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Jogos de Poder Galácticos - Crônicas do Tokuverso - Capítulo 01

 


"O que todos os homens poderosos querem? Mais poder." - A Oráculo, Matrix Reloaded.

A busca por poder sempre foi e será uma realidade da vida. A história da Humanidade está cheia de exemplos. E por que seria diferente fora da Terra? Grandes impérios espaciais, civilizações conquistadoras, poderosas organizações interplanetárias... basta escolher. Uma série de pequenas crônicas, relatando eventos de disputa por poder pelo universo. Referências a Jaspion, Changeman, Flashman, Maskman, Jiraya, Kamen Rider Black e outras séries tokusatsu dos anos 80. Histórias ambientadas no Universo Tokusatsu Expandido (Tokuverso), abordado em obras anteriores minhas, e dos autores Jirayrider_Decade e Eduardo Consolo.


CRÔNICA 01 – IMPÉRIO GOZMA: CAMPANHAS PRÉ-TERRA (PARTE 1)

 

PLANETA ENDOR, ANO DE 1983 d.C.:

Endor é um planeta sólido, de tamanho equivalente a mais ou menos metade da Terra, coberto majoritariamente por florestas e montanhas. A presença de água em estado líquido, de uma atmosfera respirável, e de iluminação natural por uma estrela permitiram a existência de vida em sua superfície (*01).

E, exatamente por estas características e recursos, Endor é um planeta cobiçado por vários povos espaciais, que possuam capacidade de viagem interplanetária.

Localizado a vários anos-luz de distância do nosso Sistema Solar, a posição de Endor não poderia mais problemática...

Pois ficava exatamente na atual fronteira entre o Império Gozma, governado pelo tirano espacial Bazoo, e o Império dos Monstros, governado pelo demônio galáctico Satan Goss.

Impérios estes, cujos exércitos se encontram, neste exato momento, lutando na superfície de Endor...

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Em uma das muitas planícies do planeta, explosões e disparos energéticos ecoam por toda parte. Outrora verdejante, o local agora ardia em chamas, enegrecido pelas explosões, e salpicado de corpos dos soldados caídos em combate. Era um verdadeiro campo de batalha.

De um lado, um exército composto por criaturas humanoides de pele azul e cabelos loiros, armadas com lâminas circulares e rifles de energia. No comando deste lado, havia dois indivíduos: um homem vestindo uma armadura predominantemente azul, com uma máscara ligada a um tubo, e uma espada larga, semelhante a uma chave de boca; e uma criatura humanoide de porte robusto, com cabelos vermelhos, corpo peludo e dentes pontiagudos saltando da boca, armada com um machado de guerra.

Estas eram as tropas de Gozma, cujo grosso era formado pelos soldados Hidler, e comandadas pelo Pirata Espacial Buba, e seu braço direito, Hawker (*02).

Do outro lado, um exército também composto por criaturas humanoides monstruosas, mas visualmente mais heterogêneas que o primeiro exército. Tais criaturas tinham aparência reptiliana, algumas com dentes à mostra, outras com chifres, e algumas com cabeças que lembravam insetos. Mas todos vestiam a mesma armadura bio-orgânica e estavam armados com espadas e rifles de energia. E, diferente do primeiro exército, não se via nenhum comandante neste lado, aparentemente.

Estas eram as tropas do Império dos Monstros, formada principalmente por alienígenas de vários planetas pertencentes ao império, e cujas aparências foram corrompidas ao longo dos anos, devido à energia maligna de Satan Goss, até ficarem com o aspecto monstruoso de agora.

À primeira vista, o exército de Gozma parecia levar vantagem no combate, devido ao maior tamanho. As criaturas azuis aparentavam não possuir muita inteligência, e simplesmente avançavam contra o inimigo, tentando sobrepujá-lo com números. Era uma tática primitiva, mas que parecia estar funcionando. Tanto que os oficiais de campo, Buba e Hawker, só estavam tendo o trabalho de encaminhar as tropas, e liberar quaisquer pontos de obstrução que surgissem no caminho.

Já o exército dos monstros, apesar de mais coordenado, não conseguia impedir o avanço dos inimigos. Para cada soldado Hidler que derrubassem, outros três ocupavam seu lugar. Isso, adicionado aos dois comandantes inimigos, contra os quais não tinham a menor chance, fazia com que perdessem terreno a cada minuto de combate.

