Loading....

Os Notáveis Batarangers - Missão #1 - Operação Morro do Morcego

 



Fala, pessoal! Essa é uma reimaginação de "Força Especial Bataranger", mas que não mudará a essência da obra original. Leiam e deixem o feedback nos comentários. 




Missão #1 – Operação Morro do Morcego




Rio de Janeiro, 2030



Um homem corria pelas ruas desertas do Centro do Rio, carregando um embrulho contra o peito. O brilho dos letreiros refletia nas poças da madrugada, e o som apressado de seus passos ecoava pelos becos vazios. Em tempos em que humanos comuns e geneticamente modificados conviviam em relativa harmonia, ainda existiam aqueles que desafiavam a ordem. E era para contê-los que existia a Força Especial Bataranger.

O suspeito parou bruscamente ao ver uma viatura bloqueando seu caminho. Quatro jovens saíram do veículo — dois rapazes e duas garotas, por volta dos 20 anos —, todos com olhar determinado.

- Parado! — ordenou uma das jovens, que tinha traços orientais.

O homem hesitou, tentou fugir, mas foi atingido por um golpe rápido e certeiro que o lançou a vários metros. A força do ataque denunciava a origem da policial: uma humana modificada! O suspeito ainda tentou se levantar e correr, mas um dos rapazes, que era negro e ágil como um raio, o alcançou em segundos.

O fugitivo se debateu, escapou novamente, e logo foi envolto por uma luz intensa que o cegou. Outro dos jovens, que era loiro, havia emitido a claridade com as próprias mãos. Quando o homem pensou que seria finalmente detido, um grito ensurdecedor o derrubou no chão. A voz vinha da outra jovem, que era loira, cuja habilidade podia romper a barreira do som.

Imobilizado, o suspeito foi algemado pela policial oriental, que comunicou pelo rádio:

- Cadete Aline Hashimoto para a BataBase. O elemento foi detido.

O ambiente subitamente se desfez. As ruas, os prédios e as luzes desapareceram, revelando as paredes brancas do Centro de Treinamento e Simulação de Batalha, chamado de SimuDeck. O suspeito na verdade era um estagiário, que estava sendo levado ao Centro Médico, enquanto uma mulher morena e de altura mediana – de mais ou menos 35 anos, usando jaleco e óculos de grau – se aproximava, sorrindo.

- Excelente desempenho, cadetes. O progresso de vocês é notável. — elogiou Dra. Angélica Gomes, chefe da Divisão de Ciência & Tecnologia, registrando tudo em seu tablet. — Treinamento encerrado.

Apesar dos elogios, os jovens trocavam olhares de impaciência. Aline Hashimoto, a oriental, foi a primeira a falar:

- Doutora, com todo respeito, estamos prontos para o campo. Não podemos ficar só em simulações.

- Concordo com a Aline. – disse a cadete loira, Jéssica Nascimento – Treinar é importante, mas queremos ir a campo ajudar.

- Isso depende do comandante, não de mim — respondeu Angélica, ainda sorrindo. — O comandante Lopes decide quando irão a campo. Por hoje, estão dispensados!

Os cadetes assentiram, prestaram continência e se retiraram, mas o descontentamento era evidente.


Sala do Comandante


Angélica entrou na sala do Comandante Roberto Lopes, levando o relatório do treinamento. O homem alto e moreno – por volta dos cinquenta anos – a ouviu em silêncio, até que ela mencionou o pedido dos cadetes.

- Eles estão ansiosos — disse ela. — Acreditam que já estão prontos.

- E talvez estejam — respondeu o comandante. — Mas ainda não sabemos o tamanho da ameaça que se aproxima.

- O senhor fala desse perigo há meses... que ameaça é essa?

- Algo que pode destruir o equilíbrio entre humanos e HMs — murmurou Lopes. — E quero que esses jovens estejam prontos quando o caos começar.


Corredores da BataBase


Os quatro cadetes caminhavam pelos corredores, discutindo o último treinamento. Jéssica reclamava:

- Aline, você não devia ter questionado a doutora. Agora é que não vão nos deixar sair daqui.

- Mas você concordou comigo. — rebateu Aline.

- É verdade, mas a doutora deve pensar que você foi um tanto petulante.

- Não fui petulante. Só... externei algo que todos devem está sentindo.

Jefferson, irmão gêmeo de Jéssica, disse:

- Aline tem razão, irmã. A gente precisa ir para a rua, senão a gente enlouquece aqui na base.

