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KAMEN RIDER KEYS - EPISÓDIO 3: OVERLOAD

 


KAMEN RIDER KEYS

 

EPISÓDIO 3: OVERLOAD

 

Obra resultante de parceria entre Art Shadow Moon & Jirayrider.



O som do vento cortando a sua face era quase ensurdecedor enquanto Jonas acelerava pela estrada de Busan. O desespero em seu peito era tão sufocante que parecia apagar tudo ao seu redor. Não havia mais carros, semáforos ou pessoas — apenas a estrada à frente e o grito desesperado de sua mãe ecoando em sua mente.

Nada mais importava...

Enquanto ele pilotava, flashes de memória começaram a invadir sua consciência.

Ele se lembrou do dia em que chegaram à Coreia do Sul. Ele, carregando duas malas enormes, cheio de sonhos e inseguranças e, Dona Sofia, sempre tão otimista, segurando uma bandeja com café quente que havia terminado de comprar numa lanchonete pouco depois do desembarque do avião. A Universidade havia oferecido a ele uma bolsa integral, cobrindo desde as mensalidades até a viagem. O jovem Jonas iria morar numa residência estudantil. No entanto, Jonas foi quem insistiu para que sua mãe tivesse um lugar só para ela em Busan, longe da confusão do campus. Ele queria privacidade e paz para sua mãe.

“Você vai ver, mãe. Aqui será o começo de uma vida nova pra gente. Uma vida melhor”, disse ele na época, com aquele sorriso meio sem jeito que fazia questão de esconder.

Durante a semana, Jonas ficava na residência estudantil da universidade, mergulhado em seus projetos, mas era nos finais de semana que sua verdadeira paz vinha. Ele pegava o trem e ia direto para a casinha simples em Busan, onde Dona Sofia o esperava com comida caseira e histórias sobre o gato que ela havia adotado.

Ele se lembrava do sorriso dela quando lhe entregava o prato cheio de comida e dizia: “Você está muito magro, Jonas. Coma mais! Ou quer que eu traga o gato para dividir com você? Garanto que não vai gostar”...

Leve sorriso escapou por um breve momento, mas logo foi esmagado pela dura realidade. Ele estava ali, no presente. Um presente em que aquele sorriso estava ameaçado, engolido pelos gritos de desespero que ainda ecoavam em sua cabeça.

A moto acelerava mais, como se ela também compartilhasse da sua urgência. Jonas não sabia ao certo como estava pilotando naquele estado. Suas mãos tremiam, os olhos ardiam, mas o instinto o guiava. Ele tinha que chegar. Ele precisava chegar. Ele iria chegar!

A imagem de sua mãe sorrindo foi substituída por outra: os gritos, o som de destruição, o caos que havia ouvido ao telefone.

Um nó se formou em sua garganta enquanto a dor, o medo e a culpa se misturavam em sua mente. Por que ele não estava lá quando ela precisou? Por que ele estava tão longe?

Por quê?

Jonas acelerou ainda mais, sentindo o peso da responsabilidade esmagando seus ombros. E, então, como se o universo o testasse ainda mais, a chuva, que tinha dado uma pausa desde o início da manhã, retornou com força total. As primeiras gotas caíram rapidamente, se transformando em uma torrente que ensopava sua pele e dificultava sua visão.

Mesmo assim, ele não parou. Não podia parar. O desespero era o único combustível de que precisava.

Enquanto a chuva pesada obscurecia sua visão, o mundo parecia desaparecer. Tudo o que restava era o som de seu próprio coração martelando em seus ouvidos e a lembrança do grito de sua mãe.

A madrugada de 7 para 8 de julho de 2030 – Casa de Dona Sofia

A casa de Dona Sofia estava silenciosa, mas o silêncio não era reconfortante. A noite estava impregnada de uma inquietação que se estendia para o exterior, onde a chuva caía com força, cortada por relâmpagos que iluminavam rapidamente as ruas de Busan. O som de trovões fazia a casa tremer levemente, mas algo mais, inexplicável, estava no ar. A energia parecia carregada, como se o próprio espaço estivesse tenso e expectante.

Alguma coisa iria acontecer... Era palpável a sensação... Era nítida a certeza...

Ela não se preocupava normalmente àquelas horas. Todo fim de semana Jonas a visitava. Se algo acontecesse, ele avisaria. Mas, naquela noite, algo estava diferente. Jonas não havia respondido às suas mensagens. E não era como se ele fosse esquecer-se de avisar, não era? Ele sempre foi tão pontual. A preocupação foi crescendo conforme o relógio avançava.

