Quando um irmão se sacrifica pelo outro.
E cá estamos para mais uma estreia, dessa vez saindo dos mundos dos Tokusatsus ou de quadrinhos americanos.
Confesso que não sou o maior fã da saga de Seya e seus amigos, mas a pouco tempo me peguei pensando em como eu faria as histórias dos famosos Cavaleiros do Zodíaco e, dessa forma cheguei a esse conceito de iniciar de forma singular, pensando em contar primeiro, ao menos, a origem dos cinco cavaleiros principais do anime e depois ver para onde os ventos de Athena me levam.
Portanto, sem mais... Boa leitura.
Cavaleiros do Zodíaco - Singular
Ikki de Fênix #01.
Vulcões
ativos criavam rios de lava, que se espalhavam por toda paisagem da pequena
ilha, permanecendo escondida do restante do mundo por conta de centenas de
magias milenares de ocultação.
Tais
magias também evitavam uma maior dispersão das fumaças expelidas, deixando
assim o ar não apenas difícil de respirar, mas também extremamente tóxico para
quase todos os seres vivos conhecidos da Terra.
Ainda
assim algumas pessoas insistiam em viver ali, uma comunidade pequena, pouco
mais de cem pessoas, todas sob o comando de Guilty, o senhor absoluto da
Ilha da Rainha da Morte.
O
Cavaleiro da Morte.
Mesmo
sendo um Cavaleiro do Santuário num nível próximo ao dos sagrados cavaleiros de
ouro, ele recusou todas as oportunidades de ascender na hierarquia dos
defensores dos deuses, preferindo ficar apenas em sua ilha e longe dos
problemas que o restante do mundo insistia em trazer até ele.
Ainda
assim, às vezes, ele era obrigado a acatar os desmandos vindos do Santuário da
Grécia.
Ainda
mais quando o maior representante deles descia do pedestal e resolvia sujar os
pés com a fuligem vulcânica eterna, que se espalhava pelo solo da ilha.
— Mitsumasa
Kido. — Guilty fez questão de se afastar do topo do vulcão, que nunca
adormecia por completo, onde ele treinava, para receber os visitantes. — A que
devo a honra de ter em minha humilde ilha a presença de um dos homens mais
ricos do mundo?
O senhor
Kido, CEO de uma das maiores empresas de soluções diversas do mundo, atuando
desde o campo médico, como também tendo muitos contratos militares, permaneceu
com sua postura austera, os braços calmamente cruzados atrás do corpo e, já
acostumado com o sarcasmo típico do senhor da Ilha da Rainha da Morte, apenas
seguiu até ele, dando passagem para mais duas pessoas que o acompanhavam.
— E,
claro, onde mais estaria o maior lambe botas do mundo, Tatsumi, senão ao
lado de seu amado mestre?
— Olha
aqui seu…
A frase
do mordomo e guardas costas foi interrompida quando o Senhor Kido apenas
estendeu uma das mãos para o lado, fazendo com que nenhuma outra palavra fosse
proferida, o que renderia mais alguns minutos de uma enfadonha e inútil troca
de ofensas e o empresário tinha pressa.
Ele
precisava visitar muitos outros lugares pelo mundo.
— Trouxe
um novo candidato a Cavaleiro.
— Mais um
dos seus garotos? — Guilty abriu os braços, deixando claro seu aborrecimento
com os desmandos do empresário. — Pelos deuses do abismo, se eu não fosse um
humilde servo do Santuário…
A ameaça
ficou no ar, conforme Tatsume pegava um garoto, segurando-o com violência pelo
braço e o jogando a alguns metros à frente do senhor Kido.
Pela
primeira vez, desde que podia se lembrar, um dos candidatos a cavaleiro não
estava se urinando de medo, quando colocado diante do Cavaleiro da Morte, muito
pelo contrário, o menino à frente de Guilty ia se levantando e sustentando um
olhar de desafio.
— O nome
dele é Ikki. — se o empresário sentia a menor simpatia que fosse pelo menino,
não deixava transparecer. — Seu irmão havia sido escolhido para vir, mas no
último instante ele lutou muito para tomar seu lugar. Lutou com unhas e dentes,
na verdade.
Naquele
momento o mordomo Tatsumi escondia atrás das costas uma das mãos que estava
enfaixada, protegendo uma ferida que lembrava muito uma mordida.
— Tenho
grandes expectativas com esse, por favor, cuide bem dele, Cavaleiro da Morte.
— Hum,
vejo algum potencial, mas vai demorar.
— Preciso
que ele se torne um cavaleiro até, no máximo, os vinte e um anos.
— Ele tem
o que? Uns dez anos? Não sei se vou conseguir fazer algo com tão pouco tempo.
— Quando
ele tiver vinte e um, se for um cavaleiro, eu o buscarei. Se não conseguir
nesse tempo, pode fazer o que quiser com ele.
Guilty
permaneceu em silêncio, deixando claro que nenhuma palavra mais seria
necessária, nem mesmo um adeus, por isso Mitsumasa Kido e seu mordomo logo
deram as costas para o senhor da Ilha da Rainha da Morte e seu novo discípulo.
— Bem.
Ikki certo? Não vai falar com seu mestre? Muito bem. Já que temos pouco tempo
para te transformar desse monte de lixo em um cavaleiro do santuário, é melhor
começar já.
O
Cavaleiro da Morte estendeu sua mão direita espalmada na direção do garoto.
— Soque.
— Como é?
— Então
você fala, mas pelo visto tem problemas de audição. Me dê seu soco mais
poderoso. Quero ver se você não será um desperdício do meu tempo. Agora. Soque!
Levando
um susto com o grito repentino, sem sequer pensar em nada, Ikki se jogou contra
Guilty, desferindo o soco mais poderoso que conseguiu.
Por um
instante que pareceu uma eternidade nada aconteceu, mas, então, sem aviso algum
o som de ossos se quebrando deu fim ao silêncio.
Ikki deu
dois passos para trás, antes de cair sentado na estrada de terra, com os ossos
de seu punho quase todos fraturados, após Guilty fechar sua mão e apertar
momentaneamente.
— Lixo.
Siga essa estrada e vá até a vila que fica no fim dela. Pergunte por Esmeralda.
Ela vai cuidar dessa mão. Quando melhorar vá até o vulcão e vamos tentar
novamente. Assim que conseguir me dar um soco de verdade, começaremos seu
treinamento real. Agora sai daqui.
Conseguindo
com muito custo segurar as lágrimas, o menino deu as costas para aquele que,
nos anos seguintes, seria seu mestre, seguindo na direção indicada e tentando
não lhe dar a satisfação de vê-lo chorando de dor, forçando seus passos de modo
a parecer que tudo estava bem.
Guilty
ficou observando o menino se afastar e, quando Ikki já havia sumido de sua
vida, ele voltou seu olhar para a palma da mão que recebera o golpe.
Uma mancha
escura e fumegante causava um leve ardor na pele do Cavaleiro da Morte, cujo
sorriso não era possível de ser visto, uma vez que sua máscara negra cobria-lhe
todo o rosto.
— Isso
vai ser… Interessante.
1 Comentários
Ikki de Fênix, sempre foi um dos Cavaleiros que mais curti.
ResponderExcluirO encontro do pequeno Ikki com o Cavaleiro da Morte Guilty foi muito bem narrado, mostrando nuances da personalidade forte daquele que, com certeza foi um dos mais emblemáticos e poderosos CDZ.
Curti bastante essa introdução.
Mandou bem demais!!!