Olá Tokuleitores!
E eis que chegamos ao terceiro capitulo de Ultra III S!
Vemos um pouco mais do passado de Shield e também como está a situação atual do novo Ultraman.
Boa leitura!
3.
Ao
contrário do que havia falado para seus amigos Shield não fora até onde seu pai
vivia, mas seguiu direto até uma imensa construção, localizada a poucos
quilômetros da sede da irmandade Ultra.
O Sepulcro
era um local exclusivo para resguardar os corpos e, principalmente, a lembrança
de todos os grandes guerreiros Ultra que pereceram no cumprimento do dever, de
levar a paz e segurança ao universo.
Ele seguiu
direto pelos corredores só parando ao chegar num determinado local, onde ficou
de frente a imagem holográfica de uma guerreira da irmandade.
Em uma
placa, que flutuava pouco acima dos pés da holografia, estava seu nome.
“Ultrawoman Celesty. Amada mãe e
esposa.”
Sempre que
se sentia perdido ou desanimado com a demora em se formar, o jovem guerreiro
ultra corria até ali e era capaz de passar horas e horas apenas analisando seus
traços, tendo o cuidado para jamais deixar esvanecer a presença dela em sua
vida.
- Ela era
uma mulher incrível…
Shield se
voltou depressa a tempo de ver seu pai, quase do seu lado, os braços cruzados
atrás do corpo, em posição respeitosa.
- Você tem
muito dela meu filho… Sua atuação hoje foi… Impressionante…
-
Obrigado… Pai…
O
desconforto entre ambos era palpável, depois da morte de Celesty o
relacionamento entre pai e filho nunca mais fora o mesmo, cada um enfrentando o
luto de jeitos, a primeira vista distintos, mas que acabavam com resultados
próximos.
O primeiro
Ultraman preferiu se afastar das atividades de campo, mas estava sempre à
disposição para ajudar Tarô na academia, formando novos guerreiros Ultra.
Já seu
filho se esforçou ao máximo para se formar com louvor, focando seus poderes em
capacidades defensivas, pretendendo agir como suporte, uma vez que, ao sentir o
peso de ser filho do maior guerreiro da irmandade, ele decidiu trilhar um
caminho diferente.
Ao
conhecer a Ultrawoman Shooter a sinergia foi imediata, surpreendendo todos
os treinadores, a dupla conseguiu
avançar juntos por todos os desafios que apareciam em seu caminho, até o tão
aguardado dia da formatura.
E agora
ali estavam os dois.
Pai e
filho.
E um
silêncio constrangedor entre eles.
- Então...
Shield não é?
- Sim...
Quando chegou a hora de escolher um nome, senti que era o correto.
- Sua mãe
teria gostado...
Novamente
ambos silenciaram, a dor de tal perda ainda se fazia presente e ambos se
pegaram desejando terem meios biológicos para lidar com suas emoções.
Pai e
filho nunca quiseram tanto chorar.
O momento,
no entanto, não dava espaço para que houvesse lágrimas, pois finalmente o
primeiro Ultraman, seguindo o exemplo de seus irmãos Seven e Tarô, agora tinha
também um herdeiro que levaria seu nome adiante na defesa do universo.
- Incrível
como você criou os escudos de energia e... Nossa... O que é essa força toda?
- Eu acho
que, para proteger a todos, eu precisava do máximo de força que pudesse
acumular... Durante os treinos entrei em contato com o Titas e ele me ensinou a
condicionar o corpo e acabei assim... Eu... Imagino que você deva ter algo para
me ensinar também e...
De fato o
filho agora apresentava quase um palmo de altura a mais que seu pai, que
precisava olhar para cima e erguer bem a mão para tocá-lo no ombro.
- Vida.
Toda vida é sagrada... Até mesmo dos monstros... Eu destruí muitos em minha
jornada, mas vendo que alguns membros da irmandade conseguiram até mesmo fazer
amizade com alguns, bem... Se houver meios de evitar mortes, faça. Se tiverem
inocentes cujas vidas dependem de você, proteja-os de qualquer maneira... Se eu
tivesse sido mais forte... Sua mãe ainda estaria conosco e você não teria essa
marca... Eu...
- Pai, não
se martirize... Sabe que ganhei essa cicatriz quando tentei salvar minha mãe...
– inconscientemente o guerreiro recém formado levou uma mão até a cicatriz em
sua face. - Na época eu era pequeno e ainda muito fraco, mas trago hoje essa
lembrança exatamente para fazer o que me disse... Farei de tudo ao meu alcance
para preservar a vida... Toda ela.
De repente
o comunicador de Shield emitiu um aviso sonoro, avisando que era hora de
partir, ele trocou um sério olhar com seu pai, a lenda viva de quem todos
falavam, mas que poucos conheciam tão intimamente.
Um simples
aceno positivo com a cabeça do primeiro Ultraman e então seu filho deu as
costas, sentindo sob os ombros as bênçãos que não precisavam ser ditas e
começou a se afastar.
- Filho! –
Shield parou em pleno ar se voltou para seu pai. – Se for necessário se ligar a
um hospedeiro humano... Escolha bem.
