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A garota que jogava suas roupas (capítulo XIII)

 

                               Capítulo XIII - Trato é trato: Chloé e Sabrina em Lille (parte I)

Os dias se passaram, e junto com eles as férias da família Bourgeois na Riviera Francesa também se passaram. E, tão logo voltou a Paris, a primeira coisa que Chloé tem de fazer antes de voltar às aulas é cumprir a promessa que fez à prima Selina, quando tentou esnobá-la. Pois como diz o ditado, trato é trato.

No começo das férias em Cannes, logo que Chloé chegou ao balneário mediterrâneo, ela resolveu esnobar da prima, e após tomar uma bela de uma fumada dela, as duas firmaram um trato: que se Audrey não desse as caras em Cannes, Chloé teria de ir a Lille pagar um sorvete para a prima. E que se Audrey viesse a Cannes, Selina é quem teria de ir a Paris pagar um sorvete para Chloé.

A rainha do estilo foi a Cannes, mas não ficou nem um dia, depois de ter sido fulminada pelas marretadas do Chapolin Colorado. Depois que tomou as marretadas do Chapolin, Audrey ficou tão furiosa com o ultraje que resolveu voltar a Nova York. Afinal, ir a Cannes, naquela mansão linda e maravilhosa, para ser ultrajada daquele jeito é o fim da picada (segundo Audrey, obviamente).

Para a loira oxigenada, que desde tenra idade vem sentindo muito a falta da mãe, Audrey ir a Cannes e poucas horas depois voltar a Nova York foi como se fosse uma vitória com gosto de derrota. Além disso, a própria Chloé notou que ela passou mais tempo no celular, com a cabeça lá em Nova York. Esteve indiferente não só em relação à traquinagem da filha, como também em relação à presença do bandido na mansão. Ou seja, Audrey saiu de Nova York por um tempo, mas Nova York não saiu da cabeça dela enquanto esteve em Cannes. Portanto, para Chloé, quem se saiu vencedora na aposta foi a prima Selina, e não ela.

Assim que chegou a Paris, Chloé ligou para a prima Selina e a colocou a par de tudo sobre o que aconteceu em Cannes. Incluindo sobre o fato de que Audrey esteve lá, mas não ficou nem um dia. E assim, não deu nem para tirar foto com ela (já que enquanto esteve em Cannes Audrey passou muito mais tempo no celular falando com seus contatos nova-iorquinos que com a própria família).

Selina: “Chloé, que bom que você ligou... pelo visto, eu terei de ir a Paris pagar um sorvete para você, né?”.

Chloé: “Não, Selina. Você venceu a aposta. Eu é que irei a Lille pagar um sorvete para você”.

Selina: “Já sei, a tua mãe, pelo visto, te abandonou de novo, né Chloé? Um tanto previsível isso. A minha mãe me contou que já sentia que tinha algo de errado na vinda dela a Cannes, depois que a minha tia ligou aqui para esnobá-la”.

Chloé (com uma expressão cabisbaixa no rosto): “Sim, infelizmente ela me abandonou de novo. Mal ela chegou a Cannes e ela voltou a Nova York. E você deveria ver, enquanto ela esteve lá ela mais passou tempo no celular que conosco. Você ganhou a aposta, Selina, e eu irei pagar um sorvete para você ai na tua cidade”.

Selina: “Sinto muito por você, Chloé. Deve ser duro para você a tua mãe passar a maior parte do tempo longe e, o que é pior, quando ela aparece vai embora pouco tempo depois. Entendo a tua dor de viver longe da tua mãe, mas sabe como é. Como diz o ditado, trato é trato. E nada melhor que um sorvete para ajudar a melhorar esse teu ânimo, hein Chloé”.

Marisol: “E eu também vou querer um sorvete, Chloé. Bem caprichado”.

E assim, Chloé terá de ir a Lille em pessoa, ficar lá por alguns dias e pagar um sorvete a suas primas que ela não vai nem um pouco com a cara. E na sorveteria favorita delas, diga-se de passagem.

