1 - Difíceis Decisões.
“Space
Ghost, você sabe o que precisa fazer agora.”
O
homem de armadura permanecia parado, diante de duas câmaras de recuperação,
onde flutuavam corpos que aparentavam ser de jovens humanos.
-
Sei mesmo Spectre? Não tenho certeza de mais nada na verdade...
“Protegê-los,
levá-los para minha ex mulher e se tornar uma força de proteção para o
universo... É a sua missão... Space Ghost....”
A
voz do falecido cientista Thaddeus Bach ecoou no centro médico da nave
conhecida como Cruzador Fantasma.
-
Isso é golpe baixo... Eu não sou ele... - Space Ghost apontou para a imagem
holográfica que a IA da nave havia feito surgir diante dele. - Não tenho
ligações afetivas com seus filhos e não faço ideia de como contar para os dois
que seu pai deu a vida para que eles escapassem e para que eu nascesse... Eu...
Preciso de mais tempo... Até lá, esse é o local mais seguro para os dois.
Dito
isso, para evitar alongar tal assunto, ele se afastou do centro médico, seguindo
até a ponte de comando, pretendendo analisar uma série de sub rotinas de seu
traje, uma vez que a energia do mesmo sempre se esvaia rápido demais.
Se
os inimigos, que ele acreditava ter que encarar em um futuro próximo,
oferecessem uma ameaça do mesmo nível dos zoraks, tudo o que ele menos queria
era ficar sem energia no meio de um combate.
Spectre
se voltou à tarefa que vinha realizando nas últimas semanas, tentando recuperar
as imagens corrompidas do ataque ao cargueiro espacial onde o doutor Bach,
junto com outros cientistas, estava lotado para realizar suas experiências.
Os
poucos vídeos que ela recuperou, captados pelas câmeras de segurança do
cargueiro, apresentavam muita estática e quase não se percebia qualquer detalhe
dos atacantes que pudesse ajudar em sua identificação.
Assim
que recolhera o corpo quase sem vida de seu companheiro, segundos depois dele
ter explodido o cargueiro espacial, Spectre se dividia entre as tarefas de
cuidar do Cruzador Fantasma, monitorar os sinais vitais de Jan e Jayce,
ajudar Space Ghost no que fosse necessário e conseguir informações sobre os
responsáveis pelo ataque que ceifou a vida dos demais cientistas e tripulantes.
Ainda
sem conseguir ficar à vontade sem seu uniforme, Space Ghost seguia rodando
algumas sub rotinas, agora de navegação, tarefa essa que poderia ser facilmente
executada pela IA, mas que ele sempre acabava tomando par si, principalmente
quando sentia-se inseguro quanto ao que precisaria fazer quanto ao futuro,
próximo ou distante.
Por
isso ele quase caiu da cadeira quando alarmes começaram a soar na ponte de
comando e, enquanto Spectre explicava os motivos de tamanha comoção, várias
holotelas surgiam ao redor dele.
“Space
Ghost! Eu consegui identificar um dos atacantes! E sei onde ele está!”
Imagens
variadas surgiam, de uma criatura cujo corpo era igual ao de um humano
extremamente musculoso, mas apresentando a cabeça na forma da de um cão.
“Esse
é Brak, um canidiano e também o principal fornecedor e especialista em
armamento do Cartel da Viúva Negra...”
Spectre
explanou sobre a maior força criminosa das galáxias, envolvida em praticamente
todas as atividades ilícitas de que se pode imaginar, indo desde de tráfico de
entorpecentes ou de seres vivos, passando por assassinatos contratados e chegando
a venda de todo e qualquer tipo de armamento.
Nem
todas as informações confiáveis chegavam a um consenso sobre a existência de
uma Viúva Negra como sendo a chefe do cartel, algumas fontes afirmam que o
cargo era ocupado de tempos em tempos por uma pessoa diferente, outros garantem
que ela seria apenas uma figura para representar o poder do grupo.
Os
mais sinistros davam conta de que a líder era, na verdade, um demônio secular
vindo de outra dimensão.
Indiferente
ao que a IA dizia, Space Ghost permanecia em silêncio, olhando fixamente para
uma das imagens do mercenário conhecido como Brak.
Sua
mente era assaltada por flash que pipocavam em sua mente, mostrando o canidiano
atirando contra ele, enquanto erguia uma de suas mãos diante do rosto, uma tentativa
patética de se proteger.
