Crônicas de Amizade Estelar - Spin-off 03

 

03 – O despertar de Yukari Yabuki: Muitas perguntas, pouquíssimas respostas.

Capítulo escrito com a parceria do Fictor e amigo Treinador Pokemon.

 

Agradecimento importante:

A Deus , Autor da Vida ,por me dar uma  nova chance !

Internado numa UTI, com o quadro de Angina Peitoral ( um estado que antecede o infarto) pude sentir o quanto a nossa vida é um sopro...

Devemos aproveitar cada momento e repensar certas coisas...

 

Gratidão, SUPREMO SENHOR DO UNIVERSO! (Alusão a como a família Yamachi da minhas histórias se referem a ELE)

 

Agradeço a  minha amada esposa, Rita de Cássia, por estar comigo neste momento tão difícil e aos meus filhos ,Ana Beatriz,Isabela ,Manuela e Vitor Gabriel .

 

Juntamente com o meu netinho Heitor,vocês são a razão do cidadão Antônio ,conhecido aqui como Jirayrider, existir l

 

👐🙏

 

UTI do Centro Médico dos Defensores do Planeta Terra.

Após alguns dias em coma induzido, uma senhora aparentando uns 50 anos de idade desperta...

Ela abre os olhos, observa o ambiente em redor.

Nada diz...

Mas, quem a visse poderia atestar o seu estado de angústia e confusão.

Seus pensamentos entram em ebulição:

“Onde estou?” – é a primeira e óbvia pergunta que faz a si mesma.

Ao examinar o ambiente em redor com mais detalhe, essa senhora começa a compreender a situação:

“Isso aqui... É um hospital...”

“Estou internada...”

Ela então nota um brasão ilustrado na parede do recinto...

“Mas, esse símbolo...?”

“Defensores do Planeta Terra?”

“Mas, essa não é aquela renomada instituição militar que protege o Japão contra ameaças alienígenas?”

“Como vim parar aqui...?”

“Quem e por que me trouxeram aqui?”

Imediatamente, seu pensamento toma uma outra direção:

“Jun...!”

As memórias, ainda desconexas, começam a voltar aos poucos...

Não querendo fazer nenhum tipo de escândalo, ela permanece em silêncio, afinal ela percebeu que havia sido bem cuidada.

Mas, no entanto, as perguntas borbulhavam inclementes e incessantes em sua mente.

A última e vaga lembrança de memória atestava que ela se encontrava junto à filha, em sua residência na cidade de Sendai, numa discussão intensa e acalorada.

Uma lágrima quente rola de seu olho.

Um turbilhão de sentimentos toma conta de seu coração:

Culpa, raiva, remorso, angústia...

“Ah... Jun...”

“Por que me desaponta tanto?”

“Sua teimosia me irrita...”

“Eu fui muito dura, reconheço...”

“Mas, você não me deixa escolha...”

“Não quero..., não posso e não vou te perder...”

“Eu estar aqui, nessa instalação, significa que você, minha filha... aceitou entrar nessa loucura novamente...”

Novas lágrimas rolam, porém, seus pensamentos são interrompidos quando uma das enfermeiras, ao percebê-la acordada, se dirige a ela, dizendo:

-Senhora Yukari Yabuki?

-Eu sou Teruko Ogawa, enfermeira-chefe desse setor e responsável pela senhora...

-Como a senhora está?

Com dificuldade, ela se levanta e tenta se sentar.

Teruko a adverte:

-Tenha cuidado, senhora Yabuki! Não faça muito esforço!

-A senhora pode ter vertigens! Acabou de despertar de um coma induzido!

Com esforço, a senhora Yukari diz:

-Estou bem...

-Onde está minha filha Jun...?

-O que aconteceu comigo?

-Por que estou aqui?

Percebendo a agitação da senhora Yukari, Teruko, solícita, esclarece ao mesmo tempo que tentava tranquilizá-la:

-Senhora Yabuki, por favor fique calma!

-Em breve a senhora terá contato com a sua filha...

-Não se preocupe!

-A senhora teve um princípio de AVC...

-Não corre perigo, mas inspira cuidados...

Confusa, Yukari silencia:

“Então é isso...” – pensa.

Teruko se empenha em tranquilizá-la, fazendo um breve relato do que o ocorrera, desde que a senhora Yukari deu entrada na emergência do hospital de Sendai, até ser transferida para a base dos Defensores, onde permaneceu em coma até o momento.

A enfermeira também diz que ela precisará ficar em observação por alguns dias, antes de receber visitas, e pede para que ela não se emocione demasiadamente.

A senhora Yukari podia ser austera, mas nunca mal-educada.

Mesmo com o coração angustiado, ela agradece, quando Teruko se despede.