Como de praxe, Chloé irá à capital da região Altos da França (em francês Hauts-de-France) junto de sua fiel escudeira Sabrina Raincomprix. E também como de praxe, Sabrina leva toda a bagagem com ela mesma e vai a Lille de trem, enquanto que Chloé vai em um jatinho particular. As duas ficarão hospedadas na casa dos pais de Selina e Marisol por três dias, já que como Chloé perdeu a aposta terá de ficar na casa dos parentes que não gosta nem um pouco. E com o beneplácito tanto do senhor Bourgeois quanto do senhor e da senhora Boulanger, que estão por dentro de tudo. Já a dona Audrey, por enquanto, não está sabendo disso.

Após uma longa viagem, as duas chegam à casa das primas de Chloé, que se situa no bairro central da cidade.

Chloé: “Enfim, chegamos, é aqui que minhas primas moram, Sabrina”.

Sabrina: “Gostei do estilo dessa casa. Acho que vamos passar uns dias bem agradáveis ai, Chloé”.

Chloé (com sarcasmo na voz): “Sim, Sabrina”.

Sabrina: “A propósito, a casa das tuas primas, pelo menos por fora, me lembra muito a casa da Marinette, sabe? É muito bonita”.

Chloé: “Sabrina, eu não vim a Lille para escutar o nome de certa desastrada, tá?”.

Sabrina é quem toca a campainha. E quem atende é o pai das garotas, Bernard, que é padeiro que nem o pai de Marinette. Um dos mais renomados padeiros do norte da França, diga-se de passagem.

Bernard: “Chloé, Sabrina! Que bom que vocês vieram! Entrem, tenho certeza que vocês passaram uns dias bem agradáveis por aqui”.

Liliane: “Chloé, Sabrina, é uma honra poder recebê-las aqui em casa. Tenho certeza que vocês vão adorar os macarrons que nós fazemos. Entrem, que a casa é toda de vocês”.

Chloé: “Saibam de uma coisa tia e tio, vim aqui só para cumprir a promessa que fiz às minhas primas”.

Dentro da casa dos tios, Chloé e sua fiel escudeira Sabrina veem algumas camisas do Lille Olympique Sporting Club, o principal time de futebol da cidade, que já venceu o Campeonato Francês três vezes e a Copa da França seis vezes. E, além de algumas camisas do Les Dogues (apelido do Lille), há também algumas fotos de escalações do Lille, incluindo o time que venceu a dupla coroa na temporada 2010/2011, em que venceu o Campeonato Francês e a Copa da França. Também pode ser vista ali uma camisa da seleção francesa e um retrato dos selecionados dos azuis (em francês Les Bleus) que venceram a Copa do Mundo de 1998 e a Eurocopa de 2000, capitaneados pelo meia franco-argelino Zinedine Zidane.

Chloé: “Vocês torcem para esse time que só venceu o Campeonato Francês umas poucas vezes? Tão poucas que dá até para contar nos dedos? Mas que patético, bom mesmo é o meu Paris Saint-Germain”.

Bernard: “Chloé, o Lille é o meu clube de coração desde criança, é o time que meu pai torce e que o meu avô torcia, e torço para ele independente da fase que ele atravesse e independente da quantidade de títulos que ele tenha. Saiba de uma coisa: o futebol não é feito só de títulos e conquistas. É muito mais que isso. Às vezes, os times e seleções passam por fases ruins, sabiam? Acho que você precisa aprender muito sobre a arte de torcer por um time. Depois disso, nós conversamos. Está certo?”.

Com as palavras do tio, não resta outra coisa à loira oxigenada que baixar um pouco a bola e se encontrar com as primas gêmeas.

Marisol: “Chloé, Sabrina, que bom que vocês vieram!”.

Selina: “Entrem e fiquem a vontade, Chloé e Sabrina, que a casa é de vocês”.


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