Ametista, a Guerreira de Cristal - Capítulo 2 - O reino das trevas

 

No capítulo anterior:

Rita é atacada pelos servos do Imperador Obsidius, mas ela consegue vencê-los ao evocar a armadura de ametista, obedecendo a uma voz misteriosa.

Capítulo #2 – O reino das trevas

Reino do Quartzo Negro – Castelo Obsidiano

Reino do Quartzo Negro. Um local de completas trevas, sem qualquer sinal de bondade, de luz, como era outrora. Lá, havia um castelo imponente, mas o aspecto sombrio deixava a sensação de medo e vazio interior do que uma boa impressão pela imponência.

Na sala do trono do castelo, estava sentado o líder supremo daquele reino sombrio, o Imperador Obsidius. Ele tinha a aparência de um ser humano comum, mas tinha a pele cinzenta, olhos vermelhos e usava uma imponente armadura preta com detalhes em vermelho. Ele também possuía uma espada de grande porte na bainha e a espada também era toda de cor preta com detalhes em vermelho.

Âmbar chegou à sala do trono e ajoelhou-se diante de Obsidius. O imperador fez um gesto para ela se levantar e disse com sua voz cavernosa:

— Minha cara Âmbar, pelo visto, você não traz notícias alvissareiras.

A serva disse, hesitante:

— N-não, majestade. In-infelizmente, não consegui pegar o Cristal Elementar do Raio.

Obsidius levantou-se do trono e ficou andando pela sala, brandindo sua espada. Então, ele disse, de forma repreensiva:

— Hum, me admira você não executar uma simples tarefa de pegar uma joia de uma garota. Como pôde falhar desta forma?

Âmbar respondeu, abaixando a cabeça:

— M-majesta-ta-de, peço-lhe mil perdões por… por… esta falha! Prometo não decepcioná-lo novamente!

Obsidius aproximou-se dela, com a espada em riste. Âmbar sentiu medo de ser executada ali mesmo pelo seu imperador, mas ele colocou a espada na bainha e disse calmamente:

— Você deu sorte de eu ser misericordioso, Âmbar. Dar-lhe-ei a chance de explicar-me do porquê da sua falha. Sou todo ouvidos.

Ele voltou a sentar-se no trono e cruzou as pernas. Âmbar ficou aliviada pelo imperador dar-lhe uma chance de explicação e então, ela começou a falar:

— Bem, majestade, nós conseguimos derrubar a garota da bicicleta e naturalmente ela resistiu a nos entregar o cristal. Nós a cercamos, mas de repente, o cristal brilhou e a garota ganhou uma armadura assim como a minha, só que roxa. E então, ela nos derrotou, com poderes de raio.

O imperador manteve na posição que estava, sem esboçar reação, mas fez uma pergunta:

— Hum, como uma simples garota pode ter esse tipo de poder? Você não disse que ela não era nada demais?

— Disse, sim, majestade, mas eu acho que ela recebeu ajuda… — respondeu Âmbar.

— Ajuda? Que tipo de ajuda? — perguntou Obsidius.

Âmbar hesitou por um momento, mas respondeu:

— Ajuda… dela, de… Radya.

O imperador ergueu as sobrancelhas e remexeu-se no trono, dando a entender que o nome proferido por Âmbar o fez mudar de expressão.

— De Radya? Impossível! Ela está em meu poder, aqui mesmo na sala do trono! — exclamou Obsidius.

Então, ele apontou para cinco grandes cristais de quartzo negro que circundavam o trono.

— Veja, todos os cinco protetores dos Cristais Elementares estão presos nestes cristais de quartzo negro. Radya foi a que deu mais trabalho, porque ela conseguiu escapar para a superfície e ainda escondeu os outros cristais por lá. Zirkon e os soldados obsidianos conseguiram trazê-la para cá, mas não encontraram o cristal dela e nem os outros. Por isso que enviei infiltrados para a superfície, como você, Âmbar. Quis o destino de você encontrar uma garota com um pingente de ametista e você diz que ela teria recebido ajuda de Radya. — Obsidius fez uma pausa e perguntou: – Como isto é possível?

— Não posso dizer, majestade, mas sei que a garota tinha os poderes de Radya, os poderes do raio. Não pode ser coincidência — respondeu Âmbar.

— Realmente, não pode ser coincidência. Bem, preciso descobrir isto a fundo. Não desistirei enquanto não obtiver o cristal da garota e os outros cristais — disse Obsidius.