Agora já passava da 1h da manhã e Dona Sofia, com a testa marcada pela tensão, havia adormecido no sofá da sala. A casa estava um breu, exceto pelas luzes intermitentes da televisão que ainda permaneciam acesas. E foi ali, entre o zumbido da lâmpada e a luz que piscava que o terror começou.

De repente, uma estranha vibração tomou o ar. A luz da casa começou a piscar, indo e voltando com uma intensidade inusitada. O som da chuva forte foi abafado por algo mais — um zumbido, um sussurro vindo de algum lugar dentro de sua casa. Não, não eram os ventos. Dona Sofia olhou ao redor, tentando compreender, mas o medo a paralisava.

O barulho foi aumentando, quase um eco distante, até que se transformou em um som estranho, como um raspão metálico. Seu coração disparou e ela se levantou... Mas, o pânico a fez hesitar.

“Jonas... meu Deus, Jonas...”, ela sussurrou, mas não ousou gritar. Estava sozinha. Na mente dela, uma corrida de pensamentos. Talvez fosse o cansaço, talvez fosse sua imaginação pregando peças nela, mas algo dentro dela sabia que não era normal. Algo estava ali, na casa, escondido.

Ela podia sentir...

Ela se movia silenciosamente, a sensação de que algo estava à espreita. Seu corpo tremia, mas ela não podia demonstrar medo. Seja lá o que estivesse acontecendo, Dona Sofia não sabia o que poderia fazer caso fosse descoberta.

De repente, um estrondo forte vindo do corredor a fez saltar para trás. A porta da cozinha balançou violentamente. A luz, agora, piscava de forma agressiva. Os estalos, os barulhos metálicos, estavam cada vez mais próximos.

Ela ouviu algo se arrastando, uma forma de batida fraca contra o chão e, antes que pudesse se mover, algo — uma sombra — passou pela janela da sala.

O som do raspar metal foi agora diretamente sobre ela. Dona Sofia olhou para a cozinha e então percebeu um reflexo — algo estava ali, mas não parecia humano. Não parecia real.

O ar estava denso e o medo se espalhou como uma doença. Dona Sofia tentava se esconder, mas onde? A sensação de ser observada a apertava. Ela se escondeu atrás da poltrona, com os joelhos contra o peito, a respiração curta, tentando não fazer barulho.

O som foi ficando mais perto. E, então, uma figura apareceu à sua frente, em um movimento rápido e quase imperceptível. Seu corpo era assustador, com longas garras metálicas, uma espécie de águia mecanizada, com olhos brilhando em vermelho intenso, observando-a com uma fúria assustadora. Mas, por um momento, ela não sabia se o que estava vendo era real ou se sua mente estava começando a ceder ao pavor que a dominava...

“Será um pesadelo?”, pensou rapidamente.

Não... Não era...

Antes fosse...

Para o desespero de Dona Sofia, era real...

Perigosa e assustadoramente real...

Os olhos da criatura se fixaram nela. O tempo parecia parar. Ela não sabia se estava em perigo, mas algo dentro dela dizia que sim. Ela queria gritar, mas sua boca estava seca. Suas mãos estavam molhadas de suor. Seus olhos piscavam, tentando focar na figura, mas tal imagem parecia desaparecer a cada segundo, pra retornar mais ameaçadora...

Os barulhos continuavam, porém o mais perturbador eram as silhuetas que se moviam ao redor. Algo estava a observando — sempre lá, mas nunca visível por completo. O medo psicológico estava corroendo-a, mais do que qualquer outra coisa.

E, então, ela ouviu, como uma ameaça sibilante:

“Você sabe onde ele está?”

O monstro se aproximou mais, seus olhos se afundando na alma de Dona Sofia, como se estivesse tentando esmagar sua própria consciência. A criatura se aproximou de forma ameaçadora, seus passos ecoando pela casa e, Dona Sofia, agora em pânico absoluto, tentou se encolher ainda mais no canto escuro.

Mas, de repente, tudo parou.

O ser parecia ter desaparecido, sumido, como se a realidade tivesse se distorcido por um momento. Dona Sofia não sabia se estava vendo aquilo ou se tudo estava acontecendo apenas em sua mente. Ela não conseguia distinguir mais.

Sua sanidade mental, mesmo que levada ao limite, até que resistiu, mas a um preço muito caro...

Enfim, ela caiu em um sono profundo, exausta, apavorada, sem saber o que era real.

Naquele instante, o relógio da cozinha marcava 2h03min.

Horas depois...

O despertador do celular de Dona Sofia vibrou. O som foi o último grito de esperança. Ela, ainda atordoada pela alucinação (ou seria realidade?), pegou o aparelho e, numa derradeira tentativa, fez nova ligação para seu filho. Jonas atende, mas sua mãe nem lhe deixa falar de imediato:

“Jonas! SOCORRO! Está acontecendo algo... eu não sei... socorro...”

