Jiraiya Nova Geração #5 Quando chega a hora.

Olá Tokuleitores!
E chega um capítulo extremamente importante para a série.
Com uma boa dose de ação e drama, acredito que pode se tornar um dos favoritos entre os leitores...
Portanto, sem mais...
Boa leitura!

Jiraiya

Nova Geração #5

Quando chega a hora.

Nos arredores de Tóquio, numa área florestal de difícil acesso, uma pequena base fora erguida, com o único objetivo de prender e torturar todo e qualquer inimigo que viesse a surgir.

Distopia. Era como os agentes contratados foram informados ser o nome da organização cujos objetivos reais só eram informados àqueles de mais alta patente, no caso guerreiros como Ninja Killer e Deshi, que nas últimas semanas estavam quase sempre presentes, cuidando do único prisioneiro no momento.

- São quantos? – escondidas no topo de uma árvore próxima da base, Sakura se voltava para Tomoko que, por meio de sinais indicou cerca de trinta pessoas. – Acha que a gente dá conta?

As duas garotas estavam devidamente trajadas, Sakura tinha o rosto todo coberto, mas a voz denunciava seu nervosismo, quanto a máscara de Tomoko deixava seus olhos à vista e com eles ela deixou claro que sorria.

Sim, elas dariam conta.

Usando a copa das árvores como esconderijo elas avançaram, pulando de galho em galho. Sakura se divertia, dando mortais e fazendo todo tipo de manobra aprendida durante uma fase de parkour.

Já Tomoko seguia concentrada, nenhum movimento era desperdiçado, ela se mantinha com o objetivo de salvar aquele que fora um pai para ela durante toda a sua vida.

- E agora? - a kunoichi mais jovem sussurrava para sua irmã, algo que Tomoko estranhava, pois como sua mãe já havia se acostumado com o silêncio dela, as duas agiam sempre sem trocar palavras. - Como a gente... Ah... Entendi.

Com acenos rápidos das mãos o plano da invasão se revelou, Tomoko já havia identificado um padrão das equipes de vigilância, destacando uma janela de poucos minutos para agirem, alcançando a área que as separava de uma das entradas do prédio e assim que a irmã entendeu, a silenciosa Kunoichi deixou claro que, a partir dali, ambas deveriam evitar barulhos e, principalmente, conversas.

A máscara escondia o rosto emburrado de Hananin Sakura, mas ela acenou positivamente com a cabeça, os cabelos vermelhos da peruca que usava para disfarçar sua identidade se agitando levemente.

Tomoko ergueu três dedos e foi baixando-os lentamente e, quando seu punho se fechou, elas saltaram de seu esconderijo, pousando com graça e silêncio diante de uma porta.

Sakura se adiantou, estendeu um pequeno fio e o plugou ao lado do controle da porta.

“Você sabe o que está fazendo?”

- Ainda tô pegando o jeito de ler essa linguagem de sinais, mas ou você tá me perguntando o que eu acho de Zaruto, o neto do Naruto, ou se eu sei o que tô fazendo, mas enfim... - ela suspendeu o que dizia para deixar mais dramático a porta metálica deslizando para o lado. - As irmãs mais velhas entram primeiro.

Logo as duas se viram em um longo corredor, se sobressaltando quando a porta fechou, Sakura ergueu a máscara para mover os lábios dizendo que fez aquilo para evitar que os vigias percebessem a invasão.

Tomoko assentiu e então as duas seguiram para a direita, pensando na melhor maneira de localizar Spike.

XXX

- Posso contar com a ajuda de vocês?

Toha e Agnes estavam num amplo salão, sentados em confortáveis poltronas, tinham acabado de expor a situação pela qual passavam, todos os detalhes, deixando perplexas as pessoas diante deles.

O conselho do novo Império dos Ninjas.

- Não tem jeito mesmo meu amigo? - Lenin Wild deixava claro não ter digerido bem parte das informações dadas pelo melhor amigo. - Quer dizer, se houver algo que eu possa fazer a respeito...

- Acredite... Tudo o que é possível já está sendo feito... - Toha aparentava muito mais idade do que ele realmente tinha, seu desgaste físico e mental era palpável. - Vim até vocês na esperança de conseguir aliados para o conflito que parece estar se aproximando... Se o que Reiha tem investigado se revelar sendo verdade...

- Todos os nossos recursos estão à sua disposição... - outro membro da liderança do grupo, Seinin Alan, tomava a palavra. - Eu mesmo pretendo avisar e enviar para o Japão o mais rápido possível minha melhor pupila e herdeira do meu título... Assim que terminarmos essa reunião.

O casal agradeceu, se voltando para a terceira líder.

- Nem preciso dizer nada não é? – uma mulher loira, ainda bonita do alto de seus mais de sessenta anos, dava um sorriso simpático para o casal. – Eu deixei meu Chateou na Riviera imediatamente quando soube que vocês precisariam de ajuda.