Lembranças
terríveis e dolorosas.
Mas
que não eram dele.
Pelo
jeito, pensou o homem de armadura, Thaddeus Bach não forneceu apenas material
genético para sua criação, provavelmente deve ter adicionado sua própria
frequencia mental como base para o que Space Ghost viria a se tornar, por isso
aqueles incômodos flashs de memória, que ele vinha tendo nos últimos dias e
mantendo em segredo.
“Space
Ghost... Está tudo bem com você?”
-
Sim Spectre... - por dentro do capacete gotículas de suor se formavam em sua
fronte, por isso ele mudou rapidamente o foco da conversa. - Você disse também
que o havia localizado, não é?
Poucos
dias de viagem em velocidade máxima e logo haviam alcançado a Estação
Espacial Toth e Space Ghost estava diante de Brak, seu punho energizado e
pronto para derrubar o mercenário, quando foi interrompido com três indivíduos
incomuns.
- O Galaxy
Trio.
- E
isso deveria me dizer algo?
-
Com certeza você deveria conhecer os maiores caçadores de recompensa da
galáxia! Eu sou o Meteoro e esses são minha irmã, Gravidade e
nosso companheiro andróide, Vapor... Tem uma recompensa muito boa por
esse canidiano e nada fica entre nós e nossos créditos... Fora o fato de que,
no caso dele, a coisa é pessoal e...
Enquanto
os recém chegados discutiam, por um instante as atenções se desviaram do
mercenário e ele não havia sobrevivido tanto tempo desperdiçando chances como
aquela.
Brak
deu um salto para trás, aproveitando as pernas extremamente fortes, ganhando
assim uma boa distância daquele que o ameaçava e, sabendo que não poderia fugir
rápido o suficiente de quatro perseguidores, ele resolveu melhorar suas
chances.
Com
o canhão que estava formado ao redor de seu braço, o mercenário efetuou um
disparo certeiro contra Vapor.
A
explosão acabou, não apenas com a Cantina Hanna, mas também destruiu boa parte
do quadrante, deixando o lugar todo envolvo em uma imensa nuvem de vapor
esverdeado.
Spectre,
ao perder contato com Space Ghost, se viu sem alternativas, após centenas de
cálculos rápidos e sua voz ecoou pelos corredores do Cruzador Fantasma.
“Implementar
programa irmãos Poltergeist.”
8 Comentários
Grande Norberto!
ResponderExcluirUma vez mais aplaudo a sua capacidade de fazer um texto suscinto porém , preciso e cirúrgico.
Em poucas palavras, você consegue de modo magnífico , nos passar toda a ideia do capítulo.
É difícil fazer isso e eu mesmo nunca consegui.
O capítulo nós mostra a angústia do usuário da armadura do Space Ghost, uma espécie de clone do seu criador.
Ter lembranças de algo que se não viveu é complicado, ainda mais de um poderoso inimigo como Brak demonstra ser.
O final ficou claro.
Um vacilo e ele fez um grande estrago, matando ( eu suponho ) um dia mercenários que estavam em sua captura.
Diante desse ataque ,Spectre lança mão do último recurso: A vinda dos irmãos Poltergeist, deixando um excelente gancho!
Aprendi muito com a sua escrita!
Cada vez me surpreendo mais !
Muito obrigado pela leitura e pelo comentário!
ExcluirQuando vou escrever uma fanfic eu acabo procurando não me estender, se for uma continuação, quem for ler pode acabar já conhecendo ou não a fonte original, daí é mais fácil de descrever e escrever os personagens, daí dá prá ser um pouco mais direto indo na ideia que tive.
quando faço uma nova versão de algo que já existia, dá um pouco mais de trabalho, até para deixar claro que não existe nenhuma ligação com o material original, exceto alguns nomes e até algumas situações.
De qualquer modo, nesses casos de fanfics ou em alguns autorais mais recentes, eu curto encarar o desafio de fazer capítulos curtos, onde tento passar ao máximo a minha visão, afinal de contas, algo que já percebi a muitos anos, é que nem todo mundo pode ou tem tempo para ler textos muito extensos... Não acertei a mão, mas um dia chego lá.
o exemplo do que viz nesse capítulo foi realmente dispensar as primeiras páginas do texto para mostrar os sentimentos do Space Ghost, linkando também com o final da mini anterior, onde eu não havia mostrado o que exatamente aconteceu nos instantes final da luta dele com os Zoraks e o que aconteceu até o epílogo anterior... Dai, para manter o interesse esse gancho dos Irmãos Poltergeist... Se vai dar certo?
