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Thundercats - Preço Mortal

 



Preço Mortal

1-Comunicação morta.

 

Algo estava terrivelmente errado.

 

- Toca dos gatos! Responda! Aqui é a policial espacial Mandora… Toca dos Gatos! Toca dos Gatos?

 

Frustrada, a agente da lei jogou o comunicador o mais lo0nge que o fio dele permitia, enquanto soltava um suspiro de impaciência e irritação, ao afundar ainda mais no assento do piloto da nave.

 

- De repente alguém caçou os gatinhos e estão todos devidamente empalhados! - dentro de uma área de detenção, seguia um prisioneiro que fazia mandora se arrepender por não ter instalado abafadores de som na cela. - Safari Joe aprovaria!

 

- Safari Joe vai parar de falar de si mesmo na terceira pessoa, senão Mandora vai até aí e vai fazer Safari Joe se arrepender de abrir a boca…

 

O vilão gargalhou, sentindo-se vitoriosos apenas por ter conseguido tirar a policial do sério, recostando-se da maneira que dava dentro da cela, fechando os olhos e relembrando das vezes em que chegou perto de conseguir caçar os únicos animais que haviam conseguido lhe escapar.

 

Mandora resistiu à tentação de ir até a cela e calar aquela risada irritante, a preocupação com os amigos que ela fez no terceiro mundo superava sua já conhecida raiva.

 

Mais algumas tentativas e, quando finalmente sua nave se aproximava do Terceiro Mundo, ela desligou o comunicador e aumentou a velocidade.

 

Queria saber logo o motivo de ninguém responder suas tentativas de contato.

 

Fazia um bom tempo desde sua última aventura com o velho amigo Lion-o, antes dela ser escalada para perseguir e aprisionar fugitivos que haviam se espalhado pela galáxia, agora finalmente capturara o último deles e precisava do testemunho de alguma de suas vítimas para efetuar a transferência do criminoso para uma prisão de segurança máxima.

 

O problema começou quando a nave de Mandora alcançou distância de comunicação, mas só recebia estática como resposta a suas tentativas de contato, por isso ela então acionou os aceleradores extras, mergulhando na atmosfera do Terceiro Mundo.

 

Safari Joe ainda tentou disfarçar, mas até mesmo ele se sobressaltou ao olhar por uma das janelas da nave.

 

- Mas o que diabos aconteceu aqui?

 

O ar parecia repleto de cinzas, nuvens de tempestade exibiam raios e trovões ao longe, a nave de Mandora ainda estava a alguns quilômetros da Toca dos Gatos, mas ao ver aquele estado de desolação do planeta, a policial do espaço tratou de aumentar a velocidade, cobrindo a distância em poucos minutos.

 

Algo que o prisioneiro notara e que manteve para si mesmo, foi o fato da ausência completa de qualquer tipo de ser vivo pelo caminho que estavam fazendo.

 

- Toca dos Gatos! Alguém na escuta? Toca dos gatos!

 

Silêncio era a única resposta que ela recebia.

 

Quando finalmente alcançou seu objetivo o choque foi ainda maior.

 

Diante dela a Toca dos Gatos, portentosa base dos Thundercats, jazia com a estilizada cabeça felina caída para o lado, uma das patas, onde ficava o Thundertank aberta e com o veículo virado, a outra estava destruída, sendo possível ver que estava vazia.

 

Pelas paredes externas da base era possível ver várias manchas escuras, que a experiente policial identificou de imediato como sangue envelhecido

 

Mandora pousou sua nave próxima da escadaria que dava acesso à entrava, colocou suas armas nos coldres, verificou a energia da cela de Safari Joe e começou a sair.

 

- Ei! Ei! Ei! Vai deixar Safari Joe aqui desse jeito? Me leva com você…

 

- A situação já é delicada demais… - o capacete da policia deixava à mostra somente sua boca, que exibia um sorriso de nervosismo crescente. - A última coisa de que preciso é ter que me preocupar com um ataque sorrateiro… Fique quietinho aí que eu já volto.

 

E então ela saiu.

 

Poucos minutos se passaram da saída de Mandora e logo o som de algo metálico raspando no chão da nave, chamou a atenção do caçador que, horrorizado, percebeu a chegada de algo para o qual não estava preparado para ver.

 

Mandora já havia entrado na Toca dos Gatos, por isso não pode ouvir os gritos de seus prisioneiro, sua atenção estava toda focada no cenário de destruição do interior da base, com mais manchas de sangue nas paredes, bem como vários destroços, aparentemente resultantes de um tipo de confronto.

 

Um ataque em larga escala dos Mutantes?

 

Dos Lunatacs?

 

Várias possibilidades se desenhavam na mente de Mandora, que seguia avançando pelo local, o silêncio sepulcral servia apenas para deixá-la mais e mais tensa, a mão direita segurava com força o cabo de sua pistola laser.

 

Ela então chegou à sala de controle da Toca que, a exemplo de toda a base, também se encontrava com os móveis revirados, algumas paredes destruídas, um caos total.

 

Mandora seguiu até um dos consoles, tentando ver se algum dos computadores da base ainda funcionavam, o que talvez, apenas talvez, pudesse lançar alguma luz sobre o que acontecera a seus amigos.

 

O som de algo metálico se arrastando às suas costas, fez com que a policial se virasse, arma em punho, vendo uma silhueta conhecida surgindo de uma sala lateral que estava às escuras.

 

- Panthro! - cometendo um grande erro Mandora guardou sua arma, conforme seguia na direção do velho amigo. - Pelos deuses! O que aconteceu aqui? Onde estão os outros? O que…

 

A pergunta morreu na garganta da policial, quando finalmente o thundercat veio para a luz e ela pode ver o estado em que ele estava.

 

A pele, que já tinha tons cinzas, estava pálida, exceto por diversas manchas avermelhadas que se espalhavam por todo seu corpo, se concentrando ao redor da boca que, sem lábios, exibia dentes que batiam ameaçadoramente.

 

Uma das pernas exibia uma severa fratura e ele vinha arrastando-a, a mão direita segurava apenas uma das garras de seu nunchako, com a corrente partida balançando, pela extensão de seu corpo, vários ferimentos estavam à vista, muitos mortais.

 

- O… O que aconteceu com você?

 

A resposta foi um urro gutural e, a despeito do estava lastimável em que se encontrava, o thundercat exibiu uma velocidade impressionante, saltando na direção da policial que, por se tratar de um amigo, retardou sua reação o suficiente par ser desarmada.

 

Sem tempo sequer para fazer um novo questionamento a respeito de tal comportamento absurdo, Mandora foi derrubada no chão, com Panthro tentando desesperadamente mordê-la.

 

Usando o antebraço para conter as mordidas, segurando-o contra o pescoço do thundercat, a policial tentava desesperadamente alcançar seu bumerangue, ou qualquer outra arma, mas o peso do outro a impedia de esticar sua outra mão, que também estava tentando mantê-lo longe.

 

- Panthro! Pare com isso! Panthro!

 

Repentinamente o peso diminuiu, quando algo atacou a cabeça do enlouquecido thundercat, jogando-o para o lado.

 

- Mas quem? - uma mão se estendeu na direção de Mandora, ajudando-a a se levantar, que só aceitou ao reconhecer seu salvador. - Tygra?

 

- Vem comigo se quiser viver.

 

2-O Horror dos mortos.

 

Tygra corria pelos corredores da Toca dos Gatos segurando firme na mão de Mandora que, ainda em estado de choque, apenas se deixava levar.

 

- Estamos quase no saguão de entrada… - ele falava em um comunicador que estava preso à sua orelha direita. - Prepare tudo para uma saída rápida… Sim… Eu o encontrei, mas tive sorte… Sim estamos quase lá e… Espere… Maldição… Vou demorar um pouco…

 

Assim que desligou o comunicador, Tygra soltou a mão de Mandora e pegou em um cinto um objeto que se assemelhava ao cabo da arma que ele sempre utilizara.

 

Um botão foi acionado e uma boleadeira de energia foi projetada, no exato momento em que Panthro surgia por uma das escadarias e voltava a persegui-los.