- Obrigada mesmo Catherine... Toha acertou em cheio ao te indicar para o conselho... Adorei as escolas ninjas francesas para jovens com dificuldades...

As duas amigas começaram a conversar amenidades, deixando claro que a urgência do assunto principal da reunião havia passado, uma vez que os três membros anunciavam que ajudariam no que fosse necessário.

Seinin Alan pediu licença e puxou seu celular, ficando em outro local da sala, deixando Wild e Toha frente a frente.

- Cara... Não dá prá acreditar numa coisa dessas...

- Acredite velho amigo... Sou o último que queria acreditar, ainda mais agora com as revelações da Reiha...

- Podecrer... Deve ter sido outra porrada... Por que ela fez isso afinal? Esconder a menina desse jeito?

- Ela acabou entrando em coma antes de nos aprofundarmos nisso... Agora só me resta esperar... Mesmo que eu não possa me dar esse luxo, não tenho outra opção... Mas vou te dizer... Tomoko é simplesmente incrível... Vejo muito da Sakura nela... Muito... De mim...

- Hum... Não seria também um tipo de sentimento de urgência que tá te fazendo dizer isso?

- Sei o que você está pensando, mas... Não sei... Conforme eu e Agnes... E principalmente Sakura... A incluímos... A aceitamos... Eu... Senti uma conexão de imediato...

- Bom parceiro, se você tem certeza disso eu...

Ao sentir uma vibração no bolso, Lenin Wild, com um sorriso no rosto, interrompeu sua fala, colocou a mão no ombro de Toha e, levando-o até uma porta próxima, chamou a atenção de seus colegas.

- Pessoal! Por favor, dêem uma atenção a esse velho pistoleiro... – ele então tomou a frente de todos e apertou um botão, que fez a porta se abrir, dando passagem para outro ninja entrar no recinto. – Esse, meus queridos amigos, é meu Herdeiro... Lenin Wild 2.0.

- Na verdade eu prefiro Lenin Winchester... – pela voz ele aparentava ser jovem, mas era impossível precisar sua idade por causa da máscara. – É um prazer senhor Yamashi...

Os dois trocaram um forte aperto de mãos e depois o recém-chegado deu alguns passos para trás, ficando num silêncio respeitoso enquanto seu mestre tomava a palavra.

- O garoto pode ir com vocês? É a melhor ajuda imediata de que posso dispor...

- Minha aluna também já está a caminho... – Seinin Alan desligava o celular, se voltando para os companheiros.

- Vou colocar toda minha equipe de inteligência, na França e no resto do mundo, para seguir os passos que vocês me passaram do que Reiha estava investigando... Qualquer novidade, aviso vocês...

- Obrigado minha amiga... Eu já entrei em contato com meus amigos no Brasil e por uma coincidência, eles já têm um agente no Japão, numa investigação que pode ter ligação... Eu agradeço a todos vocês e...

Um repentino silêncio caiu na sala, até que Catherine tomou Toha num emocionado abraço, lágrimas caindo fartas de seus olhos.

Todos ali sabiam que tempos sombrios se aproximavam.

Só não faziam ideia de todo o sofrimento pelo qual iriam passar.

XXX

Tomoko e Sakura avançaram por alguns metros dentro do primeiro corredor, esperançosas de que conseguiriam realmente encontrar Spike e sair com o mínimo de enfrentamento contra quem quer que o tivesse sequestrado.

Bastou dobrarem à direita e suas esperanças se encerraram.

Durante alguns segundos, as irmãs ficaram frente a frente com cerca de vinte homens trajando uniformes que lembravam os dos Tsukaisute, aqueles que haviam destruído a casa dos Yamashi, mas os uniformes desses eram quase por inteiro da cor branca.

 - Soldados Shiyonin! - Assim que a surpresa passou, ao comando daquele que parecia ser o líder, todos sacaram suas katanas. – Ataquem!

- Nossa que criativo... Vamos mostrar uns movimentos para esses caras mana?

A resposta, silenciosa como sempre, de Tomoko foi desembainhar sua espada a tempo de conter o ataque de dois soldados, enquanto sua irmã menor usava suas adagas sai para derrubar outro atacante.

Conforme os três caiam, com certa dificuldade, um novo grupo desviou deles e se lançou ao ataque, mas acabaram por acertar um ao outro, conforme uma das garotas rolou pelo chão e outra deu alguns passos numa das paredes, escapando dos ataques e usando os corpos dos soldados como escudo.

O pouco espaço do corredor era uma vantagem para as invasoras, mas logo o excesso dos inimigos acabaria por superar as habilidades delas, não restando opção a não ser fugir.

Tomoko não podia sequer pensar naquela possibilidade, não quando estava tão perto de salvar Spike.

