muito bem, ver uma trama nesse sentido, uma vez que muita gente trata essas situações como "mimimi", "ah porque no meu tempo tinha e ninguém morria", é, mas hoje morrem! Ver tu tratar isso com o devido cuidado e importância, fortalece imensamente a trama pra mim pelo menos, então, ponto mais que positivo para esse detalhe! Também curti muito o lar de acolhimento, assim como a situação deles saberem da "dupla personalidade" digamos assim, de Haruka, isso torna as coisas mais fáceis de serem explicadas nos momentos em que se faz necessário e remove articulações imensas pra deixar crível! E como a cereja do bolo, eu vi um Ultra que bateu de frente com os outros com ponderação mas sem firulas, "eu sei bem quem são e pergunto de novo, o que fazem aqui?" e também, "até onde sei, Zero não te aceitou como aluno", isso foi muito show, nada de Ultra novato, nada de Ultra domesticado, mas ainda assim, coerente, ponderado e ciente do poder que detém! Cara, tá ficando show, tô curtindo muito o Ketsudan, e só o fato do Geed ter aparecido é ponto extra com certeza, parabéns meu amigo!! \0/

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    1. Valeu demais pela leitura e comentário amigão!
      Começo pedindo desculpas pela confusão que acertamos em conversa particular, mas realmente o começo estava confuso e, graças a nosso papo, o texto ficou melhor após algumas alterações.
      Acho que tive um começo de depressão anos atrás, fiz terapia e, na ápoca só parei pois no setor onde eu trabalhava, minha chefia começou a reclamar de eu ter que sair toda sexta feita uma hora mais cedo no almoço prá eu fazer minhas consultas.
      Por sorte e pelo apoio da minha esposa, consegui identificar o que disparava meus gatilhos e hoje estou muito melhor.
      Mas sei o quanto é complicada a luta contra a mente, por isso não posso e tentarei evitar algum tipo de leviandade com o assunto.
      Quanto à chegada dos Ultras, eu escolhi três dos meus favoritos, pois achei que ficaria legal, lá prá frente, mostrar porque o Ketsudan osrecebeu dessa forma.
      e o relacionamento Ketsudan/Haruka será melhor explicado mais prá frente.
      aguarde e confie

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