 

Usando a arma como um chicote, Tygra conseguiu acertar o peito de seu amigo e companheiro de equipe, deixando uma marca negra e profunda pelo caminho, mas de forma surpreendente, tal ferimento mal serviu para diminuir sua velocidade e logo ele voltava ao ataque.

 

Foi nesse momento que Mandora percebeu a falta do braço esquerdo de seu salvador, pois repentinamente um braço feito de energia azulada foi surgindo, conforme Tygra atingia a cabeça do monstro com as costas do punho brilhante.

 

Panthro fora arremessado contra alguns móveis empilhados e jogados num dos cantos do imenso saguão, o que deu tempo para que suas presas conseguissem se jogar para fora da Toca

 

Sem parar sequer para respirar, Tygra se voltou para a porta e, com sua arma, criou uma rede de energia, que acabou impedindo o monstro de continuar a segui-los.

 

- Corra para o Thundertank! Não pare para nada e…

 

- Não posso! Tenho um prisioneiro na minha nave!

 

Tygra ficou quieto por um momento, considerando suas opções, uma vez que a rede de segurança não duraria muito, o melhor seria sair o mais rápido que pudessem, mas, infelizmente, ele ainda não era capaz de deixar algum inocente para trás.

 

- Abra o Thundertank e me aguarde! - mais uma vez ele usava o comunicador auricular. - Se eu conseguir fazer a nave voar, você segue para casa direto… Mandora, segue pro Thundertank, eu vou ajudar seu prisioneiro.

 

O tempo seguia contra a dupla, Mandora nem pode avisar quem era seu prisioneiro e mal teve tempo de se surpreender quando, ao alcançar o veículo dos Thundercats, apenas uma delas estava lá dentro.

 

- Pumyra? - a policial logo se acomodou ao lado da velha amiga. - Como é bom te ver! Eu…

 

- Já, já conversamos Mandora… - permanecendo concentrada, ela tinha deixado claro que não era o momento de conversas. - Agora preciso prestar atenção no Tygra e…

 

- Corram!

 

O grito de alerta interrompeu a frase de Pumyra, conforme ela e Mandora viam Tygra sair correndo de dentro da nave da policial.

 

- Berbills!

 

Num primeiro momento Mandora, que já estava confusa, ficou ainda mais, duvidando até mesmo da sanidade de seus velhos amigos, pois ela podia jurar que Tygra saíra em desespero de sua nave gritando o nome dos simpáticos ursinhos mecânicos, naturais do Terceiro Mundo.

 

Apesar de ainda não acreditar, em seu subconsciente ela torcia para que tudo não passasse de uma brincadeira sem graça, Mandora mal conseguiu se segurar, quando Pumyra deu uma violenta ré com o veículo, seguindo rápida na direção do outro thundercat.

 

Naquele exato momento, de dentro da nave da policial, se movendo como se fosse uma onda no mar, dezenas de pequenos Berbills saiam no encalço de Tygra.

 

O que mais chamava atenção era no fato dos pequenos seres estarem apenas soltando urros guturais, além de muitos deles apresentarem ferimentos extensos por seus corpos, alguns com até sem um braço ou perna.

 

Assim que alcançou o veículo, Tygra saltou pela fresta aberta no compartimento traseiro.

 

- Vai! Vai! Vai!

 

Pumyra acionou diversos botões e direcionou o veículo na direção da ponte quebrada que, no passado, dava acesso ao pátio da Toca dos Gatos.

 

- O que você está fazendo! - a policial segurava com força nos braços do assento onde ela estava. - Não dá pra pular para o outro lado!

 

- Quem disse que vamos pular?

 

Assim que o Thundertank se aproximou da borda do pátio, após Pumyra acionar uma série de comandos, ele saltou para o ar e, assumindo toda uma nova configuração, se transformou numa nave.

 

Atrás deles vários berbills acabaram por cair na imensa e profunda fenda natural que existia diante da Toca dos Gatos.

 

- Por pouco Tygra… - uma pequena abertura se abriu para o  compartimento traseiro. - Dá pra não ser assim tão por um triz, uma vez na vida?

 

- Sinto muito meu anjo… Eu precisava tentar salvar o coitado…

 

- Como assim? - Mandora sentia a paciência esvair de vez, ela aumentava o tom de voz, conforme ia acionando diversos botões em um aparelho preso no seu pulso. - Tentar salvar? Como assim e…

 

- Mandora! Não…

 

O aviso chegou tarde e, diante da policial, uma tela holográfica surgiu, mostrando as imagens captadas pelas câmeras internas de sua nave, o que deixou a policial do espaço completamente em choque.

 

As imagens mostraram que os outrora pacíficos Berbills, exibindo dentes afiados, que nunca haviam mostrado antes, haviam desligado o campo de contenção da cela de Safari Joe e agora vários deles, aqueles que não haviam corrido atrás de Tygra, estavam sobre o corpo do criminoso.

 

Estavam devorando-o.

 

Paralisada como ficou, com Pumyra e Tygra dando graças aos deuses de Thundera, Mandora nem se lembrou de acionar o som do vídeo, poupando todos assim de ouvirem os gritos de dor e desespero, daquele que já se intitulou como o maior caçador da galáxia.

 

O tronco dele se encontrava quase aberto, as pernas haviam sumido do meio das coxas para baixo e ao menos um dos braços já não era visível, mais alguns torturantes minutos e os três perceberam que, finalmente, Safari Joe parou de se debater.

 

 De forma gentil Tygre tomou a mão de Mandora nas suas e desligou a tela holográfica, enquanto Pumyra dava a volta na nave, vendo com tristeza o que restara da Toca, todos seguindo em silêncio para o último abrigo seguro do Terceiro Mundo.

 

Assim que chegaram na montanha Gancho, outrora lar do Homem das Neves, Mandora precisou de ajuda para descer do modificado Thudertank, que pousou no pátio de uma construção que aparentava ser inteira feita de neve.

 

- Seja bem vinda ao… - Pumyra tratava de falar pela dupla,  uma vez que Tygra permanecia calado. - Castelo da Última Esperança… Por enquanto os mortos não chegaram aqui…

 

Conforme iam se aproximando da entrada mais próxima, portas duplas se abriram dando passagem para um grupo que seguia para recebê-los.

 

- E conheça nossa pequena… Família…

 

3-Os sobreviventes dos mortos.

 

Poucas vezes na vida a policial espacial Mandora havia ficado sem palavras e ali, no castelo do Homem das Neves do Terceiro mundo, com certeza era uma dessas ocasiões.

 

- Sejam bem vindos… - o primeiro a alcançar os recém chegados, após cada frase, grasnava. - Então eu estava certo!

 

- Sim Abutre… Apesar de não podermos nos comunicar, os sensores da sua nave captaram perfeitamente a chegada da nossa amiga… Graças a você conseguimos chegar a tempo…

 

- Abutre? - de forma inconsciente, a policial levou uma das mãos ao cabo de sua arma. - O Abutre?

 

- Calma minha amiga… - de forma gentil, Pumyra conteve Mandora, pois sabia que viviam em um barril de thundrillion, prestes a explodir por qualquer motivo. - As coisas mudaram muito no Terceiro Mundo desde a última vez em que você nos visitou… E eu sei que você tem muitas perguntas, mas, por favor… Aguarde mais um pouco… Temos alguns protocolos de segurança antes de entrar no castelo.

 

Como se para mostrar a verdade nas palavras da thundercat, Abutre arrastou um imenso aparelho, que escaneou o corpo de Tygra, que se mantinha à frente das duas.

 

- Está limpo… Encontrou algum deles?

 

- Panthro… Na Toca… - era palpável a dor na voz dele ao falar com amigo. - E alguns berbills… Eles… Pegaram o Safari Joe…

 

- Safari Joe?

 

- Ele estava comigo…

 

Mandora se apressou em falar os motivos que a levaram até a Toca dos Gatos, afinal, perto do que ela presenciara, mesmo com a responsabilidade da morte de seu prisioneiro, pesando sobre seus ombros, era óbvio que algo muito mais importante estava acontecendo ali.