Veremos.
Maravilhoso, muito bom, realmente um episódio muito bem feito e que nos faz entender um pouco mais o que se passa na cabeça do Space Ghost... A questão dele não querer ser a pessoa a revelar aos dois jovens o que aconteceu com seus pais é algo bem abordado, afinal a reação deles pode ser bem diferente do esperado, eles podem se revoltar com o Ghost visto o pai praticamente ter morrido pra criá-lo então, acho que realmente seria uma atitude bem prudente que qualquer um de nós teria, após entender tudo que aconteceu! Quanto à situação com o canídeo, os dois lados ratiaram kkkk, ficaram trovando quem fazia e quem não fazia e o cara agiu, tocou o terror e ainda feriu (eu acho) um deles, vamos ver o que nos diz o próximo episódio! No momento, parabéns, muito boa a leitura e muito legal a forma como está conduzindo tudo, show de bola Norb! \0/
ResponderExcluirMeu grande amigo, valeu de coração pelo tempo dispensado a essa leitura e, claro, pelo comentário e a força de sempre.
Excluirquando eu estava escrevendo eu tentei me colocar no lugar do Space Ghost, da confusão mental pela qual ele estava passando e pela situação terrível de ter que contar para os irmãos sobre como havia sido o fim de seu pai...
Quanto ao Brak, a inexperiência do Space Ghost, somado à certa arrogância da chegada do Galaxy Trio não podia dar coisa boa...
Brak viu a oportunidade e aproveitou.
Bora ver se os próximos capítulos se mantem interessantes.
Valeu mesmo amigão!
E eis que Space Ghost agora se vê num dilema pessoal: ele basicamente se transformou num "segundo pai" para Jan e Jayce. Não duvido que tenha sido essa a intenção de Thaddeus Bach, pois ele até projetou a aparência e a memória de Space Ghost para serem idênticas às suas (talvez visando criar afinidade entre o Fantasma do Espaço e seus filhos). Cabe agora a Space Ghost decidir se aceita essa posição ou não.
ResponderExcluirEntão a Viúva Negra é uma espécie de Mandarim (do Homem de Ferro) do espaço: não se sabe se é um indivíduo real, ou apenas um ente figurativo para representar o cartel. Muito interessante como você estruturou as organizações criminosas galácticas de modo parecido à vida real.
Brak parece ter conseguido escapar mas, considerando os poderes do Vapor, creio que não vai ser por muito tempo. Vejamos no que vai dar.
Ótimo capítulo, Norberto!
Muito obrigado pela leitura e comentário!
ExcluirNa verdade o Space Ghost seria apenas o escolhido para levar os irmãos para sua mãe, por isso ele está receoso de despertar os dois e precisar explicar tudo o que aconteceu.
Quanto à Viúva Negra, será mesmo apenas uma figura ilustrativa? É o que iremos descobrir...
Quanto ao Brak e o destino dos heróis... só posso dizer... aguarde e confie.
Valeu mesmo
Impressionante como num texto curto você consegue aglutinar a ação e o drama constante nesse capítulo. Isso é algo bem difícil mesmo. E, você consegue passar todo o recado que precisamos. Maravilhoso!
ResponderExcluirPrecisamos agora como Space Ghost vai lidar com as memórias que o afligem. A angústia de como elas o devoram é algo que está perceptível em cada linha. Afinal, ele não as viveu na realidade, mas no cérebro dele as mesmas existem!
Destaque para Brak que escapuliu de modo argiloso e mostra que não está para brincadeira. Eu gostaria que o trio galaxy conseguisse ter mais maturidade e junto com Space fizessem um bom grupo tático.
Parabéns mesmo Norberto!
Muito obrigado pela leitura e comentário.
ExcluirFoi legal poder escrever capítulos mais curtos e ver seceu conseguiria passar tudo o que queria. Pelo visto acertei a mão.
Vejamos como o Space Ghost vai lidar com os desafios variados que estão surgindo.
Quanto ao Galaxy trio... vamos aguardar.
Valeu mesmo