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Juppongatana, a lei do mais forte (capítulo 8)

 

                                                        Capítulo VIII - Anji e Usui

Depois de Sōdžjirō, Hōdži e Yumi, o próximo a se juntar a Šišio foi o ex-monge budista Andži Yuukyuzan. Anji vivia em um monastério budista junto com algumas crianças, até que com o começo da Era Meidži uma tragédia se abateu sobre si: O episódio do Haibutsu Kišaku, a Erradicação do Budismo. O budismo chegou ao Japão nos idos de 552, ainda na era Asuka (538 – 710), através de monges vindos da China, e nas eras que se seguiram adquiriu forte influência dentro da sociedade japonesa, a ponto de coexistir pacificamente com o xintoísmo e existirem seitas que misturavam as duas religiões.

Mas, com o advento da Era Meidži, o novo governo almejava atrelar a religião ao governo, de forma a criar uma única religião oficial, e para isso passou a restringir a influência do budismo em detrimento do xintoísmo. Na época do ocorrido, Andži vivia em um vilarejo no interior de Hokkaido. Sua residência era em um monastério budista, onde vivia junto com a garota Tsubaki e outros garotos que perderam seus pais durante a guerra Bošin.

O monastério onde Andži e seus protegidos viviam era um local pacífico até que em 1869 o chefe do vilarejo decidiu que os moradores do monastério deveriam ir embora dali. Pelo fato de o pai de Tsubaki, o chefe anterior do vilarejo, ter lutado do lado do Xogunato no final do Bakumatsu, o governo Meidži dava pouca atenção ao vilarejo. Muitos moradores queriam benesses do novo governo, e para isso pressionavam para que Andži e seus protegidos abandonassem o local. Eles mesmos viam o monastério como um empecilho para o desenvolvimento da cidade. Diante desse impasse, Andži até cogitou com seus protegidos se mudarem para outra cidade. Mas, antes mesmo que a mudança fosse efetuada, uma grande tragédia aconteceu: Andži estava meditando em uma cachoeira, enquanto que Tsubaki e as outras crianças estavam dormindo dentro do monastério.

Em meio à meditação, Anji percebeu que algo de errado estava acontecendo e foi correndo até o monastério. Tudo para vê-lo ardendo em chamas. Desesperadamente foi correndo salvar seus protegidos, mas um repentino golpe na cabeça o derrubou no chão, deixando-o inconsciente. Ao acordar, Andži viu seu monastério reduzido a cinzas e destroços, ficou se perguntando por que Buda os abandonou e ainda lembrou-se que Tsubaki um dia lhe disse que o achava bonzinho demais. Tudo isso fez com que ira de Andži explodisse. Uma transformação da água para o vinho passou-se em Andži. O outrora monge bondoso agora virou o deus da destruição. A partir de então passou a lutar pelo que ele chama de a salvação do mundo das pessoas malignas, e passou por um intenso treinamento. Sua musculatura aumentou muito, além de desenvolver a técnica Futae no Kiwami (Duplo Extremo), capaz de reduzir rochas a farelo com um simples golpe. Cinco anos mais tarde, Andži se vingou daqueles que destruíram seu monastério matando-os com suas próprias mãos. Meses mais tarde, Sōdžirō apareceu na frente de Andži enquanto este estava em mais uma de suas meditações. E Sōdžirō (por ordens de seu mestre) propôs a Andži que ele se juntasse a organização de Šišio. Para Šišio, um homem como Andži seria de grande valia para o Džuppongatana. Andži de início recusou a proposta, mas passado um tempo aceitou fazer parte.

Outro que também se juntou a Šišio na mesma época foi o nativo de Okinawa Usui Uonuma, também conhecido como o Espada Cega. Ironicamente, o mesmo Usui que fora cegado por Šišio durante o Bakumatsu. Como Usui foi cegado, não tinha mais nenhum valor para o Xogunato, e em determinada ocasião se viu perdido em uma montanha. Até que de repente ouviu o barulho da água de um córrego. Usui foi correndo para o córrego beber de sua água, pois a sede o fez correr na direção do córrego. Com isso, despertou uma audição extraordinária. Ou como o próprio assassino cego chama tal habilidade, o Olho da Mente.

Por ironia do destino, no inverno de 1875 Usui e Šišio novamente se encontraram. Usui, ao ver Šišio, viu que era a oportunidade perfeita para se vingar. Desde que fora vencido no Bakumatsu, Usui nutre um desejo de vingança. Mas, para sua infelicidade Šišio estava ainda mais forte, e com simples golpes de sua espada repeliu as investidas de seu adversário. Usui, angustiado por ver que era incapaz de vencer, então resolveu se juntar a Šišio, sob a condição de que poderia matar seu mestre no caso de algum descuido.

1 Comentários

  1. É possível sentir toda a carga dramática dos personagens envolvidos ,bem como as suas motivações.

    Aqui fica enfatizado que tragédias podem marcar a pessoa a tal ponto que até o seu caráter e convicções podem mudar.

    Uma importante reflexão!

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