 

Assim que o scanner do Abutre liberou ela e Pumyra, a policial tratou de ficar ao lado de Tygra, que conversava com o mutante sobre provisões que estavam escassas e sobre algum grupo que estava em outra missão.

 

- Passamos pelas plantações dos Berbills na volta, mas as arvores estavam todas secas e tão mortas quanto o resto do planeta…

 

- Desse jeito, em breve, não teremos escolha senão seguir meu plano de fuga… Como está a nave da policial?

 

- A policial está bem aqui… Pode me perguntar diretamente, mutante…

 

- Há! Adoro o jeito dela de me tratar! - sem dar muito atenção as palavras duras da policial, o Abutre se voltou para Tygra. - Parece até que estamos de volta aos tempos antes do fim do mundo…

 

- Dê um desconto para ela… Não foi nada bonito… Um grupo de berbills invadiu a nave… Eu mal consegui escapar… Não reparei se eles causaram algum dano interno…

 

- Hum… Ao menos é uma opção viável para a fuga…

 

- Já falamos sobre isso… Temos centenas de sobreviventes aqui no castelo… Não iremos embora sem eles…

 

- Se os mortos encontrarem um jeito de nos alcançar, essa pode não ser uma opção viável…

 

Mandora tentou se manter impassível enquanto os dois conversavam, mas era insuportável apenas aguardar, por isso ela se desvencilhou de Pumyra e seguiu direto até Tygra e Abutre.

 

- Olhem, eu sei que vocês estão passando por uma terrível situação, mas preciso realmente entender o que aconteceu por aqui, já que um prisioneiro sob meus cuidados acabou sendo devorado por seres que sempre considerei pacífico e… Pelos infernos… Eu nem imaginava que eles sequer tinham dentes!

 

- Cuide disso você Tygra… - após soltar um longo suspiro de impaciência, o mutante começou a se afastar. - Eu tenho mais o que fazer do que ficar relembrando das desgraças passadas… Preciso me preparar para as que estão pela frente…

 

Assim que ficaram a sós, os Thundercats guiaram Mandora até um local onde havia uma área com poltronas e indicaram onde ela poderia sentar.

 

- Eu lamento por isso… Infelizmente os nossos protegidos ficam agitados e nervosos quando trazemos gente nova… Houve… Alguns incidentes… - Tygra levou inconsciente sua mão direita até onde seu braço esquerdo fora amputado. - Mas vamos à sua pergunta… Não temos certeza de como o surto começou, só sabemos que foi algo envolvendo Lion-o e Munn-Ra…

 

“Estávamos todos em lugares separados do Terceiro Mundo… Só ficamos sabendo de que Lion-o havia seguido sozinho para a pirâmide negra quando tudo já havia dado errado…

 

Eu estava com os novos Thundercats, Pumyra aqui, meu irmão Bengali e o Linx… Estávamos resolvendo uma disputa entre as Donzelas Guerreiras e o Broca, quando o ar começou a ficar repleto de cinzas…

 

Não demos a devida atenção, continuando a mediar a discussão entre Wylla, Nayda e o Broca até que os primeiros gritos nos alcançaram.

 

Um grupo imenso de berbills nos cercou… As primeiras vítimas foram as Donzelas que estavam no chão, ao nosso redor, muitas sendo parcialmente devoradas e, em poucos instantes essas também se levantaram e começaram a nos atacar…

 

O Broca fugiu pelo chão enquanto mal tivemos tempos sequer par entender o que estava acontecendo…

 

Linx foi o primeiro a ser mordido por uma donzela e alguns berbills, não conseguimos achá-lo, mas às vezes recebemos relatos de sobreviventes… Parece que ele ainda está caminhando pela floresta…

 

Eu e Pumyra quase não conseguimos voltar para o Feliner, levando conosco, Nayda e algumas das Donzelas… Wylla ficou para trás, tentando ajudar outras de suas companheiras… Nós também nunca mais a vimos…”

 

- Meu irmão foi mordido numa de suas pernas e acabou se transformando enquanto estávamos indo para a Torre da Justiça… Eu…

 

- Tygra precisou contê-lo e acabou jogando Bengali do Feliner… - como ocorria, sempre que algum novo sobrevivente se juntava a eles, Pumyra assumia a narrativa quando a tristeza tomava seu companheiro. - Assim como com Linx, a única coisa que sobrou dele foi uma de suas armas…

 

- Que eu empunho em respeito a eles…

 

O thundercat ergueu então o braço que ainda lhe restara, mostrando o escudo de energia do companheiro caído e em seu cinto era possível ver tanto a arma do irmão, quanto a sua própria.

 

- Mas e quanto ao Lion-o? Vocês não tiveram notícias dele e…

 

De repente a policial se assustou com algo roçando sua canela e, ao olhar para baixo, se surpreendeu ainda mais.

 

- Snarf?! Mas… O que está fazendo aí e…

 

O pequeno felino se arrepiou todo diante da tentativa de contato, quando Mandora estendeu uma das mãos em sua direção e saiu correndo, sumindo dentro do castelo.

 

- Mas o que…

 

- Snarf foi o único que acompanhou Lion-o à incursão na Pirâmide Negra, que se encontrava totalmente cercada pelo miasma que tomou o ar do Terceiro Mundo… Eu e Pumyra havíamos seguido para lá, com as sobreviventes da floresta das Donzelas Guerreiras, quando o achamos… O coitado estava quase sendo devorado por um dos mutantes, já transformado num morto vivo…

 

- Nós o salvamos… - Pumyra completava a narrativa do companheiro. - Mas, infelizmente, ele estava assim… Não abemos o que ele viu na Pirâmide, mas foi o suficiente para fazê-lo regredir a um estado primal de consciência, impedindo assim qualquer tipo de comunicação…

 

- Sem outra escolha seguimos para a Toca dos Gatos… Relembrando agora, é incrível como as coisas deram errado tão rápido… - Tygra voltava a remexer no lugar onde antes ficaram seu braço, Mandora aprenderia em algum momento que o thundercat havia desenvolvido aquele tique nervoso a um bom tempo. - Mas assim como você, fomos recebidos pelo… Pelo que o Panthro havia se tornado… Nós o enfrentamos e foi quando perdi um olho e um braço… Mas mesmo ferido, não podíamos parar de procurar nossos amigos… Pumyra e as Donzelas Guerreiras fizeram o que podiam para me manter vivo e seguimos nossa busca...

 

“Fomos até a Torre da Justiça, Cheetara ficara lá de plantão, mas só encontramos escombros e restos de Bolkins infectados por todo o local.

 

Além de muito sangue espalhado nos arredores, incluindo um estranho rastro que seguia direto na direção da Piramide Negra e desaparecia alguns quilômetros à frente.

 

Enquanto tentávamos encontrá-la, vimos outros habitantes do Terceiro Mundo, todos transformados nesses monstros e depois de várias buscas, quando o combustível do Feliner estava prestes a acabar, viajamos para o local mais isolado do planeta.

 

Quando chegamos o Homem das Neves nos recebeu de braços abertos e então transformamos o castelo num abrigo para todos aqueles que conseguissem chegar até aqui, ou que nós trouxéssemos.

 

O Abutre foi um dos poucos mutantes a escapar da infecção… Sua nave caiu aqui perto, mal tivemos tempo de tirá-lo dos escombros antes dela explodir…

 

Como sabia que, dificilmente, acreditaríamos que ele estava do nosso lado, fez questão de trazer alguns sobreviventes, entre eles Willykat, que estava quase morto... Ele caiu de um penhasco ao fugir da própria irmã…”

 

- Assim como Snarf, ele ficou profundamente marcado pelo que aconteceu… Mas se o nosso pequeno amigo regrediu a um estado de incapacidade de comunicação, Willykat se tornou um caçador dos mortos, sempre se oferecendo para missões de resgate, se lançando contra os monstros como se ele mesmo quisesse morrer…

 

- Tygra… Eu… Por que vocês não tentaram entrar em contato?

