E sejam bem vindos a uma nova aventura dentro do universo da Conexão Dimensional.
Assim como Klaus se passava no Natal, eis que acabei criando uma história que se passa durante o carnaval para apresentarminha nova heroína portadora de uma poderosa armadura.
Espero que gostem dessa minha versão para o classico Alice no país das maravilhas.
Portanto... Sem mais delongas...
Boa leitura.
Alice
A guardiã das maravilhas.
— Tem certeza de que você vai assim, filha?
— As meninas queriam ir todas de princesas, mas eu falei que não ia ser justo pros meninos, daí escolhemos fazer um bloco de personagens dos desenhos, agora além da Alice, Elsa, Moana, vamos ter também um Hércules, um Aladim, um Tarzan. Desse jeito todo mundo vai poder participar.
— Fazer um bloco temático pro Carnaval, parece coisa do meu tempo de moleque.
— Hoje em dia tá na moda fazer umas coisas de velho.
Uma almofada foi lançada na cabeça da jovem de dezesseis anos, que adorava zoar o pai, José Carlos de Oliveira, com quase cinquenta e logo ela saiu correndo pela pequena e simples casa de poucos cômodos, chegando rapidamente em seu quarto e fechando a porta, para tirar a fantasia e dar os últimos retoques.
Micaela Freitas de Oliveira, uma bela mulata, como seus amigos e muitas outras pessoas sempre se referiam a ela, ia costurando alguns detalhes na barra do vestido, enquanto cantarolava algumas das marchinhas de Carnaval que, em breve, cantaria com seus amigos.
Sem muitas novidades, a classe B do segundo ano do ensino médio tinha quase os mesmos alunos do ano passado, por isso foi fácil para que o mesmo grupo de amigos conseguisse se juntar e, com mais alguns outros jovens, resolverem criar um bloco para se divertirem nas ruas do centro do Rio de Janeiro.
Denise e Bruna, suas melhores amigas, toparam no instante em que Micaela deu a sugestão e Bruna tratou de convencer seu irmão, Diego, a ir também, o que já foi considerado um bônus pelas garotas.
Principalmente Micaela, que já nutria uma “paixonite” por ele a um bom tempo.
Assim que a roupa da personagem principal, do desenho baseado na obra de Lewis Carroll, ficou pronta Micaela tornou a vesti-la, dando alguns giros para testar a saia e ter certeza de quem os materiais que ela usou não seriam quentes demais para usar sob o sol fustigante do Rio.
A manhã passou rápido e assim que almoçou, a jovem tratou de se despedir do pai com um beijo estalado na bochecha, indo o mais rápido possível para a casa de Denise, onde as amigas haviam combinado de se encontrar, colocar as fantasias e partir para onde o bloco iria se reunir.
Enquanto a filha acabava de fechar a porta, seu pai finalmente sentia-se à vontade para sentar e relaxar.
Após a morte da esposa, José Carlos encontrou forças para seguir em frente e vencer o luto ao se dedicar ao máximo para cuidar de sua filha, por isso ele só se dava ao luxo de relaxar de verdade quando ela dormia, ou quando ia se encontrar com as amigas.
Depois de rever um filme antigo de faroeste, acabou parando para ver um noticiário da tarde, de um canal aleatório em que ele sintonizou e que faria da promessa de uma tarde tranquila um verdadeiro pesadelo para um pai amoroso.
“Várias anomalias atmosféricas surgiram pelos céus da cidade do Rio de Janeiro, criando especulações sobre o que poderiam ser. As autoridades sugerem para os cidadãos a permanecer calmos até segunda ordem, uma vez que, apesar de estranhos, os círculos de luzes coloridas, por enquanto, parecem inofensivos.”
Mesmo torcendo para que aquilo não fosse nada perigoso, José Carlos logo tratou de ir até seu quarto, se preparou o melhor que pode e logo ganhava as ruas da cidade.
Pouco tempo antes disso, Micaela e suas amigas vestiam animadas as fantasias que usariam para pular no bloco.
— Nossa Mica, você tá cheia de hematomas.
— Ah, isso? Nada demais, a Hanna pegou meio pesado essa semana.
— Ainda não acredito que seu pai te colocou pra fazer o tal de Grav Maga.
— Krav Maga, com K.
— Que seja. Ainda acho um exagero.
— Bruna, você sabe muito bem porque ele fez isso.
Um pesado silêncio caiu entre as três amigas, todas relembrando da dor que Micaela e seu pai sentiram quando, cerca de oito anos atrás, Joyce, a mãe da garota foi morta durante um arrastão na praia.
Aos poucos, com muito esforço e apoios dos amigos e familiares, pai e filha foram se reerguendo, mas os dois haviam decidido que nunca seriam pegos de surpresa por bandidos, ambos assumindo uma dieta mais rigorosa, muitos exercícios e ingressando em aulas de artes marciais e autodefesa.
