Se vocês viram o vídeo do Mindset, lembram da novidade que eu tinha falado? Pois é. Primeiro capítulo de RISE TO THE SKIES!!
Espero que curtam.
1. Transmigração
Arisa nunca foi um modelo de
aluna, mas ela conseguia se virar bem.
Estudando no ensino médio
japonês, conhecido como kokousei, e ela se esforçava para estudar bastante.
Muitas amigas dela já haviam desistido de se esforçar e buscavam aproveitar a
juventude, levando como premissa depois arrumar um bom marido que as
sustentassem.
Mas não Arisa.
Ela queria trabalhar com
tecnologia, em uma dessas grandes fábricas de celular, seja como desenvolvedora
de hardware ou software, não tinha problema. Em casa mesmo ela havia feito
algumas melhorias no próprio celular, o que garantiu que ele ficasse mais
rápido do que os padrões e respondesse melhor a comandos personalizados.
Alguns garotos a chamavam de “a
nerd dos celulares” e se mantinham longe dela.
Algumas garotas às vezes paravam
perto dela pata tirarem sarro de sua aparência pouco produzida e da falta de
vontade de arrumar namorado.
Mas ela realmente não precisava
disso. Se sentia à vontade assim, e não seria meia dúzia de menininhas
emperiquitadas ou meia dúzia de garotos vazios que a fariam mudar de ideia.
Porém aconteceria algo que
mudaria a vida dela para sempre.
Neste dia ela estava na
biblioteca fazendo uma pesquisa para o colégio – o colégio dela pedia que a
pesquisa fosse feita primeiro em bibliografias físicas para depois complementar
com dados obtidos na internet, e era assim que ela fazia.
Andando na rua, a poucos metros
da já referida biblioteca, Arisa andava um pouco distraída por causa de um
anúncio que havia recebido em seu celular, quando, no momento seguinte, ela não
estava mais na rua... Ou ao menos não na rua que ela conhecia desde sempre.
Um lugar razoavelmente escuro de
linhas retas ladrilhadas era onde ela estava naquele momento. Olhou para os
lados, viu que só tinha saída a frente e atrás de si, olhou para cima e viu que
estava entre alguns prédios, que iam até onde a vista alcançava ao olhar para o
céu.
“Onde estou”, ela se perguntou.
Em seguida, ela resolveu se acalmar.
“Deixa eu refazer meus passos. Em
um momento, eu estava a caminho da biblioteca para fazer a pesquisa da
professora Kumiko e agora estou neste lugar, que eu não sei onde é, e não tem
gente circulando por aqui. O que eu posso fazer?”
Ela tentava pensar de maneira
analítica, sem se desesperar, pois naquele lugar ela estava longe de tudo o que
conhecia, a começar por seus pais. O que eles fariam caso ela fosse dada como
desaparecida?
Tirando isso da mente, Arisa
começou a andar para frente, deixando o lugar que ela estava até aquele momento
para trás. Prestou atenção em todos os detalhes que pôde, para que caso
houvesse problema, ela pudesse voltar para aquele lugar.
O problema era que tudo era muito
igual.
Até um pouco claustrofóbico.
Ela sabia que, caso saísse dali,
não conseguiria mais voltar, não chegaria ao ponto inicial de sua jornada, era
basicamente um salto no escuro. Mas se ela ficasse ali por muito tempo, poderia
até morrer de fome ou de sede. Já fazia algum tempo que ela havia tomado seu
café da manhã e seu estômago já começava a reclamar, mesmo que de leve.
Foi quando ela resolveu mandar a
cautela às favas e andou pelo que pareceram trinta minutos. Aquele corredor não
parecia ter fim. Era como se testasse a paciência dela.
Foi quando ela chegou a um salão
imenso, seu teto tinha sido reposto por uma figuração do céu aberto de fora,
mas ali não havia repercussão do clima. Era só uma espécie de pintura viva.
Era um salão circular, vários
seres vivos e autômatos circulavam por ali, e nenhum dava a devida atenção a
ela, era quase como se fosse invisível. Mas o mais incrível era que o lugar
cheirava – não! Quase exalava pelos poros – a tecnologia, e aquilo a fascinou.
Havia uma espécie de balcão de
atendimento no centro, também circular, e três garotas bem curvilíneas atendiam
ali, com tailleurs de linhas retas e muito convidativos para os homens. Arisa
apenas pensou... “Isso só pode ter sido feito para virjões... Como eu me viro aqui”,
pensou ela, perguntando a si mesma.
- Boa tarde! – Cumprimentou uma das atendentes, sendo
simpática e energética.
- Boa tarde. Onde é aqui? – Perguntou Arisa.
- Como assim? – Perguntou a atendente.