Já nos momentos finais da batalha, um grupo de soldados monstros sobreviventes consegue se entrincheirar numa passagem rochosa estreita, formando um gargalo para as tropas de Gozma. O maior número dos soldados Hidler não faria diferença num local tão apertado.

- Então querem resistir até o fim, hein? – diz Buba, passando à frente do exército Gozma. – Pois saibam que de nada vai adiantar!

Buba então dispara bolas de fogo de sua armadura. Várias explosões ocorrem na passagem rochosa onde os soldados monstros estavam entrincheirados, dando cabo da última resistência inimiga.

- Hehehe, essa foi boa, Buba! – comenta Hawker, ao ver que os corpos chamuscados dos adversários recém-derrotados. – Estes eram os últimos soldados de Satan Goss por aqui. Com essa vitória, o planeta Endor passa a pertencer unicamente a Gozma.

- Sim, Hawker. – responde Buba, já mais relaxado com o fim da batalha, enquanto reagrupa os soldados Hidler. – Levou tempo, mas finalmente tomamos este planeta. Há ainda relatos de enclaves de resistência da população nativa, mas nada que possa impedir a ocupação total de Gozma... – Buba sorri sinistramente por trás da máscara. – O Senhor Bazoo ficará muito contente com esta conquista.

Hawker observa ao redor, como se estivesse procurando por algo:

- Ei, Buba. Acha que tem algum tesouro valioso neste planeta?

Buba olha para seu parceiro de pirataria, intrigado:

- No meio desta selva? Acho difícil. Satan Goss não traria nada de valor para um planeta em guerra.

- Ah, que pena... – lamenta Hawker, decepcionado. – Se tivesse algo valioso aqui, eu pegaria para dar de presente à Rainha Ahames. Quem sabe assim ela aceita se casar comigo...

Buba balança a cabeça, por pena de seu amigo. Por mais que valorizasse sua amizade com Hawker, Buba sabia que seu parceiro de pirataria estava se iludindo, se achava que a ex-rainha do planeta Amazo ia querer alguma coisa com um pirata maltrapilho como ele. Rainha caída ou não, Ahames ainda estava muito além do alcance de Hawker.

Mas antes que o líder dos Piratas Espaciais dissesse algo, um estranho som ecoa pelo ar...

Algo que parecia uma sinistra melodia de flauta.

Uma repentina vertigem toma conta de Buba, Hawker e os soldados Hidler. Os agentes de Gozma começaram a ver tudo distorcido, como se uma chuva de pó brilhante lhes enturvasse a visão. Buba e Hawker conseguem se manter de pé, mas os soldados Hidler, menos resistentes, começam a se contorcer de dor no chão.

E os dois piratas espaciais, graças aos seus muitos anos de experiência em combate, conseguem bloquear os ataques de dois misteriosos vultos que surgem de repente...

Buba não consegue vê-los bem devido à vertigem causada pelo som de flauta, mas identifica, ao menos, as armas dos vultos: um brandia um tridente, e o outro, uma foice com corrente.

Os dois vultos continuam a atacá-los, mas Buba e Hawker repelem os ataques. Eles sabem, entretanto, que estarão em desvantagem enquanto a misteriosa flauta continuar a debilitar seus sentidos.

Hawker então decide pôr um fim nisso:

- Saia de onde estiver!!! – o monstro pirata grita, disparando um jato de gás venenoso de sua boca, na direção de onde vinha o som.

O ataque tóxico dá certo, e a flauta cessa imediatamente de tocar.

Agora com suas visões normalizadas, Buba e Hawker conseguem distinguir melhor os adversários contra os quais estavam lutando. Eles também notam que mais dois novos vultos saltam da direção de onde vinha o som de flauta, e se juntam aos primeiros.

Com os quatro oponentes agora em plena vista, Buba os reconhece imediatamente...