O Krav Maga foi uma das primeiras e melhores opções que eles procuraram e, após três anos, já estavam bem avançados, o que os ajudou em algumas ocasiões.
Mas esses pensamentos logo foram afastados, conforme Micaela balançava com força sua cabeça, se concentrando na alegria de estar com as amigas, indo curtir um bloco de Carnaval e, de quebra, se tudo desse certo, finalmente conseguir um beijo do Diego.
— Chega de pensar em coisa ruim. Bora logo pra rua que hoje eu quero só me divertir!
As amigas concordaram e após um abraço coletivo, logo estavam se encontrando com o restante do pessoal do Segundo B, dançando e festejando ao som de marchinhas antigas de Carnaval.
— Mica! Vamos tomar um sorvete? Tá muito quente aqui! Eu pago!
— Demorô! Ninguém rejeita sorvete de graça!
Quando se viram sozinhos, sentados num banco de praça, vendo os amigos ainda pulando ali perto, finalmente aconteceu.
Diego se aproximou de Micaela, deixando claro o que ia acontecer e a garota, querendo aproveitar ao máximo a chance, fechou os olhos e foi se aproximando do rosto dele.
— Micaela!
O encanto foi interrompido quando uma voz grossa ressoou como um trovão pela praça, uma voz que a garota conhecia bem.
— Pai? O que você tá fazendo aqui?
— Não temos tempo para conversar filha, chama seus amigos e vamos embora daqui já.
Atrás de José Carlos estava uma van de transporte escolar que a jovem conhecia bem e sabia se tratar do veículo usado por sua tia Ana para ganhar dinheiro fazendo frete tanto para alunos de escola, como os de faculdade e, aos finais de semana, levando pessoas para passeios diversos.
Micaela praticamente saltou do banco e seguiu até seu pai com passos firmes, no rosto uma clara feição de contrariada, mas, mal alcançou o alcançou, com centenas de argumentos na ponta da língua, logo viu todos os seus planos encontrarem um terrível fim.
No começo da rua onde os foliões se encontravam, em meio ao céu claro da tarde, um dos fenômenos sobre os quais os noticiários estavam falando surgiu, se mostrando ser um portal, pois logo um imenso artefato de metal o atravessou, terminando por criar uma cratera profunda ao colidir com o asfalto.
— Meu Deus! O que é isso pai?
— Foi por causa disso que vim atrás de vocês e…
A frase foi interrompida quando um silvo agudo e alto o suficiente até para derrubar os foliões que, pensando se tratar de algo criado pela prefeitura para entreter e atrair turistas, não haviam se afastado de imediato.
— Precisamos ir embora agora filha. Traz seus amigos pra Van e vamos cair fora. Não dá pra saber o que vai acontecer.
Em poucos minutos todos já estavam dentro do veículo.
Todos, exceto uma.
— Cadê a Bruna?
— Eu vi ela indo no posto com um garoto. — Denise colocou a cabeça para fora do veículo. — Devem estar lá na conveniência ainda.
— Eu vou lá buscar aquela cabeçuda.
Diogo começou a se afastar dos amigos, quando algo falou mais forte dentro do peito de Micaela.
— Eu vou com você! Não é bom ir sozinho.
— Filha…
— Pai, por favor.
José Carlos amarrou a cara, mas conhecia bem a filha e sabia que o tempo que levaria para convencê-la era um luxo do qual eles não dispunham.
— Droga. Vão logo, vou dar a volta com a van pra escapar do trânsito que vai se formar e estacionar uns dois quarteirões à direita do posto. Vão lá, peguem a Bruna e corram pro carro.
Micaela deu um forte abraço no pescoço do pai, tentando confortá-lo e após um beijo estalado na bochecha, deu a mão para Diogo e ambos se afastaram depressa.
José Carlos perdeu alguns segundos fitando a filha se afastar, se perguntando quando ela ficou tão alta, tão segura de si e tão independente.
Ele prometeu novamente para si mesmo que faria tudo ao seu alcance para que Micaela continuasse assim, que continuasse crescendo mais e mais, se tornando a melhor pessoa que fosse possível.
Quando pareceu despertar, se colocou atrás do volante da Van e partiu rápido para o ponto de encontro.
— Só mesmo a Bruna pra continuar com o “peguete” dela no meio dessa zona.
— É bem capaz dela nem ter percebido o que tá rolando!
— Não duvido não! — conforme o casal passava a alguns metros do imenso artefato, Diego não conseguiu evitar a curiosidade. — Mas sério, que merda será essa?
— Pessoalmente… — Micaela precisou interromper a frase ao esbarrar em outros foliões que, mais inteligentes que a maioria, também tentavam fugir do local. — Desculpa! Mas como eu tava falando, eu prefiro descobrir o que é estando bem longe daqui, de preferência lá em casa.
O desejo da garota, no entanto, não se realizaria.
