Capítulo X - Os preparativos da batalha
Os longos e desgastantes anos de treinamento se passaram em um piscar de olhos. Um dia, Hilda estava orando próxima às águas do Oceano Glacial Ártico. Algo que ela faz praticamente todo santo dia. Há tempos o mundo passa por um problema de aquecimento global devido à excessiva queima de combustíveis fósseis tais como o carvão mineral e o petróleo. Tal queima expele gases como dióxido de carbono, metano, CFCs e óxido nitroso e cria uma espécie de cobertor gasoso na atmosfera terrestre que retêm na Terra uma maior quantidade da radiação solar. Isso é algo que se já vem se arrastando desde quando a Inglaterra fez sua Revolução Industrial no século XVIII. Entretanto, a queima de combustíveis vinda apenas da Inglaterra na época pouca ou nenhuma ameaça podia oferecer ao clima da Terra. O problema se agravou no curso dos séculos XIX e XX, quando outros países se industrializaram, tais como França, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Rússia, Holanda, Itália, China, nações escandinavas, Brasil, México, Argentina, Irã e outros, no que com o passar do tempo foi aumentando o fardo que os soberanos de Asgard (que até hoje nunca fez sua Revolução Industrial) deveriam carregar em nome da manutenção das calotas polares que cobrem o Ártico, a Antártida e os picos de regiões montanhosas tais como o Himalaia, o Cáucaso, os Andes, os Alpes, o Altaj, o monte Kilimandžaro, o Atlas, o Pamir e outros. A poluição vinda do sul é tamanha que nas regiões polares as calotas polares estão recuando e nem mesmo a oração dos soberanos de Asgard tem dado conta do recado. Esse é o sacrifício que Asgard tem que fazer em nome do resto do mundo.
Hilda estava rezando,
até que de repente uma força misteriosamente apareceu e após uma breve conversa
onde lhe foi sugerida abandonar Asgard e conquistar o resto do mundo lhe
subjugou com seu poder e lhe colocou o Anel de Nibelungos. Tal força era
ninguém menos que Poseidon, o Deus dos mares. Há 15 séculos, depois que Brunhilde
jogou o anel nas águas do Rio Reno pouco antes de seu falecimento, aconteceu
algo que ninguém esperava: o anel viajou milhares de quilômetros rio abaixo,
cruzou toda a atual fronteira franco-alemã, entrou no atual território
holandês, passou pelos pântanos da atual Amsterdã e adentrou no Mar do Norte ao
chegar à foz do Rio Reno. Uma vez no mar, o anel passou para a posse de ninguém
menos que Poseidon, o deus dos mares e eterno inimigo de Athena.
O imperador dos mares,
entretanto, nunca o utilizou para seu benefício próprio por acha-lo
desnecessário durante todo esse período de um milênio e meio. Ele achava que
para vencer seus inimigos não precisa de artefatos como esse. Mas em 1986 as
coisas foram diferentes. Alguns anos antes Poseidon foi despertado por Kanon, o
irmão gêmeo do então mestre do Santuário de Athena, Saga de Gêmeos. Kanon, que
tinha sido preso por seu irmão após uma discussão no Cabo Sunion a respeito de
planos de conquista mundial, apareceu no Santuário Submarino após passar alguns
dias preso. Nos domínios de Poseidon ele, afirmando ser o Dragão Marinho, disse
que Athena reencarnou no plano terreno, passados cerca de 200 anos do
falecimento da Athena do século XVIII, Saša. Posteriormente Kanon, sabendo que
Poseidon tinha a posse de tal item e nunca o usou, lhe sugeriu usar o anel para
controlar a soberana de Asgard, de forma a fazer com que Asgard e o Santuário
de Athena se digladiem um contra o outro até a exaustão. Assim, disse Kanon,
ficará fácil para Poseidon tomar conta de tudo. No fundo, o que Kanon almeja é
usar Poseidon como joguete para ele se tornar o senhor do mundo. A ideia do
Dragão Marinho é a seguinte: primeiro exaurir Asgard e o Santuário de Athena em
uma grande batalha, depois Poseidon se torna o senhor do mundo e logo em
seguida Hades e/ou Zeus o desafia. Ou seja, desencadear uma série de lutas
entre deuses que se digladiariam até a exaustão e o irmão de Saga emerge como o
novo e inconteste senhor do mundo. Após pensar um pouco, Poseidon concordou com
tal ideia. Agora é a hora de fazer com que os outros façam seu serviço sujo, e
Asgard foi escolhido para tal.