E Arisa contou
tudo o que aconteceu, e todas as percepções que tinha do que havia acontecido.
- Ah, entendi. Provavelmente uma das últimas experiências da
doutora Orinori causou uma brecha espaço-temporal e você foi tragada. Se a
doutora verificasse melhor os efeitos colaterais... – E a atendente suspirou
com o problemão causado, fechando os olhos no processo enquanto fazia isso.
Arisa tinha certeza de que estava no lugar certo.
- Certo. Tem como você falar com ela? – Perguntou Arisa.
- Infelizmente não. Creio que você precisará ir falar com
ela você mesma. Para chegar ao laboratório dela, que fica do outro lado do
mundo, você vai precisar de força para chegar lá. Sugiro que se torne uma
aventureira.
Arisa
arregalou os olhos. Que mundo era aquele? Aventureira? Parecia daquelas
histórias em que você entra num mundo de RPG... Mas normalmente era um mundo
medieval. E aquele mundo cheio de tecnologia? Parecia ser feito especialmente
para ela!
Sua cabeça
dava voltas e voltas e seu raciocínio lógico parecia ser deixado de lado em
favor de uma história fantástica que ela vinha acalentando em seus sonhos. Um
mundo onde ela não conhecesse ninguém, cheio de tecnologia até o teto, e que
ela poderia se tornar poderosa o quanto quisesse!
Ela se
beliscou para entender se não estava sonhando, e a dor que sentiu foi bem real,
o que significava que ela estava mesmo acordada.
Foi quando ela decidiu: se
tornaria uma aventureira.
- Como eu faço, então? – Perguntou Arisa, com seus olhos
castanhos brilhando, com um tom quase infantil.
- É simples. Basta você colocar a mão que você escreve nesta
folha-circuito e ela vai te dizer qual vai ser a sua classe inicial. A partir
daí você vai poder aprender suas técnicas e seguir se fortalecendo. – Respondeu
a atendente de maneira bem professoral, sem deixar de ostentar um sorriso
amável no rosto.
Arisa fez o que lhe foi sugerido,
colocou a mão esquerda, e algo incrível começou a acontecer. Os circuitos da
folha se iluminaram e começaram a passar para a mão esquerda dela. O que sobrou
na folha (que parecia ser de plástico duro) foi sua ficha. Ela era uma Técnica,
do tipo Especialista, seus ataques eram baseados em tecnologia e ela podia
criar as próprias armas.
A recepcionista pegou a ficha de
Arisa e se espantou. Era raro ter um Aventureiro Técnico. Muitos chegavam ali e
queriam ser Guerreiros, Bardos, ou seja, mesmo que o mundo fosse de alta
tecnologia, eles queriam seguir em um mundo deveras atrasado, e faziam versões
disso frente àquele mundo tecnológico.
Mas ela era diferente. E seria
adorada por isso, afinal de contas, um Técnico é sempre necessário.
- Você realmente gosta de tecnologia, não é mesmo? –
Perguntou a atendente rindo suavemente.
- Eu não gosto, eu amo tecnologia. – Respondeu Arisa,
empolgada.
- Isso explica a sua ficha, Arisa. Você vai se dar muito bem
neste mundo. É capaz de você não querer mais voltar para o seu. – Respondeu a
atendente, como se lesse a mente da menina.
Depois de receber a devida
explicação de onde ela deveria ir para voltar a seu mundo (mais por causa de
seus pais do que o restante), ela decidiu partir em busca de suas aventuras.
Uma coisa que a recepcionista da
guilda disse foi que ninguém sabia qual era a arma específica para uma Técnica,
ela teria que decidir por si mesma, ou mesmo escolher uma entre as tantas que
havia.
Embora Arisa desconfiasse que a
maior arma de uma Técnica como ela era a própria criatividade.
A primeira parada era a cidade ao
final da estrada que saía do prédio da Guilda. Como ela bem percebeu, as
melhores moradias ali eram no alto, para quem tinha naves e podia voar pelos
céus, mas uma aventureira iniciante não tinha isso, então andaria inicialmente
entre os mais pobres.
Embora ela não tivesse problemas
com isso.
O nome dessa cidadezinha era Old
Complex, e ali resolveu buscar sua primeira missão para conseguir seu primeiro
jogo de ferramentas, e quem aceitou comprar um estojo de ferramentas como pagamento
foi um gentil senhor, que tinha um celular antigo que estava com problemas na
tela.
Só que este celular “antigo” era
muito, mas muito mais evoluído do que o dela, embora mantivesse padrões de
funcionamento. A sorte era que seu primeiro equipamento como Técnica era uma
tela dobrável com acesso à Internet de altíssima velocidade.