Sem aviso algum, o imenso artefato assumiu uma coloração vermelha, diversas fissuras começaram a surgir por sua superfície e, como se fosse a casca de um ovo, que racha para dar passagem ao filhote, pedaços gigantes de algo que se assemelhava a rochas metálicas, eram jogados longe.
Construções, veículos e, o mais terrível, pessoas estavam sendo atingidos, finalmente fazendo um verdadeiro caos eclodir no local, até mesmo os foliões mais tomados pelo álcool, que ainda persistiam acreditando se tratar de algo pensado como um entretenimento especial, começaram a correr para longe sem se importar com quem entrasse em seu caminho.
Diego apertou ainda mais a mão de Micaela, faria de tudo para não se separar da garota, pois conhecia a fama do pai dela e, se aquilo deixaria a garota caminhando nas nuvens em outra situação qualquer, naquele momento, tudo o que passava por sua cabeça era encontrar logo sua amiga para fugir dali.
Mas o destino tinha outros planos.
Repentinamente o topo do artefato se abriu, parecendo com as pétalas de uma rosa mecânica, dando passagem para o que parecia ser um gigantesco trono, onde repousava uma figura de formas femininas, trajando uma armadura vermelha, com detalhes brancos que lembravam cartas de baralho.
Ela ficou por alguns instantes olhando ao redor, parecia alheia ao caos criado pela chegada do artefato, metade de seu rosto estava coberto por uma máscara, mas a outra parte começou a exibir um sorriso largo e insano.
Após erguer o braço direito então a ordem foi dada.
— Soldados de Copas! Cortem as cabeças! De todos!
Por toda a extensão do artefato, que agora muitos viam como uma imensa torre, se abriram comportas e criaturas, que só podiam ser descritas como saídas de pesadelos, saltaram para as ruas da cidade.
Seus corpos possuíam formas retangulares, lembrando cartas de baralho, principalmente por serem brancos, com detalhes em vermelho, que lembravam corações, ou o naipe de Copas.
Em suas mãos traziam espadas de lâminas negras e retorcidas, possuíam ainda braços e pernas que pareciam apenas um tipo de cano escuro, terminando em mãos e pés que exibiam garras afiadas.
Em silêncio completo eles se colocaram a caminhar na direção de alguns poucos foliões, que ainda não tinham fugido, todos tentando gravar com seus celulares aquela bizarra situação.
— Isso tá surreal! — uma garota virava seu aparelho, de modo a gravá-la em destaque, com uma das criaturas se aproximando dela pelas costas. — Não sei ainda o que tá acontecendo pessoal, mas vou continuar gravando até ver se isso tudo não é algo patrocinado pela prefeitura e…
Ela parou de falar, ao sentir a garganta seca de repente e, para horror das pessoas ao seu redor e também de quem a assistia pela live, sua cabeça foi escorregando para a direita, conforme uma das criaturas acabara de seccionar seu pescoço ao meio.
E então o horror teve início de verdade.
Ali perto tanto Micaela quanto Diego estancaram, seus pés pareciam presos no asfalto, devido aos gritos de desespero e de morte, que vinham das pessoas atacadas pelas criaturas cartas.
— Mica! Vamos!
O jovem casal, que era como a garota gostava de imaginá-los, despertou com o grito do rapaz e então correram ainda mais rápido até a loja de conveniência do Posto, cuja porta foi aberta com um chute de Diego.
— Bruna!
Gritaram em uníssono e já haviam começado a ficar preocupados pela falta de resposta, tentando imaginar onde mais a garota poderia estar, mas logo um gemido foi ouvido por detrás do balcão da loja e os dois decidiram avançar com cautela, até finalmente virem quem estava lá.
Bruna estava sentada no chão, abraçando as próprias pernas, em um claro estado de choque.
Tentaram algumas vezes chamá-la de volta à realidade, mas após ver pela vidraça da loja mais algumas pessoas sendo mortas pelos Soldados de Copas, Diego resolveu pegar sua irmã nos braços, enquanto Micaela procurava uma saída pelos fundos.
— Por aqui!
Rapidamente o casal se colocou a correr, o jovem levando sua irmã no colo, na direção de onde o pai de Micaela esperava atrás do volante, quase enterrando os dedos na espuma, enquanto tentava se controlar para não abandonar os jovens, que já estavam no veículo, para buscar sua filha.
Só conseguiu respirar aliviado quando, no fim da rua, após dobrar uma esquina, ele viu os três seguindo rápido na direção do veículo, o que fez José Carlos descer e se preparar para colocá-los logo lá dentro e partir o quanto antes daquele inferno.
O alívio, no entanto, foi passageiro, pois logo atrás dos jovens vinham vários Soldados de Copas, empunhando suas espadas bizarras e tentando alcançá-los.
— Denise, lembra das aulas de direção que fizemos ano passado? — vendo seus amigos com os monstros no encalço, a garota não encontrou voz para responder nada, por isso apenas acenou positivamente a cabeça. — Eu vou tentar ganhar tempo, por isso assume o volante e assim que a Mica e os demais entrarem no carro, vai embora daqui o mais rápido que puder.