— Prometo não falhar novamente, majestade — disse Âmbar.

— Você não vai falhar, porque desta vez, não será você que vai atrás da garota. Enviarei Zirkon — declarou Obsidius.

— Com todo respeito, majestade, mas ela está muito mais perto de mim. Sou a professora dela — argumentou Âmbar.

— Então, continue como professora dela. Por isso que lhe enviei para a superfície, minha cara. Porém, não será necessário você entrar em ação no momento, por conta de sua falha. Zirkon nunca falhou comigo e logrará êxito, com toda certeza — disse Obsidius.

— Eu compreendo, majestade. Farei o que o senhor ordenou — disse Âmbar.

— Ótimo. Está dispensada — ordenou Obsidius.

Âmbar fez uma reverência ao imperador e retirou-se da sala do trono. Assim que ela saiu, Obsidius bradou:

— Zirkon!

Um gigantesco homem barbudo, vestindo uma armadura marrom e brandindo um machado de duas lâminas, entrou na sala do trono. Ele ajoelhou-se diante de Obsidius e perguntou:

— Chamou-me, majestade?

— Sim, Zirkon. Quero que vá à superfície obter o Cristal Elementar do Raio. Está com uma garota que usa um pingente de ametista. Ela está no lugar da superfície onde Âmbar é professora — disse Obsidius.

— Sim, majestade. Irei imediatamente — respondeu Zirkon.

— Ótimo. Como você, eu sei que posso contar. Está dispensado. Ah, leve alguns soldados obsidianos com você — acrescentou Obsidius.

— Sim, majestade — disse Zirkon.

Então, o gigante fez uma reverência e retirou-se da sala do trono. Sozinho na sala, Obsidius levantou-se do trono e foi andando até os cristais onde estavam presos os protetores dos Cristais Elementares. Ele pôs a mão em um dos cristais e disse:

— Radya, se você está aqui, como você está ajudando a garota?

Superfície - Casa de Rita

Rita realmente achava que estava louca naquele dia. Além de ouvir uma voz de dentro de seu pingente de ametista e vestir uma armadura, ela estava olhando para a imagem do espelho ao lado de seu reflexo sem acreditar no que estava presenciando.

— Como é que é?! Você é… protetora de um… cristal? — perguntou Rita.

A mulher chamada Radya apenas confirmou com a cabeça. Rita fez outra pergunta:

— O que é esse Cristal Elementar que você falou e aquela mulher de armadura também falou?

Radya, com sua voz suave, respondeu:

— Os Cristais Elementares são as fontes de poder que mantêm o equilíbrio do mundo. Eles são cinco, baseados nos elementos da natureza: fogo, terra, água, ar e raio. Eles ficavam no Reino do Quartzo de Luz e tinham seus protetores, que eram: Pyros – o protetor do Cristal do Fogo, Harena – a protetora do Cristal da Terra, Aquus – o protetor do Cristal da Água, Arya – a protetora do Cristal do Ar e eu, a protetora do Cristal do Raio, que está em seu pingente.

Rita olhou para a joia e perguntou:

— O pingente é esse Cristal Elementar do Raio? Então, como ele veio parar aqui, se você diz que ele é de um reino de sabe-Deus-o-quê?

— Acalme-se, vou explicar. Então, sobre o reino, ele era o Reino do Quartzo de Luz, um lugar de paz e harmonia. Contudo, um certo dia, um ser maligno chamado Obsidius, o protetor do Cristal Elementar das Trevas, invadiu o reino e tomou o poder, transformando aquele lugar em completas trevas, o Reino do Quartzo Negro. Infelizmente, meus irmãos foram todos derrotados, exceto eu, que consegui escapar e salvar os cristais — explicou Radya.

— Que bom que conseguiu escapar. Mas onde fica esse tal reino? — perguntou Rita.

— Ele está localizado no centro da Terra, tanto que chamamos o seu mundo de superfície — respondeu Radya.

— No centro da Terra? Achei que só tinha lava por lá — comentou Rita.

— Sim, mas o Reino do Quartzo de Luz ficava em uma parte onde não havia lava — explicou Radya.

— Entendi, mas, se você escapou de lá, por que você não está, digamos, fisicamente por aqui na superfície? — perguntou Rita.

Radya suspirou e respondeu:

— Porque eu estou presa lá no Reino do Quartzo Negro. Você está vendo e ouvindo apenas a minha consciência.