Após cinco minutos de pesquisa,
ela conseguiu a informação necessária para realizar o conserto que seu primeiro
cliente, aquele gentil senhor, tinha pedido. E, como agradecimento, ela
melhorou o celular desse senhor, o deixando tão bom quanto um top de linha.
Este senhor não sabia como
agradecê-la, ele não tinha muito dinheiro e ela consertou o celular dele de
maneira improvisada, mas o trabalho foi impecável.
Os dois logo ficaram amigos e ela
sabia o que fazer para ganhar experiência naquele mundo, para subir de nível.
Ela foi pegando consertos pequenos que apareciam sem parar, e logo ela subiu
para o nível 2. Ela ganhou cinco novas perícias, e somando com as 10 que ela
não soube como distribuir, ficou com 15, aguardando saber como escolher.
Foi andando por aquela pequena
cidade que ela encontrou uma grande casa, era de um dos raros Técnicos que
poderiam ser encontrados naquele mundo. E aquela cidadezinha tinha um, mais
porque ele não quis sair dali do que ele quisesse fazer fama e riqueza.
Sim, os Técnicos poderiam ser
elevados à categoria de deuses.
E aquele senhor que a viu
chegando não precisou muito para saber que ela era uma companheira de classe.
- Faz muito tempo que eu não vejo outro igual a mim,
menininha. – Disse ele em leves risadas.
- Bom, eu cheguei nesse mundo hoje, faz apenas algumas
horas. Me tornei aventureira para saber como voltar para casa. – Arisa não
tinha porque esconder o que pretendia fazer, afinal de contas, segundo ela,
dificilmente alguma pessoa a faria mal.
- Sorte sua que eu não quero fama nem riqueza, só um pequeno
lugar confortável para morar. Como os Técnicos são raros neste mundo, não é
difícil que eles sejam abordados, sequestrados ou mesmo escravizados. Somando o
fato de você não ser desse mundo e ser uma garota, é o sonho de qualquer desses
homens endinheirados. Peço que tome cuidado com aqueles com quem conversar. E
antes que a minha educação cobre seu preço, deixa eu me apresentar. Meu nome é Shusui
Uzuyuki. É um prazer conhecê-la.
- E eu sou Arisa Hisami, Uzuyuki-san. O prazer é meu. É
agradeço pela franqueza e me ensinar sobre esse mundo. Também agradeço pela sua
bondade.
E os dois sorriram um para o
outro. A amizade estava feita em pouquíssimo tempo, Arisa era assim. Não
demorava nada pra fazer amizade quando gostava da pessoa.
Shusui ficou surpreso com a
polidez que ela o tratou, isso o deixou bem feliz em ouvir.
- Mas diga, pequena amiga, no que eu posso te ajudar? –
Perguntou Shusui.
- É que eu não sei que perícias pegar, tenho vários pontos e
não sei por onde começar. – Arisa estava envergonhada por não conseguir fazer
algo que, segundo ela, provavelmente era muito simples.
- Vamos ver. Me mostra a sua tela de perícias e técnicas. –
Pediu Shusui.
Foi quando ela o abriu e permitiu
que ele visse, e ele ficou intrigado. Ela tinha duas perícias de classe
Mundial, que era Inteligência Elevada e Facilidade com Tecnologia, perícias
essas que ele nunca conseguiu pegar por serem muito caras e demandariam muito
esforço, e ela já tinha logo de cara.
Viu os espaços de perícia que ela
tinha e o número de pontos, que era normal serem poucos. Foi quando ele riu
gostosamente.
- O que foi, Uzuyuki-san? – Perguntou Arisa sem entender
nada do que estava acontecendo.
- É que você tem duas perícias de classe Mundial, pequenina.
Só essas duas perícias custariam cerca de 30 anos de trabalho pra alguém como
eu. Você foi abençoada, de verdade. – Explicou Shusui em seu melhor tom
professoral, com um sorriso no rosto.
Arisa se assustou ao ver na tela
de Shusui o quanto de pontos de experiência custaria as duas perícias que ela
havia ganho ao ser cadastrada como aventureira. E não pôde conter seu sorriso.
Shusui mostrou a ela quais as
melhores perícias que ela poderia pegar segundo a opinião dele, e mostrou
também que outras casariam bem com as duas que ela já possuía. Ela foi
escolhendo aos poucos, e quando terminou, ficou feliz com o resultado.
Outra coisa que era importante
eram as receitas de equipamentos novos. Ela teria de obter uma para fazer o que
eram chamados de “equipamentos derivados” naquele mundo, ou seja, todos os
equipamentos que formariam outros maiores ou melhores.
Foi quando ela começou a ver a
genialidade de Shusui.