Mais um
aceno de cabeça e então o Ultraman Shield se foi.
Mesmo sem
poder expressar emoções com suas faces, ambos sabiam que, naquele momento, se
fosse possível, estariam sorrindo.
Shield nem
imaginava que seria um dos últimos momentos de calmaria antes de entrar com
tudo em meio a uma terrível tempestade.
XXX
- Isso foi
surreal! – dentro do espaço nulo, Hiroshi, se recuperava da enxurrada de
memórias que lhe foram reveladas. – Agora entendo a sua forma desajeitada de
lutar... Você é um novato!
- Estou me
esforçando... – em meio às ruínas de Tóquio o Ultraman apresentava dificuldades
para conter o avanço do monstro. – Nunca vi uma criatura dessas na database dos
arquivos ultra...
- Essa é
uma das criações do tirano... Não sei como, mas ele captura animais aqui da
terra e os transforma nessas coisas...
O monstro
exercia pressão contra as mãos de Shield, os dedos cruzados, pouco a pouco os
pés do gigante de luz foram abrindo sulcos profundos no chão, conforme ele era
empurrado para trás.
- Esse
bicho mesmo, acho que foi feito a partir de um gorila... Tem a mesma forma, mas
está todo exagerado, com essas pontas de pedra saindo pelo corpo e a pele está
prateada, toda coberta com... O que é isso? Metal líquido?
- Pior que
isso...
Sem
terminar a frase Shield livrou uma das mãos e logo um brilho azulado ofuscou os
olhos do monstro, que logo sentiu algo o atingir das pernas, tirando totalmente
seu equilíbrio e, assim como fizera na Arena da academia, o Ultraman conseguiu
girar a criatura em pleno ar, por sobre sua cabeça, terminando por derrubá-lo
de costas sobre os restos de uma área residencial.
O chão
todo da área tremeu e uma cortina de poeira se ergueu ao redor do kaiju.
- Agora
sim! Você viu na minha mente que essa área está desocupada faz tempo né?
- Sim,
quando ocorre uma união de espíritos temos acesso às lembranças um do outro, as
vezes fazemos isso por instinto, por isso eu soube onde poderia derrubar o
monstro.
-
Perfeito... E agora?
Silêncio.
-
Shield... Você sabe o que fazer agora não?
- Eu...
Eu...
A
indecisão de Shield acabou custando caro, pois o imenso gorila kaiju, conseguiu
se livrar da chave de braço do oponente, agarrando a cabeça do outro e, com um
golpe poderoso, que fez saltar todos os restos de veículos, bem como destroços
próximos, terminou por enterrar o rosto do guerreiro ultra no chão.
- Cara! O
que você está fazendo? – Hiroshi entrava em desespero. – Desse jeito esse
monstro vai matar as minhas crianças! Reage!
O gigante
de luz ainda tentava se reerguer, mas enquanto uma das imensas mãos do monstro
ainda o mantinha preso, a outra começou a dar vigorosos socos em suas costas, o
que fazia seu corpo subir e descer e, a cada impacto com o chão a destruição ao
redor aumentava, até mesmo um prédio próximo, que já havia perdido a metade de
cima, acabou por desabar.
- Tá
vendo? Se isso continuar as crianças...
O som de
aviso do peito do Ultraman Shield, no pior momento, ressoou pela noite,
avisando que sua força estava se esvaindo e, agora que estava vinculado a um
humano, significava que ele trocaria de lugar com o Velho Hiroshi, deixando-o
assim a mercê do kaiju.
Morte
certa.
Ele forçou
o corpo com toda a energia que conseguia reunir, mesmo sem ter a convicção de
que a única forma de sair daquela situação fosse matar o monstro, ele não podia
deixar algo acontecer com seu hospedeiro.
Sentindo
todas as fibras de seu corpo de luz sólida praticamente queimar, tentando
ignorar as explosões de dor que vinham de cada vez que suas costas eram
socadas, Shield colocou as mãos dos lados do corpo, enterrando-as no chão já
destruído, afundando-as alguns metros, procurando uma maneira de vencer o peso
que estava em sua nuca, ignorando os golpes que ele recebia insistentemente.
De repente
ele estava livre.
Quando
finalmente ele conseguiu erguer a cabeça, viu o kaiju caído a alguns metros de
distância, afundado em meio aos restos de alguns edifícios de escritórios que,
com certeza, segundo as memórias de Hiroshi, estavam vazios a tempos.
O kaiju
tentou se levantar, mas foi atingido por vários raios de energia, de cores
diversas e assim que Shield direcionou o olhar para o local de onde os raios
pareciam vir, percebeu com crescente alegria e alívio quem havia chegado.
- Não
posso te deixar alguns minutos sozinho não é parceiro?
Surgindo
em meio à destruição, flutuando alguns metros sobre o chão, com duas armas nos
pulsos, disparando rajadas variadas de energia contra o kaiju surgia uma
gigante de luz, cujo alívio expressado por Shield revelou para Hiroshi quem era
a recém chegada.
- Ultrawoman Shooter!