A ligação caiu. O desespero da voz de Dona Sofia ecoou na linha enquanto a figura ameaçadora voltava. Jonas estava a caminho, mas a verdadeira ameaça não era apenas o que ele enfrentava, mas o que sua mãe estava prestes a descobrir.

O medo era palpável, mas Dona Sofia já não tinha mais forças para esconder a aflição. Seu coração batia forte, os olhos marejados pela ansiedade e o terror que ainda a assombrava.

A casa de Dona Sofia era um campo de batalha psicológico.

A essa altura, falar em sanidade já não tinha o menor sentido...

Como manter-se lúcida e calma diante daquele quadro surreal e dantesco?

Era a pergunta que ela ainda tentava se fazer, no entanto, sem sucesso...

Já era início da manhã do dia 8 de julho, mas ainda estava escuro até por conta das chuvas que tinham retornado intensas. De qualquer modo, justamente por isso e por todo clima aterrorizante, Dona Sofia nem sequer ousou mexer em interruptores ou acessar qualquer parte de seu lar. As luzes piscavam freneticamente, criando sombras distorcidas nas paredes e a chuva lá fora se tornava ainda mais forte, como se a natureza também quisesse apressar o terror que ela sentia. O monstro, que ela ainda não sabia ser um ciborgue, estava de volta, vigiando e aguardando o momento certo de se revelar. Ele não fazia barulho. Ele não precisava. Ele estava lá, a espreitar.

Mais do que suficiente...

Dona Sofia pensou em ligar para polícia ou algum vizinho. Ela tinha que fazer algo, muito embora estivesse paralisada pelo medo.

De repente, o telefone caiu da sua mão. A luz da sala se apagou. O som dos passos pesados ecoou pela casa e o ar gelou. Uma sombra apareceu à porta, e a pressão sobre o peito de Dona Sofia a fez respirar com dificuldade.

Ela tentou se levantar, mas algo a empurrou para baixo. Uma cadeira foi arrastada violentamente e Dona Sofia foi jogada contra ela, ficando imóvel. O monstro se aproximou com passos pesados, seus olhos vermelhos iluminando a escuridão da sala. E, então, o impacto! Um soco, um golpe forte que ecoou pela casa. Outro soco. E outro. Dona Sofia sentiu o rosto arder e sua visão ficou turva. O maldoso ser estava batendo na pobre alma com força, sem piedade. As palavras que saíam de sua boca eram um grito surdo, uma ameaça fria, mas Dona Sofia não conseguia mais raciocinar.

“Onde ele está? Fale! Onde ele está?” Implacavelmente cruel, a voz do monstro era uma mistura de ferocidade e raiva.

Ela tentou se erguer, mas as bofetadas e socos continuavam, como se não houvesse fim. A dor era imensa, mas a angústia que a paralisava era ainda pior. Ela balbuciou entre os golpes, tentando resistir à dor e ao medo.

 “Eu não sei! Jonas não veio!”

O monstro se afastou por um momento e, ela, entre os olhos inchados e a dor, conseguiu ver um novo ser entrar na sala. O homem surgiu como um vulto, mais rápido do que ela poderia perceber. De fato, era inegável: algo na atmosfera mudou. O ar estava mais denso, como se a própria casa tivesse congelado.

O monstro parou de bater na pobre e indefesa mãe de Jonas, mas não porque tinha se cansado. Algo havia interrompido seu ataque. Dona Sofia, sem forças, olhou para o novo ser, mas a visão era turva, seus olhos mal conseguiam focar. Ela reconheceu o suficiente para saber que não queria saber mais.

“Você... você...” Ela não conseguiu completar a frase. O terror a tomou de assalto.

Ela gritou, mas a dor em sua garganta fez com que o grito fosse abafado. "Não... você não... socorro..."

O ser a encarou com olhos frios e distantes, a intensidade de sua presença fazendo o ambiente parecer ainda mais opressor.

“Você sabe que não falamos de Jonas, não é?” A voz dele era de um tom baixo, mas cheia de um poder que cortava a alma.

Com um movimento rápido, ele sacou uma faca afiada, seu reflexo brilhando à luz fraca da lâmpada piscante. Dona Sofia não teve tempo de se defender. Ele avançou com precisão, sem misericórdia. A lâmina cortou a carne dela com uma facilidade assustadora, e ela se contorceu na cadeira, um grito sufocado saindo de sua garganta.

“Diga onde ele está! Ele voltou... mas quero saber onde ele está se escondendo!”

A lâmina continuava a roçar na pele dela, o medo tomando conta de cada poro do seu corpo. Dona Sofia não sabia o que fazer. A dor era insuportável, mas a mente dela estava paralisada, os pensamentos borrados pela angústia.

