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Os Quatro Pilares da Casa de Adre - Capítulo 2

 


Planejamento 


Avenida Paulista, meia-noite (horário de Brasília)


   De tanto procurar uns pelos outros na Avenida, os quatro Pilares acabaram se encontrando — para a tristeza de Agnes e Cibelle.  Agora, os quatro discutiam um plano para a missão. 


   — Se a gente não sabe quem são e nem como eles vão atacar, qual é o sentido de fazer um plano? — Dulce perguntou, depois da quinta vez que Cibelle tentou esganar Agnes.


   — É que, diferente de você, Dulce, nós não só deixamos a vida nos levar. — Agnes respondeu


   — Agnes, não tem como fazer um plano pra derrotar o inimigo, se a gente não sabe nem quem é o inimigo. — disse Dulce


   — Pelo contrário. É essencial que tenhamos um plano para descobrir quem é o inimigo e como ele vai atacar, antes que ele ataque.  — Agnes rebateu — Se tem uma coisa que eu aprendi enquanto estava entre eles é que a Itao Ivrei está sempre um passo à frente.  Isso significa que eles estão aqui. Se escondendo no meio dos humanos. Podem até estar ouvindo essa conversa agora mesmo. — Olhou para os lados como se soubesse que havia alguém ali.


   — Uou…Se tinha algum membro da Itao Ivrei ali, você com certeza espantou ele. — disse a Pilar do Caos, intimidada pelo olhar mortal de Agnes


   — Então você está dizendo que não tem como vencer eles… — Cibelle começou


   — … porque eles podem prever todos os nossos movimentos. — Isaac terminou a frase da irmã


   — Exatamente


   — Então por que a gente tá tendo essa conversa? — Dulce perguntou indignada


   — Primeiro, porque não custa nada tentar e, segundo, porque eu acho que nós temos chance. — Agnes respondeu simples


   — Eu realmente nunca pensei que algum dia iria ouvir de você uma frase dessas — o Pilar de guerra disse impressionado — Geralmente você diria que tentar seria “muito doloroso” 


  — Não, tentar não é tão doloroso quanto falar com a sua irmã – falou Agnes


   — O que você disse, desgraçada? — Cibelle gritou, indignada, voando no pescoço de Agnes pela sexta vez naquela noite 


   Cibelle teria arrancado a alma da Pilar da Dor com sua foice, se não tivesse sido segurada pelo irmão. 


★★★★


   Do outro lado da Avenida, Fantasma observava e ouvia a conversa do quarteto. Antes, estava bem mais perto dos Pilares, mas, com o olhar intimidador de Agnes, decidiu ir um pouco mais longe. 


   São um bando de idiotas, pensou, como podem ser esses, os pilares da Casa de Adre? 


   A expressão de desgosto em seu rosto logo mudou para uma de superioridade. Se eram esses idiotas que iriam lutar com eles, essa missão seria mais fácil do que ele esperava. 


   Era isso que ele pensava até que uma faca passou voando bem do seu lado, quase cortando seu rosto. O susto quase fez com que voltasse a ser visível. Olhou na direção de onde a faca tinha vindo e encontrou o olhar intimidador de Agnes, olhando diretamente para ele. 


   — Eu não posso te ver, e nem posso te ouvir, mas eu sei que você está aí. Eu sinto que você está aí! Então saia! — a bruxa gritou em alto e bom som para que toda a Avenida ouvisse, mas, principalmente, para que ele ouvisse. 


   Como? Como ela consegue sentir o meu thia aqui? 


   Fantasma realmente não queria saber a resposta para essa pergunta, apenas queria sair de lá o mais rápido possível. 


   — Dane-se! Não importa se não ouvirmos esse seu planinho idiota, ainda sim, nós vamos vencer vocês! Nós somos muito melhores do que vocês quatro juntos! — gritou, antes de sair 


   — Digo o mesmo, invisível! — Agnes respondeu 


   Eu estava enganado. Esses quatro com certeza não são só um bando de idiotas. 


★★★★


  Agnes se virou de volta para seus companheiros, como se nada tivesse acontecido, não entendendo quando recebeu olhares assustados dos três. 