O primeiro, contra o qual ele estava lutando, é um homem com barba e bigode, uma armadura cobrindo-lhe os ombros e o peitoral, um capacete cobrindo-lhe a cabeça e o olho direito, além do tridente como arma. O segundo, contra o qual Hawker estava lutando, é um homem com uma armadura esverdeada, o rosto pintado, e a já mencionada foice e corrente como arma. Os dois vultos que surgiram depois, na verdade, eram duas mulheres: uma sem armadura, trajando apenas um curto vestido branco, além de um grande capacete redondo, e outra com uma armadura vermelha e um capacete da mesma cor, com chifres.

Tais indivíduos eram uma visão que inspirava terror pela galáxia...

- Os Quadridemos, o esquadrão de mercenários de Satan Goss!! – exclama Buba.

Se a Ordem dos Piratas Espaciais de Buba e Hawker já era bem conhecida por sua infâmia, o mesmo podia ser dito do quarteto agora à frente deles.

Pela primeira vez em muitos anos, dois dos mais temidos grupos de mercenários da galáxia estavam frente a frente.

- Pirata Espacial Buba! – brada Purima, a feiticeira dos Quadridemos. – O planeta Endor pertence ao Grande Satan Goss! Não há nada para você e Bazoo aqui! Retirem-se imediatamente, ou sofram as consequências!

Naturalmente, Buba e Hawker não se sentem intimidados.

- Hahaha... E quem vai nos tirar daqui, queridinha? – debocha Hawker. – Nós derrotamos todas as suas tropas. Endor pertence a Gozma agora!!

Os Quadridemos demonstram irritação com a provocação de Hawker.

- Muito bem, já que não vão sair por bem... – Ikki ameaça, já brandindo seu tridente.

- Então vão sair mortos!! – Zampa completa, rodopiando sua foice e corrente.

- E enviaremos suas cabeças a Bazoo, como um aviso!! – finaliza Gyoru, preparando sua lança-zarabatana.

Buba e Hawker se preparam para uma nova batalha. Desta vez, entretanto, Buba sabe que a luta será mais difícil que a anterior. O poder dos Quadridemos era de um nível completamente diferente dos soldados rasos do Império dos Monstros. Ele também percebe que, desta vez, a vantagem numérica é do inimigo. São quatro contra dois, pois os soldados Hidler não seriam nada além de bucha de canhão contra os Quadridemos. Buba sabia que teria de equilibrar a luta de alguma maneira.

E ele sabia exatamente como fazê-lo.

- Monstro Espacial Gorax!! – Buba grita.

E do alto das árvores para o campo de batalha, salta um monstro. Era uma criatura de grande porte, ainda mais alta que Hawker, também toda peluda, com orelhas pontudas, garras e dentes afiados, parecendo uma mistura de gorila com lobo.

- Este é o Monstro Espacial Gorax. (*03) – apresenta Buba, confiante. – Leal a Gozma, ele possui enorme força e agilidade. O bastante para lidar com vocês, Quadridemos!

Os dois grupos, um composto por dois Piratas mais um Monstro Espacial, e o outro por quatro cruéis mercenários galácticos, se preparam para travar uma batalha mortal. Nenhum lado estava disposto a ceder nesta situação.

E, num piscar de olhos, os dois grupos se lançam um contra o outro...

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Continuando a luta anterior, Buba e Ikki se digladiam entre si.

A habilidade de Buba com a espada era tão grande quanto a de Ikki com o tridente. Metal se chocava contra metal, em um dado momento a espada no ataque e o tridente na defensiva, apenas para no próximo momento a situação se inverter. Sendo assim, nenhum dos combatentes conseguia realmente sobrepujar o outro.

Ikki então parte para o ataque à distância: virando o tridente do avesso, ele dispara uma rajada de fogo contra Buba. As chamas forçam o pirata a se afastar para não ser carbonizado, mas Buba também tem suas cartas na manga: de sua armadura, bolas de fogo são disparadas, causando explosões ao redor de Ikki e forçando-o a cessar o lança-chamas.

O mercenário então faz uso de sua outra arma secreta: ele dispara um de seus punhos explosivos contra Buba que, pego de surpresa, é lançado para trás pela explosão. Ikki se prepara para lançar seu outro punho, mas desta vez Buba reage a tempo. Rapidamente se recuperando do ataque, o pirata dispara um raio energético de sua espada, acertando em cheio o punho de Ikki. Uma explosão se segue e, desta vez, é Ikki quem é lançado para trás.