Dona Sofia não sabia onde Jonas estava. Ele nunca tinha voltado. Ela sentiu um calafrio mais forte do que a dor, sabendo que algo ainda pior estava prestes a acontecer. Ela não podia mais esconder a verdade de si mesma. Na verdade, eles buscavam alguém que ela também queria esquecer...

10 minutos depois:

A moto de Jonas parou de repente, com os pneus deslizando na rua encharcada pela chuva torrencial. O forte mancebo saltou apressado e adentrou ao terreno de sua amada mãe. Seu coração batia como se quisesse explodir e o frio atípico pra época do ano naquela manhã parecia nada diante do calor do desespero que o consumia.

Na mente, um único pensamento: “Minha mãe tem que estar viva!”

“Mãe!”, ele gritou em sua língua materna, com a voz reverberando entre as casas de telhados baixos do bairro. O pavor dominava seus passos enquanto avançava em direção à porta entreaberta da casa de Dona Sofia.

O cenário que encontrou o paralisou no primeiro momento. Tudo estava revirado. Móveis quebrados, livros rasgados, pedaços de vidro pelo chão. Havia marcas de luta e manchas de sangue pintavam o piso como um mapa macabro.

“Não... não... por favor, não... Não pode ser...”, murmurou Jonas, quase sem ar, enquanto forçava seus pés a seguirem adiante.

A sala principal estava desolada, mas o verdadeiro horror o esperava no corredor estreito. Lá, sobre o chão frio, estava ela: Dona Sofia, sua mãe, inerte, escalpelada. Seu rosto, antes cheio de vida, agora era uma máscara irreconhecível de dor e suplício.

“Não!!!”, o grito de Jonas ecoou tão alto que parecia rasgar a tempestade. Ele caiu de joelhos ao lado do corpo, lágrimas escorrendo sem controle.

Ele a ergueu nos braços, com os dedos tremendo ao tocar os ferimentos. A chuva que entrava pelas janelas quebradas parecia lavar o sangue, mas não o horror impregnado no ambiente.

“Mãe, por favor... por favor, volta... não me deixa!”, soluçou Jonas, apertando o corpo inerte contra si. Ele tropeçou ao levantá-la, cambaleando até a porta da frente.

Quando alcançou a calçada, o cenário externo era igualmente desolador. As pessoas estavam ali, algumas escondidas atrás de muros, outras em pé, imóveis, com os celulares em mãos. Os flashes das câmeras iluminavam a chuva como pequenos trovões.

“Parem de filmar! Façam alguma coisa!”, gritou Jonas, em coreano*(01), totalmente exasperado e revoltado. Porém, a sua voz se perdeu entre os trovões e a indiferença.

Neste exato momento, Jonas viu Kojiro, o pequeno vizinho de sua mãe e que sempre corria para abraçá-lo quando chegava. O garoto estava parado na porta da casa ao lado, nervoso, com os olhos arregalados.

“Kojiro!”, bradou Jonas, tentando protegê-lo mesmo no auge de sua dor. “Para dentro, agora!”

O menino hesitou, mas antes que pudesse se mover, a mãe dele apareceu, tentando puxá-lo para dentro de casa. Os olhos daquela mãe coreana fixaram no corpo de Sofia nos braços de Jonas e um grito sufocado escapou de seus lábios. Foi quando o vulto surgiu! Rápido como um raio vermelho. As asas metálicas cortaram o ar e, em um instante, mãe e filho caíram juntos, degolados.

O sangue misturou-se à água da chuva, e o mundo de Jonas desabou de vez. Ele deixou o corpo de sua mãe no chão junto à calçada, os olhos arregalados de horror e raiva.

“Não!”, sua voz era agora um rugido bestial, carregado de dor e ódio.

Diante de Jonas, pousou o ser alado. Um ciborgue mutante, com um corpo metálico vermelho brilhante, asas longas de aço que gotejavam sangue e com olhos que brilhavam como brasas na chuva. Sua presença era ameaçadora, um prenúncio de destruição.

O relógio marcava 9h15, mas o céu parecia preso em uma noite interminável. A chuva caía como se o mundo estivesse chorando com Jonas.

“Quem é você?!”, gritou Jonas, cerrando os punhos. A dor em seu peito agora se transformava em ira fervente.

O ciborgue águia riu, emitindo uma gargalhada metálica e distorcida que ecoava como o som de mil lâminas se chocando.

“Falcon Trojan! Eu sou a execução do Império Brain Machine. E, você...”, disse o vilão ao apontar uma asa ensanguentada para Jonas, “... será a grande obra do vírus DEMON! Você é nosso!”