- E quem é você pra concordar com ela, Jeff? — provocou Jéssica. — Eu sou a sua irmã mais velha!

- Por alguns minutos, Jéssica. — respondeu ele, rindo – Esqueceu que somos gêmeos?

Mateus Souza, o velocista, suspirou:

- Vocês brigam como se tivessem tempo pra isso...

Logo, um soldado da Divisão Tática se aproximou deles, armado e preparado. Era Tarso Monteiro, antigo companheiro deles de academia, prestes a sair para uma missão.

- Indo pra operação, Tarso? — perguntou Aline.

- Sim. Vamos tentar pegar o Morcegão no Morro do Morcego outra vez. — respondeu ele, ajustando o fuzil.

- Cuidado lá, viu, cara? — disse Jefferson.

Tarso acenou e desapareceu no corredor.

Minutos depois, a voz de Angélica ecoou pelos alto-falantes:

- Cadetes Hashimoto, Jéssica e Jefferson Nascimento e Souza, apresentem-se à sala do comandante.

Os quatro se entreolharam, perguntando-se o que fizeram de errado para terem sidos chamados.


Sala do Comandante


O comandante os aguardava, imponente.

- Fui informado de que estão impacientes. — começou ele. — Pois bem, terão sua oportunidade. Hoje, vão a campo.

O brilho nos olhos dos cadetes foi imediato.

- Qual será nossa missão, senhor? — perguntou Jéssica.

- Ronda no Centro. – respondeu o comandante – Considerem isto um teste.


Centro do Rio – fim de tarde


O sol se escondia entre os prédios quando os quatro cadetes patrulhavam as ruas.

- Ronda? — resmungou Jéssica. — Tudo isso pra fazer o trabalho de guarda de trânsito? Com todo o respeito aos guardas de trânsito, claro.

- O comandante deve ter um motivo, Jéssica. — respondeu Aline – Pelo menos, eu acho.

Um grito interrompeu a conversa. Um policial vinha correndo atrás de um ladrão, um rapaz branco que carregava duas sacolas de mercado.

- Ele é rápido demais! — gritou o agente, ofegante.

Mateus sorriu marotamente e disse:

 - Não tão rápido quanto eu.

Em segundos, o cadete alcançou o suspeito e o imobilizou. Logo, os outros chegaram.

- Boa, Mateus! — elogiou Jefferson.

O rapaz preso, irritado, zombou:

- Como fez isso? Você é um policial HM, não é?

- Não interessa — respondeu Mateus — Fique quieto.

Aline pegou as algemas, mas o suspeito reagiu, usando Mateus como escudo. Em seguida, soltou o cadete e fugiu com uma velocidade anormal.

- Ele copiou a minha habilidade! — exclamou Mateus.

Aline viu uma moto que estava passando, mostrou o distintivo para o piloto do veículo e bradou:

- Força Especial Bataranger! Preciso do veículo para deter um elemento. Quando concluir, devolverei a moto.

O piloto não pensou duas vezes e apeou da moto. Aline montou nela e acelerou atrás do fugitivo.

Ela o alcançou poucas quadras adiante, quando ele já diminuía o ritmo.

- Parece que sua habilidade é temporária. — disse Aline, descendo da moto. — Você é um HM, afinal.

- Sou. Mas só uso o que tenho pra cuidar da minha mãe — respondeu o rapaz. — Não roubo por prazer.

- E isso justifica?

- Você não entende. Minha mãe está doente. Eu só quero que ela viva.

- Todos têm feridas, meu caro. — disse Aline, após um breve silêncio. — Mas as nossas escolhas definem quem somos. Aliás, qual é o seu nome?

- Cristiano, mas minha mãe me chama de Cris.

- Sou Aline Hashimoto, cadete da Força Especial Bataranger. A missão da nossa força é deter HMs que perturbam a ordem, como você.

Enquanto conversavam, Aline discretamente o algemava.

- Muito esperta... — murmurou ele, ao perceber. — Tocou em mim. Agora eu sei qual é a sua habilidade.

Cristiano a atacou com um golpe poderoso, arremessando-a contra o asfalto. As algemas se romperam, e ele desapareceu pelas ruas.

Os outros cadetes chegaram e a ajudaram a se levantar.

- Ele roubou minha habilidade também! — explicou Aline, ofegante. — Se tocar em vocês, fará o mesmo.