 

- Nós tentamos… Mas algo na atmosfera também começou a interferir nas comunicações… Principalmente as interplanetárias… Ficamos literalmente presos e encurralados…

 

- Sim… Mas…

 

A frase da policial foi interrompida, quando Abutre veio correndo até o trio, totalmente esbaforido, precisando retomar o fôlego várias vezes antes de dizer o motivo de tanto alvoroço.

 

- Ele voltou! E ele conseguiu!

 

Tygra e Pumyra se levantaram de imediato, correndo ao lado do Abutre e, mesmo sem entender nada, Mandora não ficaria para trás, correndo até alcançá-los, esperando que acontecesse algo que desse fim àquele pesadelo.

 

Ela deveria ter cuidado com seus desejos.

 

4- O início da invasão dos mortos.

 

- Eu insisti para que ele passasse pelos scanners e…

 

- Afaste-se Abutre… Deixa ele respirar…

 

Tygra abraçou o recém chegado, amparando-o para não cair no chão, enquanto Pumyra se aproximava, trazendo água que, assim que lhe foi oferecida, foi tomada com sofreguidão e desespero.

 

- Willykat… Droga garoto… O que aconteceu?

 

O jovem thundercat conseguiu ficar sentado, depois de colocar para o lado algo que lembrava um jarro e que, Mandora não pode deixar de notar, estava tremendo, como se tivesse algo vivo lá dentro.

 

- Turmagar e Alluro?

 

- Eles… - era tangível na vos do garoto todo o esforço para se concentrar e falar. - Eles não conseguiram… Quando pousamos, já estavam nos esperando… Fomos cercados… Turmagar durou mais tempo, mas logo Alluro foi comido… Eu… Eu mal conseguir pegar e voltar pro Feliner…

 

- Calma… Tá tudo bem… Vou te levar para seu quarto e…

 

- Não!

 

O grito do jovem fez todos os presentes se sobressaltarem, conforme ele se arrastou para longe do líder dos sobreviventes.

 

- Eu… E-eu…

 

Sem saber como colocar em palavras, Willykat simplesmente ergueu uma das mangas, mostrando uma mordida no antebraço, a infecção já espalhada por boa parte de seu corpo.

 

- Ela estava lá Tygra… Bem na entrada do Feliner… Eu… Eu não pude machucar… A minha irmã… Eu… Eu a empurrei e corri pra dentro da nave, mas então ela… - nesse momento as lágrimas já desciam fartas pelo rosto do garoto. - Eu não quero morrer! Não… Não quero virar um monstro e…

 

- Tudo bem… Tudo bem… - Tygra sentia o olho que lhe restara também lacrimejar, enquanto passava um braço pela cintura do companheiro, levando-o para longe do grupo. - Eu vou cuidar de você… Vamos lá para dentro.

 

Pumyra chorava copiosamente, enquanto segurava os ombros de Mandora, que tentou alcançar os amigos que sumiam por uma porta próxima.

 

Poucos segundos depois, o característico som do disparo de energia de uma das armas de Bengalli ecoou pelo ar e apenas Tygra retornou, ficando parado diante do jarro que seu jovem amigo trouxera.

 

- Vamos… Apareça.

 

Quando Mandora acreditava que nada mais seria capaz de surpreendê-la, eis que, diante do triste e cabisbaixo Thundercat, uma luz surgiu, aumentando de intensidade até tomar a forma de um velho conhecido de todos.

 

- Eu lamento muito mais essa perda meu amigo…

 

- Jaga… Por favor… Me diga apenas que a morte de Willykat não foi em vão…

 

O espírito luminoso do antigo mentor de Lion-o, antes visível penas para ele, se voltou para o jarro, o encarou por alguns instantes e então fez um sinal positivo com a cabeça na direção de Tygra que, mais do que depressa, abriu o jarro e despejou seu surpreendente conteúdo no pátio do castelo.

 

Um urro animalesco preencheu o ar, conforme a cabeça de Munn-Ra quicou algumas vezes pelo chão, até parar a alguns passos de onde Abutre estava.

 

O mutante ergueu os pés, para que o sangue negro da criatura nem sequer respingasse nele, correndo para ficar atrás de Pumyra e Mandora.

 

- Aí está ele Tygra… O único que pode, com certeza, nos contar o que houve no dia em que esse inferno começou…

 

- Então fale seu demônio! Pare de gritar e fale o que você viu!

 

Os gritos cessaram de vez, a cabeça pareceu considerar o que lhe fora ordenado, os globos oculares vermelhos se moveram, indo de cada um daqueles que o observavam, até voltar sua atenção para o thundercat que o interpelava.

 

- O… - a sílaba se estendeu, mesmo sendo uma impossibilidade total, como a cabeça de Munn-Ra ficara muito tempo sem falar, era difícil até para concatenar as ideias. - O… Que… Aconteceu…

 

De forma lenta e com muitas pausas longas, algumas vezes senso necessário que algum dos ouvintes precisasse cutucar ou até mesmo chutar a cabeça do vilão, a história foi sendo contada.

 

Munn-Ra fora convocado pelos Espíritos do Mal, que pareciam mais raivosos do que de costume, cobrando uma solução para a proliferação de Thundercats, que aumentava a cada dia, minando assim os poderes e influências das formas das trevas.

 

Sem conseguir argumentos que acalmassem seus mestres, ele se viu sendo atingido por energias arcanas que começaram a profanar seu corpo, tirando-lhe o controle do mesmo, virando nada mais que um boneco.

 

Pouco a pouco o vilão sentiu seu corpo sendo transformado em pó e esse teria sido seu destino caso seu mascote, o cão demônio conhecido como Ma-Mutt, que se jogou na direção do dono, no momento em que lhe restara apenas a cabeça.

 

O animal então foi consumido também pelo feitiço dos Espíritos do Mal, enquanto seu dono, apenas uma cabeça, agora jazia caído em meio à poeira e sujeira do chão da Pirâmide Negra.

 

O próximo passo foi atrair o líder dos Thundercats, em um momento em que estava sozinho, o que não foi nada difícil, bastando apenas a imagem de alguns amigos, sendo aprisionados pelos mutantes, para que Lion-O corresse para a armadilha, sem pedir ajuda, contando apenas com a companhia de Snarf.

 

A dupla passou facilmente pelos corredores da Pirâmida, sem nem desconfiar dos motivos pelos quais, tal invasão ocorria tão facilmente até chegarem ao local onde estava a cabeça de Munn-Ra e cujo ar estava impregnado pela poeira resultante do feitiço dos Espíritos.

 

O choque e a surpresa diante da cena dantesca distraiu Lion-O tempo suficiente para ser contido pelos antigos mestres de seu maior inimigo, tendo seus braços e pernas quebrados, como se fosse um brinquedo nas mãos de uma criança descuidada.

 

Urrando de dor e desespero, já sem conseguir empunhar a famosa Espada Justiceira, o thundercat foi erguido até o local acima de onde ficava a esquife de Munn-Ra, acabando por ser cravado ali, com o peito trespassado por sua própria arma.

 

Sem conseguir resistir ao controle dos Espíritos, Lion-O, antes de morrer, abriu sua boca e exclamou, pela última vez, o chamado à batalha dos Thundercats, abrindo assim o Olho de Thundera, mas, antes de enviar o sinal luminoso que clamaria seus companheiros à batalha, o miasma formado pelos corpos de Munn-Ra e Ma-Mutt envolveu tanto a espada como seu portador.

 

A pele do thundercat se acinzentou, ficando com uma aparência cadavérica, os olhos se afundaram nas órbitas, os lábios ressecaram, deixando os dentes à mostra, os cabelos caíram deixando poucos tufos para trás.

 

Lion-O já não estava mais vivo quando sua boca se abriu, jorrando para fora o miasma que, impulsionado pela energia do Olho de Thundera, começou a se espalhar por todo o terceiro mundo.

 

Snarf assistiu a tudo aquilo petrificado de terror, sua sanidade foi se perdendo junto com a capacidade de se comunicar e ele só se colocou a correr da Pirâmide Negra quando os Espíritos do Mal forçaram vários mutantes a se infectarem, formando assim o primeiro exército de mortos vivos.