A batalha estava prestes a começar. O herói mutante e cibernético, consumido pela raiva e pelo desespero, estava pronto para enfrentar o inferno.

Jonas ergueu os olhos para o Falcon Trojan, as asas vermelhas do cyborgue cortando a chuva como lâminas letais. A fúria em seu peito transbordava a ponto de nosso herói cerrar os punhos com tanta força que sentiu as engrenagens cibernéticas de seu braço rangendo. 

Jonas olhou para o corpo de sua mãe, ali inerte na calçada, e para o sangue misturado à chuva que escorria pela rua. O mundo parecia ter se calado, exceto pelo som da tempestade. 

“Já entendi...”, Jonas murmurou, com seus olhos brilhando e cheios de  determinação. Ele deu um passo à frente, ignorando a dor no corpo e na alma. “Se é isso que o destino quer...”

“Eu mandarei você, esse maldito vírus DEMON e quem aparecer em meu caminho para o inferno! Prepare-se, desgraçado!”

O Falcon Trojan dá um vôo circular nos céus e mais uma vez pousa diante de Jonas. O debochado vilão emite uma risada metálica, que soava mais cruel, ecoando novamente. 

“E o que você pode fazer, humano insolente e imprestável? Como se palavras me dessem medo... Você não passa de um experimento falho! Por mim, eu te matava... Mas recebi ordens de que tu és a preferência de DEMON. Então, só me resta obedecer e te capturar. Na verdade, a minha missão aqui era outra... Vou sair no lucro se te levar!”.

Jonas ergueu a cabeça e gritou com toda a força que tinha: 

“Chega! Eu vou assumir essa alcunha. Pois bem! De agora em diante, eu sou Kamen Rider Keys! NENHUM VÍRUS VAI ME DOMINAR!” 

Irado, Jonas estendeu o braço direito com a mão espalmada na direção oposta, os olhos brilhando com uma mistura de medo e determinação. "HENSHIN!", ele gritou com força!

Os olhos de Jonas brilharam num vermelho intenso e seu corpo foi envolvido por uma energia vibrante que misturava tons de preto e azul. Nesse instante, um chip maior que o normal se materializou em sua mão e um dispositivo emergiu de sua cintura, exatamente no local onde uma pedra pulsava. Jonas encaixou o chip no dispositivo, sentindo uma onda de energia percorrer seu corpo.

Assim que o chip encaixou no drive, o teclado e o tablet incrivelmente assumem uma forma holográfica diante dele, flutuando no ar. Um aviso sonoro (advindo do tablet) em inglês ecoou: "Enter password."

Jonas entra com a senha e, então, ouve-se: "Access allowed!" O som metálico do drive confirmou a entrada correta.

Kamen Rider Keys, então, se manifesta diante do tenebroso vilão. O herói não esperou o primeiro ataque do inimigo. Sem dar tempo para Falcon Trojan esboçar qualquer reação, Kamen Rider Keys parte para cima de modo brutal:

“Rider Kick!”

Jonas saltou, impulsionado pelo poder de suas pernas cibernéticas e acertou um chute direto no peito de Falcon Trojan. O impacto foi tão forte que o vilão foi lançado para trás, batendo contra um poste de luz. 

Mesmo atingido com violência, Falcon Trojan tentava desestabilizar psicologicamente Keys:

“Isso é tudo o que você tem?!”, gritou o ser alado, levantando-se. Ele abriu as asas metálicas e disparou no ar, voando em círculos ao redor de Jonas.  Aquele deboche somado à crueldade das mortes de sua mãe e da vizinha e seu filho Kojiro enfurecia cada vez mais Jonas, que diz:

“Você ainda viu nada, maldito!”

“Rider Punch!”, Jonas gritou novamente, golpeando o ar com força, mas Falcon desviou com agilidade. 

O vilão mergulhou como um verdadeiro predador, acertando Jonas com um golpe de suas asas afiadas. O impacto jogou Keys contra a parede de uma casa, rachando o concreto. 

Falcon Trojan, percebendo a fragilidade emocional de Keys, investe pesado na sua guerra de nervos, feita de modo cada vez mais proposital.

“Você não é nada sem suas emoções humanas patéticas!”, zombou Falcon, continuando a desferir ataques rápidos. 

Atingido, Jonas levantou-se com dificuldade, com o visor da sua máscara piscando enquanto ele buscava o equilíbrio. O Rider tentou atacar novamente, mas Falcon o atingiu com um golpe certeiro, jogando-o no chão.  

A investida psicológica prosseguia, escalonando a níveis insuportáveis para o jovem guerreiro.

“Vamos lá, Kamen Rider! Mostre-me o que você tem de especial!”