Mesmo assim, o mercenário não parece ter sofrido nenhum dano sério. E Buba e Ikki voltam a engalfinhar em luta corporal.

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Hawker e Zampa dão prosseguimento à luta anterior interrompida.

Com a diferença que o monstro pirata agora podia lutar sem ser debilitado pela flauta de Gyoru. A força física de Hawker sempre lhe deu grande vantagem em combates corporais, mas Zampa, como um robô do extinto Império das Máquinas, não ficava para trás neste quesito. O machado de Hawker se chocava contra a foice de Zampa, a força de ambos tão grande que emitia faíscas entre as armas.

- Vamos ver se aguenta isso! – diz Hawker, antes de abrir sua boca e disparar o mesmo gás venenoso de antes contra Zampa.

Uma nuvem vermelha de gás cobre Zampa, e Hawker imagina que o adversário sucumbirá em instantes. Mas, para sua surpresa, o mercenário sai ileso da nuvem tóxica, e lança sua corrente contra Hawker, prendendo-o pelo pescoço.

- Mas, como? – indaga Hawker, segurando a corrente para não ser estrangulado. – Ninguém sobrevive ao meu gás venenoso!

Zampa sorri em deboche:

- Este tipo de ataque não me afeta. Você jamais me derrotará, pirata!

Desconhecido para Hawker, o fato de Zampa ser um robô significava que ele era imune a toxinas que afetem seres orgânicos.

Mas Hawker não se deixa abater:

- Ah, é? Pois saiba que dois podem jogar este jogo!

E invocando suas próprias correntes, que estavam ocultas em seu braço, Hawker as lança contra Zampa, que acaba sendo preso pelo pescoço também.

A situação fica em impasse: ambos os adversários estão com as correntes do outro ao redor do pescoço, e um tenta puxar o outro, numa tentativa de estrangulá-lo, como num mortal cabo de guerra.

Para sair desta situação, Hawker tenta então uma estratégia arriscada: ao invés de resistir à tração da corrente do adversário, ele se deixa puxar pela mesma. Pego de surpresa por este movimento, Zampa não percebe a intenção de Hawker, até que o pirata já estava bem próximo e lhe dá uma forte cabeçada. Zampa cai para trás, permitindo que Hawker se solte de suas correntes.

O que Hawker não esperava, entretanto, é que a cabeça de Zampa também era dura como metal, afinal ele era um robô (embora o pirata não soubesse desse fato). Assim, Hawker fica meio atordoado por alguns segundos, o que permite que Zampa também se solte das correntes.

E a luta volta ao estágio inicial, sem nenhum vencedor definido.

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Enquanto Ikki e Zampa lutavam contra os dois piratas, Purima e Gyoru travavam combate contra o Monstro Espacial Gorax.

O que, à primeira vista, parecia uma luta desigual de dois contra um, na verdade se provou bem balanceada. Buba não estava brincando quando disse que Gorax tinha uma força e agilidade excepcionais. E, por mais que Purima e Gyoru fossem guerreiras temidas, embates corporais diretos não eram a especialidade de nenhuma delas. Purima era essencialmente uma feiticeira, e seus melhores ataques eram lançados à distância. Gyoru, apesar de ter mais habilidades em combate físico, também se focava em lutar à distância, preferencialmente enquanto o adversário estava atordoado pelo som de sua flauta. Por este motivo, as duas não haviam participado do ataque inicial, deixando para Ikki e Zampa a incumbência de eliminar os agentes de Gozma.

Mesmo assim, as duas mercenárias possuíam grande sincronização de combate entre si, fruto de anos lutando juntas. Elas não possuíam a mesma força ou agilidade de Gorax, mas sabiam coordenar seus ataques de forma que o foco do monstro estaria sempre dividido entre as duas.

Purima se desvia de uma patada de Gorax. Goryu, aproveitando-se da distração do monstro, dispara um dardo de sua lança-zarabatana, que explode nas costas do oponente.

Irritado, Gorax parte para cima de Goryu, tentando cortá-la com suas garras. A mercenária vermelha bloqueia os primeiros ataques, mas a agilidade do monstro é tamanha que eventualmente ele acerta um ataque, criando faíscas na armadura de Goryu.

Imediatamente Purima usa sua magia para emitir um brilho ofuscante de sua bola de cristal, que cega Gorax momentaneamente e permite Goryu se salvar.

