Jiraiya - Nova Geração #4 Laços.

Bom momento Tokuleitores!
Mais um capítulo narrando as aventuras das filhas de Toha Yamashi!
E hoje veremos Tomoko e Sakura diante de uma situação que será crucial para o relacionamento de ambas.
Mas, vamos lá! Sem mais delongas...

Boa leitura!

Jiraiya

Nova Geração #4

laços.

A surpresa foi geral.

- Eu entendo... – ia dizendo Hananin Agnes e deixando sua filha e seu marido tão sem palavras quanto Tomoko. – E aceito.

Pego de surpresa Toha nem lembrou de tirar o papel do bolso, onde ele listara os vários argumentos que pretendia usar para convencer sua esposa de que eles deveriam dar abrigo à filha recém descoberta.

- Claro que tenho ciúmes de Reiha, assim como toda esposa tem de qualquer ex de seu marido, mas eu jamais, jamais cogitaria dar as costas para uma garota que, apesar de tudo o que sofreu, ainda se arriscou para nos salvar...

Ela se levantou, caminhou até onde estava Tomoko e tomou a garota num longo e terno abraço, seguido por Sakura que se uniu às duas, deixando um desconsertado Toha totalmente sem ação.

Agnes estendeu uma mão para o marido e de repente todos estavam juntos, olhos molhados, corações parecendo bater em uníssono, permanecendo em silêncio, absortos em pensamentos.

- Bem vinda à família Tomoko.

Só então lenta e carinhosamente eles se desvencilharam e deram alguns passos para trás.

- Bem... – Toha parou de falar, tentando conter a pontada de dor que vinha de seu ferimento, continuando com um imenso e falso sorriso de “está tudo bem” para sua esposa, que o observava atentamente. – Não sabemos exatamente quem são os inimigos e de onde virão os ataques... Por isso precisamos nos preparar para tudo... Então sabem que horas são?

- Hora do treino!

Tomoko arregalou de leve seus olhos, numa surpresa silenciosa ao ver mãe e filha falando a mesma frase juntas, como se fossem uma só pessoa.

- Vem Tomoko! – Sakura agarrou a irmã pelo braço, levando-a rapidamente na direção da sala de treinamento mais próxima. – Você vai adorar isso!

- Já estamos indo! – Agnes agarrou o braço de seu marido, causando um espasmo de dor involuntário. – Hoje a noite você e eu vamos conversar.

Toha engoliu em seco.

A hora finalmente chegara.

XXX

Tudo era escuridão, mas de repente uma dor aguda espocou de sua têmpora esquerda, forçando Ryu Asuka a abrir seus olhos, fechando-os logo em seguida quando uma luz branca o cegou.

Sua boca se abriu, o sabor de algo amargo tomando-a e impedindo que ele mal conseguisse balbuciar alguma palavra que fizesse sentido e logo ele precisou cuspir sangue, após outro golpe dado contra seu rosto.

- Pronto para falar?

O homem que, quando devidamente trajado, atendia pelo nome de Yanin Spiker, tentou cuspir sangue contra o local de onde a voz viera, mas apenas acabou atingindo a si mesmo, ficando com uma mancha de saliva e sangue escorrendo do rosto.

Uma risada sonora, gutural, fez os ouvidos do ninja chegarem a arder e ressoar como se tivessem disparando uma alta buzina do lado de sua cabeça.

- Eu adoro isso! Sempre que você acorda das nossas sessões, eu consigo te convencer de que você tem mesmo informações úteis... Seu tolo!

Agora a dor vinha de seu abdômen, quando algo pontudo e cortante entrava em sua carne, não o suficiente para matar, é claro, mas causando uma agonia sem precedentes.

E então ele desmaiou.

Após um tempo que Spiker não poderia precisar, sua consciência voltou, mas ele se lembrou da tortura e abriu os olhos somente quando seus outros sentidos indicaram que ele estava sozinho e, claro, após soltar uma das mãos, que estavam presas à maca por grossas correias de couro e metal.