Jonas respirou fundo, ignorando a dor. Ele lembrou-se do que estava em jogo: a vida de inocentes, o legado de sua mãe. Portanto, Jonas agarrou o cabo de sua espada: Codebreaker. A arma de combate apareceu em sua mão com um brilho laser azul. 

“Pela memória da minha mãe, eu juro que não vou perder!”

Num movimento rápido, Jonas girou a espada, bloqueando o próximo ataque de Falcon. As faíscas voaram quando a lâmina encontrou as asas do vilão. Jonas gritou, canalizando toda a sua força enquanto cortava uma das asas. 

Toda a arrogância e empáfia de Falcon começam a ruir. O vilão gritou de dor e caiu no chão. Ele estava tentando se levantar, mas Jonas não deu chance. 

“Isso é pelo Kojiro!”, confiante, Jonas gritou, desferindo um golpe direto no tórax do vilão. 

A adrenalina misturada com a fúria fazia Jonas avançar de modo implacável contra o inimigo.

“Isso é pela minha mãe!”, Jonas aplicava mais um golpe, desta vez cortando a outra asa. 

No clímax de sua fúria, Jonas, grita com todas as forças do seu ser:

“E isso... é por mim!”, Kamen Rider Keys, então, ergueu a espada e desferiu o golpe final:

"Termination Slash: Override!"

A lâmina brilhou intensamente e ele cortou o Falcon Trojan ao meio. 

O ciborgue caiu no chão, explodindo em uma chama vermelha. Quando a fumaça dissipou, Jonas viu algo inesperado. O corpo metálico agora era humano, um homem jovem e pálido que olhou para Keys com olhos cansados. 

Toda a arrogância e empáfia havia ido embora...

Nem parecia o mesmo assassino cruel de minutos atrás.

“Obrigado... por me libertar...”, disse o homem antes de se desintegrar, deixando Jonas sozinho na chuva.

O jovem Jonas caiu de joelhos, com sua respiração pesada ecoando dentro da máscara. Ao olhar ao redor, viu os rostos das pessoas escondidas. Câmeras estavam apontadas para ele. Celulares capturavam tudo, flashes atravessavam a chuva. 

Mesmo incomodado com aquilo que considerava invasivo, Jonas parece voltar a si...

“Agora já era...”, Jonas sussurrou para si mesmo, percebendo que sua identidade como Kamen Rider Keys estava exposta ao mundo.

No entanto, a calmaria não durou menos que míseros minutos.

Parecia que o universo conspirava para que a sanidade de Jonas fosse levada ao limite.

O som da chuva misturava-se com os gritos de pavor das pessoas ao redor. Jonas se preparava para deixar o local e tentar providenciar uma despedida digna para sua  mãe, quando, de repente, um zumbido metálico cortou o ar e tiros laser foram disparados de forma implacável, atingindo algumas pessoas que caíram instantaneamente. Outras, desesperadas, corriam para tentar se salvar, mas sabiam que não havia escapatória.

Jonas, ainda tentando se recuperar da batalha, notou os raios laser se aproximando dele. Alguns disparos o atingiram em cheio, fazendo com que ele rolasse no chão, ferido e desacordado por um momento. O impacto foi brutal, mas ele levantou-se, com seu corpo cibernético zumbindo de dor.

Em frações de segundos, pensou: “Não..., será que eu não sou digno de paz?”

Então, um som de aplausos ecoou na cena.

“Bravo, Kamen Rider Keys...” — disse uma voz fria e calculista. Jonas se virou com dificuldade e viu um homem, de aparência calma e superior, mas de face robotizada e olhos vermelhos. O ser estava sorrindo, como se tivesse assistido a um grande espetáculo.  “Mas, saiba que a pessoa quem matou sua mãe foi eu. Meu nome é Atiku Lee.”

Jonas arregalou os olhos, seu coração disparou em fúria. Sua mente teimava em acreditar que seu calvário só aumentava sem uma solução aparente a curto prazo.

Se existia algum inferno, certamente aquele cenário fazia justiça ao nome.

Ao reconhecer o inimigo que o abordava dessa forma, Jonas reúne suas forças emocionais e canaliza para a sua fúria, que volta a se acender.

“Atiku Lee! Você é arrogante... É um grande cientista, mas errou! Não aceitou sua pena e agora usa sua ciência para o mal! Eu vou vingar minha mãe, desgraçado!”

“Você tocou no que era mais sagrado pra mim”

“Não terei misericórdia”

O ódio transbordava nos olhos de Jonas enquanto ele avançava, voando sobre o vilão, pronto para derrotá-lo. Mas antes que pudesse alcançá-lo, Lee disparou com uma arma laser, atingindo Jonas no peito, que foi paralisado instantaneamente. Ele caiu no chão com um grito abafado.

Atiku Lee se aproximou, com um sorriso vitorioso.