Ele tinha algumas receitas, e
todas elas eram muito, muito complicadas à primeira vista. Segundo ele, ela
teria que estudar muito ainda para conseguir ler aquelas receitas, mas ele deu
a ela a primeira que ele adquirira naquele mundo, o de uma arma multiuso.
Aquilo vinha (e muito) a calhar.
Em agradecimento Arisa ajudou
Shusui com vários consertos, vários que ele tinha enfileirados, e ao final do
dia eles terminaram tudo. Ele teria um dia para descansar finalmente.
Ela passou com o gentil senhor o equivalente a três meses, pois ela insistia que queria ajudá-lo a conseguir os talentos de classe mundial que ele queria, só que dava mais trabalho se tentasse fazê-lo sozinho.
10 Comentários
Grande George Firefalcon!
ResponderExcluirMuito bom te ver produzindo (Dois episódios no mesmo dia de propostas diferentes , não é pra qualquer um).
Interessante essa sua nova proposta, pautada num mundo paralelo, onde a tecnologia é linha mestra.
A garota nerd Arisa promete aprontar muitas confusões!
Parabéns, George!
Hehe... Fico contente que tenha curtido pra caramba. Agora vou mostrar um pouco a minha faceta de nerd de tecnologia. Abraço!!
ExcluirEm primeiro lugar, parabéns por mais um trabalho e por iniciar mais uma jornada dentro do MindStorm Jorge meu amigo! Quanto ao texto, achei o título e a capa muito legais mas confesso que me surpreendeu o rumo da história e como tu mesclou RPG com a situação de tecnologia de informação, criando uma história em fusão, vou acompanhar e ver como tudo se desenrola! Como única reclamação, acho que foi tudo muito corrido, ela passou da apresentação pra uma aventureira em evolução passando por cidades de várias pessoas em pouquíssimo tempo, o que com certeza deixa um monte de situações que poderiam acontecer de fora, mas enfim, foi só minha impressão, parabéns pelo trabalho cara!
ResponderExcluirMas é essa a impressão que eu quis passar, Lanthys. Tudo na tecnologia acontece muito rápido, e não vai ser diferente na aventura da Arisa. Abraço!!
ExcluirOlha só. Belo trabalho!
ResponderExcluirMuito bom ver uma história nova e fora do estilo tokusatsu. Na verdade, é um estilo anime né? Achei que bacana a mescla de RPG com tecnologia.
Mas, o que eu mais gostei foi a relação da menina com o professor. Achei perfeita. Ela não era tão estudioso muito porque o modelo de ensino é extremamente teórico. Quando ele a levou para prática a apaixonou. Ao menos, é o que eu entendi.
Achei umas coisas corridas , mas acho que foi proposital.... temos que ficar atentos.
Parabéns!!!
Sim, Artur. É estilo anime, como eu já comentei contigo, é uma mistura de um determinado anime com o estilo isekai. E como eu disse ao Lanthys, corrido foi de propósito. Abraço!!
ExcluirValeu, George. Mas, eu viajei muito na questão da relação professor-Aluno? Ou foi algo neste estilo que eu comentei acima? Acho que mesmo nessa relação você mostrou com a maestria que a tecnologia traz uma prática muito interessante para a estudante. Parabéns, mesmo!
ExcluirNão pensei nisso, mas vou pensar melhor. Obrigado por pontuar!
ExcluirE, como você comentou comigo tempos atrás, eis o seu Isekai, um estilo que, como você bem sabe, eu não gosto nem um pouco... hahahaa
ResponderExcluirA história ganha pontos por não ser o batido mundo medieval, por isso acho que você poderia ter criado umas classes mais modernas... Ao invés de Guerreiro e Bardo, poderia ser, sei lá, um Cyberhunter e um Digisinger... Acho que combinaria mais com um cenário tão tecnológico como você quis passar.
Eu faço coro com o Aldo... Achei muito corrido a forma como foi as situações foram passadas.. .entendi o ponto de querer fazer um paralelo com o avanço das tecnologias, mas mesmo esse avanço pode ser apresentado de forma mais detalhada e pausada... Fazer a história corrida pode cair no risco dos leitores não se importarem tanto com a protagonista, quando surgirem os primeiros obstáculos que, espero, sejam mais problemáticos e difíceis de serem vencidos.
o gancho final, eu sei, eu sei, pode me chamar de chato... Mas ainda tá faltando um gancho final que empolgue, que faça ficar ansioso pelo próximo capítulo.
No mais... O seu isekai conseguiu algo que os oficiais não conseguem comigo... Acompanhei o primeiro capítulo e verei o segundo.
Fico feliz que tenha gostado. EU ainda tenho bastante no que trabalhar, e você levantou um ponto que é interessante verificar. Obrigado.
Excluir