Poucos segundos depois de despertar ele já estava fora do cativeiro, andando por corredores repletos de portas de metal, único indício de algo novo, uma vez que as paredes tinham a tinta desgastada e  estavam repletas de limo, teias de aranha e, claro, alguns ratos roendo o que ele torcia para que fossem ossos de algum animal.

Ele testou algumas maçanetas da forma mais silenciosa que pôde e após mais de dez tentativas sua insistência foi recompensada.

Spike acabara de achar a sala de comunicações.

Ele se sentou, acionou o que lembrava um painel de rádio amador, mas antes de tentar sintonizar, ele deteve sua mão.

Parecia fácil demais.

Spiker mal escutou o som de alguém se aproximando e, ao se virar, um bastão Bo acertou-lhe no queixo. Antes de o pobre ninja mergulhar nas profundezas da inconsciência, só conseguiu divisar um rosto coberto totalmente por uma máscara branca, com um visor preto.

Ele ouviu vozes que iam se distanciando.

- Você não o deixou alcançar o comunicador Deshi?

- O vi hesitando Killer... Pelo visto o Mestre da Dor vai ter que trabalhar em mais algumas sessões até o desespero desse chegar ao ponto correto...

Depois escuridão.

Novamente, sem noção de quanto tempo ficou apagado e com o corpo inteiro reclamando de dores em locais que ele nem sequer sabia que era possível sentir dor, Spiker se levantou, agarrando o guarda que, distraído com um aparelho celular, foi uma vitima fácil para seu ataque.

A roupa do guarda cobria-lhe todo o corpo e, por sorte do ninja, coube perfeitamente. Assim ele saiu até o corredor, procurando por uma saída, ignorando completamente a sala de comunicações.

Ele decidira que, antes de pedir ajuda, precisava descobrir tudo o que podia a respeito de onde estava sendo mantido preso.

Sentindo o suor empapar a roupa, por causa do nervosismo e do esforço de tentar caminhar normalmente, após as últimas sessões de tortura, Spiker conseguiu seguir seu caminho, trocando rápidos cumprimentos com outros agentes vestidos como ele, procurando desesperadamente algum caminho que o levasse para fora do prédio.

Quando se viu sozinho ele se apoiou em uma parede próxima, procurando retomar o controle do corpo, que literalmente implorava por desabar e descansar, mas precisou se empertigar quando uma porta próxima se abriu.

Seus olhos se arregalaram por detrás do visor escuro, quando reconheceu luz do sol do outro lado da porta, que ele educadamente segurou para quem estava entrando para, logo depois, ele mesmo sair de forma apressada, assim que olhara para os lados e não viu mais ninguém próximo.

Spiker deu graças pelo visor que se ajustou à repentina luz, quando ele finalmente alcançou o lado de fora do prédio, que lembrava uma instalação militar, mas incrustrada num paredão de rochas.

Só então ele puxou o celular e, tentando ainda se manter em silêncio e sem estragar seu disfarce, enquanto procurava por alguma rota de fuga, sussurrou um pedido desesperado de socorro, devidamente enviado para Reiha.

Assim que baixou o aparelho e respirou fundo para recuperar as forças o suficiente, pretendendo voltar para dentro da base e vasculha-la melhor, sentiu uma dor profunda vinda de seu flanco direito.

Spiker voltou seu olhar para o local de onde vinha a dor.

A lâmina de uma espada parecia brotar de seu corpo e, antes que ele tivesse a chance de esboçar uma reação, ele foi dominado por vários agentes, tendo sua máscara removida.

Um homem trajando um uniforme diferente dos demais, com uma máscara branca de demônio, cujos imensos chifres vermelhos se projetavam para o alto, se aproximou até ficar a centímetros de distância do rosto do ninja.

- Finalmente... Achei que você nunca enviaria a isca.

O desespero se abateu sobre Yanin Spiker, quando a compreensão do que o outro havia falado atingiu seu cérebro entorpecido.

Ele não pode impedir quando o mascarado afastou sua cabeça e avançou, fazendo-o desmaiar após ter seu nariz quebrado numa explosão de sangue.

XXX

- Como assim mãe? Vocês vão viajar agora? Justo agora?

Hananin Sakura fazia as perguntas que passavam pela cabeça de Tomoko, que permanecia um pouco afastada da família que acabara de lhe estender acolhimento.