A menina obedeceu no automático, ocupando o banco do motorista, mas assim que José Carlos deu o primeiro passo para correr até sua filha e os demais adolescentes, o pior aconteceu.
O mundo pareceu desacelerar quando um outro Soldado de Copas surgiu ao lado de Micaela, a espada indo certeira na direção do pescoço da garota, não restando nada para que seu pai, devido à distância, pudesse fazer a não ser se desesperar.
Antes de ser morta, no entanto, algo surgiu em uma velocidade tamanha, que só foi possível ver o rastro de poeira e detritos que o seguiam, pouco antes de atingir o monstro e fazer Micaela sumir em meio àquela nuvem de destroços, terminando por atingir a lateral de um prédio próximo, destruindo tudo em seu caminho.
Diego não conseguiu nem perceber o que ocorrera, tão focado estava em correr com a irmã no colo e fugir daquele inferno, só percebendo que algo estava errado quando alcançou José Carlos.
— Ca-cadê a Mica?!
— Eu… Ela… Eu…
Sem palavras, com a mente fervilhando de lembranças da filha, o desesperado pai não conseguia nem mesmo concatenar as ideias, quando Denise gritou de dentro da van para que fossem logo embora.
Por um momento, ainda mantendo a irmã nos braços, Diego ficou completamente perdido.
— Vai.
— Como é?
— Leva sua irmã pra van e caiam fora daqui.
— Mas, e você? E a Mica?
— Eu… Vou procurar por ela. Só saio daqui depois de encontrar a minha filha… Esteja onde e como ela estiver.
Dito isso ele começou a correr com passos decididos até onde vira a filha pela última vez, deixando que o jovem Diego, sem nenhuma outra escolha e com o coração pesado de tristeza, finalmente fizesse o que lhe fora ordenado.
Sem precisar se preocupar mais com os amigos de sua filha, com muito cuidado, José Carlos foi se esgueirando até onde parte de um prédio fora destruído a poucos minutos, tentando encontrar algum sinal de onde Micaela poderia estar.
Antes dele chegar até o monte de destroços, acabou precisando buscar abrigo, pois algo saía de dentro do local semidestruído, caindo e quicando no asfalto, deixando crateras por onde batia, até finalmente parar, ao acertar um ônibus, cujo passageiros haviam fugido quando os Soldados de Copas começaram seu massacre.
Quando José Carlos se adiantou um pouco de onde estava escondido, viu que o que estava dentro dos restos do veículo era um dos monstros em forma de carta, exibindo diversos ferimentos pela extensão do corpo e completamente sem sentidos.
Ainda tentando achar uma maneira de procurar sua filha o preocupado pai só pode assistir enquanto vários outros monstros paravam de perseguir mais vítimas e se aproximavam do colega caído, todos parecendo tão perplexos quanto ele.
— Ainda bem que estão juntinhos!
Uma voz de tom feminino ecoou vigorosa pela rua, enquanto mais alguém saltava dos restos do prédio, abrindo caminho por uma nuvem de poeira e acabando por cair a poucos metros do grupo de mais de vinte monstros, que ainda não entendiam o que acabara de acontecer.
— Desse jeito fica mais fácil de pegar todos vocês!
A figura empertigou o corpo e José Carlos pode ver que se tratava de uma jovem, trajando uma armadura que lhe cobria por inteira, apresentando primariamente uma cor branca, ornada com detalhes azulados.
— E então? Quem vai ser o primeiro?
Dizendo isso ela manteve uma pose de aparente descaso, com as mãos abertas e relaxadas nas laterais do corpo, enquanto um dos Soldados de Copas, de forma impaciente, avançou com sua espada, tentando dar uma estocada no pescoço da garota de armadura.
Num movimento rápido e perfeito, ela deslocou o corpo para o lado, flexionando a perna direita, evitando assim a arma e, aproveitando o impulso do oponente, segurou-o pela nuca, cravando sua cabeça no asfalto, terminando um combate, que nem mesmo havia se iniciado, com uma pisada certeira na parte de trás da cabeça da criatura.
Uma ameaça a menos.
Restavam muitas outras.
“Esse poder é insano!” a guerreira de armadura sentia um tipo de formigamento se espalhando pelo corpo, conforme ela seguia para enfrentar mais um dos Soldados de Copas “O Atrasado estava falando a verdade”.
Sua mente voltou a poucos instantes no passado, quando se viu indefesa diante do ataque de um dos monstros, cuja lâmina vinha certeira na direção de sua garganta.
Micaela já aceitava sua morte, lamentando deixar o pai sozinho e, com certeza, mergulhado ainda mais na dor de perder sua última razão de viver.
Por sorte algo acertou o Soldado, segurando Micaela pela cintura e protegendo-a quando ambos atingiram a lateral de um prédio próximo.