 

A primeira horda.

 

Tygra, Pumyra, Abutre e Mandora ouviam o relato em profundo silêncio, fazendo as ligações dos acontecimentos subsequentes, muitos pelos quais eles próprios passaram.

 

O desânimo se espalhou, a esperança parecia tão morta quanto os monstros que estavam dominando o Terceiro Mundo, pelo menos até que a cabeça de Munn-Ra, com um brilho sinistro surgindo ao redor de seus olhos e com a voz agora soando vigorosa, se manifestou.

 

- Mas eu sei como encerrar o feitiço…

 

5- O plano para eliminar os mortos.

 

Tygra estava congelado diante da cena de horror que se descortinava diante de seu olhar incrédulo, a mão que lhe restara tremia de nervosismo, enquanto apertava com força o cabo de sua arma.

 

Imediatamente, apesar do som das explosões que aconteciam fora da pirâmide negra, chegando abafados aos seus ouvidos, a mente do thundercat voltou para o passado recente.

 

Ao redor de uma imensa mesa redonda, usada pelos líderes dos sobreviventes para realizar suas reuniões, estavam Tygra, Pumyra, Mandora, Abutre e junto a eles estavam as donzelas guerreiras Wylla, Nayda e Chilla, dos Lunatacs.

 

- Então pessoal… Se o que a cabeça disse for verdade… Iremos nos arriscar?

 

- Me parece a melhor saída Tygra… - o único que permanecia sentado, mexendo em alguns aparelhos, era o Abutre, que insistia no ponto que estava a horas defendendo. - Acho que você, a policial do espaço e a outra thundercat, são a melhor opção para que essa missão logre sucesso…

 

- Não será possível… Pumyra, Wylla e Nayda precisam ficar aqui… Não arriscarei nenhum outro thundercat… O grupo será formado por mim, você, Abutre, Mandora, Hammerhead e o Broca… O Homem das Neves e o Snowmiau ficam também para ajudar a defender o castelo caso a gente falhe…

 

- Eu sou o último dos Mutantes também Tygra… Isso não conta no meu caso?

 

- Preciso mesmo responder Abutre? - todos silenciam, após perder todos os seus companheiros, sendo Willikitt o mais recente, que partiu numa missão sem permissão dele, Tygra se tornara extremamente irredutível. - Muito bem… Chame o HammerHead e o Broca… Partiremos com a sua nave em dez minutos…

 

Enquanto todos partiam para se preparar, Pumyra praticamente arrastou Tygra para um canto afastado da mesa de reuniões.

 

- Por favor… Me deixa ir junto…

 

- Não… se você for, perdemos a única que pode fazer frente a Chilla, Abutre, ou qualquer outro sobrevivente que esteja esperando, ao menos, uma chance para dominar os sobreviventes… Aí eliminamos uma ameaça e caímos em outra… Já avisei o Homem das Neves… Ele e o Snowmiau ficarão de prontidão para te apoiar… por favor Pumyra…

 

Um pesado silêncio caiu entre os dois Thundercats, enquanto ambos tentavam procurar mais argumentos para demover o outro da decisão que tinham tomado, nenhum deles queria dar o braço a torcer, mas, no fim, os temores de Tygra, que acreditava no sucesso da missão, se sobrepôs à vontade de Pumyra de partir para a missão com ele.

 

- Certo! Certo! Mas é bom você voltar, por que senão…

 

- Farei o meu melhor… Prometo… Por isso… Até lá…

 

Apenas nesse momento a thundercat percebeu que seu companheiro lhe estendia a mão restante, entregando as armas de Linx e Bengalli.

 

- O que é isso agora?

 

- Apenas para o caso de… - ele ia dizer “Não voltarmos”, mas Tygra não queria recomeçar a discussão. - Você precisar de mais poder de fogo… Por favor…

 

Pumyra recolheu as armas que lhe foram oferecidas e, sem mais nenhuma palavra, deu as costas para Tygra, deixando o atual e relutante líder dos Thundercats a sós com seus pensamentos.

 

Com seus pensamentos e algo mais.

 

- Jaga… Eu… Me diga que isso vai dar certo…

 

O espírito do grande responsável por salvar os Thundercats, da destruição do planeta original deles, apenas meneou a cabeça e, com uma expressão triste no rosto desvaneceu no ar.

 

- Ótimo… Grande papo… Muito… Inspirador.

 

Sem outra escolha Tygra finalmente seguiu para se juntar à equipe que tentaria salvar o terceiro mundo.

 

Sob seus ombros o peso de uma responsabilidade que ele nunca quis, mas que abraçou sem reclamar.

 

Após respirar fundo algumas vezes e conferir sua arma, ele seguiu até o pátio, onde o grupo reunido para tentar salvar o mundo já estava reunido.

 

Broca se mantinha acima da terra por muito pouco, mantendo um pequeno buraco no chão, enquanto Hammerhead mantinha uma parte de seu braço aberta, onde estava ajustando algumas peças.

 

Abutre parecia prestes a vomitar, conforme disfarçava seu nervosismo mexendo nos controles de sua nave e Mandora estava sentada, desmontando e limpando suas armas.

 

Não foi necessário discurso inspirador, nem sequer palavras firmes de comando, todos que estavam ali, naquele pequeno e improvável grupo, sabiam da importância da missão que estava por vir, por isso todos entraram na nave do mutante, devidamente modificada tempos atrás para acolher um grande número de sobreviventes, sem dar adeus, nem sequer um aceno.

 

A partir dali era tudo ou nada e as chances estavam contra eles.

 

Passaram-se mais de duas horas do castelo do Homem das Neves até as proximidades da Pirâmide Negra, uma viagem incomodamente silenciosa, onde cada um dos passageiros olhava pelas poucas janelas na nave, tentando e falhando completamente em reconhecer as paisagens do terceiro mundo.

 

Agora tudo parecia mergulhado nas cinzas, que continuavam espalhando doença e morte pelo ar e o chão, em muitos pontos, parecia se mover sozinho.

 

- Hordas… - sem se distrair da função de piloto, Abutre não voltava seu olhar para longe dos consoles à sua frente por mais que alguns instantes. - Centenas de milhares de monstros caminhando aglomerados sem uma direção exata, apenas acompanhando a massa… Vi, uma vez uma dessas praticamente cobrir todo um acampamento de sobreviventes Berbils… Não foi nada bonito… Estamos chegando… Se preparem.

 

O último grupo que tentou alcançar a Pirâmide Negra nunca retornara, mas como estavam em comunicação direta com os sobreviventes do castelo de gelo, os áudios do último enviado ainda assombravam quem estava ouvindo.

 

Rataro descreveu como havia um mar de mortos ao redor da Pirâmide, além de seres feitos de trevas, que pareciam flutuar por entre os monstros, deixando-os mais fortes, mais poderosos, mais mortais.

 

“… E… Ela… Apareceu!”

 

Foi o fim, da transmissão e da missão, que culminou num retumbante fracasso.

 

Tygra se perguntava quais fatores diferiam daquele desastre, para a missão de agora, torcendo para que as informações, recebidas de uma cabeça sem corpo, fossem o suficiente para que eles pudessem salvar o mundo.

 

A nave pousou em uma área que aparentava estar vazia, mas era impossível ter certeza, uma vez que ali, tão próximo da Piramide Negra, a chuva de cinzas era tão intensa que limitava a visão a poucos metros.

 

- Segundo meus instrumentos… - Abutre tentava sempre ficar pelo meio do grupo, para o covarde, os demais eram somente escudos. - Se seguirmos naquela direção, devemos alcançar a Pirâmide em pouco mais de duas horas… Se não encontrarmos problemas…

 

- Certo… Vamos seguir em fila, Vou na frente e Broca segue no final… Protejam a retaguarda um do outro e vamos em frente.

 

A cada passo, qualquer som próximo fazia todos se sobressaltarem e empunhar suas armas, voltando a andar quando parecia que não haveria nenhum ataque, criando uma tensão insuportável, como todos prestes a explodir.

 

- Cuidado!