Sozinha, com os seus pensamentos, a senhora Yukari tentava entender o que, de fato, ocorrera para ela chegar ao ponto de ser hospitalizada.

Logo ela, que se gabava de ter uma “saúde de ferro”!

Alguma coisa muito séria aconteceu...

Ela só não se lembrava o quê...

Os minutos pareciam horas...

As horas, dias...

Aflita, ela ansiava pela visita da filha...

xxxxxxxxxx

Passado o período de observação, Yukari finalmente poderia ver sua filha de novo.

Naquele primeiro encontro, ela decidiu não questionar Jun sobre sua malfadada (na visão dela) decisão...

“Esse não é o momento...” - ponderava em pensamento.

Ela só queria saber o que motivou ela ter um princípio de derrame cerebral.

Após uma infindável espera, eis que Jun aparece no recinto médico.

Ela se aproxima de seu leito, mas permanece a uma certa distância, visivelmente tensa.

De cabeça baixa, Jun evitava olhar para a mãe, que, percebendo o desconforto da filha, faz um gesto, pedindo que a filha se aproximasse.

Não era o momento para brigas.

Hesitante, Jun se aproxima.

Mas, o amor falou mais alto.

Ela, mesmo tomando todos os cuidados, abraça a mãe:

-Ah! Minha mãe! Como é bom vê-la viva!

-Me perdoe!!! Me perdoe!!!

A senhora Yukari não contém as lágrimas e retribui o gesto...

Ela precisava de acolhimento também...

As palavras faltavam de ambas as partes...

Jun acariciava os cabelos da mãe...

Com medo de que aquele quadro de emoção afetasse demais sua mãe, Jun prudentemente diz:

-Mãe, eu prometo que venho te visitar todos os dias...

-Mas, por ora, é melhor poupar a senhora de se emocionar demais...

-Fique bem!!!

-Saiba que eu te amo!!!

Segurando as lágrimas, Jun se retira.

A senhora Yukari se resigna.

Jun estava certa.

Mesmo sofrendo com as decisões de Jun em defender a Terra, indo contra os seus sonhos de se tornar uma atleta olímpica do arco e flecha, a senhora Yukari tinha orgulho da filha.

Sim, Jun era uma excelente filha!

Isso ela não poderia negar...

Os dias seguintes foram mais amenos e, conforme prometido, Jun a visitava diariamente.

Já no quarto de enfermaria da base, após a saída da UTI, ela conheceu os demais membros do Esquadrão Relâmpago.

Todos lhe foram muito simpáticos, desejando-lhe melhoras, com o Comandante Tsurugi prontificando-se a ajudar no que precisasse.

Yukari também foi visitada pelos demais membros dos Biomans, parceiros de esquadrão de sua filha. Reconheceu principalmente Shingo Takasugi, o qual já havia almoçado em sua casa, das vezes em que foi treinar em Sendai. Também reconheceu Hikaru Katsuragi, embora não tivesse com ela a mesma afinidade que tinha com Shingo...

 

Por mais que lhe fossem receptivos, Yukari não podia deixar de ainda sentir algum ressentimento pelos Biomans, e agora pelos Changemans também, por terem arrastado (na visão dela) sua filha para aquela vida novamente, fazendo-a desistir do seu sonho como atleta olímpica.

Porém, mesmo contrariada, disfarçou bem...

Se havia uma coisa que ela não admitia era a ingratidão, e ingrata com quem cuidou dela jamais o seria...

Mas, a pergunta estava lá...

Latente...

Inquietante...

Atormentadora...

“O que aconteceu para que eu viesse parar aqui...?”

“Por que não me lembro...?”

Até que um dia, com seu estado de saúde já mais estável, pergunta à sua filha:

-Jun, o que aconteceu de grave para que eu viesse parar aqui?

A pergunta certeira e direta pegou Jun de surpresa.

Ela bem que tentou, mas não foi muito convincente em suas evasivas.

Era visível a mudança no seu semblante, carregado de tensão...

Jun não se sentia segura em contar toda a verdade, pois temia uma recaída do estado de saúde da mãe:

-Mãe, eu... eu me sinto culpada pelo que aconteceu com a senhora...

-A senhora é contra o fato de eu me juntar aos Defensores nessa nova empreitada, a exemplo do que fiz quando me tornei uma Bioman, e abri mão dos Jogos Olímpicos de Los Angeles e...

Antes que Jun concluísse a fala, a senhora Yukari a interrompe:

-Não escondo a minha contrariedade com isso...

-É a sua última chance em representar a equipe japonesa de arco e flecha...

-Jogar no lixo o sonho de sua vida, não me parece razoável...