Após tossir por alguns instantes, por causa da nuvem de poeira ao seu redor, a garota conseguiu visualizar seu salvador, que ia ficando em pé, numa pose que ele tinha certeza de ser impressionante.
E seria, se ele não tivesse pouco menos de um metro de altura.
— Que-quem… O-O que é você?
— Por sorte meu tradutor universal está funcionando perfeitamente, do contrário essa rápida conversa se tornaria complicada. Meu nome é Atrasado e resolvi ajudá-la, pois senti em você uma energia interna, que, se meus cálculos estiverem corretos, será suficiente para que você use isso!
A pequena criatura trajava um uniforme que, pelas formas, lembrava um coelho e agora estendia na direção da garota um estranho aparelho que, assim que tocou na palma da mão esquerda dela, que estendeu seu braço mais por instinto do que por deixar de se perguntar se havia ficado louca.
— Isso é… Um relógio?
— É um transmodal-físico-mental de última geração desenvolvido por mim, para capacitar a quem se interessar em deter o avanço da Rainha Vermelha.
Ainda sob o efeito da adrenalina, Micaela não podia fazer nada a não ser olhar de modo abobalhado e sem acreditar no que estava acontecendo para seu pequeno salvador.
— Vai ser mais fácil se eu se mostrar.
Primeiro ele fez seu capacete sumir, revelando a cabeça de um coelho branco e então, sem pedir permissão nem nada, o guerreiro tocou bem no meio da fronte da garota, que não conseguiu se desvencilhar de maneira nenhuma, nem quando imagens começaram a pipocar em sua mente.
Tudo parecia tranquilo no País das Maravilhas, até mesmo a loucura apresentada regularmente pela Rainha Vermelha parecia estar sob controle, mas a paz veio a encontrar seu fim quando criaturas de outra dimensão invadiram o reino, tomando os corpos que quem encontravam pela frente, deixando para trás os que pertenceram aos habitantes de outras realidades que haviam sucumbido ao avanço dos D'Nary.
Nem mesmo a união das quatro rainhas foi o suficiente para fazer frente a força invasora e dessa forma a Rainha Vermelha, após ser infectada e dominada, partiu com seu exército para aniquilar suas irmãs e tomar seus reinos.
Quando o País das Maravilhas finalmente foi completamente dominado, o D'Nary que dominava a Rainha Vermelha lembrou-se de uma pessoa do passado do reino que havia sido um problema e que vivia em outro mundo repleto de vida para ser dominada e infectada.
— Desse modo viemos parar aqui. Quando ouvi que eles pretendiam invadir a Terra, me infiltrei no Castelo Dimensional e quando chegamos tratei de aproveitar do ataque inicial e saí à procura de alguém que pudesse me ajudar. Senti uma energia imensa vinda de seu corpo, mas antes que eu pudesse me aproximar de maneira mais apropriada, aquele monstro estava prestes a te matar. Sei que é muita informação e que, muito provavelmente, você esteja em estado de choque, mas… Poderia me ajudar?
— Mas o que eu posso fazer? Sou só uma garota normal…
— Abra o pequeno relógio que te dei e diga com firmeza “Alice, a guardiã das maravilhas! Renasça!”
Micaela, ainda em estado de choque e querendo mais do que tudo voltar para sua cama, para que pudesse acordar daquilo que só poderia ser um pesadelo, pensou por um momento que, se tudo o que estivesse acontecendo fosse real, ela precisava dar um jeito de proteger seu pai e seus amigos.
— Sonho ou não, dane-se! Alice, a guardiã das Maravilhas! Renasça!
No instante seguinte a garota sentiu como se seu corpo estivesse em chamas, enquanto primeiro se formava um tipo de vestimenta escura, que deixava apenas seu rosto à mostra, para logo ser coberto por diversas placas de um metal branco, com detalhes azuis e, por fim um capacete.
— Minha cabeça… — repentinamente Micaela caía de joelhos, levando as mãos até suas têmporas. — O que está acontecendo?
— Não lute contra o fluxo de informações, menina. Esse é um sistema criado para ajudar os portadores da Armadura das Maravilhas. Se você relaxar um pouco, a princípio será como se você estivesse “emprestando” seu corpo para que o sistema possa vencer nossos inimigos.
Diante dos olhos da garota surgia uma tela dourada repleta de informações, que pareciam realmente flutuar até ela, se adaptando a seu corpo.
Micaela tentava fazer o que o coelho lhe dissera, procurando não pensar em nada, mas logo vários gritos chegaram até a dupla, fazendo com que a garota se movesse automaticamente, mesmo que a simbiose com o Sistema não estivesse completa, à procura de ajudar as prováveis próximas vítimas dos Soldados de Copas.
O que ela estava conseguindo de forma perfeita.
Outros dois Soldados de Copas a cercaram e avançavam por seus flancos, ambos pretendendo acertá-la nas laterais do corpo, para só depois um terceiro monstro atacasse, cortando sua cabeça.