Naquele mesmo instante
Siegfried nada pode fazer, já que estava em outro lugar treinando. Mas Alberich
lá estava. O mesmo Alberich com o qual Hilda e Freja viviam discutindo a
respeito do uso de seus conhecimentos e sua inteligência. As irmãs achavam que
Alberich deveria usar seus conhecimentos e sua inteligência para o bem, e não
para planos de conquista mundial. Alberich, obviamente, discordava disso.
Alberich, sentindo-se intimidado pelo poder de Poseidon, observou tudo. Ele viu
o momento em que Hilda foi possuída pela magia do Anel de Nibelungos e o poder
que o colocou, sem saber de quem se tratava ao certo. Que surpresas, certamente
nem um pouco agradáveis, será que o anel dourado que levou as encarnações
anteriores de Siegfried e Hilda a uma morte trágica e os burgúndios a ruína
perante os hunos no século V há de trazer para os asgardianos atuais? Depois de
tantos séculos Siegfried e Brunhilde reencarnaram e voltaram a se encontrar. Será
que o objeto dourado trará mais desgraças e problemas aos dois? E problemas de
qual natureza são esses?
Hilda ficou inconsciente
por alguns minutos após ter sido possuída. E o que se passou com a governante
de Asgard chamou a atenção de Sigmund, um dos principais candidatos a se tornar
Guerreiro Deus. De longe, vendo algo de errado em seu cosmo, ele foi até a sua
presença junto com alguns guardas, e a viu acordar após a possessão. Tanto
Alberich quanto o irmão de Siegfried notaram a mudança de seu cosmo. Mas,
enquanto Alberich saiu de perto rapidamente, Sigmund não fez o mesmo. Hilda,
ainda em um estado de transe, viu Sigmund e jogou um pouco da magia do anel em
sua direção, lhe causando o ferimento que gerou a cicatriz que ele ganhou no
entorno do olho direito e lhe deixando inconsciente. Posteriormente, por ordens
da própria Hilda, Sigmund (que dizia querer salvar a própria Hilda) foi preso e
enviado as masmorras do Palácio Valhalla por Syd e Thor (os quais por sua vez
fizeram pouco caso do que o irmão de Siegfried dizia).
Longe dali, Siegfried,
sentiu que havia algo de anormal pairando no ar. Ele viu a Estrela Polaris
brilhando de forma mais esplendorosa que de costume. “A Estrela Polaris, essa é
a constelação protetora da minha amada Hilda”, ele bradou. “Alguma coisa deve
ter acontecido com ela”. E em seguida foi a vez das sete estrelas da Constelação
da Ursa Maior emitir brilho similar. De onde estava Siegfried observou sete
colunas de energia cósmica surgiram de diferentes pontos de Asgard e se
erguerem na direção dos céus. Isso o levou ao sopé de uma montanha, de onde
saiu uma figura em forma de um dragão azulado. “O maior herói da mitologia
nórdica... Siegfried. Eu o honrarei com a armadura dos Deuses de Dubhe, a
estrela Alfa”. Era ninguém menos que a própria Hilda lhe honrando com uma das
armaduras divinas. A armadura de Dubhe é a mais poderosa de todas as oito
armaduras divinas. Ela representa a figura do dragão Fafner e confere a seu
usuário uma resistência muito grande a golpes adversários, tornando-o
praticamente invulnerável. Ele, junto com os outros Guerreiros que receberam a
mesma honraria, logo se dirigiram ao Palácio Valhalla perante a presença de
Hilda. As cortinas de uma sangrenta batalha estavam por se abrir.
1 Comentários
Uma grande reviravolta na trama.
ResponderExcluirHilda, ao se apossar do anel amaldiçoado, aquele mesmo de séculos atrás, é possuída espiritualmente por Poseidon, o deus dos mares, cujo os planos sao os mais terríveis possíveis.
Siegfried sente que o pior está por vir.
Enfrentar o amor da sua vida, será uma decisão difícil...
E fatal...
A maldição do passado volta em tons dramáticos...
O mesmo ciclo...
A roda das reencarnações...
Que os deuses de Asgard impeçam esse veredicto com um final feliz...
Parabéns!