Jun tenta argumentar, tomando cuidado para não iniciar uma nova discussão acalorada, como da última vez:

-Mas, mãe... os Jogos de Seul são no ano que vem... Tem um ano pela frente e...

Uma nova interrupção...

Dessa vez mais incisiva...

-Jun... Eu já vi que nada posso fazer...

-Você é teimosa igual ao seu pai...

-Não espere que eu aceite sua decisão de bom grado...

-Que eu fique feliz com isso...

-Isso é uma grande decepção... Não vou mentir...

Jun abaixa a cabeça, frustrada.

Ela, ao mesmo tempo que não queria que sua mãe se estressasse com a sua decisão, considerava que sua mãe estava sendo rigorosa demais com ela.

Somado a isso, o fato que mais a preocupava era descobrir uma forma de contar para sua mãe, que ela descobrira há poucos dias que ela tinha um irmão, algo que sua mãe não conseguia se lembrar...

Seus temores são interrompidos com a senhora Yukari voltando a falar:

-Jun! Por que o silêncio?

-O que não tem remédio, remediado está...

-Mas, não é esse o principal motivo da minha angústia...

-Eu sinto que você esconde algo muito grave de mim...

-Você ainda não respondeu o que aconteceu para eu ter tido esse derrame...

-Seja o que for, eu exijo que me fale...

Jun suava frio.

Suas pernas bambeiam...

Sua vista escurecia...

Ante a insistência veemente de sua mãe, Jun emudece.

Naquele momento ela gostaria que Hikaru, ou até mesmo Sayaka e Mai estivessem ao seu lado...

Alguém para ajudá-la a explicar toda aquela difícil questão...

De repente, ela se lembra da senhora Setsuko!

Em sua mente, não havia pessoa mais indicada...

Tal como sua mãe, a senhora Setsuko teve um filho raptado...

Tal como sua mãe, a senhora Setsuko teve a memória apagada...

Tal como sua mãe, a senhora Setsuko tinha uma filha que, a exemplo dela, Jun, também defendeu a Terra contra as forças do mal...

E que, coincidentemente, também era a integrante amarela de seu respectivo Super Esquadrão!

As semelhanças entre as histórias eram muitas...

E ela já se afeiçoara à senhora Setsuko de tal forma que já a considerava sua segunda mãe...

Decidida, ela responde para sua mãe...

-Mãe... O que tenho para contar é algo grave, sim...

-Certamente vai mudar para sempre nossa história...

-Mas, peço que me perdoe...

-Sozinha, eu não tenho condições emocionais de te contar...

-Não quero que a senhora tenha um novo AVC...

-Se acontecer algo com a senhora, eu...

-Eu... Não vou conseguir suportar...

-Eu preciso de alguém que tenha passado pela mesma situação que nós... para que a senhora entenda...

Diante daquela fala, a senhora Yukari se assusta:

-Então, minha intuição estava certa...

-Tem algo que eu não sei...

Percebendo o abalo de Jun, que já não continha as lágrimas, a senhora Yukari segura a ansiedade.

-Filha... Não quero discutir com você...

-Pelo visto, é algo sério...

-Eu vejo medo em seu olhar...

-Eu te conheço como ninguém...

-Mas, eu preciso saber...

-Se essa pessoa a quem você se referiu tem a resposta...

-Se ela viveu algo semelhante ao que nós, por acaso, tenhamos vivido, e eu não consigo me lembrar, por favor traga-a até aqui...

-Não me deixe assim nessa angústia...

Jun respira fundo...

Um pouco aliviada, é verdade...

Mesmo rígida, sua mãe tinha o senso pragmático muito apurado.

Ela sempre conseguiu pensar de maneira racional, apesar de perder o controle às vezes.

Isso não mudou!

Em resposta, Jun diz à sua mãe:

-Confie em mim, mãe...

-Eu trarei a senhora Setsuko Tokimura, uma grande amiga dos Defensores...

-Tenho certeza de que, ao conhecer a história dela, a senhora entenderá muitas coisas...

Passados alguns minutos, Jun se despede.

Os pensamentos da senhora Yukari viajam para longe...

Para um lugar desconhecido...

A espera lhe corrói a alma...

“Quem seria essa tal de Setsuko Tokimura?”

“Qual o segredo que Jun não consegue revelar?”

“Como minha história pode ter conexão com a dela, se nem a conheço?”

“Por que não me lembro?”

xxxxxxxxxx

Dias depois...

Uma senhora entra no quarto de Yukari junto com Jun...

Ela parecia ter mais ou menos a mesma idade de Yukari, e possuía uma aura de serenidade e simpatia.

Com um sorriso amigável, a senhora se apresenta:

-Senhora Yukari Yabuki, meu nome é Setsuko Tokimura...

-Prazer em conhecê-la!