   — O que aconteceu? — perguntou confusa


   — C…como você descobriu que tinha alguém ali? — Dulce perguntou


   — Ah, foi fácil! Por mais incrível que pareça, é mais fácil detectar uma pessoa pelo thia do que pela visão. 


   — Ok, então, né… — Isaac apenas decidiu ignorar — Agora que você aparentemente se livrou dele, qual é o plano?


   — Bem… Dulce… — Agnes começou, mas logo foi interrompida por ela. 


   — Esquece, só posso ler a mente das pessoas se estiver tocando nelas. E, que eu saiba, eu não posso ficar pegando em todas as pessoas que passarem por mim. 


   Isso acabou com metade do plano de Agnes. A habilidade de ler  mentes de Dulce era incrível, mas se tornava inútil em uma situação como essa. 


   — Bem… se eles são tão poderosos assim, deve dar para sentir o thia deles deles de longe…Né? — Cibelle sugeriu


   — Isso é uma boa opção. — Isaac concordou


   — Vocês acham mesmo que eles são os únicos seres sobrenaturais andando nesse lugar em pleno meio-dia? —  Dulce rebateu


   — É… e eles podem muito bem se clonar pra disfarçar o thia deles. — Agnes acrescentou. 


   — Ah, então é impossível! Essa conversa nem tem sentido! NÃO TEM COMO ACHAR ESSAS PESSOAS NO MEIO DE TODO MUNDO QUE PASSA AQUI DURANTE O DIA!!! — Dulce surtou, chamando a atenção de todos que passavam por ali (umas duas pessoas)


   — Você realmente não sabe ser discreta, né? — Cibelle olhou para ela com desgosto. 


   — Se eu sei ser discreta ou não, isso não é da sua conta! — respondeu, praticamente cuspindo na cara da outra


   — Dá outro grito desses e eu arranco sua alma! — a Pilar da morte apontou a foice para Dulce. 


   — PAREM, VOCÊS DUAS!!! — Isaac, sem paciência nenhuma, interrompeu a briga


   — Ah! É doloroso demais tentar ter uma conversa civilizada com vocês! Esqueçam o plano! — Agnes ia embora, mas a mão de Dulce no seu ombro a conteve 


   — Espera! — A bruxa do caos gritou, chamando a atenção de todos — Eu tenho um plano. É meio arriscado, mas acho que todos vocês sabem que eu não ligo 


   — Dulce, quando se trata da Itao Ivrei é melhor não arriscar muito… — Agnes explicou 


   — Deixa ela falar, Agnes — para a surpresa de todos, a fala veio de Isaac — Talvez pelo menos uma vez na vida a Dulce tenha tido uma ideia boa.


   — Não pode deixar de me diminuir, né Isaac? Enfim, o meu plano é basicamente algum de nós lançar um “vassae le mate” pra achar ele e, quando eles estiverem a uma distância segura de nós, outra pessoa vai e cancela o feitiço. — disse sorrindo como se tivesse tido a ideia do século 


   Os outros bruxos pensaram seriamente na ideia. Até que não era uma ideia tão ruim, apesar de ter vindo de Dulce. Mas precisaria de uma sincronia incrivelmente perfeita entre os dois bruxos que fariam os feitiços. Apesar de ser extremamente arriscado, os três concordaram


   — Ok, Dulce. A Cibelle e eu vamos fazer isso. — Isaac concordou, deixando Dulce super feliz por terem aceitado sua ideia. — Mas quando nós vamos lançar o feitiço?


   — Agora! — A primeira Pilar respondeu imediatamente — Nesse instante! 


— Sério? Agora? Do nada? — questionou o quarto Pilar.


— Sim, agora. — Dulce confirmou 


— O..ok, então. — Os dois irmãos se posicionaram para lançar o feitiço. — Quem começa? 


— Primeiro os mais velhos — Cibelle decidiu


— Ok… vassae le matte, suitosenjuso, angeaviall… Vassae le matte! 