Um bom plano, que obviamente deu errado.
Micaela, que usaria no futuro o codinome da armadura para si, apenas deu um salto com os joelhos dobrados e, quando esticou as pernas, acertou com violência os queixos dos inimigos, que imediatamente caíram para os lados dela.
Assim que colocou os pés no chão, Alice abaixou o corpo para frente, estendendo o pé direito para trás, acertando em cheio na garganta do monstro que, por causa da velocidade com que avançava, deu duas piruetas no ar, antes de finalmente cair.
Para nunca mais levantar.
A guerreira então pegou o corpo do monstro que acabara de derrubar e, após girá-lo no ar algumas vezes, jogou contra outro grupo, com cerca de dez Soldados, que ia se aproximando, atraídos pelo som do combate.
Ela fez um movimento de estalar o pescoço, socou a mão esquerda na direita espalmada e então se lançou ao combate.
José Carlos olhava fixamente para a guerreira de armadura, achando incomodamente familiar aqueles movimentos, mas antes que ele avançasse mais, sentiu um puxão em sua camiseta e, ao olhar para baixo, precisou se esforçar ao máximo para não achar que havia finalmente enlouquecido.
Ao seu lado estava um coelho branco, andando sobre duas patas e trajando uma armadura muito parecida com a da guerreira, que continuava destruindo os monstros.
— Senhor José Carlos, pai da Micaela, eu presumo? Meu nome é Atrasado e precisamos conversar.
Mesmo achando que poderia estar louco, após mais uma olhada na guerreira de armadura, o pai de Micaela se deixou levar pelo coelho branco até um local que, por enquanto, seria seguro.
Ele precisava urgentemente de respostas.
Alheia ao que acontecia logo atrás de si, Alice continuava a derrubar seus oponentes, de forma a não mais se levantarem, empolgada em como a armadura, do jeito que Atrasado lhe dissera, ampliava não apenas sua força, mas também suas habilidades adquiridas nas aulas de Krav Maga.
Desse modo ela conseguia desviar de estocadas e tentativas de cortar seu corpo, girando e saltando, agarrando e quebrando braços e pernas, às vezes algumas cabeças, permitindo assim que os foliões que não tinham escapado ainda, tivessem uma chance.
Em meio à adrenalina que a luta causava, ela não percebeu que, finalmente, a atenção da Rainha Vermelha foi atraída até onde suas forças estavam sendo dizimadas.
Sem sair do topo da Torre Sangrenta, ela apenas apontou na direção para a qual todos seus soldados deveriam seguir, o que foi prontamente obedecido quando ela repetiu a ordem.
— Cortem-lhe a cabeça!
E então dezenas de Soldados de Copas partiram para o ataque.
A tela do Sistema reapareceu ao lado da garota que, por causa da distração momentânea, acabou tendo o ombro direito atingido por uma das espadas, mas, mesmo com esse braço dormente, ela conseguiu subir pelo corpo da criatura e, com um chute giratório em pleno ar, acertou com força na cabeça de seu inimigo, colocando-o imediatamente fora de ação.
— Majestade… — por detrás do trono da Rainha Vermelha, uma voz hesitante se fazia ouvir acima da cacofonia do combate, que ocorria metros abaixo. — Devo mandar o Risonho?
A poucos metros de distância do trono, um rosnado baixo e ameaçador se fez ouvir.
— Se meus Soldados não puderem dar conta de um inimigo tão fraco, então não mereceremos vencer essa batalha.
Naquele momento nem a Rainha, nem seu servo, poderiam imaginar o tom de profecia nas palavras dela.
De volta à rua onde a batalha se desenrolava, Alice se questionava se tinha mesmo escolhido a melhor opção de curso, uma vez que manter seus inimigos naquela rua, procurando ganhar tempo para as pessoas fugirem, estava cobrando um alto preço.
Ela acabou recebendo vários golpes, alguns resultando em cortes que só não foram mais profundos por causa da armadura e por mais que ela permanecesse com uma ligeira vantagem, logo seria superada pela quantidade de inimigos que não paravam de chegar até ela.
O Sistema apitava a todo momento, mostrando imagens da armadura empunhando um tipo de espada, mas Micaela não conseguia se concentrar, aos poucos, sua confiança ia diminuindo, sendo substituída por dezenas de dúvidas.
Em dado momento, após levar um golpe das costas da mão de um dos Soldados de Copas, ela foi lançada metros para trás, terminando por acertar e destruir um carro, ficando presa nas ferragens.
A armadura lhe dava forças o suficiente para se desvencilhar daquele metal retorcido, mas ainda cheia de dúvidas, ela foi entrando em pânico, principalmente quando viu um dos Soldados erguendo sua espada diante dela.
Micaela fechou os olhos, mas, em vez de sentir a lâmina atingindo-a, algo líquido molhou parte de seu corpo, seguido de um gemido de dor.
