Bom dia, boa tarde e boa noite a todos.
Esses tempos eu tenho estado empolgado e inspirado em escrever. Espero que curtam.
...
5. O começo do fim da fúria
Então Umai levou Turles ao glind em questão. Era alguém já
muito velho, mesmo para uma raça tão longeva como a deste indivíduo. Ele estava
sentado à beira de um precipício, com os olhos fechados, meditando. Sentindo a
aura dos dois que se aproximavam, ele sorriu, virando-se para eles assim que
eles chegavam perto dele.
- Olá, Zarinsu-sama. – Cumprimentou Umai.
- Olha, se não é a doce e jovem Umai. É muito bom
revê-la, minha jovem. E quem é este que te acompanha?
- Este é Turles, um saiyajin a serviço de
Senrosa-sama.
- Olha, que curioso. Um ser dos universos de
Zen-Oh trabalhando para Senrosa. É intrigante, no mínimo. Eu sou Zarinsu,
jovem. Percebo que sofres com a raiva.
Turles se surpreendeu, ele sequer havia aberto a boca para
pedir sua ajuda, e aquele glind já disse o que era necessário que ele soubesse.
- Isso mesmo, Zarinsu. Preciso de alguém que me
ajude a conter ou redirecionar minha raiva. Não sei como faço isso.
- Até porque a tua raça é daquelas que a raiva é
combustível para o poder, não é isso?
- Exatamente. Porém sofro muito com o desgaste que
a raiva causa, principalmente nas transformações mais poderosas.
- Umai – Chamou-lhe o velho Zarinsu – O ritual de
inserção da energia divina sombria já foi realizado, estou certo? – E mais uma
vez, ele havia sido cirúrgico.
- Exatamente. – Ela completou, bem vermelha.
- Ah, o método menos invasivo, à moda antiga.
Senrosa é mesmo um amante das tradições. Um aviso aos dois, este ritual os vinculou
para sempre, vocês sabem disso?
- Não... – Agora era Turles quem havia corado. A
relação com ela era boa, um empurrava o outro a ser melhor, ela até mesmo havia
deixado que sua energia fosse utilizada para catalisar a dele mesmo... “O que é
essa coisa complicada que eu estou sentindo agora?” A mente dele finalmente
havia se dado conta que ele possuía um vínculo com Umai, e que ele não queria
se livrar dela, muito pelo contrário.
Umai, percebendo o rumo perigoso que as coisas estavam
tomando, percebeu, naquele exato momento que ela também o queria por perto. E
aquilo a aterrorizou. Percebendo o impacto da informação que ele dera aos
jovens, Zarinsu quebrou o silêncio.
- Não precisam pensar demais nisso, meus jovens. O
sentimento de vocês pode esperar por enquanto. A meta é você dominar o poder que
cresce a cada dia dentro de você, não é mesmo, Turles?
Como quem acorda de um transe, Turles olha agradecido ao
velho glind e confirma, sem palavras.
- A chave para o redirecionamento da raiva para
você, meu caro, é meditação e autoconhecimento. Sua raça precisa dela para
superar limites, mas seus novos poderes sombrios não são catalisados por ela. O
que você precisa aprender é a como utilizar a energia dela sem senti-la.
Foi aí que um verdadeiro nó foi colocado na mente do
saiyajin. Como ele poderia usar a energia da raiva sem senti-la? Parecia uma
coisa muito complicada. Vendo as sobrancelhas do mais jovem quase se unirem e
sua mente quase pegar fogo para processar a informação, Zarinsu entendeu o que
Senrosa queria dele.
- Umai, minha querida. Vamos ter que ir falar com
Senrosa, afinal de contas, eu vou precisar usar aquele espaço especial para
treinar Turles.
- Você não está dizendo que...
- Sim, ele vai recebê-lo.
Enquanto Umai levava as mãos à boca em um claro sinal de
espanto e, depois, de compreensão, Turles não entendeu uma só vírgula daquela
mensagem críptica que os dois trocaram. E, enquanto isso, Zarinsu sorria,
aquilo poderia restaurar o balanço de poder nos seis universos proscritos...
Ou gerar um conflito ainda maior.
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Como Zarinsu também podia usar a técnica de vôo, foi
bastante simples para que os três fossem ter com Senrosa. Afinal de contas, foi
ideia dele criar, talvez, seu nêmesis. Ao chegarem ao palácio, os dois mais
novos se curvaram diante de seu líder, mas Zarinsu manteve-se em pé, postura
reta, com as mãos e pulsos atrás da base das costas.
Senrosa recebeu os três, liberando Turles e Umai das
formalidades, pedindo que o casal fosse descansar. A missão de achar o velho
glind não havia sido difícil, mas ainda assim eles haviam gastado energia para
isso.
Claro que os dois entenderam o que seu líder realmente
queria: um tempo de conversa com o convidado dele a sós.
Quando Zarinsu e Senrosa estavam a sós...
- E então, Zarinsu-sama, qual é a sua opinião? - A reverência de Senrosa era sempre surpreendente quando os dois estavam a sós.
- Sabe que não precisa de toda essa formalidade, não é mesmo, Senrosa-kun?
- Sei, mas como eu não vou respeitar o meu mestre?
