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Além das Fronteiras - Viagem 6

 


Boa noite, pessoal. Estão bem?

Espero que sim.

Eu finalmente consegui sair de um bloqueio criativo que eu estava passando, agora tenho escrito cerca de 1500 palavras por dia, muito disso em inglês.

Hoje consegui finalizar este capítulo do Além das Fronteiras, espero que curtam.

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Os dias foram passando depois do divórcio de Eduardo e Clarissa, cada um foi para seu lado e o militar conseguiu um novo apartamento, mais próximo do quartel. Claro que a corporação exerceu influência para que ele conseguisse com maior facilidade, afinal de contas, a patente de Eduardo abria diversas portas, e nem todas eram boas.

E, naquele momento, era hora de conversar com Cintia. Ele estava oficialmente divorciado, livre, para poder seguir em frente… E isso significava muita coisa vinda de muita gente, ao mesmo tempo. E Eduardo estava tonto, não sabia por onde começar… Afinal foi um relacionamento que durou muitos anos e ele já não sabia mais viver sozinho.

Ele colocou o carro no piloto automático dessa vez. Por mais que gostasse de dirigir seu carro antigo, aquele dia era especial para ele. Como não ficar feliz se tudo o que ele queria era ficar junto da mulher que ele amava?  Como não ficar feliz em um momento como esse?

Enquanto sua mente trabalhava a milhão, Eduardo se deixou levar para períodos no passado, naquela época tudo era muito mais simples, tudo muito mais tranquilo. Mas mesmo assim, havia coisas na idade em que ele estava que ainda o deixava ansioso para agir.

O que ele não percebeu foi que tal estado que ele se encontrou fez com que ele perdesse a noção de tempo; quando deu por si, o carro já estava entrando na garagem de seu novo prédio e a luz estava diminuindo, ou seja, o entardecer estava terminando.

Em determinado momento, o carro parou. A ausência de ruído significava que era hora de ele se levantar dali, era hora de andar e chegar em seu apartamento. Finalmente era hora de encontrar Cíntia. E ele se sentiu igual a um adolescente de 15 anos prestes a conseguir conquistar a menina de sua vida. O barulho de seus passos ecoava no chão da garagem subterrânea; O silêncio proporcionava que ele pudesse ouvir todos os pequenos barulhos que normalmente ele não ouvia.

Desta vez, ele decidiu não pegar o elevador, subir os andares a pé e aproveitar aquela sensação. O barulho dos passos ecoava no piso onde ele pisava, e ao subir os degraus da escadaria em espiral, notou que o barulho que o seu pé fazia ao andar por eles era diferente do normal. Sua adrenalina estava muito alta para sentir-se cansado.

Assim, depois de alguns minutos neste processo, Eduardo chegou a seu apartamento. Ele mal podia se conter, devido à situação. Inseriu a chave na fechadura e a girou, abrindo a porta. Por mais silenciosa que ela fosse, o barulho do deslocamento do ar se fez presente em meio àquele silêncio modorrento, sobressaltando tanto a ele que abria a porta, quanto a ela que estava esperando, ansiosa, pela volta dele.

Os olhares de ambos se cruzaram. O silêncio se tornou uma tortura para os dois. Foi quando ela falou, achando horrível a rouquidão de sua garganta seca.

- Me conta, Eduardo… O que aconteceu?

Agora ele não tinha mais como fugir. Mas, antes que contasse tudo o que aconteceu, Eduardo juntou toda a coragem que tinha, abraçou Cintia pela cintura, tolheu seu rosto com delicadeza e a beijou, um beijo cálido, demorado e cheio de propostas. Ela não entendeu à primeira vista, mas percebeu que o sentimento que ela tinha por ele estava sendo correspondido. Algo que ela esperava havia meses.

- Aconteceu o que eu penso que aconteceu, Eduardo? – Perguntou Cintia cheia de esperanças.

- Acredito que sim. Se você pensou que eu finalmente me separei de Clarissa, acertou. Não estou mais preso a ela.

- E o que foi isso, agora? – Perguntou ela, com um tom de voz levemente sapeca.

- Algo que descobri não tem muito tempo, em meio a um turbilhão de coisas acontecendo, descobri que gostava de você. E não só como amigo.

- Então você sabe ser direto ao assunto? Pensei que não! – Disparou Cintia, levemente esganiçando sua voz nas últimas palavras da frase.

Eduardo riu, a abraçou novamente e a beijou, dessa vez com mais ardor. Ela o puxou para o sofá, ele sentou-se e ela sentou-se em seu colo e ali ficaram, como os dois namorados que agora eram. Um acordo não verbal tácito entre os dois, selado com um beijo.