Assim que olhou através do visor da armadura, para seu horror, viu seu pai diante dela, de costas para o Soldado de Copas, cuja lâmina retorcida parecia brotar do peito de José Carlos.
— Pa… Pai?
— Eu sabia… Que era você… Te amo… Filha…
As inseguranças de Micaela, ao ver seu pai daquele jeito, alcançaram seus limites.
E os ultrapassou.
— Que energia é essa?
Não muito longe do local onde a batalha estava se desenrolando, a Rainha Vermelha sentiu uma gota de suor escorrendo por sua fronte.
Pela primeira vez em séculos ela sentiu medo.
— Não sei majestade… Talvez se enviássemos o Risonho…
— Já disse que não precisaremos desperdiçar um dos nossos melhores recursos para dar conta desses vermes.
— Mas…
— Sem "mas", Chapeleiro. Será que preciso lembrá-lo de quem manda aqui? Eu…
A frase foi interrompida quando uma coluna de energia se ergueu no local da batalha, sendo vista por diversas cidades vizinhas e, assim que se dissipou, apenas Alice estava em pé, dentro de uma pequena cratera, sem seu capacete e com o pai nos braços.
— Pai… Paizinho…
— Guerreira Alice?
— Atrasado? Eu… Eu… Meu pai…
— Nós conversamos, mas seu pai, assim que te viu em perigo, não me escutou e…
— Por favor… Por favor… Salva ele.
— Eu posso, se tiver tempo suficiente, mas…
O coelho não precisou terminar a frase, pois no fim da rua foi possível ver dezenas de Soldados de Copas se aproximando, espadas em punho e prontos para reiniciar o combate.
— Se pode cuidar dele, faça isso. — Micaela enxugou as lágrimas e suas feições assumiram um aspecto mais sério. — Eu sou Micaela Freitas de Oliveira, mas também sou Alice, a Guardiã das Maravilhas!
O capacete voltou a cobrir sua cabeça e então ela ergueu a mão direita aberta diante do corpo, ao seu lado era possível ver a janela holográfica do Sistema, analisando e indicando o que ela deveria fazer em seguida.
E ela fez.
— Espada do Tempo Infinito. Surja!
Primeiro um cabo foi se formando diante de sua mão espalmada e quando Alice o segurou, em instantes, uma imensa espada, cuja lâmina parecia ter quase dois metros, surgiu.
No instante seguinte a barreira do som foi rompida, quando a guerreira de armadura deu a impressão de ter desaparecido, ressurgindo em meio aos inimigos, cobrindo os metros que os separavam em menos de um segundo.
— Tornado Infinito!
Alice girou a imensa espada ao seu redor e não apenas a imensa lâmina destroçava os inimigos, bem como o vento gerado pelo ataque que logo, assim como o nome do golpe sugeria, acabou por formar um furacão que elevou os Soldados de Copas até os céus, deixando-os cair de volta cortados em pedaços.
Com a espada em punho, Alice nem esperou se recuperar do golpe que acabara de derrotar todos aqueles inimigos, voltando a se mover mais rápido que olhos humanos seriam capazes de acompanhar.
Primeiro localizou cada Soldado de Copas que estivesse nas imediações, destroçando-os cada um com um único golpe, chegando cada vez mais perto da Torre Vermelha.
— Ma… Majestade…
— Pare de se encolher como uma lebre assustada Chapeleiro… Tenho certeza de que essa coisinha irritante não vai sequer se aproximar da Torre e…
A Rainha não pode terminar sua frase, já que, repentinamente, uma série de explosões começaram a acontecer nas ruas da cidade, seguindo um padrão que levava direto à Torre.
Após a última explosão ocorrer logo abaixo, apenas a alguns metros da base da imensa construção, algo pareceu saltar de dentro das chamas e fumaça, indo direto na direção da Rainha Vermelha, que mal conseguiu erguer um punho para se defender da imensa espada que visava seu próprio pescoço.
— Vamos ver se você vai gostar de ter a sua cabeça cortada, sua vaca! Isso é pelo meu pai!
A pressão do ataque era tamanha que, pela primeira vez em séculos, a Rainha Vermelha sentiu que sua força poderia ser superada.
O que ela não esperava é que Alice não era só força bruta.
A guardiã das maravilhas soltou o cabo de sua arma e deu-lhe um soco, que a fez girar e, só então, aproveitando a velocidade do movimento, voltou a segurar a espada e encaixar um golpe que errou por pouco o pescoço de sua inimiga.
A metade de uma máscara, que cobria parcialmente o rosto da Rainha, no entanto, acabou despedaçada, apenas porque a lâmina mal resvalou no metal da qual era feita.
Mesmo sem atingir totalmente seu alvo, a energia cinética do ataque jogou a rainha longe, caindo toda desajeitada em seu trono, procurando desesperadamente esconder a, agora exposta, outra parte de seu rosto.
Alice, ainda em estado de fúria completa, mal reparou na carne acinzentada e de aspecto pútrido que seria possível de ver, se ela estivesse prestando atenção.