- E vamos deixá-lo escapar? — protestou Mateus.

- É o jeito. Precisamos recuar.


BataBase – Sala do Comandante


De volta à base, o comandante contemplava os cadetes com um semblante sério e reprovador.

- Como deixaram o suspeito fugir? Vocês estavam em vantagem numérica!

- Foi falha minha, senhor — disse Aline, erguendo o braço — Assumo toda a responsabilidade.

- Ninguém é perfeito, cadete Hashimoto. Aprendam com o erro. — respondeu Lopes, mais calmo. — Dispensados.

Após a saída dos cadetes, Angélica, que também estava na sala, comentou:

- Pegou leve demais com eles, senhor. Como eu esperava.

- Eles precisam aprender com os erros. — respondeu o comandante. — Mas esse “ladrão de poderes” que eles relataram... tem algo familiar.

Antes que pudessem discutir mais, o tablet da cientista apitou. A imagem da assistente de Angélica, Talita Flores, apareceu, ofegante:

— Doutora, S.O.S. do Morro do Morcego! A Divisão Tática está pedindo reforços!

Angélica olhou para o comandante, tensa.

— É o caos que o senhor previu?

— Talvez. — disse ele — Mas é chegada a hora dos cadetes. Chame-os aqui imediatamente, doutora.


Morro do Morcego


A noite caía sobre o morro, e a Divisão Tática enfrentava criaturas vampíricas lideradas por um homem conhecido como Morcegão. Tarso Monteiro avançava entre becos, atento a cada som. Ele estava completamente sozinho ali, já que toda a equipe que veio com ele, incluindo o capitão, desaparecera. O ar era pesado, e o silêncio repentino o fez travar o gatilho.

Um vulto o atacou com força brutal. Tarso rolou no chão e levantou o fuzil. Diante dele, uma figura imensa exibia caninos proeminentes.

- Você é o Morcegão? – perguntou Tarso.

- Sou eu mesmo. — respondeu a figura, com voz rouca. — E tu vai pagar por invadir meu morro.

Tarso disparou, mas as balas não surtiram efeito. O inimigo o lançou contra a parede. Quando o golpe final parecia certo, uma pancada violenta atingiu o vampiro, arremessando-o para longe.

Um rapaz surgiu à frente. O mesmo rapaz que atacou os cadetes uma hora antes.

- Foi você? — perguntou Tarso, surpreso.

- Sim. Toquei numa pedra e ganhei alguma força nas mãos. — respondeu o jovem. — Mas o efeito não dura muito.

- Obrigado, cara. Meu nome é Tarso.

- Cristiano, mas pode me chamar de Cris. Eu moro aqui perto e quando te vi sendo atacado, não pude ficar parado.

Tarso tentou se erguer, mas estava ferido.

- Precisamos sair daqui. A tropa inteira foi abatida. — disse, ofegante.

- Deixa que eu te ajudo. – disse Cris.

Ele ergueu Tarso e o ajudou a caminhar. Os dois desapareceram entre os becos, deixando para trás o vampiro caído.


BataBase – Sala do Comandante


O alerta soava por toda a base quando os cadetes chegaram. Angélica carregava uma pequena caixa prateada.

- Cadetes, a emergência no morro exige nossa ação imediata. — disse o comandante. — Está na hora de revelarmos o verdadeiro propósito do treinamento. Dra. Gomes, por gentileza.

A cientista abriu a caixa, mostrando quatro dispositivos prateados.

- Estes são os BataMorphers. Com eles, ativarão seus uniformes de combate e armamento especializado.

Os jovens se entreolharam, impressionados.

- Então era pra isso tudo. — murmurou Aline.

- Exatamente, Aline. — respondeu Angélica. — Toquem no botão superior, por gentileza.

Uma luz intensa envolveu os quatro. Quando o brilho cessou, usavam uniformes de combate com as cores rosa para Aline, azul para Jefferson, verde para Mateus e amarelo para Jéssica.

- A partir de agora, — declarou o comandante — vocês serão conhecidos como os Batarangers. Vão até o Morro do Morcego imediatamente.

Os quatro prestaram continência.

— Sim, senhor!

Na garagem que ficava no subsolo da base, Angélica apresentou as motos especiais.

— As BataCicletas. — anunciou — São rápidas, potentes e equipadas com armas de energia.

— Quase tão rápidas quanto eu? — provocou Mateus.

— Quase. — respondeu a cientista, sorrindo.