O casal passou assim, em básica lua de mel por uma semana a fio. Eduardo aproveitou o tempo de descanso que a corporação lhe deu para aprofundar (e muito) o relacionamento com Cintia, que foi muito comemorado quando os subordinados souberam do novo relacionamento de seu líder.

E então uma nova missão foi trazida a conhecimento de todos. Cintia fora contratada como consultora sênior, atuava conjuntamente a Eduardo (que obviamente influenciou todo o processo de contratação), e assim souberam que os marcianos queriam negociar a boa vizinhança, depois de 3 anos de violências veladas e tentativas de comunicação… Era hora de entender o que eles queriam e como poderia haver paz.

Obviamente o governo brasileiro quis utilizar a imagem de Eduardo para influenciar os marcianos, ele foi muito bem notado por eles antes que a nave explodisse e seus restos fossem tragados pela fenda temporal. No dia da decolagem, a imprensa estava em peso na base de lançamento na extinta Fundação Osório, no Rio de Janeiro.

Milhares de perguntas eram disparadas simultaneamente, e habilmente Eduardo respondia as que lhe aprazia, ignorando as demais.

Porém, antes que Eduardo pudesse falar com qualquer marciano, ele precisava participar de uma cúpula da ONU que fora armada às pressas. Todos no mundo queriam viver em paz com seus vizinhos do sistema solar, mas isso não podia ser feito de qualquer jeito.

E assim, o casal viajou para uma convenção, ela seria hospedada na Flórida, Estados Unidos, num lugar chamado Deerfield Beach.

Como qualquer cidade costeira americana do norte, era um lugar bastante claro, com garotas de biquíni às portas do prédio que havia sido reservado para o evento. O lugar em si era bastante bonito, um prédio com fachada de vidro azulado, que dava todas as mostras de que era um lugar bastante adequado para convenções do porte que Eduardo e Cintia participariam.

Ao chegar na sala de reuniões, todos foram se acomodando. A língua falada ali era o inglês, e tanto Eduardo quanto Cintia eram proficientes, não teriam dificuldade alguma em relação a isso.

Enfim, a reunião começou. Os representantes de todos os países começaram a falar, trazer prós e contras a respeito de negociar com os marcianos, e a discussão começou a se estender demais. Eduardo acompanhava toda a discussão, porém, em dado momento, ele começou a perder a paciência. Vendo que aquela discussão não levaria a lugar algum, foi aos bastidores e pediu a palavra. Como toda discussão de política, aquilo levaria horas e horas a fio e nada de bom sairia como resultado.

Foi quando deram a palavra a ele e ele começou o discurso, em inglês, claro.

- Prezados da cúpula mundial. Acredito que nem todos vocês acompanharam o que aconteceu quando fomos atacados na última missão, eles tinham a intenção de acabar com o planeta e tinham a tecnologia para isso. Como combatentes eles são muito mais fortes do que nós, e dominam uma ferramenta que nós não dominamos: a energia atômica. Se eles lançarem uma bomba no nosso planeta, eles acabarão conosco em um piscar de olhos.

Todos começaram a discutir em paralelo, alguns aparentando extremo pânico. Um dos políticos se levantou, pediu a palavra para contrapor o argumento que Eduardo tinha acabado de trazer.

- Mas se você diz que eles são tão mais poderosos do que nós, por que você acha que eles estão pedindo a paz ao invés de nos destruir diretamente? O que os impede de nos aniquilar agora mesmo, antes de que negociemos a paz com eles?

- Acontece é que eles têm poucos recursos naturais; e eles acabariam conosco sem machucar o planeta. É mais fácil para eles conseguirem um acordo de paz, solicitando que nós enviemos a eles recursos naturais para que eles não morram no próprio planeta deles. O ideal neste ponto é conversar e garantir a paz de maneira a aprendermos com eles e desenvolvermos em seu planeta quase morto os recursos naturais do qual eles tanto precisam. Ficaremos mais fortes e também estaremos mais preparados para caso outro planeta de outro Sistema Solar venha nos atacar.

“É melhor garantir um aliado do que confirmar um inimigo”, terminou Eduardo.

Todos voltaram a discutir entre si todas as alternativas possíveis, e todos os argumentos que Eduardo havia trazido à baila, e concordaram com o soldado brasileiro.

- Tem razão. E como faremos a negociação de paz com eles?