Rita ficou boquiaberta com a informação. Ela fez questão de perguntar:

— Como é? A sua… consciência? Como é possível?

— Eu sei que isto pode parecer confuso, mas, quando eu fui para a superfície, eu fiz como que minha consciência estivesse dentro do Cristal Elementar do Raio, caso Obsidius me encontrasse. Pois bem, seus servos me encontraram e fui capturada, mas só o meu corpo físico foi levado. Como o cristal ficou na superfície, quem estivesse com ele poderia me ajudar a libertar meu corpo físico e também os meus irmãos. Por isso que lhe concedi a armadura de ametista, Rita. A minha armadura, para proteger o cristal das investidas de Obsidius e para você ajudar-me a encontrar os outros cristais — explicou Radya.

— Te ajudar? Mas eu não sei lutar, Radya! — replicou Rita.

— Eu lhe ensinarei a lutar contra Obsidius e seus servos. Basta você estar disposta a me ajudar — disse Radya.

— Olha, eu até estou disposta, porque você fez com que eu espantasse aquela mulher e os monstros, mas não sei se estou pronta para isso. Tem o meu pai, o restaurante dele e meus estudos. Não posso largá-los por uma luta que nem é minha — respondeu Rita.

— Você não precisa largar todas estas coisas, Rita. Basta saber conciliá-las — disse Radya.

— Hum, não sei, Radya, sinceramente. Queria muito ajudar, mas não estou pronta. É melhor arrumar outra pessoa — disse Rita.

— Não posso arrumar outra pessoa, Rita. Quem deixou o cristal com você, de alguma forma, sabia que eu só poderia contar com você — explicou Radya.

— Quem deixou o cristal comigo foi minha mãe, mas ela está desaparecida há quinze anos. Infelizmente, ela não deixou nenhuma pista do que se tratava o pingente — disse Rita.

— É uma pena, porque sua mãe poderia ser importante para encontrarmos os outros cristais, já que ela possuía e lhe deu o Cristal do Raio — disse Radya.

— Você não sabe onde estão os outros cristais? Mas você não tinha os trazidos para cá? — perguntou Rita.

— Então, quando eu fui para a superfície, os outros cristais se espalharam, mas mantive o meu. De alguma forma, que eu não me lembro, sua mãe ficou com o cristal e lhe deu. Por isso que sei o seu nome, Rita. Eu a acompanhei por todos esses anos. Eu só me manifestei a você quando os obsidianos foram para a superfície — explicou Radya.

— Entendi. Então, minha mãe tinha o seu cristal e me deu? — perguntou Rita.

— Como disse, eu não me lembro. Na verdade, não me lembro de nada do meu período na superfície. Posso ter conhecido sua mãe quando estive aí — respondeu Radya.

— Ah, sim. Minha mãe parece ter sumido do mapa por todos esses anos, mas meu pai e eu achamos que ela ainda está viva e que voltará para casa — disse Rita.

— Admiro sua esperança e do seu pai, Rita. Por isso, uma pessoa com esperança é digna de me ajudar a encontrar os cristais e enfrentar os servos de Obsidius — disse Radya.

— Nossa, obrigada pelo elogio, mas eu não posso ajudá-la. Eu não sou uma guerreira, nunca lutei na minha vida, nem mesmo briguei na escola — disse Rita.

— Eu posso fazê-la ser uma guerreira, Rita. Eu posso treiná-la e então, você estará pronta para enfrentar Obsidius — disse Radya.

— Será? E como você faria para me treinar? — perguntou Rita.

— Tem um lugar para onde posso levar-lhe para treinar. Garanto-lhe é um lugar muito tranquilo — disse Radya.

— Hum, e onde é esse lugar? Espero que não seja longe — perguntou Rita.

— Não, não é. Aliás, você está olhando para o lugar do treinamento — disse Radya.

Rita pensou e então, arregalou os olhos, percebendo o que Radya dissera:

— Não! Você quer dizer… dentro do… espelho?!

A protetora do Cristal do Raio apenas confirmou com a cabeça.

— Eu posso… atravessar o espelho… tipo Alice Através do Espelho? — perguntou Rita.

— Não sei do que se trata, mas sim, você pode atravessar o espelho. É só segurar minha mão — disse Radya.

Então, Radya estendeu sua mão para Rita. A garota também estendeu a dela e de repente, ela já não estava mais em seu quarto…

CONTINUA...

Reino do Quartzo Negro

Imperador Obsidius

Zirkon

(Imagens geradas por IA)