Continua.
Galeria de Imagens.
Ultrawoman Shooter.
6 Comentários
Um belo episódio!
ResponderExcluirA relação pai e filho, unidos pela morte da mãe e esposa, respectivamente.
Separados pelas diferentes reações ao luto.
Shield e o pai, o lendário Ultraman se esforçam para tentarem ser pai e filho talvez... (como ver se uma famosa canção de um grande cantor de nossa música).
Os conselhos do pai foram algo muito impactante e mostra o porquê ele é quem é.
Preservar a vida!
Algo nobre, heroico! Digno da representatividade e da miticidade do Ultraman.
O conselho para escolher bem o hospedeiro nunca se demonstrou tão certeiro.
A adaptação a Hiroshi não foi perfeita, é o nosso Ultra Shield quase foi derrotado.
Sorte que apareceu a Ultrawoman Shooter na hora H.
Vamos acompanhar a sequência dessa grande homenagem feita por ti ao universo dos Ultras.
Aplaudo de pé !
Valeu pela leitura e comentário.
ExcluirTô tentando construir uma história que seja interessante nessa homenagem a um tokusatsu que curto muito.
Espero conseguir.
Valeu mesmo!
Que episódio. A perda da mãe guiando a relação de Shield e seu pai. Nossa. Você arrasou. Acabei de assistir recentemente a season 1 do Ultraman na NETFLIX. E, de boa, essa fic tem muito dela no clima e estilo.
ResponderExcluirTenho certeza que você vai contar de modo magistral essa saga Ultra. Sem palavras!
Hiroshi é um personagem icônico já!
Pois é... Acho que realmente não consegui evitar paralelos entre esse me texto e o manga/anime atual do Ultraman.
ExcluirEspero continuar a escrever algo a altura dessa outra obra que eu curti tanto.
Valeu pelo comentário e pela leitura!
Norb meu amigo, esse episódio simplesmente arrebentou! Sinceramente eu tava esperando algo bom, mas isso extrapolou o que eu esperava e além de ótimo, se mostrou intensamente emotivo! Esse Ultra já tinha me ganhado no segundo capítulo, quando via forma como tu conduziu Ultraman e ele, em sua relação de pai e filho, bem como a forma mais que respeitosa e homenageante que descrevesse o Ultraman e como ele era visto pelos demais, só ali já tinha me ganhado, mas nesse episódio tu simplesmente matou à pau... Uma mãe falecida, um filho agradecido e que busca forças nela, um pai e filho que se sentem querendo estar próximos mas não sabem como fazer isso, e como encontramos pessoas assim hoje... Então o encontro dos dois e tudo já tava mais que perfeito pra mim, mas então, veio uma das coisas mais legais desse episódio e que mais me agradou... A fala do Ultraman, toda vida é uma vida, eu matei muitos monstros mas hoje sei que dependendo da situação, a vida dos monstros é tão importante quanto as nossas... Cara, isso me remeteu à um tempo quando Cosmos foi lançado e vi muita gente malhando ele porque ele "não matava", "Cosmos bundão" era uma das coisas que mais se via na internet e eu simplesmente me fascinei pela atitude correta e benevolente de Cosmos... Agora, tu me traz o primeiro Ultraman, dando uma lição de humildade que reconhecia que embora sua opinião fosse primordial para seus julgamentos, ele ainda assim tinha a capacidade de baixar a guarda e reconhecer outras formas de pensar... Isso me levou à uma conexão com um dos meus Ultras favoritos de novo, simplesmente ganhando a trama só por este ato... Também vi aqui algo que me agradou muito escrever, a relação entre Tsurugi e Ryuichi, eles também tiveram seus problemas por conta da morte da mãe e tiveram uma difícil conversa, o diferencial aqui é que nas tuas mãos ficou anos luz melhor escrito do que eu poderia fazer! E aí chegamos pro combate e tá tudo muito legal mas essa parte de "toda vida é uma vida", cara, tu simplesmente ascendeu à divindade da escrita, no meu gosto particular, com esse ponto! Só posso te dizer, parabéns e ficar aqui aplaudindo de pé, algo que simplesmente me maravilhou! Parabéns cara! \0/
ResponderExcluirMeu grande amigo, muito, mas muito obrigado pela leitura, comentário e força de sempre.
ResponderExcluirEsse foi um capítulo pelo qual eu não dava nada, mas puxa, que legal ver os leitores curtindo tanto!
Como muito bem disse o Artur o lance de pai e filho veio bastante do msnga do Ultraman, mas você realmente lembrou dessa fantástica dinâmica de pai e filho ente os seus personagens, que ficou incrível e, com certeza, consciente ou inconsciente, me inspirou aqui.
Quanto ao lance dos monstros eu puxei essa ideia de um dos Ultras mais recentes, Taiga, o filho do Tarô, se não me falha a memória, chega a travar com a indecisão de matar ou não um monstro, como, pelo que vc disse, o Cosmos.
E por se mostrar empático e piedoso ele foi chamado de bundão... tenho mesmo só dó de quem pensa assim.
Valeu mesmo amigão!