- Me orgulho em ter te ensinado algo, meu caro. Aprendeu muito bem e se tornou um excelente líder. Quanto ao saiyajin-kun, garanto que ele ficará em pé de igualdade contigo ou até mesmo poderá te passar em níveis de poder. Essa raça é realmente muito curiosa.
- Ele vai precisar do nosso salão especial de treinamento, estou certo?
- Vai, e muito. E eu vou entrar lá com ele.
- Isso não é perigoso, Zarinsu-sama? - Senrosa estava preocupado com o velho mestre.
- Sem dúvida o é, mas tenho certeza, mais do que nunca, que precisaremos dele se quisermos vencer Zen-oh e suas criaturas. Você sabe, melhor do que eu, do que eu falo, não é mesmo, caro Senrosa-kun?
- Sim, mestre. Bom, precisa de meu auxílio?
- Não, Senrosa-kun. Você já tem o suficiente para cuidar. Deixe o saiyajin-kun comigo. Este velho aqui ainda consegue treinar um mortal boca-suja.
Senrosa riu com o comentário ácido de Zarinsu. Afinal de
contas, ele não era o mestre mais reverenciado do Makai de besteira. Sorte a
dele que ele conseguira trazer o velho mestre para atuar nos universos
apócrifos.
- Agora, se me dá licença, caro Senrosa-kun,
preciso ir ter com o meu novo pupilo.
Com uma reverência respeitosa, Zarinsu sai da sala, indo
conversar com Turles.
Pé ante pé, o velho glind foi até o saiyajin, sem pressa
alguma. Como ele poderia ensinar um guerreiro tão cabeça-dura a utilizar a
energia da raiva sem senti-la? Era fácil acompanhar o raciocínio dele, Zarinsu
havia visto como ele era e o entendeu de maneira quase instantânea. Turles não
era mesmo muito difícil de se ler.
Zarinsu chegou à sala em que Turles conversava com Umai
algumas coisas amenas, um olhava para o outro tentando entender o que sentiam,
afinal de contas, eles não sabiam nada sobre o sentimento que sentiam um pelo
outro.
- Caro saiyajin-kun, Senrosa me autorizou a
levá-lo para a nossa sala especial. Você treinará comigo para conter e
redirecionar sua raiva.
- Que tipo de sala especial é essa? – Perguntou
Turles, curioso.
- Uma sala em que, dentro dela, um dia equivale a
dez anos. Vamos ver quantos dias você me fará ficar lá dentro.
Turles não entendeu muito bem o que significava, e aquilo
ficou claro em suas feições. Umai, vendo aquilo, se surpreendeu. Ela conseguia
ler o parceiro como um livro aberto.
- Turles, o que Zarinsu-sama quis dizer é que
dentro da sala, o tempo passa muito mais lentamente. Um dia aqui fora, e dez
anos se passarão lá dentro.
Com a explicação de Umai, Turles entendeu rapidamente o que
significava. Neste ponto ele era igual a uma criança, precisava de toda a
informação muito mastigadinha. Zarinsu, percebendo isso, entendeu que ele não
conseguiria treinar Turles sem Umai por perto.
- Umai-chan, vou ter de pedir pra você vir
conosco. Você pode aproveitar e se tornar mais forte com isso. Mas você sabe o
que isso vai significar, certo?
Ela sabia muito bem. Se passasse mais tempo com Turles,
muitas coisas poderiam acontecer, o sentimento que ela tinha por ele poderia se
tornar mais intenso, ou se tornar algo incompreensível.
- Sim, entendo, e aceito mesmo assim. Vou te
ajudar com Turles, ele parece me entender melhor.
- Não é que ele te entenda melhor, você é quem
melhor o entende, traduzindo as palavras complicadas deste velho para algo
compreensível por ele.
Ela enrubesceu. “Como assim, eu entendo ele melhor do que
qualquer um? E o que isso significa?” – A mente de Umai estava uma bagunça.
Turles olhava para Umai confuso, pensando algumas coisas similares, mas também
sem entender.
- Posso ajudar vocês a entender o que estão
sentindo dentro de suas mentes e também o que sentem um pelo outro. – Zarinsu
já sabia o que estava acontecendo. Os dois eram inexperientes demais para
entender o que o ritual à moda antiga significava. Claro que Senrosa sabia e
mandou que a garota demônio fizesse o ritual mesmo assim, mesmo que tivesse que
abdicar de sua assistente para isso.
Os dois passaram a olhar um para o outro, confusos, mas
aceitaram a orientação do velho Glind, afinal de contas, ele era mesmo bem mais
experiente do que os dois juntos.
- Quando iremos começar o treinamento? – Perguntou
Turles, ansioso com a possibilidade de se tornar ainda mais forte do que era
agora, de se tornar um ser tão forte quanto Senrosa.
- Amanhã. Vocês estão muito cansados hoje, deu pra perceber que vocês não teriam mente forte o suficiente para começar um treinamento deste calibre, eu falo mental e emocionalmente. Física, vocês estão no auge da juventude... Nada os faria cansar tão rápido.
1 Comentários
Aprender a controlar a fúria pode parecer algo menor para prepotentes.
ResponderExcluirMas ter a consciência que a fúria excessiva e irracional pode levar à derrota e ao caos, é sinal de maturidade.
O saiyajin Turles, em busca do verdadeiro poder, tomou consciência disso.
Vejamos como essa atitude selará o seu destino.
Parabéns!