Capítulo II - Um sonho e aviso
Era mais um dia como qualquer outro no rancho Neverland,
situado no condado de Santa Bárbara, Califórnia. Michael Jackson está lá, como
de praxe. Afinal, é a residência na qual ele mora desde 1988. Uma verdadeira
Cidade Proibida no meio da Califórnia, local digno de um rei, no qual este periodicamente
recebe seus dignitários e enviados de outras partes do mundo. Amigos,
familiares, advogados, assessores, produtores, todos eles periodicamente visitam
Neverland. Mas a presença que o cantor mais estima é a das crianças e
adolescentes que aparecem em sua residência.
A relação dele com crianças é algo que divide opiniões. Os
fãs mais ardorosos do artista afro-americano apoiam e defendem, alegando que
ele está compensando a infância que não teve. Já outros acham que Michael
deveria repensar isso e até mesmo parar de se expor com crianças, como forma de
evitar um novo caso Chandler, com consequências ainda mais devastadoras para
ele. Há também aqueles que acham que ele é um pedófilo contumaz. E mais a
imprensa sensacionalista, sempre querendo alfinetá-lo.
Uma família de origem latina oriunda do leste de Los Angeles,
os Arvizo, tentou entrar em contato com o rei do pop em 2000, buscando ajuda
financeira para o tratamento do jovem Gavin Arvizo, de 10 anos de idade, que a
época padecia de câncer nos rins. Mas logo um velho conhecido de Michael, o
comediante Chris Tucker, o alerta para o caráter bem duvidoso dos Arvizo, que
eles são um bando de trambiqueiros que vivem de aplicar golpes em terceiros, em
especial celebridades após se aproximar delas e sempre usando a situação de
saúde do filho para as chantagens e golpes financeiros deles. Em outras palavras, os Arvizo são como
escorpiões a espera do próximo sapo para picar.
Ao ouvir o alerta de Chris Tucker, Michael ficou febril de
dúvida, se deve ou não ajudar os Arvizo. Mas, após pensar bem e lembrar-se do
que aconteceu um decênio antes com a família Chandler e todos os perrengues que
ele passou a época, ele decidiu ouvir o amigo e não se envolver com os Arvizo.
Depois de um período turbulento, no qual o rei do pop, ainda
no meio do lançamento do álbum Invincible (2001), teve uma séria querela com
Tommy Mottola, então CEO da Sony Music, em novembro de 2003, em Las Vegas, Michael,
após lançar a coletânea “Number Ones”, terminou um especial para a CBS no qual
mostra as novas apresentações e uma retrospectiva de sua carreira. Na semana
seguinte tal especial foi veiculado em todo o país e foi um sucesso estrondoso.
Será o primeiro passo para uma nova fase na vida do rei do pop, como veremos.
Em 2004 Michael participou de uma pequena turnê beneficente
com alguns amigos, a MJ & Friends 2, para arrecadar fundos para crianças em
situação vulnerável em locais como o Iraque, a África e Índia. O esquenta para
o que ainda estava por vir, com três apresentações ao todo: Madrid, Milão e
Tóquio.
É o ano de 2007. Michael Jackson acabou de voltar da turnê Invincible,
iniciada dois anos antes em Londres e depois estendida a Paris, Roma, Nova York
e Los Angeles. Foram 50 shows ao todo, 10 em cada cidade, que marcaram o
retorno triunfal do rei do pop após um decênio afastado dos palcos (desde a
HIstory Tour, entre 1996 e 1997) e os atritos com a gravadora Sony Music e o
então CEO Tommy Mottola, em 2001 e 2002.
Dessa vez, como forma de deixar as coisas menos cansativas
para ele, Michael preferiu fazer residência em cinco cidades e nelas fazer uma
série de apresentações nas mesmas. Os shows foram um sucesso de bilheteria,
estádios lotaram só para ver mais uma vez o rei do pop em ação, ao vivo e em
cores.