“Você não entende, Kamen Rider”. Você é apenas uma criação da Brain Machine, uma tentativa falha. Para se tornar realmente completo, você precisa se fundir com DEMON. Você ainda não está no meu nível, nem é páreo para mim.

A tensão aumentou e a alma de Jonas se tornava cada vez mais desesperada. Mas de repente, um novo som cortou o ar — um rugido poderoso que ecoou por toda a rua. Da escuridão, surgiu uma figura imponente, com uma silhueta de leão metálico. O Darklion.exe apareceu, saltando à frente de Atiku Lee, desarmando-o com uma rapidez surpreendente.

“O que...?”, aturdido e estupefato, Jonas vê o leão cibernético aplicar uma sequência brutal de golpes em Atiku Lee. O cientista foi jogado para o chão, ferido e totalmente derrotado. O som de suas respirações pesadas misturava-se à chuva torrencial.

Keys, ainda fraco, observava o cenário ao redor, seu corpo ainda doendo pelas cicatrizes da batalha. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo.

Mas, agora, seus olhos se fixaram em Darklion.exe, que estava correndo em direção ao corpo de sua mãe. O leão a envolveu com seus braços cibernéticos e a abraçou, lágrimas reais caindo de seus olhos.

Jonas sentiu seu coração disparar, uma sensação de confusão e angústia. O que isso significava?

“O que... o que você está fazendo?”, perguntou ele, perplexo, com um fio de voz trêmula.

Atiku Lee, momentaneamente desacordado no chão, recobra os sentidos e  ergue-se lentamente, aplaudindo sarcasticamente, tornando todo aquele pesadelo sem fim, num filme de terror com requintes de bizarrices com pitadas sórdidas e surreais que a  toda a vã filosofia jamais poderia  supor ou prever.

“Bravo... bravo...”, disse Lee, com um sorriso debochado, observando a cena. “Parece que você está prestes a descobrir a verdade."

Jonas não sabia o que pensar. E, antes que pudesse entender algo, o leão metálico se virou para ele, seus olhos agora brilhando de uma forma quase humana.

"Henshin!", rugiu o Darklion.exe, e uma onda de energia o envolveu, transformando-o em uma versão mais poderosa e cibernética de si mesmo. O corpo metálico ficou negro, com detalhes dourados, a forma de leão se fundindo com a de um guerreiro imponente.

Jonas engoliu em seco, sem palavras.

O leão, agora na nova forma, olhou para ele e, com um tom grave e cheio de emoção, disse:

"Significa que sou seu pai!!!"

O choque foi tão grande que Jonas, o Kamen Rider Keys, ficou paralisado. Ele olhou para o ser à sua frente, agora completamente transformado, e a verdade finalmente caiu sobre ele como um peso imenso. O que aquilo significava? Como isso era possível? O seu pai ainda estava vivo?

A chuva teimosa e inclemente não parava. E com ela, a verdade se abria como uma ferida no coração de Jonas. O que mais ele teria que enfrentar?



GALERIA DE IMAGENS DO EPISÓDIO:


(A maioria das imagens foram feitas por meio de uso de IA - META sob criação de Art Shadow Moon)

 

 

Dona Sofia (mãe de Jonas)




Falcon Trojan




Forma humana de Falcon Trojan




Kamen Rider Lion



A imagem abaixo foi feita por Jirayrider usando IA BING:


Atiku Lee (versão ciborgue)



A imagem abaixo foi feita por Jirayrider usando IA META:

Kamen Rider Keys





(*01) Como Jonas é de elevado IA e poliglota, ele consegue conversar com qualquer pessoa na série no idioma nativo do referido ser. Obviamente, usando este recurso, nos reservamos ao direito de escrever todo o texto em uma mesma língua visando facilitar a leitura. 

8 Comentários

  1. Grande Artur!

    O que o episódio prometeu no título do capítulo (Overload) ele entregou.

    Jonas, de modo cruel, foi exposto a um sobrecarregamento emocional sem precedentes.

    Eu teria perdido a minha sanidade.

    Atiku Lee e Falcon Trojan passaram do limite da crueldade.

    O que fizeram com a mãe de Jonas( morta e escalpelada) e com a vizinha e seu filho Kojiro, deu um nó na garganta.

    FalconTrojan teve a morte merecida.

    Mas, agora é Atiku Lee quem ataca, obrigando Lion.exe a agir e revelar que é o pai de Jonas.

    De fato, fiquei sem fôlego em muitos momentos.

    Conforme dito , se isso não é o inferno, o que mais será?


    Melhor episódio até aqui!

    Aplaudo de pé!