- O exército brasileiro já tinha pensado nisso: como eu sou conhecido deles, ficaria a cargo de negociar os termos da nossa paz e como faríamos pela troca de tecnologia, aprendendo uns com os outros. Claro que eu não estarei sozinho, uma vez que eu precisarei de argumentadores fortes para me ajudar com as possíveis linhas de raciocínio que eu não poderei quebrar. Por isso, eu irei com uma equipe, uma delegação que conterá membros de várias partes do mundo, para que não falte a ninguém representação.

O buchicho terminou e todos concordaram com a linha de raciocínio de Eduardo, sendo ele aplaudido no momento seguinte. Com a reunião terminada, era hora de preparar a delegação que seria enviada a Marte, a fim de que a reunião entre os representantes do planeta vermelho e do azul pudesse ocorrer sem maiores causalidades.

Naquele momento, Eduardo e Cintia voltaram ao Brasil diretamente, não sendo necessário reportar ao alto comando do Exército Brasileiro, uma vez que eles acompanharam toda a reunião por meio de transmissão pela internet.

Depois do final de semana, na segunda-feira subsequente, Eduardo e Cíntia foram ao gabinete do chefe de Eduardo, o coronel Matias Salão. Depois de meia hora de reunião, ficou acordado os dois primeiros membros da equipe a ser despachada para Marte, Eduardo e Cintia. Ele, por ser famoso e ela por ser mais inteligente que ele e o completar de todas as maneiras.

Aqui eles também haviam decidido o tamanho de tal delegação: seria do mesmo tamanho que a delegação marciana seria construída, para que não houvesse quaisquer discrepâncias de número, caso eles optassem pela violência.

Os marcianos optaram por uma equipe de dez indivíduos, e assim a equipe terrena precisaria apenas de mais oito membros, de todas as partes do mundo. Os americanos do norte colocaram um membro (afinal, estadunidenses, não é mesmo?) e os outros países das américas do norte e do sul concordavam que não havia melhor representante do que aquele que era conhecido pelos marcianos, escolhendo pela unidade.

A União Europeia resolveu mandar um representante, a Inglaterra mandou outro, representando a Grã-Bretanha; A Asia mandou mais um, que era chinês. A África mandou mais um, que era africano do sul, e a Austrália, que ocupava a Oceania, mandou mais um, unindo os países próximos. Os países árabes mandaram um, não se envolvendo em divisões físicas, por isso um representante de Dubai. Já a última vaga ficou a cargo dos russos, que fazia parte tanto da Europa quanto da Asia, e também para representar uma contenção contra os Estados Unidos, cuja representação não gostou nem um pouco.

E o líder seria Eduardo. Todos, com a exceção do estadunidense, concordaram com tal decisão, afinal de contas, se ele ia ser o rosto que representava a Terra, ele poderia ser líder. Afinal de contas, ele também era militar.

E todos foram apresentando-se uns aos outros, contando seus nomes, idades, histórias, como haviam sido escolhidos por seus blocos relacionados. Até mesmo o estadunidense não era tão fã assim de politicagem, só chegou um pouco descrente porque foram informações incorretas que haviam sido passadas a ele, afinal de contas, o alto escalão estadunidense não era fã de ver seu país abaixo de um país eternamente considerado como um de “terceiro mundo”.

Mas fora de seu país, ele podia ser ele mesmo, sendo amigável e ajudando a missão ser a mais bem-sucedida o possível, ao menos foi o que ele havia demonstrado em frente a todos os outros representantes do mundo.

Depois de os representantes serem confirmados para todos os países do mundo, era hora de montar o aparato físico que a delegação utilizaria, desde a espaçonave às acomodações. Ficou acordado por mensagem que a reunião ocorreria em solo neutro. Mesmo que a Lua fosse satélite terreno, não era povoada ainda, então poderia ser utilizada para tal.

A estrutura seria montada pela Terra, já que ambos os seres respiravam oxigênio (embora os marcianos também respirassem gás carbônico, mas isso era detalhe). E um mês depois do acordado (porque eles também eram dados à política), a reunião finalmente aconteceu, depois de uma viagem tranquila de ambas as delegações para o satélite terrestre e de a estrutura da reunião ser montada.

A primeira barreira daquela reunião seria a linguagem. Os terráqueos não conseguiam, de maneira alguma, falar o idioma falado pelos marcianos, e vice-versa. Por isso, a comunicação era por meio de sinais acordados através de estudiosos de ambos os lados, concordando em uma linguagem virtual que facilitasse a comunicação e a tradução inequívoca das mensagens.

A coincidência de que a informação em ambos os lados fosse tratada em códigos binários foi o que facilitou a decodificação da mensagem. Quando as mensagens começaram a ser trocadas, as primeiras confusões foram relevadas, a fim de que a paz fosse negociada.