Ao contrário disso, a garota ergueu sua espada por cima da cabeça e começava a avançar mais uma vez, agora determinada a eliminar de vez a Rainha.
— Chapeleiro!
Repentinamente uma bizarra forma de vida surgiu diante da enfurecida guerreira, que não conseguiu conter a estranheza ao ver tal criatura, que tinha membros extremamente longos e alguns deles curvados de formas estranhas ao olho humano, a pele era branca, mas com manchas avermelhadas salpicadas nas costas de suas mãos.
No alto da cabeça ele trazia um tipo de cartola deformada, que acabou tirando e, ao estender seu interior na direção de Alice, dezenas de objetos, que lembravam pequenos bules de chá, voaram na direção da guerreira blindada, explodindo conforme a tocavam, jogando-a para fora da Torre.
Conforme caía sem conseguir reagir, Alice ouviu uma última frase "Me tire daqui!" e no instante seguinte a imensa Torre trepidou, antes de desaparecer por completo.
"Como é que eu entendo o que eles falam?"
Depois desse último pensamento tudo o que a guerreira viu foi a escuridão da inconsciência abraçando-a.
— Pai!
Micaela despertou num repente, mal percebendo que estava em sua cama, tamanha a preocupação com seu pai, já sentindo os olhos se encherem de lágrimas e com o coração apertado.
— Filha! Micaela! Que bom que você acordou!
Assim que José Carlos entrou no quarto e alcançou Micaela, pai e filha trocaram um longo e apertado abraço.
Ambos se surpreenderam com o quanto precisavam daquilo.
— Pai... Eu... Eu acho que tive o sonho mais louco da minha vida... A gente tinha ido pro Bloco de Carnaval e então surgiram uns monstros e tinha uma, acho que era uma rainha maligna. E você estava lá e uma espada te atravessou. Meu Deus. Parecia tudo tão real...
— Bom Mica, não sei como dizer isso...
Sem aviso nenhum um coelho branco entrou no quarto da garota, andando tranquilamente sobre duas pernas, trajando um tipo de terno antigo e com uma xícara de chá nas mãos.
— Micaela Freitas de Oliveira. Fico feliz por ter finalmente acordado. A Rainha Vermelha está ferida e se retirou. Por agora estamos seguros, mas, infelizmente, sei que ela voltará, mais mortal do que nunca. Tivemos sorte, mas não podemos contar com isso para sempre. Por essa razão não podemos nos dar ao luxo de descansar.
— O-O que quer dizer?
— Que é hora de treinar Micaela Freitas de Oliveira para se tornar verdadeiramente Alice, a Guardiã das Maravilhas.
Apenas o início.
Galeria de imagens.
Alice
Guardiã das Maravilhas
4 Comentários
Uau!
ResponderExcluirGenial!
Trazer Alice no "País das Maravilhas" para o Carnaval através de uma guerreira foi uma excelente sacada.
A história de fundo de Micaela e do seu pai José foi a cereja do bolo de um conto muito bem contado, envolvendo muita ação e adrenalina.
Essa mistura de conceitos trazendo o lúdico da mitologia de Alice no país das Maravilhas, com uma guerreira moderna e poderosa foi muito bem trabalhada e sim, pode ter uma continuidade dentro do seu universo Conexão Dimensional.
Mandou muito bem!
Parabéns
Valeu pela leitura e comentário!
ExcluirAssim que euvi o comercial de um jogo para celular eu curti muito os visuais e ideias e me diverti tanto fazendo essa versão metal hero... confesso que me peguei pensando em oegar outros contos e fazer essa conversão...
Valeu mesmo
Uau, que história incrível, Norberto! Desde o começo, você consegue envolver o leitor com essa mistura de realidade e fantasia. A forma como a Micaela é puxada para esse mundo fantástico, e a introdução de personagens como o coelho branco, trazem uma sensação de urgência e mistério que é impossível ignorar. A ideia de transformar a protagonista em Alice, a Guardiã das Maravilhas, é uma reviravolta fascinante e abre muitas possibilidades para o desenvolvimento dela e do enredo.
ResponderExcluirOs detalhes sobre a Rainha Vermelha e o conflito crescente deixam claro que há uma grande jornada pela frente, cheia de desafios e descobertas. Fiquei muito curioso sobre como a Micaela vai se adaptar a essa nova realidade e o que mais está por vir. A mistura de elementos clássicos com sua própria visão única do mundo de Alice funciona muito bem, criando uma narrativa cativante. Mal posso esperar para ver como a história se desenrola e que surpresas você nos reserva!
Valeu de coração, pela leitura e comentário!
ExcluirEu realmente queria muito que a Micaela ficasse bem representada e que essa mistura de Alice com metal heroes não ficasse indigesta.
Em algum momento realmente tentarei dar continuidade a essa história, até mesmo, talvez, algo aconteça na época da Páscoa.
Valeu mesmo!