   Uma onda de thia percorreu toda a região, buscando os enviados da Itao Ivrei, assim como Isaac queria, e logo ela trouxe resultados. Logo, eles puderam ver três pessoas sendo arrastadas por uma forte ventania até eles. E, quando os três chegaram próximos o suficiente para que os pilares vissem seus rostos, pelo menos por alguns segundos, Cibelle entrou em ação: 


   — Canedle! — E assim, o feitiço de Isac foi cancelado, fazendo com que os três caíssem no chão, a apenas alguns metros de distância deles. 


   — Griadne-Fechere! — Dulce criou uma barreira em volta dos terroristas, para que não fugissem — Pronto! agora só temos que prendê-los e eles vão passar o resto da vida na peniten…


   Antes mesmo que a bruxa pudesse terminar a frase, houve um estrondo alto vindo da barreira e, assim que Dulce olhou novamente, não havia mais nada, tanto a barreira quanto os terroristas dentro dela, haviam desaparecido, como se nunca tivessem estado lá antes. 


   — Mas que merda acabou de acontecer aqui? — Isaac perguntou indignado

 

   — E você acha que eu sei? — Dulce retrucou 


   — Como eles conseguiram desaparecer daquele jeito dentro da barreira? — Agnes questionou, pela primeira vez, perdida na situação


   — Se você, que passou seis meses infiltrada na Itao Ivrei não sabe, imagine a gente — Cibelle respondeu — Acho que a gente vai ter que esperar até meio-dia pra prender eles, mesmo. — Concluiu e todos os outros pilares concordaram. 


   — Bem, pelo menos a gente já sabe como eles são… — Dulce tentou ver o lado bom 


   — É, isso se aqueles forem mesmo os rostos deles, né… — Isaac disse


   — Não acaba com a minha felicidade, Isaac! — a pilar do Caos brigou


   — Bem… Independente de serem os rostos deles ou não, vamos ter que esperar até amanhã para descobrir. — Agnes encerrou o assunto 


   Então, eles foram dormir, ali mesmo, sentados num banco da calçada, se revezando em turnos de vigia para garantir que os terroristas não os atacassem durante a noite. 


   Os quatro tinham a certeza de que o dia seguinte seria muito cheio. 


CONTINUA…  

3 Comentários

  1. Prezada Ju!

    Parabéns pelo retorno ao blog !

    Esse segundo capítulo, aprofundou o que foi descrito no primeiro.

    Os 4 Pilares da Casa de Adre se odeiam com todas as forças e isso atrapalha suas ações.

    Esse conflito de personalidades tão diferentes entre si é a tônica da narrativa e promete trazer muitos momentos de tensão.

    Como você solucionará isso é o que veremos nos próximos capítulos.

    Parabéns!

    Excelente texto!

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  2. Ju, esse capítulo 2 ficou incrível! A forma como você equilibra diálogos cheios de ironia e provocações entre os Pilares com a tensão real da missão me prendeu do início ao fim. Gostei muito de como a Agnes brilhou nesse capítulo, mostrando inteligência e percepção acima do comum — a cena em que ela sente a presença do Fantasma foi poderosa e trouxe aquele ar de mistério e perigo imediato.

    A Dulce também foi um destaque à parte, com seu jeito explosivo e caótico que acaba levando a história para frente de uma maneira divertida, mas ao mesmo tempo estratégica. O plano dela, mesmo arriscado, foi uma sacada muito boa para movimentar a trama e provar que até a mais impulsiva do grupo tem seus momentos de genialidade.

    Uma sugestão de ideia que poderia render muito seria explorar melhor os “rostos falsos” dos inimigos. Talvez em capítulos futuros, os Pilares descubram que os rostos vistos durante o feitiço eram ilusões criadas justamente para confundi-los — o que poderia levar a um jogo de manipulação psicológica ainda mais intenso. Isso acrescentaria uma camada extra de desconfiança, tanto em relação aos inimigos quanto até entre eles mesmos.

    Parabéns, Ju! O universo está ficando cada vez mais envolvente e estou animado para ver como os próximos capítulos vão lidar com esse suspense crescente.

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  3. O texto segue muito agradável de se ler.
    A interação entre os personagens é o ponto alto sem dúvidas mas conseguiu me deixar vem curioso quanto aos vilões e seus planos.
    Parabéns

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