 

O grito que o Abutre soltou fez novamente todos se prepararem para o combate, enquanto o mutante tentava se desvencilhar de mãos mortas que haviam agarrado seu pé direito.

 

- Broca! Tente limpar um pouco ar ao nosso redor!

 

O androide assim o fez, sendo as mãos seguras por Hammerhead e, girando a broca que ele trazia no local das pernas, conseguiu afastar a cortina de cinzas, mostrando a horrível situação em que o grupo se encontrava.

 

Centenas de mortos os cercavam, caminhando lentamente na direção daqueles que serviriam de alimento para seus corpos em decomposição.

 

- Defendam-se!

 

Tygra acionou sua boleadeira, decapitando vários monstros à sua frente, tentando abrir caminho para seu grupo, enquanto Mandora se colocou de costas com ele, efetuando disparos precisos, cada tiro resultava em um inimigo a menos.

 

Hammerhead seguia destruindo aqueles que se aproximavam, praticamente entrando num estado de euforia pela chacina que ia cometendo, lembrando dos colegas que haviam sido devorados pelos mortos.

 

Em um ato supremo de covardia, ao se ver cercado, Broca soltou um grito histérico, para logo em seguida abrir um buraco no chão e sumir por ele, deixando seus colegas para trás.

 

Vários mortos tentaram seguir o covarde, logo acabando por ficarem entalados no buraco, o que chamou a atenção do Abutre que, sem pensar duas vezes, saltou sobre o monte de cadáveres reanimados, pousou nas costas de Hammerhead e conseguiu alcançar uma área segura, o que custou outro aliado, pois o imenso pirata, que acabou desequilibrado, foi ao chão.

 

Em instantes os mortos se aglomeraram sobre ele que, mesmo balançando freneticamente seu braço metálico, não conseguiu impedir as primeiras mordidas, que arrancaram nacos generosos de carne de sua coxa, abdômen e ombro.

 

Os impropérios disparados pelo pirata logo foram silenciados, enquanto a turba seguia na direção de onde havia uma refeição mais fácil do que a dos dois que ainda os combatiam.

 

Desse modo Tygra e Mandora conseguiram se afastar, seguindo na direção da Pirâmide Negra, com o thundercat olhando por cima do ombro, vendo uma última vez seu outro aliado, que corria desesperado de volta para a nave que os trouxera até ali.

 

“Maldito seja Abutre… Se eu voltar a te encontrar…”

 

- Por aqui! - o grito de Mandora, indicando um caminho para seguirem, interrompeu os planos de vingança de seu companheiro. - Dá para ver a Pirâmide!

 

E então eles seguiram na direção de seu objetivo final.

 

Enquanto isso Abutre já se encontrava diante dos controles de sua nave, tentando desesperadamente fechar a rampa de acesso e alçar voo, pretendendo voltar para o Castelo da Neve, já com uma história pronta, dizendo ser o único sobrevivente e que escapara por pouco, apesar das tentativas de salvar seus valiosos amigos.

 

- Sim! Você é um gênio Abutre! - entre um crocito e outro, ele continuava falando sozinho. - Aposto que então todos vão me colocar como o novo líder dos sobreviventes e… Mas o que é isso?

 

Um som às suas costas, tirou o mutante se seu devaneio, a tempo de ver três silhuetas seguindo em sua direção.

 

Antes de ser atacado, Abutre soltou um riso nervoso, ao reconhecer seus antigos três companheiros mutantes, Escamoso, Simiano e Chacal, que davam passos trôpegos, da mesma maneira da última vez que o sobrevivente os vira, após deixá-los para trás, encobrindo assim uma de suas primeiras fugas.

 

A nave começou a apresentar um voo irregular, conforme o piloto se debatia sobre os controles, tendo seu corpo sendo desmembrado e devorado.

 

O último pensamento consciente do Abutre foi que ele não deveria ter fugido.

 

6- O fim dos mortos.

 

Pouco depois a explosão ocorrida ao longe, quando a nave do Abutre finalmente caiu, mal chamou a atenção de Tygra e Mandora, que continuavam correndo para onde estava a pirâmide negra.

 

Quando finalmente estavam quase alcançando uma das entradas, o som de algo se aproximando em alta velocidade alcançou a dupla, mas apernas depois de ambos terem sido atingidos por um bastão, rolando por alguns metros até finalmente pararem, já muito feridos.

 

- É ela! - Tygra puxou do cinto sua boleadeira, girando a arma até que ela formasse vários anéis ao seu redor. - Faça como combinamos!

 

No mesmo instante o thundercat precisou reforçar o giro de seu pulso, pois logo novos ataques foram desferidos contra ele, por um oponente que se movia mais rápido que olhos comuns podiam enxergar.

 

- Cheetara…

 

O nome foi dito entre dentes, tamanho o esforço em repelir as tentativas de sua antiga companheira, de alcançá-lo.

 

- Tygra! - Mandora estava no alto de uma árvore morta, cujo tronco retorcido oferecia um abrigo natural. - Ela é muito rápida! Não consigo um tiro limpo!

 

- Muito bem… - o thundercat sussurrou para si mesmo, procurando forças para o que tinha de fazer. - Que seja!

 

Então ele desfez os anéis que o protegiam e deu passos apressados para trás, vendo que a aproximação de sua antiga companheira, agora apenas mais uma morta viva, ia erguendo rastros de poeira.

 

- Sinto muito…

 

Tygra se concentrou e então, pouco a pouco, ele foi ficando invisível, com sua boleadeira se estendendo cada vez mais.

 

De seu esconderijo Mandora pode apenas observar quando a trilha de poeira se desfez repentinamente, para revelar algo que, àquela distância, parecia peças de um imenso brinquedo que, ao ser quebrado, iam se espalhando pelo chão.

 

A cabeça da ex thundercat se arrastou pelo chão, os dentes ainda batendo, só parando quando o pé de seu antigo companheiro, que ia voltando a ficar visível, conteve seu avanço.

 

- Tygra! - Mandora alcançou o thundercat a tempo de vê-lo limpar uma lágrima, antes de voltar para a Pirâmide Negra. - Eu… Nem imaginava que sua arma poderia fazer algo assim…

 

- Eu nunca precisei fazer algo assim antes… Mandora… O perigo, a partir de agora será ainda maior… Se você quiser voltar…

 

- Eu vi até aqui e quero colocar um fim no sofrimento do Lion-o… Nada nesse mundo vai me impedir e…

 

Um grito de dor interrompeu a frase da policial espacial, quando um Safari Joe, com boa parte de seu corpo comido, conseguiu se esgueirar por detrás daquela que o havia preso, mordendo e arrancando um grande naco de carne da área entre o ombro e o pescoço dela.

 

Mandora caiu de joelhos, levando as mãos ao ferimento, enquanto um surpreso e irado Tygra usava novamente sua arma para desmembrar o monstro, sem lhe dar a menor chance de realizar um novo ataque.

 

Mas o estrago estava feito.

 

A carne ao redor da mordia começava a necrosar de imediato, ao contrário do que acontecera a Tygra, que havia conseguido amputar um braço antes que a infecção se espalhasse, de uma mordida que levara na mão, o ferimento de Mandora, só pela gravidade e extensão, já seria o suficiente para que ela morresse em agonia.

 

- Mi… Minha arma… - ela vomitou sangue, conforme estendia a mão para Tygra. - E-eu… N-não quero me tornar… Um… Um monstro…

 

- Mandora… Eu…

 

- Sem… Mentiras… Sem te-tempo… Me dê a arma e… Cumpra a mi-missão…

 

Palavras não eram mais necessárias, por isso, em completo e respeitoso silêncio, Tygra fez conforme lhe foi pedido e, após trocar um fugidio aceno de cabeça com Mandora, conforme ela erguia sua pistola laser até a altura da têmpora direita, ele seguiu seu caminho que, para sua surpresa, acabou não tendo mais nenhum obstáculo até que ele finalmente chegou aonde precisava.

 

O salão onde Munn-ra sempre se transformava era o foco da nuvem de corrupção que se espalhara pelo terceiro mundo e, em  meio ao turbilhão de cinzas estava ele.