O chão logo foi ficando abarrotado com os inimigos caídos, muitos pedindo ajuda e atrapalhando assim que outros avançassem, mas logo o líder ordenou que eles formassem um tipo de parede, as espadas diante dos corpos, com movimentos sincronizados, impossibilitando assim uma aproximação das garotas.

As irmãs trocaram um olhar e calmamente deram passos para trás, dando a impressão que iriam fugir, mas logo colocaram as mãos nas pequenas bolsas que traziam em seus trajes e jogaram pequenas esferas metálicas nas paredes, que vieram abaixo após várias pequenas explosões.

Enquanto os soldados tentavam se proteger e pensar em como alcançar as invasoras, Tomoko e Sakura já corriam por outro corredor, mas logo tiveram de parar pois, de uma das várias portas laterais, surgia outro homem trajando um uniforme branco, esse diferente dos demais.

Sua postura confiante era a de alguém que não estava acostumado a perder, mas apenas a herdeira do manto Hananin percebeu isso, pois a atenção de Tomoko estava na pessoa que o homem arrastava.

Ela puxou sua katana com violência, o cabo tremia, tamanha era a força com que ela apertava o cabo da arma, seu corpo todo parecia prestes a explodir em violência.

- Ninja Killer!

O grito veio das costas das duas, que só tiveram tempo de desviar de uma verdadeira chuva de shurikens, lançadas por outro desconhecido, esse num traje basicamente preto, com o que parecia uma lua minguante destacada em seu peito.

- Então finalmente deu as caras... – com extrema facilidade, o Ninja Killer desviou as estrelas de metal, evitando também acertar seu refém. – Nós imaginávamos que era você por trás dos últimos incidentes... Seu clã realmente é muito eficiente no recolhimento de informações...

O novo lutador não respondeu, apenas passou pelas irmãs, pulou em uma das paredes, deu dois passos nela e desceu usando uma Jitte, cuja lâmina descreveu um arco descendente perfeito, que foi amparado por seu alvo, obrigando o Ninja Killer a soltar Spike.

Com novos golpes o recém chegado forçou o vilão a se afastar e, com um chute, empurrou o refém na direção das garotas, sendo devidamente amparado por Tomoko.

- Vão!

Não houve nenhum questionamento, elas sabiam qual era a missão principal e ali estava quem elas haviam vindo resgatar, por isso as duas se esforçaram para erguer e apoiar Spike, dando as costas para o combate que continuava.

Em poucos minutos, conseguindo evitar todos os inimigos, que pareciam convergir para o local da luta entre o outro invasor e o Ninja Killer, as garotas se encontravam perto do carro que haviam pego da pousada da família dos Hananins, quando o som de uma imensa explosão as alcançou.

Conforme colocavam o desacordado Spike no banco de trás, as duas conseguiram ver a coluna de fumaça que subia do esconderijo de onde haviam conseguido escapar.

Sem perder tempo se preocupando com os vilões, elas entraram no carro e foram o mais rápido possível para casa.

XXX

- Vocês ficaram loucas?!

Toha se mantinha levemente afastado, ele já vira a esposa ter aqueles rompantes e sabia que não deveria se meter, Sakura fazia silêncio total, acostumada como estava com as broncas da mãe, nunca tendo visto-a tão brava antes e Tomoko mal conseguia mover suas mãos, tamanha a ferocidade com que Agnes pontuava tudo o que deu de errado na ação das duas irmãs, bem como de tudo o que poderia ter acontecido com elas.

Assim que ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos e seguir com a bronca, Toha saiu de onde estava, se aproximou da esposa, colocou levemente sua mão no ombro dela, chamando sua atenção e, assim que trocaram um olhar significativo, ele se aproximou, ajoelhando-se diante das garotas.

- Bom, Se vocês tem mesmo meu DNA, já ouviram tudo o que precisavam para nunca mais quererem Agnes brava com vocês... – o tom de voz não era de censura, pelo contrário, havia uma grande tentativa de disfarçar toda tristeza que ele carregava no peito. – A grande verdade é que nós também estamos orgulhosos por vocês terem resgatado o Spike, isso só reforça nossa decisão, mas antes de podermos entrar nesse assunto, tem outra coisa que preciso contar, uma coisa bem, bem difícil de falar...

Nesse momento ambas irmãs perceberam que a fisionomia de Agnes foi se transformando e agora, grossas lágrimas iam escorrendo por seu rosto.

- Pai... – inconscientemente Sakura acabou pegando a mão da irmã, que sentia-se cada vez mais intrusa naquela conversa. - O que está acontecendo?

- Eu... – Toha abaixou a cabeça e quando voltou a erguê-la, finalmente reunindo coragem para colocar para fora seu maior segredo, foi sua vez de derramar lágrimas, ainda que tentasse manter um semblante forte. – Eu estou morrendo.

Continua.

Ilustração de Ninja Killer

Ilustração de Jack Winchester.