Gorax, entretanto, não é o único adversário que Purima e Goryu têm que enfrentar: alguns soldados Hidler sobreviventes decidiram tentar atrapalhar as duas, e avançavam contra elas sempre que uma oportunidade se abria. Mas as criaturas azuis eram tão fracas comparadas às mercenárias dos Quadridemos, que eram rapidamente despachadas. Mesmo assim, os soldados Hidler estavam se provando uma distração em combate para Purima e Goryu, o que complicava a luta delas contra um monstro tão forte quanto Gorax.

Goryu até considerou usar sua flauta para desnortear Gorax e os soldados Hidler, mas a agilidade do Monstro Espacial, e os constantes ataques dos soldados, dificultavam que ela pudesse se concentrar em tocar o instrumento. Se ficasse parada, mesmo que por alguns segundos, corria o risco de ser fatalmente ferida.

E, no final, a luta permanecia num impasse: uma das mercenárias distraía o monstro, a outra tentava atacar, os soldados a impediam, uma das mercenárias tinha que socorrer a outra do monstro, e todos os passos se repetiam, como numa dança mortal, onde quem errasse primeiro o passo seria o perdedor.

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O combate entre os dois grupos já durava alguns minutos, mas para os combatentes parecia uma eternidade.

E Buba já estava ficando impaciente com a delonga. A campanha militar de Gozma no planeta Endor se arrastara por meses, e Buba estava nela desde o começo. Tudo o que ele queria era encerrar logo o assunto, ali e agora mesmo.

Porém, enquanto os Quadridemos estivem ali, a conquista de Endor por Gozma não estaria completa. Sempre haveria a ameaça de Satan Goss retomar o planeta.

Foi então que Buba decidiu dar sua cartada final, para encerrar esta questão de uma vez por todas...

- Hawker! – Buba chama seu parceiro. – Reagrupar!!

E, como se soubessem ler a mente um do outro, os dois piratas se afastam de seus respectivos oponentes, e saltam à uma distância segura da luta, para cima de uma grande rocha ali perto.

Ikki e Zampa estranham aquela debandada de Buba e Hawker.

- O que foi? – zomba Ikki, com desdém. – Se acovardaram e resolveram fugir?

E Buba responde, no mesmo tom de desdém:

- Há, bem que gostariam, não é? Não, não estamos fugindo... mas, logo, vocês é que estarão... – Buba então ergue sua espada e brada bem alto. – GYODAI, venha!!!

E, por trás dos dois piratas, através das árvores e arbustos, surge um horripilante monstro de cor laranja, com braços que pareciam pernas, uma boca enorme, e um grande olho dentro da mesma.

Ikki e Zampa ficam tensos com a aparição do novo monstro. Até Purima e Gyoru, no meio de sua luta contra Gorax, demonstram preocupação. E com razão, pois sabiam exatamente quem era Gyodai, a arma secreta de Gozma...

Nativo do planeta homônimo, Gyodai pertencia a uma espécie alienígena com uma habilidade única: disparar um raio energético que transformava monstros em gigantes colossais, capazes de dizimar exércitos e cidades inteiras. Tal habilidade, claro, tinha limitações: o raio de crescimento só funcionava em um monstro por vez, e Gyodai precisava de um longo período de recarga até poder usar a habilidade de novo.

Mesmo assim, era uma vantagem estratégica tremenda. Tanto que o planeta Gyodai foi alvo de disputa acirrada entre o Império Gozma e o Império Mess, governado pelo cruel Monarca La Deus, e rival de Bazoo pela conquista da galáxia. Ambos os tiranos espaciais queriam tomar para si esta valiosa habilidade do planeta Gyodai. Após anos de guerras, Gozma acabou se sobressaindo na disputa, mas Mess, ao ver que estava por perder o domínio de Gyodai, usou uma estratégia de terra arrasada para inviabilizar o uso dos recursos do planeta. E como resultado, Gyodai se tornou um mundo desértico e sem vida, totalmente inútil para quem quer o possuísse.

E agora, o único sobrevivente daquele planeta estava bem ali, em Endor. Os Quadridemos não esperavam que Bazoo lançaria mão de sua arma secreta nesta campanha militar.