Eles subiram nas motos e partiram em direção ao Morro do Morcego, prontos para encarar o primeiro grande desafio de suas vidas.


Morro do Morcego


O morro estava mergulhado na penumbra. Cris, carregando Tarso nos ombros, conhecia cada viela e cada curva como a palma da própria mão. As luzes fracas dos postes mal iluminavam o caminho, e apenas um morador experiente conseguiria se orientar ali.

- Estamos quase chegando ao pé do morro. — murmurou Cris, ofegante.

Tarso tentou sorrir em agradecimento, mas o corpo mal respondia. A surra que levara do chefe local o deixara à beira da morte. Se não fosse por Cris, seria apenas mais um vampiro perdido na noite carioca.

Subitamente, vultos começaram a surgir entre as sombras. Mesmo com a iluminação precária, deu para ver: eram vampiros — alguns ainda usando fardas da DT. Tarso reconheceu antigos companheiros, agora transformados.

- Estamos cercados! — disse Cris. — Pena não ter uma pedra pra tocar...

- Pena não ter alho, crucifixo, água benta... — retrucou Tarso com ironia. — Mas esses não são os vampiros de filme. Ainda estão vivos, só... sedentos.

Os caninos dos atacantes brilharam por um instante. Um som de motores ecoou no alto do morro. Quatro motos desceram a ladeira, lançando feixes de luz que cortaram a escuridão. Os raios vindos das motos atingiram os vampiros, que caíram ao chão, atordoados.

Cris e Tarso observaram, atônitos, enquanto os pilotos das motos — uniformes coloridos, emblemas da F.E.B. — cercavam-nos. A de uniforme rosa gritou:

- Subam nas motos! Depressa!

Cris subiu na garupa da moto azul; Tarso, na rosa. As motos aceleraram até o pé do morro, enquanto as outras duas — verde e amarela — davam cobertura, disparando lasers para conter os perseguidores.

Quando finalmente alcançaram o asfalto, os Batarangers desligaram as motos. Tarso mal conseguia se equilibrar.

- Obrigado, pessoal. Não sei quem são, mas vejo que são da F.E.B.— disse ele, tentando manter a compostura. – Preciso avisar a base...

- Não se preocupe, Tarso. Cuidaremos disso. — respondeu a piloto de rosa, retirando o capacete.

Tarso arregalou os olhos ao reconhecer os rostos dos colegas de academia.

- Vocês?! Como... que uniformes são esses?

- O comandante e a doutora nos deram. — explicou Jéssica. — Ainda estamos tentando entender.

O grupo trocou sorrisos, mas o clima mudou quando Aline encarou Cris.

- Olha só quem está aqui... o ladrãozinho de hoje cedo!

- Moro aqui, se quer saber. E se não fosse eu, teu amigo estaria morto. — retrucou Cris.

Tarso confirmou com a cabeça e disse:

 - É verdade. Ele me salvou.

Aline, contudo, não parecia convencida.

- Mesmo assim, continua sendo ladrão.

Cris abaixou o olhar e disse:

- Faço isso pra ajudar minha mãe, já disse antes.

- E ainda assim é crime. — retrucou Aline, fria.

Jefferson interveio e disse:

- Gente, continuem depois. Temos que levar o Tarso pro Centro Médico antes que os vampiros voltem.

O grupo se preparava para partir, mas, quando Cris tentou se afastar, seu corpo foi sacudido por um forte choque. Caiu no chão, imóvel.

- Achou que ia escapar, malandro? — disse Aline, mostrando um pequeno dispositivo. — Coloquei um paralisador elétrico em você.

- Aline, onde você arrumou isso? – perguntou Jéssica.

- Ganhei da doutora. Ela pediu para eu ser a primeira a testá-lo.

- E eu nunca ganho essas coisas...

Os Batarangers partiram levando Tarso ferido e Cris inconsciente.

A primeira missão estava cumprida...

5 Comentários

  1. Uma espécie de "prólogo", mostrando um pouco da origem dos BataRangers. Interessante.

    ResponderExcluir
  2. É sempre bom ver os Batarangers de volta

    Essa releitura em relação a obta original tem tudo para melhorar ainda mais o que ja era excelente.

    Eu percebi as mudanças

    Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. É sempre bom ver os Batarangers de volta

    Essa releitura em relação a obta original tem tudo para melhorar ainda mais o que ja era excelente.

    Eu percebi as mudanças

    Parabéns!

    ResponderExcluir