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Juppongatana, a lei do mais forte (capítulo 11)

 

                                                    Capítulo 11 - Primeiros passos

O grupo de Šišio deu início a suas atividades no segundo semestre de 1875. Primeiro de tudo construiu um quartel general nos arredores de Kyoto, no monte Hiei. Šišio e Hōdži recorram a vários arquitetos da antiga capital nipônica para tal empreitada, a qual incluiu a construção de várias salas e cômodos, incluindo a sala de Andži onde se encontra uma imensa estátua da divindade budista Fudō Myō, a sala de Usui toda decorada com olhos, a imensa biblioteca de Hōdži, a sala de Sōdžirō, a sala de treinamento de Šišio e por fim a arena das tochas encomendada pelo próprio Šišio, tendo em vista o fato de o líder do Džuppongatana usar técnicas de espada baseadas no fogo.

E graças aos esforços de Hōdži Sadodžima, o Džuppongatana deu início a um processo de armamento já no primeiro semestre de 1876, e para isso recorreu, sem que as autoridades do país desconfiassem, a vários traficantes de armas do sul do Japão e da China, mais precisamente a máfia de armas de Shanghai. Tal empresa é chefiada pelo jovem japonês Eniši Yukiširo em conjunto com o chinês de meia-idade Wu Heising. Eniši é o número 1 da organização e Heising o número 2. Enquanto que o primeiro prefere usar a força em seus negócios, o segundo prefere usar a estratégia e a inteligência.

Eniši é o irmão perdido de Tomoe Yukiširo, a primeira esposa que Kenšin matou com suas próprias mãos em dezembro de 1864. Por causa disso, nutre um rancor imenso para cima de Kenšin, a ponto de um dia querer se vingar dele. Nos anos finais do Bakumatsu Eniši, ainda criança, se mudou para a China, mais precisamente para Shanghai. Levou uma vida miserável e pobre até que um dia uma família de japoneses ricos o acolheu. Mas Eniši não suportava a felicidade da família tendo em vista que ele mesmo teve sua irmã morta por Kenšin (vista pelo caçula da família Yukiširo como um “mísero retalhador”), e matou-os todos a sangue frio, e aproveitando-se dos problemas que o ópio trazia para a China, passou a traficar o narcótico por volta dos 16 anos, acumulando uma grande fortuna com o passar do tempo. Aos 20 aliou-se a Wu Heixing e tornou-se o Chefe da máfia de Shanghai, a qual vende ópio e armas ilegais para todo o Extremo Oriente, incluindo o Japão, o resto da China, a Rússia e a Coréia.

Wu Heising, por sua vez, é um chinês nativo da própria Shanghai, descendente de um clã de nobres da Dinastia Ming (1368 – 1644), mas que perderam seus títulos de nobreza após a subida da Dinastia Qing (1644 – 1912). Heising acredita que um povo de origem estrangeira como os manchus não tem direito a governar a China, por mais que tenha se achinesado ao longo dos séculos.

Assim como Enishi, Heising durante anos traficou ópio para depois entrar no comércio de armas ilegais. Tanto para Eniši quanto para Heising o ópio nada mais foi que um trampolim para um comércio ainda mais lucrativo, e ambos viram um no outro como a pessoa certa para seus negócios prosperarem ainda mais. O poder de tal organização é tamanho que dentro da China chega a ser um poder paralelo, a ponto do poder central, já bastante debilitado, diante deles se encontrar de mãos atadas e nada poder fazer. Os negócios da máfia de Shanghai se estendem desde Yakutsk no Extremo Oriente Russo até Saigon no Vietnã e da China ocidental ao Japão, e Eniši e Wu Heising são criminosos procurados tanto na Rússia quanto na China e na Coreia por suas ligações e negócios com vários grupos criminosos.

Os negócios de Šišio com a máfia de Shanghai começaram com a encomenda de vários armamentos de mão como lanças, espadas e sabres, armas essas usadas em artes marciais chinesas, ainda no começo de 1876. Depois passou para a armadura e a foice do gigante Fuji, armas de fogo como dinamites, rifles e pistolas, e por fim uma fragata de ferro, a qual Šišio batizou de Purgatório. Ou em japonês Heigoku.

Além do Džuppongatana, Šišio também dispõe de um grande exército de infantaria. E, como já foi mencionado antes, foi logo após a aquisição da fragata Purgatório que Iwambou entrou para o Džuppongatana. Muitos aderiram à causa de Šišio, em grande parte descontentes com as políticas anti-feudais e de ocidentalização dos costumes e das instituições políticas do novo governo. Outros que aderiram a Šišio também achavam que o governo Meidži era incapaz de manter o Japão a salvo do assalto imperialista europeu, assim como corrupto e ineficaz. E isso a despeito do fato de que uma parte dos partidários menores de Šišio foram monarquistas no Bakumatsu tal como Hōdži e Šišio.

Após se armar, Šišio e seu grupo começou a agir. Uma das primeiras vítimas do Džuppongatana foi a vila Šingetsu, situada no meio do caminho entre Tóquio e Kyoto, em novembro de 1876. As tropas de Šišio chegaram ao local naquele ano, e as forças do governo ali presentes não ofereceram grande resistência aos invasores, os quais estavam sob a liderança de um comandante de cavalaria chamado Kenta Takani, nativo de Aizu. Kenta ressente-se das ações do governo Meidži sobre sua terra natal, devido ao posicionamento pró-Xogunato durante o Bakumatsu.

Na batalha da vila Šingetsu, ocorrida no dia 15 de dezembro de 1876, a divisão de cavalaria liderada por Kenta Takani, apoiada pelos soldados de infantaria de Šišio, pesadas baixas foram infligidas às tropas governamentais, as quais terminaram a batalha arrasadas e humilhadas. As baixas do exército de Šišio (o qual não precisou contar com a Džuppongatana para isso) foram mínimas.

A vila Šingetsu foi colocada aos cuidados de Senkaku, e isso causou certo desconforto em Kenta, pois ele acha Senkaku um grande idiota. Em seguida outros vilarejos próximos caíram nas mãos de Šišio. Os locais que Šišio conquistou foram colocados sob sua lei, a lei do mais forte, e quem quer se opusesse a seu jugo sofria terríveis destinos. Nos meses seguintes, sob ordens de Ōkubo, o governo Meidži enviou tropas para retomar tais vilas, mas esse esforço fora inútil diante da superioridade das tropas de Šišio.

1 Comentários

  1. Finalmente, o exército de Sishio entra em ação !

    O governo japonês cometeu.umngrande erro ao achar ,sem se certificar que tinham de fato , acabado com Sishio.

    Agora sofrerão as consequências desses descuido.

    O bicho vai pegar!

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