- Vamos, Gyodai! Use seu poder! – Buba comanda o monstro laranja, que abre sua boca e se prepara para disparar seu raio de crescimento.

Ikki e Zampa tentam impedir Gyodai, mas Buba e Hawker se põem no caminho, bloqueando o avanço dos mercenários.

- GYODAI! GAIAIAIAIAIAIAIAIAI! – Gyodai lança seu raio sobre Gorax.

Em instantes, o Monstro Espacial se transforma numa versão gigante de si mesmo, com mais de 30 metros de altura. Se Gorax já era aterrorizante em sua forma original, agora gigante e urrando, era mais ainda.

Pela primeira vez em muitos anos, os Quadridemos sentem medo, ao invés de causar medo. Não importa o quão poderosos fossem, o quarteto não teria como enfrentar um monstro daquele tamanho.

- Hahaha!! – ri Buba, acompanhado de Hawker. – A vitória pertence a Gozma! Gorax, esmague estes malditos!!

E o gigante Gorax dá passos ameaçadores em direção aos Quadridemos, disposto a pisoteá-los como insetos...

Até que o céu repentinamente se escure, como se dia se tornasse noite em questão de segundos. Trovões e relâmpagos rasgam o céu, mas nenhuma chuva cai.

Todos ali presentes, Quadridemos e agentes de Gozma, olham surpresos para o estranho fenômeno atmosférico. O que poderia estar acontecendo?

A resposta lhes é dada quando, ao horizonte da planície onde estavam, uma figura gigantesca aparece do nada, como se tivesse se materializado do próprio ar...

Uma figura sombria, de aparência robótica, totalmente negra, exceto pelos ameaçadores olhos, que brilhavam em vermelho...

E tal figura era bem conhecida de todos ali.

- Grande Satan Goss!!! – os quatro Quadridemos reconhecem em uníssono seu líder.

- O quê!? O próprio Satan Goss, aqui? – exclama Buba, claramente surpreso com a presença do próprio soberano do Império dos Monstros.

Hawker está num estado de surpresa parecido. E até o gigante Gorax, por mais selvagem que sua mente seja, instintivamente pausa ao ver o demônio galáctico.

Satan Goss, olhando para seus quatro subordinados, faz ecoar sua voz gutural por toda a planície:

- Quadridemos!!! Estou muito decepcionado com vocês! Eu lhes dou uma tarefa simples, de manter meu domínio sobre o planeta Endor, e vocês falharam!!

Ao ouvir a reprimenda de Satan Goss, os quatro mercenários imediatamente se ajoelham perante seu líder, não importando que estão num campo de batalha.

- Grande Satan Goss, por favor nos perdoe!! – suplica Purima, abaixando sua cabeça.

- Nós ainda podemos vencer esta batalha! Por favor, nos dê mais uma chance! – Goryu também roga, temerosa do castigo que os aguardava.

- SILÊNCIO!! – brada Satan Goss, efetivamente silenciando seus subordinados. – Esta batalha vocês claramente perderam, e no final, serei eu quem terá que resolvê-la!!

Ao terminar de proferir estas palavras, Satan Goss move seu olhar em direção ao gigante Gorax...

E raios vermelhos são lançados de seus olhos, atingindo Gorax.

O monstro gigante começa a urrar de maneira ainda mais selvagem, suas mãos agarram sua cabeça, como se estivesse sofrendo de convulsão, e espasmos violentos percorrem seu corpo, juntamente com os vestígios elétricos dos raios de Satan Goss.

- Gorax! O que houve? – grita Buba, perplexo com o comportamento do monstro gigante de Gozma.

Gorax eventualmente cessa seus movimentos, e permanece parado por alguns instantes. Mas, quando volta a se mover, para perplexidade de Buba e Hawker, Gorax mostra um comportamento errático, urrando furiosamente e atacando tudo que via pela frente, inclusive os próprios agentes de Gozma.

- Gorax! O que está fazendo? Pare com isso!! – ordena Buba, numa tentativa inútil de parar o descontrolado Gorax.

Os soldados Hidler sobreviventes são impiedosamente esmagados por Gorax. E, por pouco, Buba, Hawker e Gyodai (que estava sendo carregado por Hawker, por estar muito fraco após usar seu raio de crescimento) não têm o mesmo destino, conseguindo sair de perto a tempo.