Michael estava radiante nos shows, como nunca esteve
antes. Figurinos, músicas,
apresentações, efeitos visuais e práticos, tudo deixou o público encantado, que
mais uma vez o queria vê-lo em ação. Além disso, a atuação dele na turnê foi
tal que mais uma vez ele calou os críticos dele. Após o fim da turnê, o rei do
pop doou a maior parte dos lucros da mesma com instituições de caridade e
doações a hospitais infantis.
Depois de longos e exaustivos meses em turnê, viajando de um
lado a outro e mais as cansativas apresentações, Michael resolve enfim
descansar e passar um tempo com seus três filhos, Paris, Prince Michael I e
Prince Michael II (vulgo Blanket). Afinal, o rei do pop já não tem a mesma
energia de quando era mais jovem, nos anos 1980 e 1990. No fim das contas, é a
idade chegando e junto com ela seu peso.
Mas mesmo cansado dos longos meses de turnê e já
apresentando algumas questões relativas à insônia, uso de analgésicos para
aliviar dores nas costas que se agravaram após o show em Munique em 1999 e a
conta de todas as plásticas no rosto chegando com a idade, Michael tem planos
de lançar em breve um novo álbum, com novas músicas nas quais fará colaborações
com artistas tais como Akon, 50 Cent e Chris Brown.
Belo dia, Michael tem um sonho bem inusitado, no qual se
encontra brevemente com uma das grandes lendas do rap, Biggie Smalls (também
conhecido como The Notorious B. I. G.), com quem Michael gravou uma música
junto no álbum HIstory, “This Time Around”. Biggie há muito tempo já não está
mais entre nós, visto que foi morto a tiros em Los Angeles no fatídico 9 de
março de 1997.
SONHO
Michael Jackson, vestido como se fosse Peter Pan, voa sobre
a Terra do Nunca acompanhada de Sininho. Até que em determinado momento ele
resolve parar para descansar um pouco em uma área florestada no continente,
longe de Neverland.
Michael – “Isso foi tão... mágico!”
Sininho – “Você como sempre é incrível, Michael!”
Michael – “Bom, acho que agora vou descansar um pouco”.
Na floresta, Michael se depara com Biggie, trajando o mesmo
jogo de terno, gravata e chapéu visto na capa do álbum “Life after Death”,
lançado semanas após a morte do rapper nova-iorquino, e mais uma bengala na mão
direita.
Michael – Biggie! É você?!
Biggie – Sim, sou eu. E tenho algo sério a te contar.
Michael (curioso) – E do que se trata, Biggie?
Sininho (brava e desconfiada) – Você não vai acreditar nele,
não é Michael?!
Biggie – “Ouça Michael, o Peter Pan não é quem você pensa
que é”.
Michael (intrigado) – “Como assim Biggie?! Não entendi
nada...”
Biggie – “Uma hora você descobrirá”.
Sininho parte para cima de Biggie, mas este a acerta com um
golpe de sua bengala que a coloca temporariamente fora de ação. Biggie, por seu
turno, some da vista de Michael logo em seguida. Michael chama por Biggie,
querendo saber mais a respeito do que ele disse. E Sininho não gostou nem um
pouco de ouvir as palavras que saíram da boca de Biggie.
Michael – “Está tudo bem contigo, Sininho?”.
Sininho (irritada) – “Você não vai acreditar no que ele
disse, não é Michael?!”.
Michael (um pouco indeciso de início) – “Hum... não”.
FIM DO SONHO
Em seguida o rei do pop acorda. “Mas isso foi tão... real”. se pergunta Michael ao acordar. “O que será que o Biggie quis dizer?”. Com o passar dos dias Michael se esquece do sonho e continua a tocar a vida em Neverland, recebendo centenas e centenas de crianças em sua residência.
1 Comentários
Um capítulo tenso.
ResponderExcluirDesconstruir algi que se acredita muito não é fácil pra ninguém.
Pra uma pessoa como Michael, que sempre transitou entre a realidade e a fantasia, ainda Maia.
Está muito interessante essa história.!
Parabéns!