Obviamente ela ainda não se sentia parte, mas percebeu os olhos vermelhos de quem havia chorado a pouco tempo em Agnes, conforme ela explicava os motivos da viagem repentina à sua meia irmã.

- Estamos enfrentando um inimigo desconhecido, somos só nós e... – uma pausa estranha, uma troca de olhares mais entranha entre o casal e ela continuou. - Precisamos de tempo para nos acostumar a lutar um ao lado do outro, por isso precisamos de aliados... Então decidimos ir até a sede da nova Ordem Mundial Ninja, conversar com nossos amigos e conseguir mais ajuda.

- Mãe, tá tudo bem? Vocês estão muito estranhos...

Os pais trocaram um rápido olhar, cheio de significados que cabiam só a eles, então se adiantaram e, como faziam a anos, deram juntos um abraço em Sakura, um abraço que dizia “está tudo bem!”.

Aquilo dava certo até seus dez anos, mas Sakura conteve transformar em palavras o que passava por sua cabeça.

Eles então se voltaram para Tomoko, que gesticulou de seu jeito sério.

“Façam uma... Boa viagem.”

Toha se aproximou, lutando contra as lágrimas que ardiam por detrás de seus olhos e, antes que ele perdesse aquela batalha, deu um longo e carinhoso abraço na nova filha.

Logo Agnes e Sakura fizeram o mesmo.

Lentamente e com muitas ressalvas, Tomoko acabou erguendo os braços e retribuindo o gesto de carinho.

- Então... – quando se viram sozinhas, Sakura se voltou para a irmã mais velha. – Que tal um treino?

A resposta da outra foi um imenso sorriso.

XXX

No corredor dezenas de homens jaziam caídos, em seus corpos ferimentos não mortais, mas que deixariam marcas por muito, muito tempo.

Ele ainda estava sentado diante de um imenso terminal de dados, transferindo tudo o que podia para um drive holográfico, cuja imagem de avanço de dados brilhava a alguns centímetros de distância de seu pulso esquerdo.

- Eu não disse? – um segurança chegava, acompanhado de outros quinze homens. – Eu falei que a gente devia ter melhorado a segurança depois de ter achado o Kira no topo do prédio aqui perto... Pelo menos vamos fazer bonito com a chefia quando levarmos esse desgraçado prá ela... – ele empunhou um cassetete que emitiu um chiado elétrico ao ser acionado. - Não inteiro é claro...

Logo a pequena sala foi inundada pelo crepitar da eletricidade, quando todos seguiram o exemplo de seu chefe.

Aparentando calma plena, o homem de traje negro esperou os poucos segundos que restavam para finalizar o download, para só então se erguer, ficar de frente para os recém chegados, fechar os punhos e se preparar para o combate.

XXX

Sakura e Tomoko estavam na cozinha da casa onde haviam se hospedado, ambas suadas e com latas de refrigerantes geladas sendo passadas pela fronte e também por partes do corpo que haviam ficado doloridas em decorrência do entusiasmo do treino mais recente.

Foi quando o toque de um celular chamou a atenção das duas e, após uma rápida busca perceberam se tratar do aparelho de Reiha, que ainda permanecia em coma.

Tomoko viu a mensagem de número desconhecido piscando, deslizou o ícone de aceite de chamada, levou o aparelho ao ouvido, ficando com os olhos marejados conforme a voz do homem que ajudara a criá-la, cheia de dor, pedia por ajuda.

A ligação foi interrompida, deixando Tomoko extremamente agitada, mal conseguindo explicar a situação para sua irmã que, só depois de muito custo finalmente entendera seus gestos.

Sem dizer nada Sakura saiu da cozinha, deixando Tomoko com a mente fervilhando, planos sendo construídos e descartados até finalmente se decidir e, assim que se voltou para a porta, uma imensa sacola de viagem foi jogada em sua direção.

Lá dentro o uniforme tático que ela usara ao salvar seu pai.

- O que foi? – Hananin Sakura estava com seu traje completo. – Achou mesmo que você ia sozinha nessa missão de resgate?

Nada mais precisava ser dito.

Continua.