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    1. Jirayrider, que comentário incrível, parceiro! Esse episódio foi pesado mesmo, e fico feliz que o impacto tenha te deixado sem fôlego – era exatamente o que queríamos transmitir!

      Mas vale reforçar aqui: sua contribuição como co-autor foi essencial pra elevar esse capítulo. O drama e a tensão nos diálogos, que você soube construir com tanta precisão, deram um peso emocional ainda maior às cenas. A angústia de Jonas, a crueldade de Atiku Lee e Falcon Trojan, e até o twist sobre Lion.exe ganharam vida graças aos toques que você trouxe.

      Sem isso, o inferno que criamos juntos não seria tão visceral. Obrigado por ser parte desse caos – estamos só começando! 👊

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  2. Um capítulo excelente meus amigos.
    Tudo ficou muito bem escrito e na medida.
    A cena da morte da dona Sofia foi angustiante, daquelas que fazem o escritor ver que não vai acabar bem, mas, ainda assim, se pega torcendo para que a personagem escape. Foi bem conduzida, sem gore em excesso ou desnecessário, muito focada no terror de ser perseguido por um monstro que não quer apenas desroçar o corpo, mas também a alma e a mente. Fantástico.
    Igualmente agoniante foi a chegada do Keys vendo sua mãe daquele jeito, eu consegui "ver" a cena dele com ela nos braços e, para dar aquela alegria, vê-lo destroçando o Trojan foi um ponto muito alto e, mais uma vez, muito bem escrito.
    E quando não se espera mais nada, que a história já estaria fechada eis que o Atiko Lee aparece de forma magistral e, quando a montanha russa de emoções parece se encaminhar para o final, temos o Lion, cuja chegada por si só já impressiona, mas então vocês fazem esse gancho final espetacular.
    Só me resta admirar e aguardar ansioso pelo próximo capítulo
    Parabéns. Vocês mandaram bem demais!

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    1. Grande Norberto!

      Como co-autor, fico muito feliz que o presente capitulo tenha te agradado.

      De fato, Jonas viveu uma montanha russa de emoções, todas elas, as piores possíveis...

      Muito mais que uma luta física, Jonas enfrentou uma colossal luta psicológica, levando-ao limite da sanidade.

      Vejamos o que pode ocorrer com o gancho final.

      Gratidão!

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    2. Norberto, meu amigo, que alegria ler um comentário tão poderoso vindo de você! Fico imensamente grato e honrado por suas palavras, especialmente sabendo do seu olhar sempre crítico e apaixonado por boas histórias.

      A cena da dona Sofia foi, sem dúvida, um dos momentos mais desafiadores de escrevermos, porque queríamos transmitir toda a dor e desespero sem apelar para o excesso. Saber que ela te causou essa mistura de angústia e esperança nos mostra que acertamos na dose emocional. O terror de ser perseguido por algo que não destrói só o físico, mas também o psicológico, é um tema que queríamos explorar profundamente, e fico feliz que tenha te impactado.

      Sobre o Jonas chegando e encontrando sua mãe... Eu confesso que escrevi essa parte com o coração na mão, quase vendo a cena se desenrolar como num filme. Saber que você conseguiu "ver" isso do outro lado, com ela nos braços dele, e o sentimento de vingança se concretizando contra o Trojan, é muito gratificante. Foi uma sequência que precisava de intensidade, mas também de humanidade, e fico aliviado por termos alcançado isso.

      Agora, Atiku Lee e Lion... Ah, esses dois foram planejados para mexer com tudo! Eles são peças-chave que ainda vão trazer muitas revelações e mais voltas nessa montanha-russa que estamos construindo. Saber que você sentiu esse impacto, mesmo quando parecia que o capítulo já tinha dado tudo, me deixa com aquela sensação de missão cumprida.

      Muito obrigado por acompanhar com tanto entusiasmo, amigo. É por comentários como o seu que o processo de escrita ganha mais significado. Mas calma... confie que as respostas estão chegando e que muitas surpresas ainda estão por vir.

      Abraço forte e até o próximo capítulo!

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  3. Rapaz... retiro o que disse antes, não quero mais ser amigo do Jonas, não! É arriscado demais kkkk.... Mano, vcs mataram a mãe do cara, cês não tem coração kkk.. . E não só matou, como ainda escalpelou a coitada kkk... E coitados também dos NPCs, que só aparecem pra terem a garganta cortada ou serem fatiados kkk... Brincadeiras a parte, curti o episodio. Parabéns mais uma vez pessoal.

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    1. Grande Henrique!

      De fato, a coisa foi tensa...

      Jonas foi levado ao limite da sanidade, justificando o nome do título: Overload.

      O Arturn com a minha ajudinha, tentamos mostrar essa tensão, pois isso foi algo proposital por parte dos vilões.

      Gratidão!

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