 

Lion-o permanecia de pé, os braços caídos dos lados do corpo, a cabeça pendendo para o lado, os dentes à mostra, pois os lábios haviam ressequido até sumirem, batiam numa cadência macabra, e enquanto ele balançava ao sabor dos ventos que o cercavam.

 

Em seu peito estava cravada a Espada Justiceira.

 

“Os Antigos Espíritos do Mal estão tendo acesso ao Terceiro Mundo através da chama da vida de Lyon-o…” conforme avançava, as palavras de Munn-ra, que deram origem àquele plano, nascido do desespero, voltavam à mente de Tygra “Retire a espada e encerre a vida do seu maldito lorde e senhor e a infecção deve se encerrar, quando o poder do Olho de Thundera voltar a brilhar…”

 

Os ventos foram aumentando a cada passo que Tygra dava, mesmo estando mais poderosos, os Espíritos do Mal ainda não eram capazes de causar maiores interferências no mundo físico, tentando apenas influenciar na decisão do thundercat.

 

Pouco a pouco a mente de Tygra ia voltando ao passado, do mais distante aos pesadelos recentes, Cheetara, Lion-o, Panthro, os filhotes, Bengalli, Linx, todos os amigos que se foram, tudo apenas para satisfazer os desejos cruéis de seres que, apesar da existência longeva, nunca conseguiram abandonar os caminhos do mal.

 

Quando deu o primeiro passo na direção daquele que fora um amigo, irmão e líder, o thundercat percebeu o ataque mental, que estava resultando em uma enxurrada de lembranças, perpetrada pelos Espíritos, a fim de impedir que ele interferisse em seus planos.

 

Uma vez que ainda existia vida no Terceiro Mundo, os seres ancestrais precisavam de mais tempo e morte para que, finalmente, pudessem se manifestar fisicamente no planeta, conseguindo assim expandir seus domínios pelo universo uma vez mais.

 

Tudo isso passava pela mente agora febril de Tygra, cada passo cobrava um alto preço em dor e agonia, o corpo suava em profusão, a mão, que ainda lhe restava, tremia e mal conseguia segurar sua boleadeira, que logo foi deixada para trás.

 

Agora imagens do passado do Terceiro mundo, de quando os Espíritos reinavam absolutos fez com que não apenas o nariz do thundercat começasse a sangrar, mas que também grossas lágrimas de sangue escorriam por sua face, deixando um rastro molhado e rubro através dos pelos.

 

Ainda assim ele não desistia, se aquele era o preço para libertar esse planeta, ele o encararia até o amargo fim.

 

As imagens iam ficando mais e mais sombrias e macabras, a dor causada pelas mesmas só aumentava e finalmente, a poucos metros de distância de onde estava Lion-o, Tygra caiu pela primeira vez sobre um de seus joelhos.

 

- Vamos seu maldito… - entredentes, suas palavras saíam mescladas a rosnados. - Levante e liberte seu amigo e esse mundo que nos acolheu… Vamos!

 

Ele estava consciente da possível hemorragia interna que estava tomando seu corpo, mas se ele fizesse o que mais queria, cair deitado no chão imundo da Pirâmide e desistir, seu sofrimento se encerraria e o do planeta não apenas continuaria, como acabaria aumentando sobremaneira, quando os Espíritos do Mal começassem a andar livres por sobre o planeta.

 

Em meio aos ataques mentais incessantes e a dor excruciante que sentia, Tygra reuniu forma e coragem suficientes para executar um salto desesperado, conseguindo segurar o cabo da espada justiceira e começar a forçá-la para fora do corpo de seu amigo.

 

Lion-o começou a gemer e urrar, parecendo despertar do torpor em que estava, sem reconhecer Tygra, vendo apenas algo para matar sua fome, estendendo os braços para frente, tentando agarrá-lo.

 

Num último esforço, fazendo surgir o braço de energia que substituíra o membro amputado, Tygra puxou com violência a Espada Justiceira, aproveitando o impulso do movimento, para girar o corpo e decapitar o antigo amigo, encerrando seu sofrimento de uma vez por todas.

 

Caindo sentado no chão e erguendo uma nuvem de poeira, o esgotado thundercat se sobressaltou ao sentir que a arma começara a vibrar, já esperando um novo ataque.

 

- Pode ficar calmo meu amigo… - a imagem espectral de Jaga surgiu, no rosto um misto de tristeza e esperança. - A Espada apenas aceitou um novo Senhor dos Thundercats… Faça com que o Terceiro mundo também saiba!

 

Sentindo uma energia tomando seu ser, Tygra se ergueu e empunhou a Espada Justiceira sobre sua própria cabeça.

 

- Thunder! Thunder! Thundercats!

 

Ele soltou um urro, dando vazão a toda dor e desespero que, finalmente, pareciam encontrar seu fim, fazendo com que o Olho de Thundera voltasse a se abrir, mas dessa vez, em vez de apenas projetar o símbolo dos Thundercats nos céus do Terceiro Mundo, a energia rubra foi se espalhando por todo o planeta.

 

Conforme os mortos vivos eram tocados pelo Olho de Thundera, seus corpos eram dissolvidos em nuvens de poeira, que se espalhavam pelos ventos, eliminando finalmente sua ameaça.

 

Após algumas horas de descanso, usando a Espada Justiceira como apoio, Tygra, o novo senhor dos Thudercats, começou a longa caminhada até o castelo do Homem das Neves.

 

No peito a esperança num futuro melhor só crescia.

 

A Pirâmide Negra ruiu e o terreno onde ela estava permaneceu estéril durante séculos, mas pouco a pouco um imenso campo de flores negras tornou seu lugar.

 

Um Bruniuri, típico inseto polinizador do Terceiro Mundo, certo dia sentiu-se atraído pelas flores, entrando em uma dela para sorver seu néctar.

 

Após alguns segundos seu corpo caiu no chão, sofrendo espasmos e começando a exibir sinais de decomposição, mostrando que o mal verdadeiro nunca é destruído por inteiro.

 

FIM.




13 Comentários

  1. Grande Norberto!

    Uma one-shot incrível ,densa, tensa ,com altas doses de terror,maravilhosamente escrita por você nesse projeto que, certamente , abrilhantará a Mindstorm.

    Fiquei verdadeiramente assustado muitas passagens!

    O tom sombrio foi descrito com uma meticulosidade soberba.

    Parecia que assistia um filme de terror!

    O Projeto Invasão Monstruosa começa num nível altíssimo.

    Muito mais que um leitor, está aqui um aprendiz .

    A história nos mostra o Terceiro Mundo dominado pelos Espíritos do Mal, espalhando seus exércitos de mortos-vivos, entre eles, Berbills e Thundercats.

    Era possível sentir a dor de cada personagem, principalmente de Tygra que, ao final se tornou o senhor dos Thundercats .

    Duríssima a cena em que teve matar Willycat.

    Com Cheeta-ra, a mesma coisa.

    Com Lyon-o , o ápice.

    Destaque para a resistência no Castelo das Neves e a covardia de Abutre.

    Ele mereceu o fim que teve.


    No final , um possível gancho para uma continuidade.

    Meus sinceros parabéns!

    Um grande trabalho foi feito aqui!!

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    1. Muito obrigado pela leitura e comentário.
      O texto não ficou totalmente como eu esperava, o terror poderia ter sido mais bem trabalhado, mas eu queria terminar logo, então, com certa vergonha, "era o que tinha pra hoje".
      Que bom que você gostou.
      Valeu!

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    2. Ficou maravilhoso!

      Senti medo em muitas passagens !

      Clima tenso !

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  2. Parabéns, Norberto. Ficou bom o texto, mas eu senti mesmo que você queria terminar logo o texto, porque partes dele ficaram um pouco corridas. Mas mesmo assim, deu pra sentir a angústia dos thundercats sobreviventes.

    Bom texto.

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    1. Muito obrigado pela leitura e comentário.
      realmente, eu perdi o pique lá pelo meio do texto... daí o resultado foi essa correria no final.
      Poderia ter ficado melhor, mas se eu me demorasse mais, talvez o texto nem saísse... Como eu disse antes, foi o que deu prá fazer.