Quando tudo pareceu estar a contento para os dois lados, era hora de começar a negociação. A primeira pauta era negociar como a ajuda intergaláctica poderia ser realizada, quem entregaria o que a quem, e que informações poderiam ser compartilhadas entre os dois povos.

Ocorreria entre Marte e a Terra um envio de uma delegação, eles para aprenderem sobre nós e entenderem como funcionava o cultivo de alimentos vegetais, a criação de animais (fosse em terra firme, fosse sob a água ou no ar) e todo o restante do sistema alimentício terreno, inclusive os ingredientes sintéticos.

E ocorreria o envio de uma delegação entre a Terra e Marte, para que os nossos estudiosos pudessem aprender não só sua linguagem, mas também suas tecnologias eletrônicas, mais avançadas que as nossas; A tecnologia bélica, que tanto foi comentada na reunião da ONU, e o uso da energia renovável, que tanto foi uma dor de cabeça para Marte.

O plano a longo prazo acordado era que, nos próximos trezentos anos, Marte sofreria uma ‘terraformação’, tornando o planeta vermelho, nosso vizinho, mais parecido com o nosso, para poder auxiliar seus habitantes a não precisarem tanto de nossos recursos.

O desenvolvimento da tecnologia de terraformação seria desenvolvida entre os dois povos, afinal de contas um tinha conhecimento da Terra e outro, de Marte.

Dadas duas horas desde o começo da reunião, tudo corria pacificamente, os excessos dos dois lados contidos por seus governos, mesmo que a população marciana fosse muito, mas muito mesmo, menor em relação à terrena.

Terminada a reunião, o acordo foi firmado, dando esperança aos primeiros e felicidade de poder contar com os vizinhos aos segundos. Passaram-se milhares de anos desde que a raça humana se tornou uma raça senciente, e desde então nunca houve uma prova concreta que estávamos sozinhos ou não, ou até mesmo dentro do nosso ‘quintal’.

Voltando ao nosso planeta, a delegação de paz foi ovacionada por todos assim que a espaçonave pousou. O alto escalão do Exército Brasileiro congratulou Eduardo por ter tirado a conquista da cartola, tanto que, com isso, ele seria promovido a Coronel. Cintia ficou muito contente por seu namorado, inclusive ela mesma havia sido admitida na Aeronáutica, e por ter auxiliado na conquista, subiu rapidamente ao posto de Aspirante, o primeiro de oficiais subalternos.

Ambos ganharam condecorações, e mesmo que não tivesse sido em relação a uma guerra, foi para evitar uma. Tanto Eduardo quanto Cintia receberam dos Oficiais Generais a Cruz de Bravura, mostrando que eles colocaram a vida em risco para proteger não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro. Já que no caso de Eduardo seria necessário alguém de patente maior lhe conceder a condecoração, um dos Brigadeiros brasileiros foi escalado para premiá-lo, assim premiando Cintia por tabela.

- Tão pouco tempo dentro da Aeronáutica Brasileira e já ganhou uma condecoração? Parabéns, minha jovem. Se tivéssemos tantos membros com tanta dedicação quanto você, nós seríamos muito maiores do que muitos por aí. Congratulações. – O Brigadeiro estava orgulhoso de Cintia. No caso de Eduardo, foi apenas um tapinha nas costas, ele havia sido promovido e estava na Aeronáutica Brasileira havia mais de duas décadas.

E Eduardo não se importou. Ele não havia feito aquilo visando reconhecimento, fez aquilo porque acreditava que, tendo o poder que tinha nas mãos, poderia, sim, fazer algo planeta, e com efeito o fez.

2 Comentários

  1. Como é bom vê-lo produzindo, prezado Jorge!

    Melhor ainda é ver o Brasil, sendo uma nação respeitada, como você fez questão de frisar nessa história.

    É Utopia?
    É..
    Mas, são as utopias que nks movem.

    Um dia chegaremos lá!

    Eu acredito!

    Quanto a Eduardo e Cintia, creio que ti anda lendo muitas obras jirayrideranas kkkkk.

    Mais Jirayrider, impossível!

    Que os pombinhos sejam felizes!

    Tava com saudade dessa aventura incrível!

    Viva o Brasil!
    Salve, Jorge!


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    1. Então... A ideia já existia, elas só ficaram mais fortes depois de umas ideias jirayderianas aí. Haha

      Com certeza o Brasil merecia muito mais respeito pra poder ser mais forte.

      Obrigado por ler com tanta empolgação.

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