O ensandecido monstro gigante os persegue, tomado pela fúria suscitada por Satan Goss. Ao perceber que suas tropas foram dizimadas, e que já não tinha mais controle algum sobre o monstro, Buba conclui que a batalha estava perdida. Com a intervenção de Satan Goss, a mesa virou: o que era para ser o trunfo de Gozma, os monstros gigantes, agora virou o instrumento de sua derrota. Assim como o poder de Gyodai para agigantar monstros era a arma secreta de Gozma, o poder de enfurecê-los era a de Satan Goss.

Sobrava então apenas uma opção à Buba.

- Mas que droga! Recuar!! – comanda Buba às tropas sobreviventes que, naquele momento, eram apenas ele mesmo, Hawker e Gyodai.

Enquanto fugia do campo de batalha, Buba vê, ao longe, os Quadridemos, que o observavam com ódio e desprezo no olhar. Apesar de terem vencido esta luta, os quatro mercenários não estavam nem um pouco felizes que precisaram da intervenção de Satan Goss para virar o jogo.

Ódio e desprezo, com que Buba os encarava de volta:

- Seus malditos! Isso não vai ficar assim! Gozma ainda dará retribuição!

E com a ameaça dada, os três combatentes sobreviventes da campanha de Gozma em Endor batem em retirada, deixando o campo de batalha para um enraivecido monstro gigante.



(*01) Como muitos devem ter percebido, o planeta Endor foi inspirado exatamente na lua homônima, de “Star Wars: O Retorno do Jedi”. E sim, o ano da história também é o mesmo do lançamento do filme (1983).

(*02) O antigo parceiro de pirataria de Buba, que aparece no episódio 29 de Changeman – “A Lenda da Borboleta Dourada”.

(*03) No universo expandido de Star Wars, o Gorax é uma espécie predadora nativa de Endor, que frequentemente atacava os Ewoks.

6 Comentários

  1. Grande Pokemon!

    Te parabenizo por esse projeto ambicioso e tão importante para o Tokuverso Expandido.

    E não poderia começar melhor!

    Que confronto, meu amigo!

    Buba e Hawker versus Ikki e Zampa?

    É difícil apontar vencedores.

    Quatro exímios lutadores.

    Tudo parecia indicar a vitória dos piratas espaciais até que Satan Goss aparece desequilibra a partida.


    Essa saga é, sem dúvida o seu maior trabalho .


    Parabéns!

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    1. Agradeço pelo elogio, meu amigo Jirayrider. A premissa desta nova obra é mostrar interações que ocorreram entre os vários personagens das séries envolvidas, em "off" das respectivas tramas principais. Por exemplo, antes da invasão da Terra (trama principal de Changeman), Gozma certamente já disputou territórios com os impérios malignos de outras séries. Então não é difícil imaginar que Buba já tenha lutado contra os Quadridemos, em algum momento. O que eu quis foi ilustrar tais encontros, adicionando detalhes e tramas paralelas, e enriquecendo ainda mais o Tokuverso.

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  2. Uma batalha interessante e muito bem narrada, mostrando dois imperios malignos colidindo.
    Uma história realmente muito legal.
    Parabéns

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    1. Obrigado pelo comentário, Norberto. E aguarde pelos próximos capítulos, pois o Império dos Monstros não era o único que vivia às turras com Gozma.

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  3. Ah, o poder e seus jogos. Bazoo, La Deus, Satan Goss, Rainha Pandora, Imperador Crisis... Cada um querendo seu quinhão nesse jogo e para isso travando guerras, muitas vezes inconclusivas. Muito legal esse primeiro capítulo, com uma escaramuça entre Gozma e o Império dos Monstros.

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    1. Olá, Eduardo. Muitas das tramas mostradas em Jogos de Poder Galácticos foram inspiradas nos fatos narrados em suas obras disponíveis na Spirit. Então você também contribuiu bastante para a criação desta obra. Um dos objetivos de Jogos será detalhar mais tais fatos, adicionando cenas de ação, diálogos e interações entre os personagens. Assim, o leitor poderia visualizar tais fatos como se os estivesse assistindo na TV. Agradeço pelo comentário.

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