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  3. Cara.. Que ótimo foi ler esse texto. Gostei muito do clima, que acabou valorizando muito o Tygra. PARABÉNS...

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    1. Valeu mesmo a leitura e comentário meu amigo!
      O Tygra é meu personagem favorito do desenho original, então não consegui evitar de destacá-lo aqui.
      Fico feliz por você ter curtido.
      Valeu mesmo!

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  4. Ainda não li tudo da tua história, mas até o ponto em que li gostei bastante. A cena em que o Safari Joe morre, dá até pena dele. Thundercats com uma pegada de filme de zumbis, bem interessante.

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  5. Simplesmente fantástico, ficou muito melhor do que eu poderia ter cogitado, e olha que pensei em várias situações bem legais para a trama, mas tu superou e muito o que eu tinha pensado! A história já começa em meio ao pesadelo, não tivemos a origem contada de início, tudo se desenrola e segue de forma a ir revelando aos poucos, uma característica de teus textos que simplesmente mata a pau, mandou muito bem! Não sei qual foi tua opção para selecionar quem sobreviveria mas confesso que apesar de dificilmente eu ter escolhido o Tygra, tua escolha se mostrou muito acertada, creio que a maturidade dele diante das situações possa ter sido a opção levada em conta, uma vez que Lion, Panthro e os demais eram muito levamos por emoções, indiferente do motivo, a escolha foi boa e isso se mostrou em diversos momentos onde a sapiência dele foi fator decisivo! Aliás, se pegarmos os Thundercats de 2011, tu fez até uma certa justiça ao Tygra pois naquele anime, eles ambos eram filhos do Rei, porém, Lion-O era legítimo e Tygra adotado, o que em certa parte do anime fazia Tygra ter raiva do irmão escolhido, pois ele se julgava (e em 90% do tempo era) mais preparado que Lion-O para ser o novo líder, tua saga fazendo justiça ao Tygra do anime, mandou bem demais! Os personagens mencionados foi outra acertada, Bearbills, Mutantes, Mun-ra, Safari Joe e Mandora, isso foi outro ponto positivo, tu não te limitou aos cats e os mutantes, tu foi além, com Neve, Turmagar e até mesmo HammerHead e Broca, nos fez passear pelo terceiro mundo de forma macabra e assustadora, mas ainda assim foi uma viagem incrível vendo diversos pontos do desenho original, refrescando nossas memórias! E chegamos então à outra referência (pensada ou não) o desafio de Lion, onde os Thundercats precisavam vencer Lion para sua coroação, ou melhor, Lion precisava vencer seus aliados! Nesse caso, tivemos Tygra tendo de passar pela provação, de forma cruel e dolorida, tendo de tomar atitudes impensadas e devastadoras, culmindando com chegar até seu, como muito bem dissestes, irmão e líder, e precisar executar o golpe final contra o mesmo para tentar salvar o Terceiro Mundo... Ao passarmos por tudo e concluirmos a saga apresentada, fica a pergunta... Valeu mesmo à pena? Sobreviveram seres suficientes e planeta pra se reerguer? E a volta da praga, não seria apenas o fim tendo sido adiado à tanto sacrifício? Talvez como Abutre disse, fugir teria sido a melhor opção ao final de tudo... Como único ressalva, consegui sentir a maneira como concluísse a saga, de forma rápida e quase não trabalhada, o que deixou um gostinho de quero mais detalhes especialmente no episódio final, no entanto, de maneira alguma isso tira o brilho e a maestria do trabalho apresentado! Meus mais sinceros parabéns pelo trabalho!! \0/

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    1. Meu amigo! Valeu demais pelo tempo dispensado à leitura e comentário, como sempre, empolgante!
      O início em meio ao surto zumbi é um detalhe que ocorre na grande maioria de obras sobre esses monstros, desde filmes como Extermínio, a séries como The Walking Dead... Achei que esse seria um bom começo para a trama, trazendo a Mandora para ser justamente os "olhos do leitor" literalmente caindo de paraquedas em meio a esse pesadelo.
      Confesso que o Tygra sempre foi meu Thundercat favorito e isso foi o que me fez escolher ele.
      Realmente no anime de 2011, que eu curti demais, o Tygra também foi o meu personagem favorito e o que mais me fazia assistir o anime, o arco dele, para mim, foi o melhor.
      Como o surto zumbi foi mundial, nao tinha como manter as coisas só com o astros do desenho... quis mostrar que todos haviam sido atingidos, dos simples Berbills(imaginei que a cena daqueles bichinhos que era, no original, tão fofos, agora como crituras comedoras de carne, seria, ao menos impactante) a alguns dos grandes vilões da série, soaria mais real se todos tivessem sido atingidos.
      De fato, não lembrei do desafio do Lion! De fato, mesmo sem querer, acabei fazendo esse espelhamento, mostrando que, talvez, sempre que um líder dos Thundercats surge, deve passar por alguma grande provação...
      Infelzimente esse capítulos final acabou por ser corrido mesmo, não é desculpas nem justificativas, mas fica o ensinamento para que, no futuro, eu utilize melhor meu tempo de escrita.
      Valeu mesmo amigão!

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  6. É difícil até chamar esse texto só de um conto ou one-shot.  Parecia que eu estava assistindo um filme em 6 atos bem conectados, coesos e densos.
    Gostei bastante.

    Confesso que o ATO 1 foi o melhor de todos. Notar toda a aflição de Mandora ao se aproximar da Toca dos Gatos e não ter nenhuma resposta. E, ainda ter de aturar Safari Joe a perturbando. Não tem preço. Amei essa parte logo de introdução... Ainda mais que eu me amarrava nesse vilão. E, ver ele ser zumbificado por "singelas" formas de vida foi um auge!

    O embate com Pantro foi outro ponto forte do texto. Os detalhamentos dos movimentos e ações dos personagens deram muita realidade ao confronto. Além disso, todo diálogo mostrou uma fluidez.  Ressalto ainda a grande aflição na fuga de Tygra, Mandora e Pumyra... indo para a residência do Homem das Neves.

    A parte em que você descreve os sobreviventes me senti vendo um episódio de Walking Dead em que tem horas que aliados são vilões e vice-versa. Neste contexto, a colocação do Abutre foi perfeita. Malandro e covarde... Se aproveitou de todo contexto do plano após a confissão de Mun-Ha. Achou que ia se sair bem como sempre e acabou morto na mão de seus amigos de outrora. Bom demais.

    Agora, o momento que mais me marcou foi a dura ação de Tygra em levar Willycat pra fora e o executar já que ele estava zumbificado. Enfim, este foi o momento mais duro. 

    O grande destaque para esse trabalho foi a forma como você forjou Tygra para que ele fosse o novo escolhido do Olho de Thundera e ter até acesso ao Java. Após, perder Mandora e ter de matar Cheetara, ver a caminhada dele até Lio-O foi algo muito bem narrado. Foi uma batalha mental mais desgastante do que qualquer sessão de porradaria. Isso é algo que mostra a diferença de um excelente autor em relação a outros. Eu senti que sua alma estava ali descrevendo cada detalhe. O Tygra estava sendo consumido pelo ataque espiritual dos Antigos Espíritos do Mal. Ele precisou vencer a si mesmo para arrancar a espada do corpo de Lion-O e executar seu amigo, o antigo líder e que acabou sendo a matriz deste poderoso ataque.

    Muito bom, Norberto. Obrigado por proporcionar um texto tão rico, assustador e ao mesmo tempo animador, mostrando que, embora o mal ainda exista, os guerreiros do bem estarão, de alguma forma, vivos e presentes.

    Parabéns.

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    1. Valeu mesmo pela leitura e comentário!
      A história ficou mesmo grande.. infelizmente não consegui deixar menor.
      Tentei emular os pontos que, normalmente são usados em filmes de zumbis, como os personagens que caem de paraquedas no meio da situação, os outros que precisam realizar sacrifícios para salvar outras pessoas... até mesmo o típico personagem traidorque acaba se ferrando...
      Valeu mesmo!

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